quinta-feira, 30 de novembro de 2017

A Conjura de 1640 – A Um Passo da Restauração

conjura-1640-pcm
Estava uma noite escura e fria, típica do Outono que já ia adiantado, e a neblina envolvia em segredo aquelas figuras que afundadas em capas e capotes negros se abafavam não só do frio, mas se escondiam de olhares indagantes. Os seus largos chapéus de abas e plumas escuras pareciam bailar enquanto as figuras que mal se recortavam no breu se esgueiravam pela noite adentro, sem outra coisa que os denunciasse que não fosse o brilho nos olhos de quem tinha a razão do seu lado, e os tacões que quando em vez apanhando um solo mais seco troavam, fazendo ladrar um cão na vizinhança. Convergiam todos para uma pequena porta incrustada na velha muralha fernandina.
Um a um, ou às vezes até mais quando o objectivo os fazia convergir ao mesmo tempo, batiam à portinhola e depois de reconhecidas as caras do outro lado pelo proprietário entravam e desciam os estreitos degraus um a um – porque não dava para o fazer de par em par – até desembocar no jardim do que parecia ser um Palácio. Iam entrando numa pequena sala na qual desembocava a escadaria, e que umas velas de luz mortiça teimavam em não se deixar apagar para alumiar os presentes. O encontro tinha que ser assim, no secretismo que aquele lugar possibilitava por estar longe dos olhares curiosos dos demais habitantes do Palácio, especialmente da criadagem – sempre de língua solta! -, até porque aquilo não era uma tertúlia, mas uma Conjura!
Livres dos embuços que serviram para os camuflar na noite, cumprimentaram-se todos efusivamente.
Que fazia convergir todos aqueles homens da Nobreza Portuguesa para aquelas reuniões conspirativas? A resposta era a Restauração da Liberdade nacional!
O que levara aqueles à possibilidade de tais perigos?!
A Restauração de Portugal Soberano e Independente!
Contra o que conjuravam?!
Contra a opressão estrangeira!
Durante o Domínio castelhano da nossa Pátria, sobretudo no de Filipe III (IV de Espanha), Portugal, na prática nada mais era do que uma província espanhola, dirigida à distância, por quem não patenteava qualquer atenção aos interesses e ânsias dos portugueses: a governação dos Filipes transformara-se em tirania.
Eclodiram movimentos de cariz popular, primeiro no Alentejo, contestando o aumento de impostos e as precárias condições de vida da população provocadas pela governação castelhana e que alastraria a todo o País.
Em 1639, Dom João II de Bragança, o 8.º Duque de Bragança, recém-nomeado Governador de Armas do Reino, instalou-se em Almada onde começou a receber a visita da nobreza e fidalguia, entre os quais D. Francisco de Mello e D. Antão de Almada e em breve as tertúlias ganham aspecto de algo mais profundo e sério, aflorando-lhes ideias da restauração da independência.
A justificação dos direitos dinásticos de D. João II de Bragança era facilmente demonstrável:
De acordo com a Lei das famosas Actas das Cortes de Lamego e o Direito Consuetudinário portugueses, já em 1580, extinta a Dinastia de Avis, Filipe I (II de Espanha), filho da Infanta Dona Isabel, sendo um Príncipe estrangeiro, não tinha direito ao trono português, tanto mais que havia, segundo estas leis do País um candidato natural e legítimo a Infanta Dona Catarina de Bragança, filha do Infante Dom Duarte e tal como Filipe I, neta d’ El-Rei Dom Manuel I. Dona Catarina contraiu matrimónio com D. João I de Bragança e o seu primogénito D. Teodósio II, foi o 7.º Duque de Bragança, que por sua vez foi pai de Dom João II de Bragança. Assim, pelo benefício da representação, era em D. João II de Bragança – trineto de Dom Manuel I de Portugal – que recaíam os direitos dinásticos que haviam sido usurpados à sua avó, a Infanta Dona Catarina, Duquesa de Bragança.
