domingo, 31 de julho de 2016

ACADEMIA DE VERÃO DA JUVENTUDE MONÁRQUICA PORTUGUE...

Real Associação da Beira Litoral: ACADEMIA DE VERÃO DA JUVENTUDE MONÁRQUICA PORTUGUE...: Mensagem do Presidente da JMP para os participantes candidatos à Academia de Verão “Só com a consciência, bem viva, do que somos, s...

A jihad, uma ameaça para a Europa

A Europa não pode ignorar uma verdade bem evidente: se, em tempos passados, teve de fazer frente a um terrorismo essencialmente político, agora é ameaçada pelo terrorismo que se autoproclama islâmico.


Não há palavras que possam exprimir a estupefacção pelo modo selvagem e cobarde como foi assassinado o padre Jacques Hamel, na passada terça-feira, em Saint Etienne du Rouvray, França. E, contudo, há o perigo de, ultrapassada a primeira reacção de espanto, reduzir o facto a um mero episódio de uma actualidade cada vez mais pródiga em notícias desta natureza. Ou, pior ainda, ceder à tentação de querer responder à ameaça do terrorismo com outro terrorismo, como pretendem os que se querem servir destes acontecimentos para impor políticas xenófobas, ou contrárias à liberdade religiosa.
É verdade que, no caso do atentado em Rouen, a motivação para o crime foi de natureza religiosa e, ao que parece, os executantes da degolação do ancião presbítero eram oriundos de países árabes. Quer isto dizer que todos os árabes são possíveis terroristas?! Dever-se-á supor, doravante, que qualquer crente no Islão é um eventual assassino?! Mas, não houve também criminosos de outras etnias e religiões?! A Bíblia não atribuía a Deus, Senhor dos exércitos, as ordens de fazer a guerra aos inimigos de Israel e, até, de exterminar os infiéis?! Mesmo depois de Cristo ter proibido terminantemente tais práticas aos seus discípulos, impondo-lhes como lei suprema o mandamento novo da caridade, não foram os cruzados protagonistas de acções violentas contra os mouros?!
Como é sabido, Adolf Hitler, austríaco de nascimento, era nacional-socialista e foi culpado pelo extermínio de milhões de judeus. Mao Tsé Tung era chinês e, como dirigente comunista, foi responsável, em termos éticos e políticos, pelos milhões de vítimas causadas pela sua despótica e criminosa governação. Pode-se então concluir que todos os austríacos e chineses são potenciais criminosos? E que dizer dos nazis e maoístas?
Tomás de Aquino distinguia o que é próprio de alguma coisa per se, do que só acidentalmente lhe convém. Ou seja, que Adolf Hitler ou Mao Tsé Tung fossem, respectivamente, austríaco e chinês, é algo acidental nas suas biografias, mas as suas escolhas ideológicas foram determinantes das suas acções políticas. Com efeito, tanto o nazismo como o comunismo são doutrinas totalitárias, que legitimam o uso da violência e o desrespeito pelos mais elementares direitos humanos. Portanto, supor que um austríaco, ou chinês, é, por esse facto, um possível terrorista, é absurdo; mas temer que um nazi, ou maoista, possa atentar contra a democracia, não releva nenhuma injusta suposição, precisamente porque essas ideologias são, em si mesmas, essencialmente antidemocráticas.
E o Islão? É óbvio que há que respeitar todas as religiões – a liberdade religiosa é um dos principais pilares da democracia e do estado de direito – mas, mesmo que todas as religiões sejam pela paz como, a propósito deste atentado, disse o Papa Francisco, não se pode negar que o não são todas do mesmo modo. Um budista é, por natureza, um pacifista e um acérrimo partidário da não-violência, mas um muçulmano é um crente em Alá, pela alegada revelação de Maomé que, se por um lado foi um fervoroso líder religioso, por outro também foi, como é historicamente certo, um feroz guerreiro, que “não só pregou a violência contra os não muçulmanos, como dirigiu pessoalmente sessenta campanhas militares de enorme agressividade” (Paul Copan, Is God a moral monster?, ed. port., pág. 358). Por isso, não há qualquer exagero em afirmar que, embora possa haver um budista, ou um cristão, violento e agressivo, mais por excepção do que por regra, o mesmo não se pode dizer de todos os maometanos. Se há, como é de justiça reconhecer, seguidores de Maomé que são pacíficos e tolerantes, também os há que seguem a vida guerreira do dito profeta, professam a sua doutrina belicista, pretendem propagar pelas armas a sua crença e querem impor à força o regime islâmico, excluindo, como já acontece nos países oficialmente muçulmanos, a liberdade religiosa e os demais direitos fundamentais.
Bernard Lewis, talvez o maior especialista ocidental na matéria, escreveu: “As cruzadas são um desenvolvimento tardio na história do Cristianismo […]. O Cristianismo estivera sujeito aos ataques dos muçulmanos desde o século VII e perdera grandes territórios, que haviam sido conquistados pelo Islão […]. Contudo, no quadro da prolongada batalha entre o Cristianismo e o Islão, as cruzadas foram tardias, limitadas e relativamente breves. Pelo contrário, a jihad está presente desde os começos da história do Islão, tanto nos escritos como na vida do profeta e nos actos dos seus companheiros e sucessores imediatos. Prosseguiu durante toda a história do Islão e continua a ser fascinante para os muçulmanos da actualidade”, como os recentes atentados dolorosamente confirmam.
É óbvio que não se pode pôr em causa a liberdade religiosa, nem a liberdade política, de pensamento e de expressão mas, de modo análogo a como um nazi ou um maoista é um perigo para o Estado livre e democrático, também um crente extremista é uma ameaça real para a sociedade, sobretudo se professar uma religião que legitima o uso da violência. Seria injusto supor que todos os árabes, ou muçulmanos, são potenciais criminosos, até porque também há, no chamado Estado Islâmico, bastantes terroristas que não são árabes, bem como, eventualmente, mercenários que simularam a sua conversão ao Islão para serem admitidos nessa milícia muçulmana. Mas a Europa não pode ignorar uma verdade por de mais evidente: se, em tempos passados, teve de fazer frente a um terrorismo essencialmente político (Brigadas Vermelhas, ETA, Baader-Meinhof, IRA, etc.), agora é ameaçada pelo terrorismo que se autoproclama islâmico.
Os judeus estavam autorizados a aplicar a lei de talião: ‘olho por olho e dente por dente’ (Ex 21, 23-25; Lv 24, 17-21). Pelo contrário, os cristãos sabem que, se forem agredidos numa face, devem oferecer a outra (cf. Mt 5, 39) e que, em qualquer circunstância, estão obrigados a amarem os seus inimigos (cf. Lc 6, 35-36). Mas o evangelho também ensina os crentes a serem simples como as pombas, mas não ingénuos, e prudentes como as serpentes (cf. Mt 10, 16).
Fonte: Observador

