quarta-feira, 31 de agosto de 2016

D. PEDRO E D. INÊS: DIÁLOGOS ENTRE O AMOR E A MORTE


Obra saída recentemente do prelo, que tive o prazer de preparar em parceria com a Doutora Maria Helena da Cruz Coelho: 
"D. Pedro e D. Inês: diálogos entre o amor e a morte".

Sinopse:

A famosa trasladação do corpo de D. Inês de Castro de Coimbra para Alcobaça, em 1361, e a sua deposição no belíssimo túmulo que as gerações posteriores, desde então, têm podido admirar no mosteiro de Alcobaça, encontram o seu apogeu num belo e emotivo discurso: o chamado “Sermão nas exéquias de D. Inês de Castro”, obra parenética, de D. João de Cardaillac, arcebispo de Braga, cuja eloquência e oratória lhe haviam granjeado o honroso cargo de orador oficial da corte pontifícia, em Avinhão. O saber científico aliava-se à proficiência retórica visando justificar, por uma sólida argumentação jurídico-religiosa, a validade do casamento de D. Pedro e a licitude dos seus amores.
A presente obra consiste num estudo sobre as implicações e circunstâncias históricas do sermão, bem como na sua edição crítica, acompanhada dos aparatos crítico e de fontes, tradução e comentário filológico, de forma a fornecer um estudo sólido que vai ao encontro das necessidades que especialistas de diversas áreas científicas já tinham manifestado, sem, todavia, descurar os interesses de públicos não académicos.


O Neoliberalismo é um Fascismo



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Este é um excelente texto escrito por Manuela Cadelli, Presidente da Associação Sindical dos Magistrados Belgas, publicado no site belga Le Soir. Apesar de conter algumas referências à Bélgica (poucas), julgamo-lo como sendo perfeitamente universal, e um retrato de muito que se passa um pouco por todo o mundo. Esta versão em português é uma tradução do RiseUp Portugal.

O Neoliberalismo é um fascismo

O liberalismo foi uma doutrina produzida da filosofia das Luzes, tanto politica como económica, que tinha como objectivo impor ao Estado a distância necessária para o respeito das liberdades e o começo das emancipações sociais. Ele foi o motor do nascimento e da ascensão das democracias ocidentais. O neoliberalismo é essa economia total que ataca cada esfera das nossas sociedades a qualquer instante da nossa época. É um extremismo.

O fascismo define-se como a sujeição de todos os elementos que compõem um Estado a uma ideologia totalitária e niilista.

Eu afirmo, que o neoliberalismo é um fascismo porque a economia sujeitou os governos dos países democráticos, como também cada um dos fragmentos do nosso pensamento.

O Estado, está agora ao serviço da economia e da finança, que o tratam como um subordinado, explorando-o até ao ponto de por em risco a preservação do bem comum.

A austeridade tão desejada nos meios financeiros transformou-se num valor superior que substituiu a política. Sucede que “fazer poupanças” tornou-se uma maneira de evitar qualquer outro objectivo público. O principio da ortodoxia orçamental é de tal ordem, que quer mesmo que seja inscrito na Constituição dos Estados. A noção de serviço público é ridicularizada. O niilismo que agora decorre permitiu mesmo anular o universalismo e os valores humanos mais importantes: solidariedade, fraternidade, integração e o respeito de todos pelas diferenças. Até mesmo a economia clássica tem dificuldades em se realizar. O trabalho era antes um factor de procura e por isso os trabalhadores eram respeitados; a finança internacional fez do trabalho uma variável simples de ajustamento.

Deformação do real

Todo o totalitarismo é primeiro uma desvirtuação da linguagem e assim, como no romance de Georges Orwel, o neoliberalismo tem a sua novilingua e os seus elementos de comunicação permitem deformar o real. Assim, qualquer corte orçamental releva actualmente da modernização dos factores atingidos. Os mais desmunidos deixam de poder pagar cuidados de saúde e renunciam ir ao dentista? Esta é a modernização da Segurança Social. A abstracção domina o discurso público para evitar as implicações sobre o ser humano. Assim, tratando-se de refugiados, torna-se imperativo que o seu acolhimento não crie novas despesas que as nossas finanças não possam assumir. Como acontece com certas pessoas classificadas de “assistidas” porque dependem da solidariedade Segurança Social.

Culto da avaliação

O darwismo social domina e obriga todos e cada um às mais severas prescrições em matéria de performance: enfraquecer é falhar. Os nossos fundamentos culturais são subvertidos: todo o postulado humanista é desclassificado ou desmonetarizado porque o neoliberalismo tem o monopólio da racionalidade e do realismo. Margareth Thatcher indicou-o em 1985: “Não há alternativa”. Tudo o resto é mera utopia, irracionalidade e regressão. As virtudes do debate e da conflitualidade são por isso desacreditadas, uma vez que a História é regida por um imperativo de necessidade.

Esta sub-cultura oculta uma ameaça existencial que lhe é própria. A ausência de performance condena ao desaparecimento, e ao mesmo tempo cada um é acusado de ineficácia e constrangido a justificar-se por tudo. A confiança foi quebrada. A avaliação reina, e com ela a burocracia que impõe a definição e a procura do excesso de objectivos e de indicadores, aos quais nos devemos conformar. A criatividade e o espírito crítico são oprimidos pela gestão. E cabe a cada um a mea-culpa pelos desperdícios e inercias de que é culpado.