Recorde-se que a Sereníssima Casa de Bragança teve a sua fundação em Dom Afonso I, filho natural de Dom João I e de Inês Pires, uma mulher solteira. Tendo sido legitimado pelo Rei que lhe concedeu o título de Conde de Barcelos, Dom Afonso contraiu matrimónio com a filha de Dom Nuno Álvares Pereira, Dona Beatriz Pereira Alvim. Mais tarde, já na regência do seu meio-irmão Dom Pedro, foi por este concedido a Dom Afonso, o título de Duque de Bragança.
Por tudo isto, já em 1635, por altura do casamento de Dom Francisco de Mello, 3.º Marquês de Ferreira, D. João II de Bragança foi recebido como um Rei a ser, em Évora.
Eclode uma revolta na Catalunha, também, contra o centralismo do Conde-Duque de Olivares. A 7 de Junho de 1640, o Rei Filipe IV convoca Dom João II de Bragança para o assistir na viagem à Catalunha e colaborar na campanha de repressão que ia empreender. O Duque de Bragança enjeitou a convocação de Filipe IV, no que foi seguido por muitos nobres portugueses que receberam idêntica intimação, recusando-se também a obedecer a Castela.
Foi, então, que, secretamente, se vinha congregando um grupo de 40 Nobres, que viriam a ser denominados de Conjurados. Nas suas reuniões, no Palácio dos Almadas, propriedade do então titular, Dom Antão de Almada, 7º Conde de Avranches, o grupo patriótico português nascido clandestinamente, começou a analisar e engendrar a melhor forma de revolta contra o domínio castelhano. Principiaram então a tecer uma revolta que tivesse garantias de êxito.
A reunião desta noite de 12 de Outubro de 1640, é a mais importante de todas, pois além do Conde de Almada, fidalga e nobre família que tanto já tinha dado à sua Nação e se preparava para ainda mais dar, incluía D. Miguel de Almeida – o decano destes Conjurados -, o Monteiro-mor Francisco de Mello e seu irmão Jorge de Mello, António Saldanha, Pedro de Mendoça Furtado e o agente do Duque de Bragança em Lisboa, João Pinto Ribeiro.
– Meus senhores… – o anfitrião tomou a palavra –, já é o tempo de encontrarmos despacho neste arrojo conspirativo, pois que de todas as vezes que nos sentamos nesta tabula colocamos nossas cabeças mais perto do cepo! Não desejando perder a minha, tal como de igual modo acham Vossas Mercês grande utilidade às vossas, é o tempo da resolução e da audácia definitiva! Não pode esta tão grande Nação sob jugo ilegal estrangeiro continuar a sofrê-lo e os três estados a verem-se humilhados continuamente pelo ocupante. O tempo urge, por quanto tempo mais ficarão os castelhanos ocupados com aqueles arremedos de independência catalã?’
Depois de muito patuá é decidido indigitar um deles para se encontrar com o Duque de Bragança, no Paço Ducal de Vila Viçosa.
Como ficara decidido, na famosa reunião que agregara os célebres Conjurados, o encontro entre Pedro de Mendoça Furtado e Dom João II de Bragança acontece na segunda quinzena de Outubro, e o Duque é instigado a assumir o seu dever de defesa da autonomia portuguesa, assumindo o Ceptro e a Coroa de Portugal. Dom João II de Bragança mostra-se favorável, mas reserva uma resposta definitiva para depois de umas consultas com o Marquês de Ferreira, o Conde de Vimioso, o secretário António Paes Viegas e a própria Duquesa de Bragança, D. Luísa de Gusmão. Todos se mostrando favoráveis, Dom João II de Bragança decide apoiar incondicionalmente o coup!
A 10 de Novembro, o Duque entrega a João Pinto Ribeiro duas cartas com instruções: uma para D. Miguel de Almeida e outra para Pedro de Mendoça Furtado, que as recebem em 21 desse mês.
Era necessário apoio do Povo e também do Clero, ora os novos impostos lançados sem a autorização das Cortes empobrecia a população, e isso, também, se repercutia nos donativos à Igreja. Assim, a restauração seria do interesse dos Três-Estados. Faltava escolher o dia certo.
Somavam-se hesitações quanto ao dia perfeito para o golpe da Restauração, mas a 30 de Novembro, Dom João II de Bragança confirma a data do dia seguinte para a revolta: ‘A sua vida, sendo necessária, havia de ser a primeira que se desse pela liberdade da Pátria’, disse. Foi, então, agendada a revolução para o 1.º de Dezembro.
Miguel Villas-Boas – Plataforma de Cidadania Monárquica