Sucesso na 1ª Conferência das Comunidades Luso-Asiáticas, Fundação Dom Manuel II foi convidada de honra

Malaca1

Entre os dias 27 e 30 de Junho de 2016, decorreu em Malaca a 1ª Conferência das Comunidades Luso Asiáticas. Um evento organizado pela comunidade luso-descendente do famoso Bairro Português, que procurou juntar os representantes das diversas comunidades dispersas pelo continente asiático e que têm como denominador comum uma ascendência que remonta aos antigos marinheiros e soldados portugueses do séc. XVI.

Assim, presentes estiveram personalidades como Xanana Gusmão, ex-Presidente da República e Primeiro-Ministro de Timor-Leste, actual Ministro do Planeamento e Investimento Estratégico daquele país, mas também Fernando Nobre, Fundador e Presidente da Fundação AMI. Em representação do Estado Português esteve o Embaixador de Portugal em Jacarta, Joaquim Moreira de Lemos, e o Embaixador de Portugal em Banguecoque, Francisco Vaz Patto, este último, portador de uma mensagem do Ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, destinada à ocasião.

Entre as diversas comunidades luso-descendentes em presença estiveram os burghers, do Sri Lanka, a comunidade de Tugu, da Indonésia, a anterior Presidente de Pangim, Goa, Sra. Carolina Pó, a comunidade euro-asiática de Singapura e uma representação da comunidade macaense e Hong Kong.  

Entre os convidados de honra destacou-se a Fundação Dom Manuel II, que, na impossibilidade da presença do seu Presidente, S.A.R. o Senhor Dom Duarte Pio, Duque de Bragança, assegurou a devida representação ao longo de todo o programa do evento. A Fundação Dom Manuel II vem, desde já dois anos, acompanhando a comunidade do Bairro Português, particularmente na dimensão cultural e na preservação e promoção da sua matriz identitária, numa colaboração que se pretende cada vez mais intensa. S.A.R., o Senhor Dom Duarte Pio, esteve presente junto daquela comunidade em 2015, onde teve a oportunidade de oferecer um novo sino de bronze, há muito desejado pelo bairro, e que se encontra na praça principal. A Fundação está, ainda, a envidar esforços conjuntamente com a Presidência da Região Autónoma da Madeira, com vista ao apetrechamento de um dos grupos folclóricos do bairro com os trajes típicos daquela região lusa.

O evento contou com uma ampla participação da comunidade local, bem como de alguns académicos convidados, que apresentaram comunicações sobre o crioulo e a preservação dos seus aspectos linguísticos, bem como sobre a cultura musical e a história daquela comunidade.

O responsável pela organização, Joseph de Santa Maria, aproveitou a ocasião para apelar a Portugal para “assumir a sua responsabilidade moral” para com estas comunidades, reconhecendo a sua existência e pugnando junto da CPLP para que seja equacionada a criação de uma fundação, a ser gerida pela própria CPLP, que assegure um esforço por parte dos países membros para se evitar a desintegração da “herança cultural portuguesa-asiática e dos idiomas portugueses-asiáticos”, em extinção acelerada.
 A Conferência das Comunidades Luso Asiáticas pretende firmar-se como um evento bienal, que venha a aumentar o leque de participação destas comunidades e alternando o seu local em cada edição, tendo ficado em aberto a possibilidade da mesma se vir a realizar em Timor-Leste, em 2018.

sexta-feira, 29 de julho de 2016

AUTARCAS MONÁRQUICOS HOMENAGEARAM PRESIDENTE DA GU...

Real Associação da Beira Litoral: AUTARCAS MONÁRQUICOS HOMENAGEARAM PRESIDENTE DA GU...: @ Palácio presidencial com Sua Excelência o Presidente da Guiné-Bissau Dr. José Mário Vaz. Cerimónia de entrega da Medalha de Honra da AP...