A justiça negligenciada

A ideologia neoliberal produz uma normatividade que faz concorrência às leis do parlamento. Desta maneira o poder democrático do direito fica comprometido. Para evitar a concretização que representa as liberdades e os direitos adquiridos, evitando pela mesma ocasião os abusos que impõem, o direito e o procedimento jurisdicional são a partir da agora encarados como obstáculos. Assim como o poder judiciário, que susceptível de contrariar as linhas deste pensamento deve ser dominado.

Até a justiça belga é sub-financiada; em 2015 ela era a última de um ranking europeu que incluía todos os estados situados entre o Atlântico e os montes Urais. Em dois anos, o governo conseguiu tirar-lhe a independência que a Constituição lhe tinha conferido no interesse do cidadão, para ele poder ter o papel de contra-poder. O projecto é forçosamente este: que deixe de haver justiça na Bélgica.

Uma casta acima de outros

No entanto, a classe dominante não se auto administra a mesma dose que prescreve aos outros cidadãos comuns, porque a austeridade bem gerida começa pelos outros. O economista Thomas Piketty descreveu-o perfeitamente no seu estudo sobre as desigualdades e o capitalismo no século XXI. Apesar da crise de 2008 e as evocações éticas que se seguiram, nada se passou para civilizar os meios financeiros e os submeter às exigências do bem comum. Quem pagou? As pessoas comuns, vocês e eu. E enquanto o Estado belga consentiu em 10 anos prendas fiscais de 7 mil milhões às multinacionais, o cidadão comum viu ser-lhe negado o acesso à justiça, através duma sobretaxa (aumento dos custos de tribunal, e aumento de 21% dos honorários do advogado). A partir de agora, para obter uma indemnização, as vítimas de injustiça têm que ser ricos. Isto num país onde o número de cargos públicos desafiam todos os standards mundiais.

Neste sector particular, não existe avaliação nem estudos relativos aos custos de privilégios. Um exemplo: trinta anos depois do federalismo, a instituição provinciana sobrevive sem que ninguém possa dizer para que serve. A racionalização e a ideologia gestora ficaram paradas à porta do mundo politico.

O ideal da segurança

O terrorismo, outro niilismo que revela as nossas fraquezas e a nossa cobardia na afirmação dos nossos valores, é susceptível de agravar o processo, permitindo em breve justificar todos os ataques às liberdades, à contestação, com juizes classificados de ineficazes, diminuindo ainda mais a protecção social dos mais desmunidos, sacrificada a este “ideal” de segurança.

A salvação por aliança

Este contexto ameaça, sem alguma duvida, os fundadores das nossas democracias, mas por isso mesmo condena ao desespero e desencorajamento? Certamente que não. Há 500 anos, no auge das derrotas que fizeram cair a maior parte dos estados italianos, impondo-lhes uma ocupação estrangeira de mais de três séculos, Nicolas Maquievel exortava os homens virtuosos a enfrentar o destino e, face à adversidade dos tempos, preferir a acção e a audácia do que a prudência. Por mais que a situação seja trágica, mais ela pede acção e recusa “o abandono”.(O Príncepe, capitulos XXV XXVI).

Essa lição impõe-se de forma evidente à nossa época, na qual tudo parece comprometido. A determinação dos cidadãos profundamente ligados aos valores democráticos constitui um inestimável recurso que, pelo menos na Bélgica, ainda não revelou o seu potencial de mobilização e o poder de modificar o que é inelutável.

Graças às redes sociais e à liberdade de expressão que estas facilitam, cada um pode agora se manifestar particularmente no seio dos serviços públicos, nas universidades, no mundo estudantil, na magistratura e nos tribunais para levar o bem comum e a justiça ao seio do debate público e ao seio da administração do Estado e das comunidades.

O neoliberalismo é um fascismo. Deve ser combatido e um humanismo total deve ser restabelecido.

terça-feira, 30 de agosto de 2016

HOMENAGEM À INFANTA DONA MARIA ADELAIDE


No próximo dia 10 de Setembro pelas 15,00hs a Real Associação de Lisboa, através do seu Núcleo Sul do Tejo promove uma homenagem a S. A., A Senhora Infanta Dona Maria Adelaide que decorrerá na Fragata “D. Fernando II e Glória”, na Doca de Cacilhas. Esta evocação contará, além dos os testemunhos vivos dos seus familiares e amigos próximos, com o depoimento de Raquel Ochoa, autora do livro “A Infanta Rebelde”.
Dona Maria Adelaide de Bragança van Uden (1912-2012), neta de Dom Miguel I de Portugal, é um exemplo de cidadania e serviço ao próximo, desde os dias da resistência ao III Reich até à obra social da Fundação D. Nuno Álvares Pereira por si criada.
Para mais esclarecimentos e inscrições contacte-nos através do endereço secretariado@reallisboa.pt, pelo telefone 21 342 8115 ou presencialmente na nossa Sede – a partir de 5ª feira dia 1 de Setembro.
Contamos com a sua presença!