Comemorações da Restauração da Independência de Portugal 2017

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quarta-feira, 29 de novembro de 2017

terça-feira, 28 de novembro de 2017

PRÉMIO RAFAEL MANZANO MARTOS É ENTREGUE A ARQUITEC...

Real Associação da Beira Litoral: PRÉMIO RAFAEL MANZANO MARTOS É ENTREGUE A ARQUITEC...: Casa do Médico de S. Rafael (Sines, 2005/06) Nascido em 1960, o arquitecto português  José Franqueira Baganha , da  José Baganha & ...

REAL DE TRÁS-OS-MONTES CELEBRA RESTAURAÇÃO COM ALMOÇO EM CHAVES


Este ano estaremos novamente reunidos, na secular homenagem aos Portugueses que nos antecederam na defesa dos sagrados valores da Independência Nacional.

Para que, uma vez mais, a nossa confraternização Monárquica tenha o sucesso dos anos anteriores, ficam convidados todos aqueles que partilham o ideal Monárquico a estarem presentes no almoço que se vai realizar no Hotel Rural de Casas Novas, no dia 3 de Dezembro, domingo, às13h00.

À semelhança de anos anteriores, honra-nos com a sua presença S.A.R. o Senhor Dom Duarte, Duque de Bragança.

Participem e tragam familiares e amigos.

    Local: Hotel Rural de Casas Novas – Casas Novas (Chaves)

    Preço por pessoa: €20; (crianças dos 7 aos 12 anos €10)
    Reservas para o almoço: Contactar o nº 917158396 ou enviar e-mail pararealtrasosmontes@gmail.com até dia 29 de Novembro, quarta-feira.

    Quem pretender pernoitar no hotel deverá fazer a sua reserva desde já, indicando que irá participar no almoço, a fim de usufruir de um preço especial (€60 quarto duplo, €45 quarto individual).

    Coordenadas GPS: N 41º 70' 93.16'' W 70º 56' 82.06'' 


segunda-feira, 27 de novembro de 2017

FAMÍLIA REAL EM BAILE DE DEBUTANTES NO ANIVERSÁRIO...

Real Associação da Beira Litoral: FAMÍLIA REAL EM BAILE DE DEBUTANTES NO ANIVERSÁRIO...: Foi no sábado, 25 de Novembro, que se realizou em Paris o Le Bal, o conceituado baile de debutantes. A Infanta Maria Francisca de Braga...

A Caminho da Restauração – Revolta do Manuelinho

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Revolta do Manuelinho ou Alterações de Évora, foi um movimento de cariz popular ocorrido no Alentejo, durante a dominação Filipina, e contestava o aumento de impostos e as precárias condições de vida da população provocadas pela governação castelhana.
Ainda antes desta revolta eclodiram outras insurreições, pois a governação dos Filipes transformara-se em despotismo e os portugueses serviam-lhes unicamente para serem visitados pelo cobrador de impostos. Este confisco em nada beneficiava o País, pois o tributo não era repartido para fruir as necessidades e premências de Portugal e o bem comum dos naturais, mas ajudavam tão só a custear as despesas do Império espanhol.
Foi sobretudo esta política fiscal que abriu o caminho para a Restauração. Ainda, em 1628, aconteceu o Motim das Maçarocas, no Porto, revolta contra o imposto do linho fiado.
Mas sem dúvida que o mais importante movimento que antecedeu a revolução em si, foi o das Alterações de Évora que principiou na cidade a 21 de Agosto de 1637, quando o Povo se sublevou contra o aumento de impostos decretado pelo governo da Vice-Rainha – a Duquesa de Mântua -, em Lisboa, que tiveram origem no aumento do imposto do real de água, assim como o aumento do imposto da Sisa elevado para 25%. A elevação do imposto do real de água e a sua extensão a todo o Reino de Portugal, bem como o aumento da antiga Sisa, generalizou a ira do Povo, o que estourou em contestação e violência.
Quanto às, apesar da revolta das Alterações de Évora ter sido instigada pelo Procurador e pelo Escrivão do Povo – acicatados ainda pelo imposto da meia-anata -, numa manobra para manter o anonimato dos impulsionadores, as ordens para a marcha da insurreição surgiram assinadas pelo ‘Manuelinho’, um pobre demente da cidade alentejana. As Alterações de Évora contagiariam todo o País e alastraram a Sousel, Crato, Santarém, Tancos, Abrantes, Vila Viçosa, Porto, Viana do Castelo, Bragança, Beira e Algarve.
No decurso da revolta foram incinerados os livros dos assentos das contribuições reais e assaltadas algumas casas da nobreza afecta aos Filipes. Os nobres pró-Castela não ousaram enfrentar a multidão enfurecida.
Desta forma, o descontentamento já era transversal a toda a Sociedade portuguesa: a Nobreza via os poucos cargos de administração que, ainda, sobejavam no Reino de Portugal – uma vez que a Corte estava em Madrid -, e, que outrora haviam sido dos seus antepassados, ocupados pelos ocupantes estrangeiros. Além disso, eram obrigados a alistar-se no exército espanhol suportando todas as despesas, e os que a sua idade já desobrigava da prestação obrigatória do serviço militar retiraram-se para a província, onde viviam nos seus palacetes e solares subsistindo com o mínimo de dignidade que imponham os pergaminhos de família.
Também, a burguesia estava desiludida e em rota de colisão com a pobreza, pois em consequência da belicosidade castelhana com as demais nações europeias, os territórios e navios portugueses eram atacados e saqueados, ficando os corsários Ingleses, Franceses e Holandeses, com os produtos originários dessas terras, e que outrora a burguesia portuguesa comerciava proveitosamente. Assim, comércio e respectivo lucro haviam caído a pique.
Apesar da insurreição de Évora não ter derrubado o Governo pró-Castela de Lisboa -consequência da repressão das tropas castelhanas que vieram em seu auxílio e que evitaram logo ali revolução -, já ninguém podia mudar o curso das vontades: a fidalguia patriota e honrada tirou as devidas ilações e percebeu que esta revolta era o princípio de um movimento muito mais abrangente e importante que poderia por fim à dominação castelhana e Restaurar a Independência do Reino de Portugal.
Em 1639, Dom João II, o 7.º Duque de Bragança, recém-nomeado Governador de Armas do Reino, instalou-se em Almada onde começou a receber a visita da nobreza e fidalguia, entre os quais D. Antão de Almada e D. Francisco de Mello que lhe começam a incutir as ideias da revolução para a Restauração da Independência.
Começou a cimentar-se a ideia que de acordo com a Lei que resultou das Cortes de Lamegoe o Direito Consuetudinário portugueses que Filipe, sendo um Príncipe estrangeiro, não tinha direito ao trono português, tanto mais que havia em 1580, segundo estas leis do País um candidato natural e legítimo: Dona Catarina, Duquesa de Bragança, e tal como Filipe I, neta d’ El-Rei Dom Manuel I. Dona Catarina contraiu matrimónio com D. João I de Bragança e o seu primogénito D. Teodósio II, foi o 7.º Duque de Bragança e foi pai de Dom João II de Bragança que viria a ser o Rei Restaurador Dom João IV de Portugal.
Recorde-se que a Sereníssima Casa de Bragança teve a sua fundação em Dom Afonso I, filho ilegítimo de Dom João I e de Inês Pires, uma mulher solteira. Tendo sido legitimado pelo Rei que lhe concedeu o título de conde de Barcelos, Dom Afonso contraiu matrimónio com a filha de Dom Nuno Álvares Pereira, Dona Beatriz Pereira Alvim. Mais tarde, já na regência do seu meio-irmão Dom Pedro, foi por este concedido a Dom Afonso, o título de Duque de Bragança – que por ser uma Casa cujo 1.º Duque era filho de Rei, os Duques de Bragança têm numeração como os Reis. Assim a Revolta de 1640 não viria mais do que, pondo os pontos nos is, repor a legalidade, pois Dom João IV era neto de Dona Catarina de Bragança.
Miguel Villas-Boas – Plataforma de Cidadania Monárquica