Numismatique de l’euro : Porto

Real Associação do Médio Tejo: Numismatique de l’euro : Porto: Le nom propre désigne une ville qui affiche un beau succès touristique depuis quelques années. Le nom commun désigne un célèbre vin. Ce...

ANIVERSÁRIO DE DOM AFONSO I HENRIQUES


A 25 de Julho de 1111, nascia o Infante Dom Afonso Henriques, filho da rainha D. Teresa e de D. Henrique de Borgonha, Conde de Portucale, com cujas armas se ilustrou o nome Portugal. A Ele, Rei Fundador, que tinha por avoengos os Imperadores romanos da Dinastia Comnenus e Paleólogo, os Reis Capetos de França, o Imperador da Hispânia devem-se os Actos que levaram ao Nascimento de Portugal: no dia 24 de Junho de 1128, à dianteira dos barões e fidalgos portucalenses, Dom Afonso Henriques defrontou no campo de São Mamede, perto de Guimarães as forças galegas comandadas por Dona Teresa e por Fernão Peres de Trava, derrotando-os naquela que ficou conhecida pela Batalha de São Mamede e que marcou a Fundação da Nacionalidade Portuguesa, uma vez que o Infante Dom Afonso Henriques avoca a si o governo do Condado Portucalense, com pretensões de independência. Não é ainda após esta Batalha que se auto-intitula Rei, Rex Portucalensis, pois com duas frentes de Batalha – uma contra Leão e Castela, outra contra os sarracenos –, tal só se viria a acontecer após a Batalha de Ourique, em 1139, quando arrasou os mouros e consegue uma importante vitória que o engrandece sobremaneira e assim declara a Independência face a Castela-Leão. Nascia, assim, em 1139, o Reino de Portugal e a sua 1.ª Dinastia, com El-Rei Dom Afonso I Henriques de Borgonha. Em 1143, quando assina a Paz em Zamora com o Primo Rei de Castela e Leão, onde é reconhecido como Rei, Dom Afonso Henriques usava já o título havia três anos, desde o torneio de Arcos de Valdevez, em 1140, após o episódio de Ourique. Mas desaparece, assim, e só aí, a designação histórica de Condado Portucalense e nasce o Reino de Portugal.

Miguel Villas-Boas - Plataforma de Cidadania Monárquica

terça-feira, 26 de julho de 2016

ROTA D. CARLOS, UM REI EM CASCAIS


D. Carlos Fernando Luís Maria Vítor Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis José Simão de Bragança Sabóia Bourbon e Saxe-Coburgo-Gotha, filho primogénito dos Reis D. Luís e D. Maria Pia, nasceu no Palácio da Ajuda, a 28 de Setembro de 1863.

Em Cascais, mercê das condições privilegiadas da sua enseada, D. Carlos encontrou o cenário ideal para apurar interesses artísticos, aptidões desportivas e uma curiosidade científica insaciável, beneficiando do facto de, a partir de 1870, a Família Real se instalar na Cidadela, no período do ano consagrado à prática dos banhos de mar.

D. Luís soube transmitir a D. Carlos o seu fascínio pelo oceano, oferecendo-lhe, em 1878, por ocasião do seu 15.º aniversário, o palhabote Nautilus, no mesmo dia em que Cascais assistiu à primeira experiência de iluminação eléctrica em Portugal.
 
Partamos, assim, à descoberta de alguns dos locais que fizeram parte da história de um Rei que tanto amou Cascais!


1. Casa D. Maria Pia
Avenida Marginal, n.º 18 | Rua D. António Guedes de Herédia, n.º 3 B, Monte Estoril

Construída na última década do século XIX, em posição dominante sobre a escarpa da costa do Monte Estoril, esta casa, ainda hoje imagem de marca do Monte Estoril, foi adquirida pela Rainha D. Maria Pia, para utilização durante o período do ano consagrado aos banhos de mar, em 1893, quatro anos depois do falecimento do Rei D. Luís na Cidadela de Cascais e da ascensão de D. Carlos ao trono. No entanto, em função da sua privilegiada localização também viria a ser utilizada durante grandes períodos no inverno, assumindo, então, a designação de Paço do Estoril, que se manteria até à implantação da República, em 1910.
 
2. Praia da Rainha 
Cascais

A enseada que abriga a Praia da Rainha foi outrora conhecida por Boca do Asno, provavelmente devido à sua forma. Cedo este pequeno areal, protegido do vento e da ondulação, se transformou no preferido da Rainha D. Maria Pia, que o elegeu para os banhos de mar dos príncipes D. Carlos e D. Afonso. Seria também nesta praia que a Rainha D. Amélia, mulher de D. Carlos, salvaria, em 1900, um pescador que se encontrava prestes a afogar-se…
 
3. Praia da Ribeira
Cascais

A presença sazonal da Família Real em Cascais, a partir de 1870, em função da moda dos banhos de mar, transformou a vila na rainha das praias portuguesas, obrigando os pescadores a cederem aos banhistas parte da Praia da Ribeira, assim designada por aí então desaguar a Ribeira das Vinhas.