RTP NOTICIOU HOMENAGEM DA APAM AO PRESIDENTE DA GU...

Real Associação da Beira Litoral: RTP NOTICIOU HOMENAGEM DA APAM AO PRESIDENTE DA GU...: Entrega da Medalha de Honra da APAM - Associação Portuguesa dos Autarcas Monárquicos ao Presidente da Guiné-Bissau Dr. José Mário Vaz...

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

domingo, 28 de agosto de 2016

Cristianismo e Jogos Olímpicos

Se é à revolução francesa que se deve a restauração do olimpismo, como explicar que os Jogos Olímpicos só tenham recomeçado “moderna e definitivamente em 1896”, ou seja … mais de cem anos depois?!



No Público de 19 de Agosto passado, o historiador Rui Tavares, que também é fundador do Livre, escreveu: “o que acabou com os Jogos Olímpicos antigos foi a chegada ao poder do cristianismo. Teodósio, o primeiro imperador cristão a governar sobre o Império Romano (Constantino foi o primeiro a converter-se ao cristianismo, mas já perto da sua morte), emitiu uma série de decretos abolindo todo o tipo de cultos aos deuses pagãos, e foi assim que os Jogos Olímpicos, que eram tanto uma festa religiosa quanto desportiva, se extinguiram por mais de mil e quatrocentos anos. Teodósio era orgulhosamente intolerante contra os rituais, as imagens e a sensualidade do paganismo”.
É curioso que este historiador, embora reconheça que Constantino foi o primeiro imperador romano cristão, não o considere como tal, para efeitos dos Jogos Olímpicos. Porquê? Porque morreu cedo, o homem. A verdadeira razão, contudo, parece ser outra: como dava jeito que o primeiro imperador cristão pudesse ser apresentado como um fundamentalista inimigo do olimpismo, o fundador do Livre achou por bem suprimir Constantino para, falseando a história, apresentar Teodósio como “o primeiro imperador cristão a governar sobre o Império Romano”. Esclarecedor, não é?
Também omite – esquecimento, ignorância ou simples má-fé? – que Teodósio, na fase inicial do seu reinado, foi tolerante com os pagãos e favorável à conservação dos seus templos e estátuas, embora tenha reiterado, em 381, a proibição de Constantino em relação aos sacrifícios, interditando, dez anos mais tarde, os sacrifícios de sangue. Apesar de o fundador do Livre afirmar que o cristão Teodósio era “orgulhosamente intolerante”, a verdade é que, por exemplo, quando em 388 alguns cristãos incendiaram a sinagoga de Calínico, na Mesopotâmia, Teodósio ordenou ao bispo local que reconstruísse a sinagoga, disponibilizando os necessários recursos, e que punisse os incendiários. Para “intolerante”, convenhamos que não está nada mal!
Mas, Teodósio seria de facto orgulhoso? No ano 390, Santo Ambrósio de Milão excomungou este imperador, por ele ter ordenado o massacre de Salónica, como represália pelo assassinato do governador militar dessa cidade. Só depois de Teodósio ter humildemente manifestado o seu arrependimento e feito, durante vários meses, penitência pública, foi levantada a excomunhão e o imperador, que os ortodoxos veneram como santo, foi readmitido na Igreja. A este propósito, Teodósio diria mais tarde: “Sem dúvida, Ambrósio fez-me compreender pela primeira vez o que deve ser um bispo”. Um todo-poderoso imperador romano que se humilha a este ponto, ante um indefeso bispo católico, seria assim tão orgulhoso?!
Mais surpreendente é, contudo, a originalíssima tese deste historiador em relação ao renascimento da prática olímpica: “Após Teodósio, só se voltou a falar do restabelecimento dos Jogos Olímpicos com a Revolução Francesa” (com maiúsculas no seu texto, ao contrário de Cristianismo, que escreve sempre com minúscula, vá-se lá saber porquê …). Portanto, segundo este cronista, durante um milénio ninguém sequer falou dos Jogos Olímpicos!
Mas, se é à revolução francesa que se deve a restauração do olimpismo, como explicar que, como o dito historiador reconhece, os Jogos Olímpicos só tenham recomeçado “moderna e definitivamente em 1896”, ou seja … mais de cem anos depois?!
Aliás, é curioso que se omita a obrigatória referência a Pierre de Frédy, que foi, de facto, o restaurador das Olimpíadas e que, por sinal, não só não tinha nada a ver com a revolução francesa, como era, pelo contrário, um aristocrata, que foi baptizado na Igreja católica, estudou num colégio jesuíta, pediu e obteve, para o olimpismo moderno, a bênção do Papa São Pio X e era amigo do padre dominicano Henri Didon, que foi o autor do lema olímpico. Se o dito fosse revolucionário e ateu, decerto que teria tido direito, por parte deste historiador, a uma menção honrosa, mas sendo barão de Coubertin e, ainda pior, cristão, nada feito!
Também não se referem os Jogos Olímpicos de Berlim, quando Hitler aproveitou esse acontecimento desportivo mundial para exaltar a raça ariana e fazer propaganda do regime nazi. Se um chefe de Estado então recusasse a participação do seu país nesses Jogos, o fundador do Livre também o condenaria por ser “orgulhosamente intolerante”?! Não é verdade que, se algum estadista o tivesse feito, para não colaborar com o nazismo, teria merecido o respeito e a admiração de todos os verdadeiros humanistas e democratas?
Igualmente se omitem outras diversões da antiguidade greco-romana a que os imperadores romanos cristãos também puseram termo, como os combates circenses, em que tantos cristãos foram barbaramente assassinados. É verdade que a revolução francesa não restaurou esses degradantes espectáculos pagãos, mas retomou as perseguições de morte aos cristãos, a que o comunismo, por sua vez, tem dado, desde 1917 até à actualidade (China, Coreia do Norte, etc.), generosa continuidade.
Este cronista do «Público», para além de historiador, foi também fundador do Livre. É, de facto – honra lhe seja feita! – um historiador livre, não dos antiquíssimos preconceitos marxistas e anticristãos, mas da realidade dos factos. Afinal de contas, quem é que é “orgulhosamente intolerante”?!
Fonte: Observador