KC-390: Um avião de e para a Portugalidade

Foto de Nova Portugalidade.


Há tempos, aqui na página da Nova Portugalidade, escrevemos sobre o Padre Bartolomeu de Gusmão, um brilhante sacerdote Católico que tinha uma paixão especial por máquinas voadoras e que construiu a famosa “Passarola”. Hoje, no século XXI, a aviação é uma das forças que forja, de forma determinante, o futuro da Humanidade. Nós, amantes da Portugalidade, devemos ter um orgulho especial numa das maiores empresas da indústria aeronáutica: a Embraer.


Há quase dez anos, a gigante brasileira decidiu investir em Portugal, construindo um importante complexo industrial na cidade de Évora. Aí, os engenheiros e técnicos da Embraer dedicam-se à construção e montagem de diversos componentes aeroespaciais. A “jóia da Coroa” será, certamente, o KC-390, um avião de âmbito militar e civil, que pode efectuar desde missões de apoio logístico – como reabastecimento de caças durante o voo - até missões de salvamento. 

Na produção deste avião estão envolvidos vários países, designadamente a Argentina, a República Checa e, de forma especial, Portugal e o Brasil. Com efeito, 56% do avião é produzido em Portugal, e sendo um produto com a marca “Embraer”, podemos afirmar que este é um avião de e para a Portugalidade. 

O KC-390 apareceu como o substituto dos norte-americanos Lockheed C-130 Hercules da Força Aérea Brasileira. A ambição da Embraer é apresentar este avião como o substituto natural dos C-130 Hercules – que tem uma extensa lista de forças aéreas que o usam, incluindo a Força Aérea Portuguesa.

Sendo o maior avião produzido na América Latina, tem um comprimento de 35,2 metros e uma envergadura de 35 metros, permitindo assim o transporte de oitenta militares e três tripulantes. Pode voar até uma velocidade de 988 km/h e tem um alcance com carga útil máxima de 2820km.

Por enquanto, apenas Portugal e o Brasil assinaram contratos de compra, mas já há diversos países com interesse oficial no avião, sendo que alguns já assinaram cartas de intenção de compra, nomeadamente a República Checa, a Argentina, a Colômbia, o Chile e a Suécia. 

Em suma, é uma aeronave à qual desejamos o maior sucesso possível. Desejamos ainda que o KC-390 possa ser um grande exemplo de cooperação entre governos, empresas e forças armadas dos países da Portugalidade e que possa, assim, abrir caminho a que empreendimentos como este se tornem habituais no Mundo Português. 

MBF

O dia mundial dos pobres, uma hipocrisia?!