Foi a partir deste areal, hoje conhecido por Praia dos Pescadores, que D. Carlos impulsionou a prática da vela, do remo e da natação, transformando Cascais no mais prestigiado campo de regatas em Portugal, onde se disputou, por exemplo, em 1893, a primeira corinthian race nacional, regata em que as embarcações correm tripuladas apenas por amadores ou, em 1898, a primeira regata internacional nas nossas águas.
 
4. Avenida D. Carlos I
Cascais

A estada da Família Real no Palácio da Cidadela a partir de 1870 acentuou a necessidade de construção de uma nova via de acesso à Praia da Ribeira. A Avenida D. Carlos I, inaugurada em 1899, em homenagem ao Rei, que a terá ajudado a pagar, transformou-se num dos eixos fundamentais da vila e em mostruário da arquitectura de veraneio, então em voga, de que a Casa Silva Leitão, projectada em 1896, com seu telhado pontiagudo, constitui belíssimo exemplar.
 
5. Passeio Maria Pia 
Cascais

Este passeio contíguo à Cidadela de Cascais era local de passagem obrigatória dos elegantes instalados na vila para a prática dos banhos de mar, razão pela qual foi baptizado, em 1890, como Passeio Maria Pia, em homenagem à Rainha, mãe de D. Carlos.
 
6. Marégrafo
Passeio Maria Pia, Cascais
Marcação de visitas: 214 815 907/55 | museumar@cm-cascais.pt

Tendo por função a medição do nível médio das águas do mar, o Marégrafo de Cascais, que estava ligado ao laboratório oceanográfico de D. Carlos, foi instalado em 1882, vindo a ser deslocado cerca de 30 metros, para a sua actual localização, em 1900.

O sistema de medição, composto por uma bóia num poço, ligada a um relógio de alta precisão e a um cilindro horizontal que permite o registo gráfico das oscilações da bóia, ainda funciona e é visitável por marcação.
 
7. Palácio da Cidadela
Avenida D. Carlos I, Cascais
Aberto de 4.ª a domingo, 14h00-20h00

A Cidadela é uma fortificação compósita, que resultou de mais de quinhentos anos de sucessivas construções e readaptações. Tendo por base a Torre de Cascais, mandada construir em 1488 pelo Rei D. João II, veio a ser integrada, no último quartel do século XVI, na Fortaleza de Nossa Senhora da Luz e depois de 1640 na fortificação que hoje conhecemos.

A porta de armas era o único acesso ao seu interior, que se organizava a partir de um pátio central, em torno do qual se dispunham quatro quarteirões: o de Santa Catarina, junto às antigas Casas do Governador – onde a partir de 1870 os Reis D. Luís e D. Maria Pia instalaram o Paço Real de Cascais – os de S. Pedro e de Santo António, que se destinavam à guarnição, e o de S. Luís, onde funcionava o hospital. Sob o pátio construiu-se uma grande cisterna, de planta quadrangular, com abóboda assente em nove colunas. Do conjunto destaca-se, ainda, a Capela de Nossa Senhora da Vitória.

O projecto de adaptação da Cidadela enquanto residência da Família Real, a partir de 1870, foi entregue a Joaquim Possidónio Narciso da Silva. Para o efeito, o arquitecto gizaria a ligação das Casas do Governador ao Pavilhão de Santa Catarina, que confinava com a Praça de Armas, redimensionando salas, decorando vestíbulos e salões e criando um salão de banquetes e uma ligação direta para o coro alto da Capela de Nossa Senhora da Vitória.

O Rei D. Luís veio a falecer, no Paço de Cascais em 1889, sucedendo-lhe D. Carlos, que promoveu profundas alterações no edifício, onde instalou o primeiro laboratório português de biologia marinha, em 1896, mandando acrescentar, para o efeito, em 1902, um terceiro piso sobre o antigo Pavilhão de Santa Catarina. O Palácio veio, depois de 1910, a receber os Presidentes da República, funcionando, mesmo, como residência oficial de Óscar Carmona, de 1928 a 1945.

Depois de muitos anos sem utilização, já em acentuado estado de degradação, seria alvo de uma profunda intervenção de reabilitação e restauro, entre 2007 e 2008. Cumpre hoje as funções de residência oficial do Presidente da República, assegurando simultaneamente o acesso às suas salas de aparato e dependências plenas de história, através de visitas guiadas, promovidas pelo Museu da Presidência da República.
 
8. Teatro Gil Vicente
Largo Manuel Rodrigues Lima, n.ºs 7-13, Cascais
Marcação de visitas: 214 830 522

Inaugurado em 1869, com quinhentos lugares, por iniciativa de Manuel Rodrigues Lima, este espaço cultural segue as linhas clássicas do palco à italiana. O edifício é um corpo retangular com fachada principal na face mais curta, marcada por três portas emolduradas por cantaria, segundo um modelo do século XVIII, a que sobrepõem três janelas "de verga" semicircular. A platibanda com balaustrada apresenta, ainda, sobre os cunhais, florões de barro. 

Durante décadas esta sala de espectáculos desempenhou um papel essencial no quotidiano das elites instaladas em Cascais, por meio da promoção de concertos e peças de teatro a cargo de artistas vindos expressamente de Lisboa e até de récitas de amadores. Constituía, assim, um dos palcos da convivialidade da alta sociedade “a banhos” em Cascais, que beneficiou, muitas vezes, da presença da Família Real.
 