sábado, 27 de agosto de 2016

CELEBRAÇÃO DOS 125 ANOS DA CHEGADA DO COMBOIO À COVILHÃ - VISITA DOS REIS DOM CARLOS E RAINHA DONA AMÉLIA


Com o objectivo de assinalar os 125 anos da chegada do comboio à Covilhã, a autarquia em parceria com as Infraestruturas de Portugal, CP, Fundação do Museu Nacional Ferroviário e várias associações locais, elaborou um programa de atividades que incluem exposições, publicações e recriações históricas.
Entre 6 e 31 de Setembro, estará patente ao público, na Estação de caminhos-de-ferro, da Covilhã, a exposição “Na Linha desde 1891”. O momento alto destas comemorações terá lugar no dia 6 de Setembro, dia do 125º aniversário da chegada do comboio à cidade, com uma recriação histórica, também na Estação de CP, a partir das 18 horas, que contará com largas dezenas de figurantes. Este evento pretende recrear o programa da visita dos Reis Dom Carlos e Dona Amélia à Covilhã nos dias 6 e 7 de Setembro de 1891. Neste dia será ainda distribuída uma edição fac-similada do jornal publicado há 125 anos por Pedroso dos Santos, Presidente da Câmara da Covilhã e Governador Civil de Castelo Branco, intitulada “ 6 de Setembro de 1891”.
JORNAL DO FUNDÃO


A Real Estação da Covilhã em 1891

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

SENHORES DUQUES DE BRAGANÇA PRESENTES NO COCKTAIL DO DIA NACIONAL DE LUXEMBURGO




MALA DIPLOMÁTICA - Dia Nacional do Luxemburgo Foi num fim de tarde soalheiro que decorreu o cocktail comemorativo do Dia Nacional do Luxemburgo, nos jardins da Embaixada, na Rua das Janelas Verdes em Lisboa. 
O Dia Nacional do Grão-Ducado comemora-se tradicionalmente no aniversário do nascimento do Grão-Duque, sendo que a data escolhida originalmente era 23 de Janeiro, dia em que, no ano de 1896, nasceu a Grã-Duquesa Carlota (Charlotte), que reinou naquele país entre 1919 e 1964. 
Por razões climatéricas, a comemoração passou, desde 1961, a fazer-se a 23 de Junho, data estival que se mantém até hoje. 
A festa acabou por ser simultaneamente a ocasião para o Embaixador Paul Schmit fazer as suas despedidas antecipadas, já que o seu mandato termina no próximo mês de Agosto.
Revista Diplomática de 01-07-2016

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

NUNO GALOPIM DESVENDA A VIDA DO REI D. MANUEL II

Estreia do jornalismo na ficção com um romance de descoberta do último Rei de Portugal: "Todos sabem o seu nome mas é o que menos conhecemos"

Os Últimos Dias do Rei é o terceiro livro que Nuno Galopim assina em dois anos. Depois de Os Marcianos Somos Nós (Gradiva, 2015) e da biografia dos The Gift, o novo título marca a estreia do jornalista na ficção, a partir da vida de D. Manuel II, monarca sem trono, que, após a implantação da República, se instala nos arredores de Londres, em Fulwell Park, onde morre em 1932, aos 43 anos, sem ter voltado a Portugal. Assume os destinos de Portugal com apenas 18 anos, e sem esperar, após o assassinato do pai, o Rei D. Carlos, e do herdeiro ao trono, Luís Filipe, em 1908. Dois anos depois o regime cai definitivamente. É por aí que o autor começa a narrativa. Para o final, e porque é um apaixonado pelos "e ses..." da ficção histórica, permite-se traçar cenários.
 
O que é real e o que é ficção em Os Últimos Dias do Rei?
Tudo o que é relacionado com a vida de D. Manuel é factual e resultou de meses de leitura e muita recolha de dados, cruzando várias fontes, para obter o maior número possível de pontos de vista. O que é ficção é a criação de pontos de ligação entre a história de D. Manuel: a história de 2016, que é o motor de todas as descobertas, e o jornalista de 1932 que acompanha [o Rei] nos seus últimos tempos de vida. É através desta relação entre duas personagens fictícias que descobrimos D. Manuel II. Acho que todos os portugueses sabem o seu nome porque foi o último rei de Portugal, mas na verdade é aquele de quem nós, como colectivo, menos conhecemos.
 