Não é preciso ser muito perspicaz para adivinhar o comentário que, certamente, muitos não católicos terão feito a propósito da instituição, pelo Papa Francisco, do Dia Mundial dos Pobres: mais do que criar uma efeméride deste género, que pouco ou nada vai beneficiar os mais indigentes, melhor seria que o Vaticano abrisse mão dos seus fabulosos tesouros e, com o valor da venda desses bens, ajudasse efectivamente os pobres. Caso contrário, o Dia Mundial dos Pobres, que teve a sua primeira edição no passado 19 de Novembro, arrisca-se a ser uma rematada hipocrisia.
A alegada duplicidade da Igreja em relação à questão social, recorda a falsa lenda da cínica dama que, ricamente vestida e ostentando luxuosas jóias, assim teria respondido a um mendigo, à saída de um baile de caridade: – Como é que o senhor se atreve a pedir-me esmola, quando estive a noite toda a dançar por sua causa?!
A imensa riqueza da Igreja católica, nomeadamente a do Vaticano, é um tópico recorrentemente referido pelos anticlericais. Em abono da verdade, não se pode deixar de reconhecer que a Basílica de São Pedro, o palácio apostólico, a Capela Sixtina, a biblioteca e os Museus Vaticanos encerram obras de arte de incalculável valor. É certo que esses tesouros não são directamente rentáveis – é provável que as receitas decorrentes da sua exposição ao público não sirvam sequer para cobrir os gastos inerentes à sua conservação – mas não se pode negar que, a venda de algumas dessas obras de arte, seria suficiente para matar a fome a muita gente.
Pense-se, por exemplo, na ‘Pietà’ de Miguel ngelo: não sendo essa famosa imagem de Nossa Senhora da Piedade essencial à missão da Igreja, porque não se promove a sua venda, em leilão mundial? Os 450 milhões de dólares por que foi recentemente arrematado o quadro ‘Salvator Mundi’, de Leonardo da Vinci, poderiam ser facilmente ultrapassados pela ‘Pietà’. Com o valor certamente astronómico dessa extraordinária receita, milhões de pobres, que vivem agora na maior miséria, poderiam ver significativamente melhorada a sua vida.
É verdade. Como verdade é também que esta mesma crítica se poderia fazer a outras entidades, a começar pelo Estado português. É significativo que, mesmo nos tempos da mais severa austeridade nacional, ninguém tenha sugerido que o Museu Nacional de Arte Antiga vendesse algumas das suas obras mais valiosas – como, por exemplo, o tríptico de Nuno Gonçalves – mesmo sabendo que uma tal alienação iria permitir ao Estado auferir uma receita não despicienda. Mais ainda, foi precisamente em 2015 e 2016 que, paradoxalmente, se lançou uma campanha nacional para a adquisição, por 750 mil euros, de ‘A adoração dos Magos’, de Domingos António Sequeira. Felizmente conseguiu-se, por subscrição pública, resgatar essa obra e devolvê-la ao património nacional. Curiosamente, não consta que alguém tenha considerado hipócrita aquela campanha…
Também até agora não se ouviu, que se saiba, nenhuma voz reclamando a venda desse quadro, ou de outro qualquer tesouro nacional, em proveito das vítimas dos incêndios. Ninguém considerou hipócritas a presidência da república, o parlamento ou o governo, pelo facto de não terem disponibilizado os bens dos museus nacionais para esse efeito. Os partidos políticos e as centrais sindicais, sempre tão preocupados com os pobres, também não avançaram com nenhuma proposta nesse sentido, sem que ninguém os tivesse acusado de farisaísmo. Pelos vistos, a hipocrisia é uma virtude exclusiva dos católicos e da respectiva Igreja…
Por incrível que pareça, o que muitos queriam que a Igreja fizesse com os seus bens, já aconteceu no nosso país. Com efeito, com o liberalismo, todos os conventos masculinos foram extintos, bem como os femininos, embora estes só depois da morte da última religiosa. Alguns dos conventos expropriados e os seus recheios foram integrados no património nacional, mas a maior parte desses bens imóveis e móveis foram vendidos em hasta pública e depois vorazmente delapidados. Edifícios, imagens de arte sacra e bibliotecas de enorme valor artístico e cultural, que as ordens religiosas tinham, durante séculos, criado e conservado, a bem da nação, perderam-se para sempre. Henrique Leitão e Luana Giurgevich publicaram, recentemente, numa obra de referência (‘Clavis bibliothecarum’, 2016), os catálogos e inventários das instituições religiosas em Portugal, até 1834. Mais de quatrocentas bibliotecas desapareceram com essa catástrofe cultural, só comparável ao terramoto de 1755 e à tragédia que foi, para o ensino nacional e a cultura científica portuguesa, a expulsão dos jesuítas, em 1759.
Que aconteceu ao quadro ‘Salvator Mundi’, recentemente comprado em leilão, por um desconhecido multimilionário? Pura e simplesmente desapareceu, para o público em geral, que já o não pode contemplar: infelizmente, pôde mais o poder económico de um só do que o legítimo interesse cultural de todos. O mesmo aconteceria à ‘Pietà’, ou aos outros tesouros artísticos do Vaticano, se tivessem o mesmo destino. Esses bens são, de facto, da humanidade; a Igreja católica apenas os conserva e garante que estejam à disposição de todos, sobretudo dos mais pobres. Qualquer sem-abrigo pode agora entrar na Basílica de São Pedro e contemplar, gratuitamente e durante o tempo que quiser, esta magnífica escultura de Miguel Ângelo, que lhe estaria interdita se fosse propriedade privada, como é agora o ‘Salvator Mundi’. Se essa imagem mariana fosse também eventualmente leiloada, seriam todos os pobres os principais prejudicados, mesmo que o dinheiro da sua venda revertesse a favor de alguns deles. É porque a ‘Pietà’ é da Igreja que é de todos nós, também dos não-crentes e, sobretudo, dos pobres.
Jesus Cristo, sendo rico, fez-se pobre, para que todos fossemos ricos na sua pobreza (cf. 2Cor 8, 9). A sua Igreja, sendo pobre e para os pobres, como recordou o Papa Francisco, fez-se rica, para que todos os pobres possam ser ricos com a sua riqueza.