9. Sporting Club de Cascais | Museu do Mar Rei D. Carlos
Rua Júlio Pereira de Mello, s/n.º, Cascais

Foi na Parada, antiga área de instrução militar das tropas aquarteladas na Cidadela de Cascais, que se instalou, em 1879, o Sporting Club de Cascais, sociedade desportiva e recreativa de acesso condicionado, onde se reuniam os mais prestigiados banhistas. Para além dos bailes que organizava, o clube, que cedo se transformou no centro da vida social da vila, notabilizar-se-ia, ainda, pela introdução de diversas modalidades desportivas em Portugal, casos do ténis, em 1882 – que o Rei D. Carlos tanto apreciava – ou do futebol, no ano de 1888.

Hoje funciona neste edifício o Museu do Mar, formalmente inaugurado em 1992 e rebaptizado enquanto Museu do Mar – Rei D. Carlos no ano de 1997, em homenagem ao monarca, fundador da oceanografia portuguesa. Entre os diversos núcleos expositivos destacam-se os dedicados à arqueologia subaquática, à memória da comunidade piscatória local, a D. Carlos e à ciência oceanográfica e à biodiversidade do mar de Cascais.
 
10. Esplanada de tiro aos pombos 
Santa Marta, Cascais 

Era nesta esplanada em Santa Marta, já desaparecida, que a alta sociedade assistia ou praticava (a)o tiro aos pombos, como sucedia com D. Carlos, ainda hoje recordado pela sua extraordinária pontaria. O tiro e a caça constituíam duas das suas grandes paixões, chegando, mesmo, a roubar horas ao sono para poder praticar…
 
11. Casa de S. Bernardo
Av. Rei Humberto II de Itália, s/n.º, Cascais

A casa de Bernardo Pinheiro de Melo, secretário e amigo de D. Carlos, que o distinguiria, em 1895, com o título de 1.º Conde de Arnoso, foi local privilegiado de convívio para os “Vencidos da Vida”, de que faziam parte algumas das mais destacadas personalidades da vida cultural portuguesa da época, como Eça de Queirós, Ramalho Ortigão e, apesar de se considerar um confrade suplente, o próprio Rei.

D. Carlos, que estudara desenho com Teodoro da Mota e pintura com Tomás da Anunciação, Miguel Ângelo Lupi e Enrique Casanova, cedo se consagraria enquanto um dos expoentes do naturalismo português. Conhecem-se vários trabalhos representando Cascais assinados pelo monarca, que aproveitava a pacatez da varanda da Casa de S. Bernardo para aguarelar e desenhar alguns objectos, como pratos e abat-jours, que oferecia, depois, ao dono da casa.
 
12. Casa dos Condes de Olivais e Penha Longa
Av. Rei Humberto II de Itália, n.º 7, Cascais

Em 1886, D. Carlos casou-se com a Princesa Amélia de Orleães, filha dos Condes de Paris, passando, a partir desta data, por ocasião da estada em Cascais, a residir numa casa cedida pelos Condes de Olivais e Penha Longa. Construir-se-ia, pouco depois, um enorme passadiço de acesso à Cidadela, de forma a permitir a comunicação entre as duas habitações reais.

Este belíssimo exemplar da designada arquitectura de veraneio foi recentemente alvo de uma importante obra de ampliação, de forma a receber o Farol Design Hotel.

domingo, 24 de julho de 2016

RESTAURAÇÃO DA MONARQUIA NA GRÉCIA


Não é apenas a Roménia que parece estar cada vez mais próxima de restaurar sua Monarquia; na Grécia, frente aos desastres causados por sucessivos Governos e o fracasso retumbante da União Europeia, começa a surgir um sentimento pró-monárquico.

Os monárquicos gregos apontam, com toda razão, que somente os países monárquicos poderão se manter estáveis em uma Europa à beira da calamidade, e lembram que o actual Primeiro Ministro, Alexis Tsiparas, disse, recentemente, que pode haver uma consulta popular acerca do papel do Chefe de Estado.

Questionando a validade do Plebiscito de 1974, que aboliu a Monarquia na Grécia, os monárquicos sugerem reconduzir o Rei Constantino II dos Helenos à Chefia do Estado, através de uma restauração monárquica. Com relação a esse assunto, Sua Majestade disse estar disposto a servir ao seu povo, caso assim queiram os gregos.

O Rei dos Helenos foi exilado em 1967, quando tentou impedir um golpe de Estado por parte dos militares, de modo a garantir a democracia em seu País e o bem-estar de seu povo; o Plebiscito, realizado em 1974, foi flagrantemente fraudulento, com Sua Majestade impedido de retornar à Grécia durante a campanha. Após décadas no exílio forçado, o Rei retornou à Pátria há alguns anos, e o que se viu, pela reacção popular, é que Sua Majestade permanece imensamente bem-quisto pelos gregos, mesmo após mais de quarenta anos. 

Foto: Sua Majestade o Rei dos Helenos, acompanhado por sua Augusta esposa, Sua Majestade a Rainha dos Helenos, nascida Princesa Ana Maria da Dinamarca, e seu primogénito e nora, Suas Altezas Reais o Príncipe Herdeiro Paulo e a Princesa Herdeira Maria Chantal da Grécia.