O que descobriu sobre D. Manuel?
Antes mesmo de o Estado português ter tomado posição na I Guerra Mundial, ele ofereceu os seus préstimos ao rei de Inglaterra, tomou partido no esforço de guerra pelos Aliados e trabalhou com hospitais até ao final do conflito. Foi uma figura importante no estabelecimento de novas formas de tratar um certo tipo de ferimentos, ligados sobretudo à ortopedia, pensando não só o tratamento em si, mas a colocação desses feridos no mercado laboral finda a guerra, o que fez dele uma figura muito querida da associação de ortopedistas ingleses. Sabia que era um amante do desporto, mas não fazia ideia que ele tinha estado na final feminina de Wimbledon em 1932, pouco antes da sua morte.
 
Porque decidiu escrever ficção?
Não decidi, foi o Francisco Camacho [editor da Esfera dos Livros] que me desafiou! Ele perguntou--me muito simplesmente: por que não fazes uma ficção? E eu respondi: sou jornalista, só escrevo sobre coisas factuais, não sei inventar histórias. Ele insistiu. Como não me podem lançar desafios, disse que sim... e procurei encontrar pontes entre o trabalho de um jornalista na sua relação com a realidade de uma forma desapaixonada, correcta, informativa e formativa, e depois o lado do ficcionista que encontra uma trama para lá encaixar estas várias histórias.
 
Em vez de existir um alter ego, existem dois: o jornalista de 1932 e o estudante de cinema de 2016.
Dividi-me em duas figuras, um jovem recém-formado em cinema que está a viver em Londres, e um jornalista que nos anos 30 entrevista D. Manuel II.
 
Visitou os locais do livro?
Foi muito importante ir aos espaços: visitar o Palácio das Necessidades e ver onde era o quarto de D. Manuel II, onde era o quarto do irmão, reparar que havia umas escadinhas que levavam ao quarto da rainha, no andar de cima. E, além disso, ir a Londres, não só à loja da Maggs Brothers, que hoje já não está no mesmo espaço do que nos tempos de D. Manuel, mas perceber o que é a loja e sentir o ar daqueles livros. E ir até à casa dele. A mulher dele, Augusta Vitória, vendeu a propriedade algum tempo depois da morte do rei. Essa zona foi loteada. As ruas chamam-se D. Manoel Road, Augusta Road, Portugal Gardens... E é pela toponímia que sabemos que a memória do rei está ali, na igreja onde ele ia, e que tem fotografias dele e uma placa a lembrá-lo, está na loja onde há um livro sobre D. Manuel II, mas cada vez mais essa memória está a dissipar-se. O tempo erode essas memórias e cabe aos livros fixá-las.
 
Fonte: DN
Publicado por: Monarquia Portuguesa

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

D. Luís Filipe – O Grande Príncipe

D. Luís Filipe e João Franco



‘A sua história, como a sua própria vida, mal chegou a começar. Contido e delicado, falando pouco e ouvindo com atenção; gostando de inquirir e de se informar, pela sua precoce seriedade e sentimento das responsabilidades afigurava-se-me uma encarnação do que eu penso de D. Pedro V, com alguma alegria a mais.

Se houvera vivido, ele, que fora preparado para reinar, a que destinos teria conduzido Portugal?’

João Franco Castello-Branco sobre SAR O Senhor Dom Luís Filipe de Bragança, 5.º Príncipe Real de Portugal e 22.º Duque de Bragança in ‘Cartas D’El-Rei D. Carlos I’

Miguel Villas-Boas

EÇA DE QUEIROZ, NAS "FARPAS": POLÍTICA... A FIDALGUIA DOS PLEBEUS!



Política... a fidalguia dos plebeus!

«- E a que se chama política, meu amigo? Tenho-lhe ouvido… 
- A política é uma ocupação dos ociosos, uma ciência dos ignorantes, uma riqueza dos pobres e uma fidalguia dos plebeus. – Reside em S. Bento…»

- Eça de Queiroz in ‘As Farpas’

terça-feira, 23 de agosto de 2016

REAL DE LISBOA HOMENAGEIA S.A. A SENHORA INFANTA D. MARIA ADELAIDE


AGENDA - 10 DE SETEMBRO: A Real Associação de Lisboa, através do seu Núcleo Sul do Tejo , homenageia S.A. a Senhora Infanta D. Maria Adelaide na Fragata " D. Fernando II e Glória ", na Doca da Trafaria.

D. Maria Adelaide de Bragança van Uden ( 1912-2012 ), neta de D. Miguel I de Portugal, é um exemplo de cidadania e serviço ao próximo, desde os dias da resistência ao III Reich até à obra social da Fundação D. Nuno Álvares Pereira por si criada.

Uma vida exemplar, reconhecida pela própria República Portuguesa que a fez Grande Oficial da Ordem do Mérito, e que será lembrada neste dia por quem melhor a conheceu.