Fonte: Observador

DEUS - PÁTRIA - REI



domingo, 26 de novembro de 2017

NOVA PORTUGALIDADE COM SEDE NO PALÁCIO DA INDEPENDÊNCIA, EM LISBOA

Foto de Nova Portugalidade.

A NP terá sede no palácio onde se refez a liberdade portuguesa

O Palácio da Independência, em Lisboa, servirá doravante de sede à Nova Portugalidade. É o primeiro de muitos resultados na relação de parceria, profunda amizade e plena colaboração que a NP tem vindo a construir com essa grande casa do patriotismo português que é a Sociedade Histórica da Independência de Portugal. A NP agradece do fundo do coração ao Doutor José Alarcão Troni, Presidente da SHIP, e ao Doutor Pedro Saraiva. A causa da Portugalidade cresce em força e adesão a cada dia que passa.
 


JANTAR DOS CONJURADOS DA REAL ASSOCIAÇÃO DA MADEIRA

Foto de Real Associação da Madeira Madeira Royal Society.

Jantar dos Conjurados 2017

30/11/2017 às 20 horas 


Forte de São Tiago 

€30,00


A Real Associação da Madeira vai, uma vez mais, realizar o tradicional jantar de Comemoração do Dia da Restauração, no próximo dia 30 de Novembro, às 20 horas, no Salão do Museu Militar do Forte de São Tiago. A reunião para o jantar faz-se na Parada Real do Forte. Nesse monumento com vista para o Funchal, terá um Madeira de Honra, em memória do Rei artista Dom Carlos de Bragança. Com sua Mulher a Rainha Dona Amélia, para oferecer um jantar escolheram o local mais emblemático e mais bonito desta baía maravilhosa de despedida numa tenda de campanha montada especialmente para o efeito. Durante o jantar será lida a mensagem anual de Sua Alteza Real o Senhor Dom Duarte de Bragança e o palestrante Dr. André Pereira da Silva, irá falar sobre “Uma Visão Pessoal da Restauração da Identidade Nacional e o Emprego no Futuro”. Depois da palestra, haverá um momento de debate que se pretende vivo e participado, sobre a temática da nossa identidade nacional.

MENU

COUVERT
Patê, manteiga de ervas, pão, torradas

AMOUSE BOUCHE
Surpresa do nosso Chefe

ENTRADA
Gambas marinadas em sucos de citrinos, flôr de sal e pimenta com maçã assada e crocante de azeitona preta

CARNE
Bife de novilho sobre cogumelos silvestres, molho de cogumelos, acompanhado de batata doce e legumes

SOBREMESA
Soufflé de Maracujá

*PRATO DE PEIXE PARA OS CONVIDADOS QUE O DESEJEM EM ALTERNATIVA AO PRATO DE CARNE
Robalo grelhado em papas de milho, trilogia de pimentos salteados com curgete e pesto de ervas

Bebidas:
Água, cerveja, sumos, vinho tinto/branco.
Cafés.

Preço por Pessoa 30,00€

Reservas pelo Facebook ou pelo telefone até 26 de Novembro:
Cristina Rodrigues 963 266 260
Vítor Bettencourt 965 035 137
Carmo Melvill de Araújo 968 966 853
André Pereira da Silva 965 014 407


Jantar dos Conjurados 2017

Almoço de Natal da Real Tertúlia D. Miguel I no dia 16 de Dezembro em Lisboa

Manuel Andrade Guerra e Francisco Godinho Cabral, respectivamente Presidente
Emérito e actual Presidente da Real Tertúlia Tauromáquica D. Miguel I

O Almoço de Natal da Real Tertúlia vai ter lugar em Lisboa no emblemático
e solene cenário do Clube Militar Naval


Real Tertúlia Tauromáquica D. Miguel Ileva a efeito o seu tradicional Almoço de Natal no próximo dia 16 de Dezembro (sábado) no Clube Militar Naval, em Lisboa (Av. Defensores de Chaves).
No encontro será outorgado ao Príncipe D. Afonso de Bragança o título e o diploma de Sócio de Honra, acto com que se pretende homenagear a mamória de seu tio, D. Henrique de Bragança, falecido, a quem a Real Tertúliaatribuira também essa honraria.

