1. Enxurradas de banalidades e muita pata no chinelo, eis os comentários dos "pivôs" televisivos durante toda a visita dos reis de Espanha. Ignorância crassa - datas históricas e relações familiares, formas de tratamento, total desconhecimento das personalidades que iam surgindo no decorrer das cerimónias - é a nota determinante de todas as reportagens protagonizadas pela nossa comunicação social, inevitavelmente acompanhada pelos remoques miserabilistas quanto a carros, protocolo e "gastos (g)astronómicos de uma Corte" que recebe um orçamento muito inferior àquele outorgado à grandiosa e merecedora presidência portuguesa. A propósito, em Espanha e ao contrário daquilo que temos em Portugal - a Corte de comendadores republicanos e três ex ainda à conta -, não existe Corte. Numa hora feliz, João Carlos I seguiu os conselhos da sua avó, a rainha Vitória Eugénia.
Em Belém, a bagunçada do costume, com gente em contínuo flanar diante das câmeras de tv, puxões pelo braço de fulano e sicrano, jornalistas apinhados e em confusão com as personalidades do Estado e a rampa de acesso ao pátio de recepção, atravancada com sucata a prazo.
A mulher do Sr. Cavaco Silva à espreita detrás do reposteiro, foi talvez a melhor imagem daquilo que o cerimonial republicano é.
Em Queluz, mostraram-nos algumas imagens da coisinha que a televisão anunciou ser um "espectáculo equestre" - onde? Não vi! - protagonizado por alguns cavaleiros que se passeavam pelas áleas do jardim do palácio. Compondo o quadro, a mesma barafunda de gente que se atropela diante dos soberanos e do casal presidencial, atestando aquele flagrante contraste com tudo o que ainda há poucos dias vimos na proclamação de Filipe VI. Na bicha para os cumprimentos esteve o cada vez mais carcomido Balsemão, o tal
amigo que aos seus
moleques mediáticos permite todos os diislates no que respeita ao denegrir da Monarquia espanhola. A
esposa - os pirosos assim chamam às respectivas mulheres - com nome de carro alemão ao serviço do nosso regime, também lá foi. Curiosamente, foi possível ver a filha presidencial, mas se
o genro "do Pavilhão Atlântico"compareceu, isso foi um não-acontecimento que passou despercebido.
Para grande espanto de um galináceo que comentava em directo, D. Duarte e D. Isabel tiveram dos reis de Espanha um tratamento diferente, ..."
com direito a beijinhos, pois a avó de D. Filipe era tia do Duque de Bragança". Era? Talvez
dans ta tête, mas ficas à vontade para nos explicar, pequena. A menos que estivesses a referir-te ao lato conceito que nalguns meios se tem da palavra
tia. De qualquer forma, erraste por pouco, pois talvez pretendesses dizer primos (através de D. Manuel I, Filipe IV, Luís XIV e XV, Maria Teresa de Áustria, Carlos IV e Luís Filipe I, entre muitos outros).
Sintomática é a insistência dos nossos jornalistas em chamar pel'...o Filipe e pel'...a Letícia, para logo depois puxarem a atenção à D O U T O R A (sobem os decibéis) Maria Cavaco Silva e ao facto de PELA PRIMEIRA VEZ (sobem os decibéis) os espanhóis terem um monarca L I C E N C I A D O (sobem os decibéis) e COM ESTUDOS (sobem os decibéis) Incansavelmente repetiram licenciaturas e doutores uns quinhentas biliões de vezes, pois como se sabe, por regra todos os monarcas "foram ou ainda são" uns pobres cretinos e analfabetos. Mais abaixo (1) fica uma lista de alguns dos nossos reis licenciados e doutorados.
Salvou-se a participação televisiva de Cesário Borga na TVI24, um profissional que não perdeu tempo com parvoíces e condescendentemente mostrou bem o que é ser um jornalista.
Espantosa é a capacidade de estupidez demonstrada pelos alegados arautos da imprensa filmada, sempre muito insistentes quanto a gastos e luxos ..."quando tanta gente não tem nada para comer". Num país onde o vulgo não liga pevide aos escandalosos roubos, abusos, privilégios e mordomias da sua classe político-económico-financeira de pés de gesso, talvez fosse melhor o presidencial casal passar a receber os convidados estrangeiros numa barraquinha de cachorros quentes no Saldanha.
Falando em barraquinhas, também tivemos o prazer de rever o Sr. Sampaio e a Dª Maria José. Não sei se também é D O U T O R A., mas merece um beija mão de cartoon.
Em S. Bento, foram os monarcas recebidos pela
presidenta, ostensiva no seu uniforme de domadora de caniches do Circo Chen.
2. Lista de alguns licenciados e doutorados monarcas de Portugal
Afonso I, licenciado pela Academia Militar
Afonso III, licenciado pela Academia Militar
Dinis I, doutorado em Filologia Românica da FLL e engenheiro agrónomo pelo Instituto Superior de Agronomia
Afonso IV, licenciado pela Acaemia Militar
Fernando I, engenheiro agrónomo e engenheiro naval
João I, licenciado pela Academia Militar
Duarte I, doutorado pela Faculdade de Letras de Lisboa
Afonso V, licenciado pela Academia Militar
João II, licenciado em Geografia, engenheiro naval, doutorado em Relações Internacionais pelo ISCSP, doutorado em Direito pela FDL e em História pela FLL
Manuel I, licenciado em Gestão pelo ISEG
João III, licenciado em Gestão pelo ISEG
Henrique I, doutorado em Teologia pela Universidade Católica de Lisboa
Filipe I, doutorado em Relações Internacionais pelo ISCSP
João IV, licenciado em Relações Internacionais pelo ISCSP, licenciado pelo Conservatório Nacional
João V, presidente das Academias de Ciências e História, licenciado em Gestão, licenciado em História, licenciado em arquitectura pela ESBAL
José I, licenciado em Gestão, licenciado em Música pelo Conservatório Nacional, licenciado em arquitectura pela ESBAL
João VI, licenciado em Relações Internacionais pelo ISCSP
Pedro V, doutorado pela FLL
Luís I, doutorado pela FLL e pelo Coservatório Nacional
Carlos I, engenheiro agrónomo, doutorado em biologia marinha pela Faculdade de Ciências e Tecnologia, licenciado em Pintura pela ESBAL, doutorado em Relações Internacionais pelo ISCSP
Manuel II, doutorado pela FLL
Nuno Castelo-Branco