( Entrada livre, sujeita à disponibilidade do local )


domingo, 21 de agosto de 2016

O QUE DISSE OLIVEIRA MARTINS SOBRE EL-REI DOM CARLOS


«Foi uma coroa de espinhos a que o moço rei teve para colocar sobre a cabeça, e nem o brio da juventude lhe permitiu um instante o gozo da vaidade, a que se chama fortuna. (…) E antes, depois e sempre, em todo o decurso deste já longo terramoto, cujo fim não vimos ainda, o moço rei, sozinho, desajudado de homens prestigiosos que lhe amparassem o trono, com partidos desconjunturados que na hora do perigo se demitem, confessando meritoriamente a sua impotência, ouvia estalar os tiros sediciosos do Porto e crescer a vozearia, confundindo os erros da sociedade com a responsabilidade da Coroa, esperando a salvação da queda da monarquia.

Como se, no jogo mais ou menos imperfeito das instituições vigentes, houvesse alguma espécie de tirania! Como se o homem, que ontem se sentou no trono, pudesse ser responsável pelos erros acumulados em dezenas, em centenas de anos! Como se a desesperança, a apatia, o abandono com que a sociedade portuguesa se submete à oligarquia das clientelas e cabalas que a exploram, fossem filhas da acção perniciosa da Coroa! Como se, pelo contrário, não pudesse o Rei queixar-se de tantos que desertam o seu posto…»

- F.A. Oliveira Martins, in “El-Rei D. Carlos I” na “Semana de Lisboa”, 1/1/1893

As Jornadas Mundiais da Juventude: uma Olimpíada da Fé

Há dois mil anos, escrevia o apóstolo adolescente aos primeiros cristãos: “Eu vos escrevo jovens, porque sois fortes, porque a palavra de Deus permanece em vós e porque vencestes o maligno!” (1Jo 2,14).


A mesma mensagem, mas com outras palavras, foi o desafio que o Papa Francisco fez aos jovens que participaram, em Cracóvia, nas XXVIII Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ). Segundo Damian Muskus, o bispo coordenador geral das JMJ, participaram 200 mil jovens na missa de abertura; na Via Sacra, os peregrinos eram já 800 mil; no sábado, a organização contabilizou 1,6 milhões de presenças na celebração no Campo da Misericórdia; e, no domingo, na Eucaristia final, participaram mais de 2,5 milhões de fiéis.
Pensando sobretudo nos adolescentes que têm uma existência cómoda e despreocupada, o sucessor de São João Paulo II – a quem se ficou a dever a libertação da Polónia e do Leste europeu, bem como as Jornadas Mundiais da Juventude – fez um vigoroso apelo: “queridos jovens: não viemos a este mundo para vegetar, para passar a vida comodamente, para fazer da vida um sofá no qual adormecemos. Ao contrário, viemos para deixar uma marca!”
Para quem ainda pensa que a religião é o ópio do povo, as palavras de Francisco não poderiam ter sido mais realistas, nem mais incisivas, mobilizando os jovens católicos para uma presença mais activa na sociedade mundial: “O tempo que estamos agora a viver não precisa de jovens-sofá, mas de jovens com sapatos, melhor ainda, com as chuteiras calçadas. Só aceita jogadores titulares na equipa; não há lugar para suplentes!”
O apelo do pontífice era, porém, escusado, para aquela grande multidão de jovens que, para chegarem ao Campo da Misericórdia, nos arredores de Cracóvia, tinham já peregrinado, pelo menos, 12 kms a pé. Muitos dormiram depois ao relento, enquanto alguns foram acolhidos em instalações mais do que muito precárias, às vezes no meio do lodaçal em que a chuva transformou o recinto das Jornadas. Contudo, nada que arrefecesse o entusiasmo ou a alegria dos muitos milhares de jovens que participaram nas JMJ. Muito significativa também a presença de bastantes religiosas, sobretudo jovens, e a de muitos padres, que acompanhavam os jovens, os atendiam em confissão e os preparavam para a Eucaristia final, a missa do envio. Com efeito, cada JMJ não é apenas uma meta de chegada, mas também de partida, para uma renovada missão apostólica e … para as próximas Jornadas, a realizar no Panamá, em 2019!
Sob o lema da misericórdia, o Papa Francisco aproveitou a multitudinária assembleia para chamar a atenção para os actuais dramas humanitários, que não podem ser reduzidos a uma mera notícia da imprensa sensacionalista, ou às chocantes imagens de abertura de um qualquer telejornal: “Sejamos conscientes da realidade. A dor, a guerra em que vivem muitos jovens não pode continuar a ser anónima, tem que deixar de ser uma mera notícia de imprensa, porque tem nomes, tem rostos, é uma história que tem que ter proximidade”. E, para que as suas palavras fossem corroboradas pelo exemplo, Francisco quis ouvir, na companhia de todos, o impressionante testemunho de Rand, um jovem sírio de Alepo. O Papa argentino comentou depois: “a nossa resposta a este mundo em guerra tem um nome: chama-se fraternidade”.
O Papa Francisco não pretende convocar uma nova cruzada, nem uma espécie de intifada cristã, ao jeito da jihad muçulmana. Como ele próprio esclareceu: “Nós não vamos agora gritar contra ninguém, não vamos lutar, não queremos destruir. Nós não queremos vencer o ódio com mais ódio, nem vencer a violência com mais violência, nem muito menos vencer o terror com mais terror”.
Mas, se os objectivos são pacíficos, como pacíficos hão-de ser também os meios a utilizar nesta nova evangelização, todos os cristãos, nomeadamente os mais jovens, têm que ter consciência da exigência da missão a que são chamados, a qual é de todo incompatível com a paralisia do sofá: “Uma paralisia que nasce quando se confunde a ‘felicidade’ com o ‘sofá’. Um sofá contra todo tipo de dores e temores. Um sofá que nos faz ficar em casa trancados, sem nos cansarmos, nem nos preocuparmos”.
Neste seu jeito tão particular de motivar os jovens católicos para os desafios do terceiro milénio da era cristã, o Papa Francisco criticou os chamados couch potatoes, termo usado pelos americanos para referir os sedentários, jovens ou velhos, que passam várias horas ao dia deitados no sofá, diante da televisão ou à frente do computador.
Num mundo dilacerado por tantas guerras e perseguições, nomeadamente contra os cristãos, a presença de mais de dois milhões de jovens nas Jornadas Mundiais da Juventude é, sem dúvida, um motivo de alegria e um sinal de esperança, porque “esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé!” (1Jo 5, 4).
Fonte: Observador

