quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

A corrupção, uma das chagas da Portugalidade

Foto de Nova Portugalidade.


Quem hoje olhar para os países de língua portuguesa, facilmente constatará que estes se encontram, de uma forma geral, minados pela corrupção política. É um fenómeno que martiriza a verdadeira essência da Portugalidade: os povos dos países que a compõem. No Brasil, em Angola e em Portugal, a situação é ainda mais danosa do que na restante Portugalidade. Em Angola, uma elite suga todos os proventos dos imensos recursos naturais do país, acumulando uma riqueza colossal que se espelha nos arranha-céus envidraçados de Luanda, enquanto a população comum vive em bairros de lata e não tem o que comer. No Brasil, as favelas são bem conhecidas. Em Portugal, os escândalos de promiscuidade entre poder político e poder económico-financeiro têm vindo ao de cima. 

A Portugalidade possui características extraordinárias que nos devem entusiasmar na reconstrução do seu futuro, mas também tem desafios e dificuldades a serem ultrapassados; não devemos ignorá-los e relegá-los para debaixo do tapete. A corrupção é um deles, e é um problema relativamente simples de se compreender: o poder político encontra-se manietado pelo poder económico-financeiro que o domina. Como é que o faz? Visto a esmagadora maioria dos políticos não possuírem meios financeiros próprios, os interesses do capital utilizam esta grande vulnerabilidade a seu proveito. Assim, cessadas as funções de ministro, de secretário de estado, ou de outro cargo público, os recém-desempregados políticos necessitam de um outro meio de subsistência financeira, e eis que o encontram em cargos nas empresas privadas que beneficiam diretamente das políticas que esses mesmos ex-governantes tomaram enquanto estavam no Estado. 

Este círculo vicioso impede que os recursos fiscais do país cheguem ao financiamento de serviços públicos de qualidade, visto serem desviados para os grandes grupos económicos e financeiros. O resultado é uma população sem saúde, educação ou espaços públicos de qualidade, que vive na degradação e na precariedade, enquanto uma elite egoísta vive no regaço do luxo. É esta a Portugalidade que queremos construir? 

Se uma Federação Lusófona se vier a constituir, os povos da Portugalidade não podem deixar este problema por resolver. Não podem consentir com a existência de políticos que governam contra o bem público, subvertendo completamente o seu propósito, e que destroem o bem-estar do coração palpitante da civilização lusófona: o povo, em quem repousa a soberania da manutenção da identidade da Portugalidade. Não podem consentir com o predomínio do poder financeiro sobre o Estado. A solução? Ou uma grande reforma dos sistemas políticos existentes que dê uma machadada definitiva neste cancro, ou a contínua degradação da situação até esta se tornar insuportável, e aí só novos regimes estabelecidos que rompam os equilíbrios de poder existentes podem limpar esta chaga e trabalhar honestamente para o serviço do bem público da Portugalidade. Uma coisa é certa: enquanto a doença da corrupção não for completamente removida, a prosperidade jamais se atingirá. Estaremos dispostos a enfrentá-la? 

Miguel Martins

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