Fotos Fernando Clemente e D.R.


sexta-feira, 24 de novembro de 2017

O Padre Eterno, o maior navio do mundo

Foto de Nova Portugalidade.


Da naturalidade do apetite português pelo mar ou da facilidade com que ele se adapta à braveza das ondas não há, ou poderia haver, questionamento razoável. No oceano, os portugueses satisfizeram aquela fome de conquista que a Espanha, agindo como muro entre Portugal e a Europa, deixara sem alimento possível. A expansão portuguesa fez-se dessa necessidade - a de fugir da Ibéria para o mundo - e construiu-se sobre curiosidade que se fez indústria, indústria que se fez arte e arte que se fez prodígio. Esse prodígio, a construção naval portuguesa, tornou-se afamada logo nas centúrias de XV e XVI, lançando-se de Lisboa e outros estaleiros nacionais os novos navios que toda a Europa copiaria. Menos compreendido é que esse saber-fazer resistiu à união com a Espanha, que durou de 1580 a 1640, e perpassou todo o século XVII. Esse grande motivo de orgulho - orgulho para os portugueses, temor para os seus adversários - que foi o galeão Padre Eterno prova-o eloquentemente.

O Padre Eterno foi produto de uma filosofia de construção - a aposta em embarcações verdadeiramente gigantescas - que não trouxe sempre o melhor fruto, mas que nem por isso deixaria de oferecer ao mundo alguns dos mais finos exemplos de boa construção naval. Construído no Brasil, o navio foi encomendado a estaleiro que era, à data, de estabelecimento recente. Fora fundado por Salvador Correia de Sá e Benevides, governador ilustre do Brasil e libertador de Angola e São Tomé e Príncipe. Correia de Sá ordenou que se criasse no Rio de Janeiro um estaleiro - denominado Ponta do Galeão - de onde a armada pudesse produzir as embarcações necessárias à defesa do império. O aeroporto que hoje serve o Rio, Rio de Janeiro-Galeão, faz referência, justamente, ao grande estaleiro naval da Armada portuguesa.

No Natal de 1663, lançou-se ao mar o imenso galeão. Em 1665, chegou ele ao Tejo, onde não deixaria de despertar o entusiasmo da população e a curiosidade dos muitos espiões estrangeiros presentes na capital imperial. Um periódico de então, o Mercúrio Português, di-lo-ia mesmo a maior embarcação do mundo. Assim relata a entrada em Lisboa da armada do Brasil daquele ano: "Em vinte deste [mês] começou a entrar no porto de Lisboa a frota do Brasil; vieram mais de quarenta navios de carga. (...) Veio nesta frota aquele famoso galeão que Salvador Correia de Sá e Benevides, sendo governador do Rio de Janeiro, fabricou naquele porto; o maior navio que há hoje, nem se sabe que houvesse nos mares, trouxe três mil caixas." E a maior do mundo era, de facto, à data da publicação daquelas linhas. Mais pesado que este colosso do mar, só o sueco Kronan, que se afundou na batalha de Oland em Junho de 1676 - mas o Kronan só em 1668 seria lançado ao mar, pelo que não sulcava ainda as ondas em 1665. Outros grandes galeões europeus se aproximavam, sem passá-lo, do gigante português de duas mil toneladas: o inglês Sovereign of the Seas, de 1700 toneladas; o francês Soleil Royal, de 1630 toneladas ou a espanhola La Salvadora, que seria de tonelagem semelhante à do Padre. O galeão português seria também o mais fortemente armado, pois contava com não menos de 144 peças de artilharia. Nisso se superiorizava ao sueco Kronan, de 105, e ao Soleil Royal, de 104. A leve madeira brasileira de que o fizeram oferecia-lhe ainda extraordinária velocidade, comentando o Mercúrio Português que o Padre Eterno adentrou o porto de Lisboa competindo em rapidez com as fragatas - navios muito mais rápidos e pequenos - que lhe faziam escolta.

O grande barco português conheceria longa, e geralmente feliz, carreira. Em Du Globe Terrestre, diz o cartógrafo francês Alain Malesson-Mallet tê-lo achado fundeado em Lisboa, marcava o calendário o ano de 1683. O Padre Eterno faria uma última viagem à Índia, e dessa não regressaria. Anos mais tarde, após longa e digna vida, o galeão iria perder-se ao Índico. Embora de triste fim, viveu longamente e durante muitos anos trouxe prestígio às armas de Portugal. 