DOM DUARTE EM OUTUBRO NA MADEIRA PARA A ATRIBUIÇÃO DA ORDEM DE MALTA A DUAS PERSONALIDADES

*Com Rui Marote
A igreja do Monte servirá de palco, a 15 de Outubro deste ano, à entrega da Ordem de Malta a um madeirense, Alberto Artur Ornelas Vasconcelos Jardim, residente em Santarém, e ao arquitecto João Paredes, cônsul honorário do Brasil na Madeira.
Pela primeira vez, a cerimónia de imposição desta Ordem realizar-se-á fora do território nacional. A cerimónia, que supostamente impõe fanfarra militar, será presidida pelo bispo do Funchal, D. António Carrilho, e pelo embaixador da Ordem em Portugal, Miguel Polignac de Barros. Deslocar-se-ão também por essa altura à Madeira Dom Duarte de Bragança, o seu irmão D. Miguel e os netos do imperador Carlos da Áustria (que se encontra sepultado no Monte), uma vez que o também beato pertencia à supracitada Ordem.
A Ordem de Malta, originalmente Ordem Soberana e Militar Hospitalária de São João de Jerusalém, de Rodes e de Malta, é uma organização internacional católica que começou como uma ordem beneditina, fundada no séc. XI na Palestina, durante as Cruzadas. Rapidamente, porém, tornou-se numa ordem militar cristã, encarregada de assistir e proteger os peregrinos cristãos na Terra Santa. Tinha como padroeiro São João Esmoler, patriarca de Alexandria (550-619).
Actualmente, a Ordem de Malta é uma organização humanitária internacional, que dirige hospitais e centros de reabilitação, e inclui mais de doze mil membros, 80 mil voluntários permanentes e 20 mil profissionais de saúde associados, incluindo médicos, enfermeiros e paramédicos.

“Não terão o meu ódio!”

Cada cristão pode e deve defender-se, e à sociedade, também pelas armas. O terrorismo não admite tolerância. Mas se Cristo perdoou quem o crucificou, o cristão também está obrigado ao amor e ao perdão


Há alguma frieza e crueldade no modo como se reduz um atentado a apenas mais um acto terrorista. É verdade que, em termos históricos, a tragédia de Nice não foi a primeira, nem será, infelizmente, a última. Contudo, para todos os que nela pereceram e para as famílias das vítimas, Nice não foi apenas mais um episódio de uma tragédia já conhecida: foi o acto final de um drama que não se pode subestimar. Por mais sinceras que sejam as condolências, ou por mais sentido que seja o pesar, ninguém pode restituir a vida às pessoas que a perderam, nem compensar os que sofreram tão irreparável perda.
Foi assim também a 13 de Novembro de 2015 quando, em Paris, o Bataclan se converteu num antro de horror e de morte. Antoine Leiris viveu muito de perto este drama, em que morreu a sua mulher e mãe do seu filho, de apenas um ano e meio. Para exorcizar a sua alma e preservar a inocência do seu filho, redigiu um texto que é “um acto de resistência ao terror, uma homenagem à mulher, Hélène, e um testemunho de amor e esperança para o filho, Melvil. Um libelo contra o ódio, por um futuro de amor e paz” – lê-se na badana desse livro, que a editora Objectiva deu à estampa, com o título desta crónica, em Abril deste ano.
É para os terroristas que assassinaram a sua mulher e a mãe do seu filho que Antoine Leiris escreve as linhas mais impressionantes: “Na sexta-feira à noite, vocês roubaram a vida a um ser excepcional, o amor da minha vida, a mãe do meu filho, mas não terão o meu ódio. Não sei quem vocês são e não quero saber, são almas mortas. Se esse Deus em nome do qual matam cegamente nos fez à sua imagem, cada bala no corpo da minha mulher terá sido um ferimento no Seu coração”.
Contudo, Antoine não cede à tentação da vingança: “não, não vos darei o prazer de vos odiar. E, no entanto, vocês fizeram tudo por merecê-lo, mas responder ao ódio com raiva seria ceder à mesma ignorância que fez de vocês quem são. Querem que eu tenha medo […]. Pois perderam. […] É claro que estou destroçado pelo desgosto, dou-vos essa pequena vitória, mas será de curta duração. Sei que ela nos acompanhará todos os dias e que nos reencontraremos no paraíso das almas livres, ao qual vocês nunca terão acesso”.
“Somos dois, o meu filho e eu, mas somos mais fortes do que todos os exércitos do mundo. Aliás, nem sequer vos vou dedicar mais tempo, vou ter com o Melvil, que está a acordar da sesta. Tem apenas dezassete meses, vai lanchar como todos os dias, depois vamos brincar como todos os dias, e para o resto da vida este menino vai fazer-vos a afronta de ser feliz e livre. Porque não, também não terão o ódio dele”.
Não é fácil reagir com tanta nobreza e dignidade a uma tão vil ofensa: a resposta natural seria a da retaliação, a de exigir ‘olho por olho e dente por dente’, a de ceifar as vidas culpadas pelas mortes inocentes. Seria expectável, pelo menos, um desejo, senão de vingança, pelo menos de reparação pelo crime cometido. Mas uma represália pelo crime seria já uma cedência à lógica que preside a estes ataques que, não em vão, são terroristas. De que serviria matar mais mulheres, homens e crianças inocentes na Palestina, na Síria, ou no Iraque? À injustiça não se pode responder com a injustiça de sinal contrário, mas com a justiça e a lei, mesmo quando estes meios possam parecer insuficientes ante um mal tão brutal e aterrador. A superioridade da civilização está, precisamente, nesta sua aparente fraqueza: no dia em que os terroristas tiverem logrado que se lhes responda na mesma moeda, alcançaram o seu objectivo e já nada deles nos diferenciará.
Humanamente falando, não se pode pedir mais do que o viúvo de Hélène e pai de Melvil foi capaz de escrever, neste seu tão pungente depoimento. Mas a caridade cristã, que obriga a lutar implacavelmente contra o mal, vai mais além desta mera recusa do ódio e da vingança. Sim, é verdade que, “se esse Deus, em nome do qual matam cegamente, nos fez à sua imagem, cada bala no corpo da minha mulher terá sido um ferimento no Seu coração”. Mas é igualmente verdade que também os assassinos, por muito que nos custe reconhecer, foram criados à imagem e semelhança de Deus: eles não são ainda “almas mortas”, nem ninguém os pode excluir já do “paraíso das almas livres”. Não há, neste mundo, pecador que se não possa converter, nem justo que não se possa condenar.
Cada cristão pode e deve defender-se e defender a sociedade, também pelas armas, desde que o faça por meios lícitos e proporcionados. O terrorismo não admite nenhuma tolerância. Mas, se Cristo perdoou os que o crucificaram, o cristão também está obrigado ao amor e ao perdão: “Ouvistes que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo’. Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem” (Mt 5, 43-45). Pode-se amar e orar pelos terroristas, sem deixar de os combater e punir, do mesmo modo que os pais, quando repreendem e castigam os filhos, não os deixam de amar.
Quem cultiva apenas os valores laicos da justiça e da tolerância, talvez consiga não se vingar, nem odiar. Mas só quem professa uma moral superior, como a caridade cristã, pode, sem abdicar da luta pela justiça e pela paz, perdoar e amar os inimigos.
Fonte: Observador