sábado, 20 de agosto de 2016

PLURALIDADE E DEBATE



Se é certo que desde a implantação violenta da república o movimento monárquico português enfrenta terríveis dificuldades de afirmação, tal deve-se não só à repressão mais ou menos agressiva que sofreu, mas sobretudo à dificuldade que os seus apoiantes vieram demonstrando em estabelecer prioridades que, para lá do indispensável debate de ideias, privilegiassem uma mensagem clara e de unidade: o apoio incondicional a uma instituição representativa da nossa identidade transgeracional como Nação de 900 anos de história, isto é, na Coroa Portuguesa, cujos direitos dinásticos estão na pessoa do Senhor Dom Duarte, Duque de Bragança. 

Acontece que, sem que se veja sobressair um pensamento novo ou personalidade intelectual que marque a nossa geração, o debate entre as diferentes sensibilidades monárquicas nos dias que passam termina quase sempre em zangas tão insanáveis quanto pueris, o que compromete a já precária relevância pública da nossa Causa – nem que seja por desperdício de energias. 

Passados mais de cem anos sobre o 5 de Outubro de 1910, deveria constituir grande preocupação que a nossa geração não tenha ainda dado à luz uma obra digna desse nome para uma renovação do pensamento monárquico que fez história no século XX: então, tivemos personalidades ilustres e distintas como Jacinto Ferreira, João Camossa, João Taborda, Francisco Sousa Tavares ou Barrilaro Ruas, Mário Saraiva, António Sardinha, Hipólito Raposo, Pequito Rebelo, Almeida Braga, Alfredo Pimenta, e Alberto Monsaraz. Hoje, os poucos que pensam o assunto, as mais das vezes fazem-no levianamente nas redes sociais, consumindo-se numa disputa fratricida com os que afinal não deixam de ser seus correligionários. Se o debate de ideias é vital para a credibilidade e consistência da doutrina monárquica, mais decisiva será uma sã coexistência dos diferentes modos de pensar e de ler a realidade. Dessa forma enriquece-se a produção doutrinária e desloca-se o foco do conflito para aquilo que numa escala de valores correcta deveria ser o alvo prioritário da nossa acção: o combate ao ideário republicano (se é que ele existe) e aos (apesar de tudo poucos) facciosos que ainda o defendem. É nesse sentido que o Correio Real desde o seu primeiro número patrocina e desafia a contribuição de quantos se dignem a participar com diferentes opiniões e sustentadas perspectivas sobre História e Monarquia. 

Ainda que sob o signo do improviso e da falta de recursos, os inconformados bravos da Galiza que seguiram Paiva Couceiro para a rebelião armada, tradicionalistas ou liberais puseram de lado as suas bandeiras e sacrificaram-se pela mesma e comum causa maior: Portugal. Nisso devíamos seguir-lhes o exemplo, em homenagem aos nossos antepassados, em comunhão com o nosso Príncipe, para felicidade dos nossos sucessores.


João de Lancastre e Távora

INAUGURADO EM EKATERINBURG MONUMENTO AOS MÁRTIRES ROMANOV


O mártires Romanov. Monumento inaugurado em Ekaterinburg em  memória das grã-duquesas e do czarevich. Putin preparando o centenário da queda da Rússia no abismo.

RAINHA DONA AUGUSTA VICTÓRIA TRAJADA À MINHOTA



Atestando a importância do Traje à Vianesa e das Festas da Senhora D’Agonia, neste cliché datado do primeiro quartel do século XX, é retratada, vestida à lavradeira de Viana, a Rainha D. Augusta Victoria, Rainha consorte de Sua Majestade Fidelíssima El-Rei Dom Manuel II, último Rei de Portugal, certificando o interesse das populares festas minhotas.
 