RPB

Na imagem, a única gravura que se conhece do Padre Eterno. O trabalho é da autoria de Alain Malesson-Mallet.

Portugueses do Portugal universal: Bernardo de Kagoshima, ou "Bernardo, o Japonês"



Nascido em Kagoshima, no extremo sul do arquipélago nipónico, Bernardo terá sido dos primeiros autóctones daquelas ilhas a abraçar o Cristo. Converteu-se tocado pela palavra de São Francisco Xavier, que naquela terra andou pescando almas por dois anos. Quando o evangelizador navarro abandonou o Japão, em 1551, Bernardo - esse nome escolhera ao fazer-se neófito cristão - foi com ele e acompanhou-o para Macau, Malaca e a Índia. Outro japonês convertido por São Francisco, um tal Matias, veio a morrer em Goa. Decidiu-se então que o converso sobrevivente deveria fazer-se às ondas e rumar à Europa, onde lhe seria oferecida a experiência de conhecer Portugal e seus costumes, dominar a língua, visitar os lugares santos, ver Roma, descobrir as glórias da arquitectura e ciência europeias e tomar prova da riqueza e força da Europa cristã. Em 10 de Abril de 1552, explicava Xavier ao Padre Simão Rodrigues, co-fundador da Companhia e uma das suas mais relevantes faces: "Matias e Bernardo (...) seguiram-me até às Índias, com o propósito de rumarem a Portugal e à Itália, e particularmente à própria Roma (...) para verem a religião cristã em toda a sua majestade. (...) Eles [os japoneses] são muito pobres, mas de muita fé. O intelecto japonês é tão agudo e sensível quanto qualquer outro no mundo." Seguiu-se longa e dificultosa viagem para Portugal que deixaria o nipão fisicamente muito fragilizado. 

O japonês foi o primeiro homem do seu país a ver a Europa. Adentrou o Tejo em Setembro de 1552, tentou o ingresso na Companhia de Jesus e estudou no colégio que os inacianos mantinham em Coimbra. Lá andou por dois anos, atravessando depois a Espanha até Barcelona, de onde embarcou para Nápoles. De Nápoles, então cidade espanhola - e uma das maiores urbes da Europa - Bernardo viajou para Roma, onde ficou por dez meses. Assistiu à eleição do Papa Marcelo II, que se interessou muito pelo asiático e lhe dispensou muitas atenções. Se Bernardo ainda se achava em Roma quando Marcelo faleceu, vinte e dois dias após o início do seu pontificado, é dúvida que nos não é esclarecida pelas fontes disponíveis; o que se nos mostra claro é que Bernardo regressou a Lisboa após o encontro com o Santo Padre, com toda a probabilidade para retomar em Coimbra o labor académico que interrompera com a peregrinação italiana.

Parecerá rude ironia que visitante de terra tão distante tenha vindo a morrer tão pouco tempo após o passamento de dois Papas, pois ver o Papa fora, afinal, um dos propósitos da longa viagem. Contudo, assim foi com Bernardo. Não surge evidente o que o vitimou, mas parece, não havendo informação que indique fim mais dramático, provável ter sido maleita natural a conduzi-lo à tumba. Morreu em Lisboa ou Coimbra, divergindo as fontes quanto ao assunto. Foi, no fundo, fim profeticamente desanimador do início de empresa - a cristianização do Japão - que muito entusiasmaria os portugueses, muitas energias concitaria, muitos mártires devoraria e muito pouco fruto deixaria para a posteridade. Não que, como por vezes se diz, a Companhia tenha encontrado no Japão terra infecunda à sementeira de novos cristãos: Portugal fez, segundo as estimativas conhecidas, trezentos mil católicos no arquipélago japonês, ergueu infinidade de colégios, criou igrejas, desenvolveu hospitais e fecundizou de ideias novas - na medicina, na astronomia, na filosofia - ilhas tradicionalmente fechadas sobre si. O destino do Japão cristão foi, todavia, cruel. Décadas após o início da evangelização, em 1614, os japoneses expulsariam violentamente os portugueses e a fé católica por eles trazida; as igrejas foram queimadas, os colégios arrasados, as feitorias portuguesas encerradas, as naus atacadas, os missionários presos, torturados e mortos, os conversos massacrados e forçados à reconversão. Assim, afogados em sangue e cobertos de fumo espesso, foram os dias derradeiros do Japão de que Bernardo foi um dos primeiros filhos. Mas o seu nome, como a sua vida extraordinária, nem por isso deixam de ser os do primeiro Japão que viu a Europa, por um lado, e, por outro, o de um Japão - cristão, católico, feito à imagem de Portugal - que poderia ter existido até aos nossos dias.

Rafael Pinto Borges