sábado, 23 de julho de 2016

BOAS FÉRIAS, MONÁRQUICOS!


Estamos na estação do Verão, a tão aguardada época em que, após um longo ano de trabalho, os portugueses optam, normalmente, pelo período de vilegiatura! Com a certeza de que possuímos o melhor dos melhores Países do Mundo para veraneio é altura de se iniciar ou pelo menos a pensar fazer as merecidas férias.
Para a já incontornável Plataforma de Cidadania Monárquica foi, também, mais um ano de crescimento e afirmação tendo completado a 15 de Maio último o seu 3.º Ano de existência.
Estamos, hoje, quase nos 3.800 Seguidores na nossa Página no Facebook, motivo pelo qual agradecemos a todos os nossos Seguidores e Amigos que têm a gentileza de acompanhar as nossas publicações que fazem a abonação do retorno da Monarquia a Portugal.
Por isso mesmo no período estival, a Plataforma de Cidadania Monárquica continuará a produzir os seus conteúdos, apesar de não o ir fazer com a cadência habitual, mas mais espaçadamente, sendo que isso parece corresponder à vontade dos seus Seguidores e Amigos.
Viv’ó Rei! Viv’á Monarquia!
Miguel Villas-Boas – Plataforma de Cidadania Monárquica

MILHARES DE RUSSOS HOMENAGEARAM OS MÁRTIRES DA FAMÍLIA IMPERIAL

 
 A tradicional procissão da igreja ortodoxa em homenagem aos Santos Mártires da Família Imperial Russa, foi realizada nas noites de 16 e 17 de Julho em Ekaterinburgo, Rússia.

 

 

 

sexta-feira, 22 de julho de 2016

ESTAS SÃO AS LEIS DA HERANÇA DO NOSSO REINO


Eu, Dom Afonso filho do Conde D. Henrique, e da Rainha Dona Teresa neto do grande D. Afonso, Imperador das Espanhas, que pouco há que pela divina piedade fui sublimado à dignidade Rei.
(…) Viva o Senhor Rei Dom Afonso, e possua o Reino. Se tiver filhos varões vivam e tenham o Reino, de modo que não seja necessário torná-los a fazer Reis de novo. Deste modo sucederão. Por morte do pai herdará o filho, depois o neto, então o filho do neto, e finalmente os filhos dos filhos, em todos os séculos para sempre.
(…) Estas são as leis da herança de nosso Reino, (…), e disseram, boas são, justas são, queremos que valham por nós, e por nossos descendentes, que depois vierem.’ 

- excerto das ACTAS DAS CORTES DE LAMEGO

quinta-feira, 21 de julho de 2016

quarta-feira, 20 de julho de 2016

EM TODO O ESPLENDOR, O BRIO DO VERDADEIRO COMANDANTE SUPREMO


S.M.F. El-Rei Dom Manuel II de Portugal

Em todo o esplendor, o brio do verdadeiro Comandante Supremo, El-Rei envergando o grande uniforme de Marechal-General do Exército - privatístico do Rei de Portugal.

Viv’ó Rei!

LANDAU DO REGICÍDIO SAI DO MUSEU DOS COCHES PARA VILA VIÇOSA E ABRE UMA POLÉMICA


Landau do Regicídio sai do Museu dos Coches para Vila Viçosa. E abre uma polémica

18 jul, 2016 - 09:30 • Maria João Costa
Há quem receie pela conservação do coche onde morreram o rei D. Carlos I e o príncipe herdeiro, D. Luís Filipe.


O "Landau do Regicídio", o veículo onde seguia a família real, a 1 de Fevereiro de 1908, e no qual morreram o rei D. Carlos I e o príncipe herdeiro, D. Luís Filipe, vai deixar, na terça-feira, o Museu dos Cochespara ser deslocado para o Paço Ducal de Vila Viçosa, onde vai ficar durante um ano.
A mudança resulta de um protocolo celebrado, em Abril de 2015, entre a Fundação Casa de Bragança e a Secretaria de Estado da Cultura que prevê, entre outros pontos, que o trágico landau passa a andar em itinerância anual entre o Museu Nacional dos Coches, em Belém, e o Palácio de Vila Viçosa, no Alentejo.
A deslocação está a levantar um coro de críticas dos especialistas. De acordo com duas cartas a que a Renascença teve acesso, dirigidas à directora do Museu dos Coches, há riscos de deterioração para o coche em causa.
A Associação Portuguesa de Atrelagem opõe-se à deslocação para Vila Viçosa por considerar que há falta de condições técnicas no palácio alentejano dos Bragança para assegurar a conservação do bem.
O vice presidente da Associação, José Folque Mendoça, diz à Renascença que "as condições que existem no novo Museu dos Coches foram criadas para proteger e dar longevidade não só às peças do século XVII e XVIII que lá estão, mas também às peças do século XIX que carecem de três vectores muito importantes - a temperatura, humidade e insectos xilófagos - e essas condições não são asseguradas nos espaços da Fundação Casa de Bragança".
Folque Mendoça sublinha que o Landau do Regicídio tem “um valor histórico” muito importante, "quer para monárquicos quer para republicanos” e também para a cidade de Lisboa, palco do regicídio.
Na carta dirigida à directora do Museu Nacional dos Coches, a Associação Portuguesa de Atrelagem sublinha que "a eventual deslocação, mesmo que periódica, para um local que historicamente muito pouco tem a ver com o referido veículo, não reunindo as melhores condições técnicas de temperatura, humidade etc, e com fraquíssima exposição ao público irá desvirtuar a mais importante colecção do mundo de veículos hipomóveis”
Da mesma opinião é um dos maiores especialistas mundiais na matéria. O francês Jean-Louis Libourel também escreveu à directora do museu a alertar para os riscos quanto à integridade do landau, peça de valor histórico ligado á cidade de Lisboa.
Causa Real diz que o landau é de Lisboa
Ouvidos pela Renascença, os monárquicos consideram que a itinerância comporta riscos. O presidente da Causa Real, António Sousa Cardoso, até admite que a deslocação entre os dois espaços expositivos poderia permitir “melhor acesso público”, mas sublinha que "estas peças são delicadas e precárias, têm condições de conservação muito específicas e singulares”, pelo que a itinerância "pode pôr em causa o próprio bem”.
"Se temos um Museu dos Coches, todas as pessoas que querem ver os coches ou um landau histórico como este é ao Museu dos Coches que vai", defende Sousa Cardoso, para quem o landau onde morreu D. Carlos "é um património principalmente de Lisboa e dos lisboetas.”
Vila Viçosa rebate críticas
Na origem desta polémica está um protocolo assinado em Abril de 2015 entre o então presidente da Fundação Casa de Bragança, Marcelo Rebelo de Sousa, e a Secretaria de Estado da Cultura, que prevê que Vila Viçosa fique com o landau ano sim, ano não.
O mesmo protocolo permitiu que o Paço Ducal passasse a ser responsável por cerca de 80 coches ali depositados. À Renascença, a directora do palácio de Vila Viçosa, Maria de Jesus Monge, indica que, nos últimos 30 anos, os coches que ali estiveram depositados estavam sob a responsabilidade de conservação do Museu Nacional dos Coches.
Maria de Jesus Monge lembra que "o landau esteve em Vila Viçosa desde os anos 80 até 2008, altura em que foi levado para Lisboa, para as comemorações do centenário do regicídio" e que "deveria ter voltado três meses depois para vila Viçosa", o que não aconteceu.
O Landau do Regicídio, que pertence à colecção do Palácio Nacional da Ajuda, ficou desde então no Museu Nacional dos Coches. Foi o primeiro coche a ser mudado das instalações do antigo picadeiro para o novo edifício do Museu Nacional dos Coches, em Belém.
Confrontada com as críticas às condições do Paço de Vila Viçosa, a directora garante que as infestações detectadas no edifício são tratadas. "É verdade que há humidade em Vila Viçosa, nos meses de frio. O frio não permite que se desenvolva o xilófago. Por outro lado, temos calor. Quando está calor, não há humidade e, pela mesma razão, não há xilófago", argumenta.
"Há um período, tanto no início da Primavera como no início do Outono, em que supervisionamos as colecções de forma diferente para garantir que não há infestações. De vez em quando, há “problemas, mas são imediatamente atacados", enfatiza.
Para Maria de Jesus Monge, o Palácio do Vila Viçosa, de onde partiu a família real antes do regicídio, é a “casa do rei D. Carlos” e, como tal, "é uma mais-valia para o Paço ter o landau do regicídio em exposição".