Começando, hoje, as já icónicas Festas da Senhora D’Agonia, em Viana do Castelo, tradição já com 232 anos, neste dia 19 de Agosto de 2016, centenas de raparigas e senhoras desfilam no Cortejo da Mordomia vestidas com os trajes tradicionais de cada freguesia da capital minhota. Neste concorrido e emblemático desfile das mordomas na Romaria D'Agonia, progredindo pelas principais ruas do Centro Histórico de Viana do Castelo, as mulheres envergam os tradicionais e coloridos trajes à vianense de lavradeira, de mordoma, de noiva, de meia senhora ou com traje de festa, segurando na mão, envoltos num lenço de Viana, uma vela votiva ou um palmito e envergando ao peitilho os mais variados artefactos do chamado Ouro de Viana: gramalheiras, fios – alguns de três metros - com e sem pendente, colares de contas, peças, custódias, borboletas, cruzes de raios e de Malta, Corações de Viana em filigrana, brincos à Rainha, escravas, tudo em ouro e num valor que rondará os 14 milhões de euros.

Tradições seculares que enchem Portugal de orgulho!

‘Minho, o espectáculo prodigioso que faz amar Portugal!’, escreveu Camilo Castelo Branco.

Texto: Miguel Villas-Boas - Plataforma de Cidadania Monárquica
 
 

Minhota Com D. Manuel II Ao Colo

Atestando a importância do Traje à Vianesa e das Festas da Senhora D’Agonia, neste cliché datado de 1890, uma rapariga vestida à lavradeira de Viana, segura ao colo o então Infante Dom Manuel de Bragança – na fotografia com apenas cinco meses de idade -, Duque de Beja e futuro e derradeiro Rei de Portugal. A minhota Maria José C.C.M.V.B., à altura, fazia parte da Casa Civil do Paço Real, e pertencia a uma das mais distintas Famílias do Minho.

Este ano as Festas da Senhora D’Agonia , em Viana do Castelo, tradição já com 233 anos, decorrem de dia 19 a 21 de Agosto de 2016.

 

Jantar "Monárquicos em férias" da Real Associação de Viana do Castelo



ESTÁ QUASE! VAMOS AJUDAR A JUVENTUDE COM A ACADEMI...

Real Associação da Beira Litoral: ESTÁ QUASE! VAMOS AJUDAR A JUVENTUDE COM A ACADEMI...: Lançámos na JMP a nossa primeira campanha de crowdfunding! Por favor ajudem-nos a concretizar o sonho de realizar uma Academia de Verão...

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

FAMÍLIA REAL PARTICIPOU NA FESTA EM HONRA DE NOSSA...

Família Real Portuguesa: FAMÍLIA REAL PARTICIPOU NA FESTA EM HONRA DE NOSSA...: In Correio da Manhã Algarve de 18-08-2016 ---------- Também deveriam colocar um foto melhor!

Duarte Nuno de Bragança, aquele que devia ter sido o Rei

Foto de Miguel Castelo Branco.
    Correm este ano quatro décadas sobre a morte daquele que poderia ter sido o salvador do Estado portuguê...s. Salazar foi excessivamente português no tratamento da questão sucessória que era, afinal, a mais importante. Salazar, sabendo-o, não foi suficientemente lúcido para fazer essa escolha entre a restauração e o caos. Adiou, quis satisfazer a todos, nem um sucessor escolheu e, finalmente, morreu e o poder passou para quem já evidenciava os traços desta gente que manda no país desde 1968.
    Salazar sabia que o Marcelo era um biltre, que dizia mal do regime e conspirava, mas deram-lhe o poder. Marcelo foi o grande responsável pela inviabilização da solução monárquica. Os Bragança haviam cumprido escrupulosamente tudo o que Salazar pedira por ocasião do regresso da família real a Portugal, mas nada lhes foi restituído, vivendo apartados da vida pública e do contacto com os portugueses. Foi-lhes até negado um trem de vida compatível com a sua condição. A família viveu numa pelintrice indigna e até a suprema afronta de lhe destinarem uma casa onde chovia.
    Era a faceta mesquinha e aldeã de Salazar. Podendo ter arranjado um Rei de graça, um excelente Américo Tomás de sangue azul, um homem gentil e de carácter muito alemão, preferiram o caminho mais cómodo, ou seja, nada fazer.
    A restauração devia ter ocorrido em 1955 ou 1956, mas o congresso da União Nacional de 1951 impediu-o. A União Nacional passou a ser republicana. O congresso, ao votar pelo encerramento da questão do regime, deixou de poder apontar um futuro estável após o passamento do seu líder e fundador. Marcelo conseguiu-o. Era a diferença entre Salazar e o Marcelo. Como camponês, Salazar entendia a monarquia como um dado relevante do carácter nacional; Marcelo via-a como uma limitação às suas ambições de micro-burguês cheio de complexos de classe. Durante os 14 anos que sobravam a Salazar, teriam formado uma inteira geração de servidores da Coroa. E o que tivemos logo a seguir ? A campanha do Delgado. Compreende-se que depois de 1958, os monárquicos se tenham despolitizado até aos extremos de hoje.
    Até partidos poderiam ter inventado. Com uma monarquia restaurada, não teria havido golpe, revolução nem descolonização nos termos em que esta se processou. Poderia, quando muito muito, ter havido um regime à europeia, mas muito ao centro, como houve em Espanha - algo como uma UCD - sendo até possível uma democracia com muitos traços da doutrina salazariana. Se se tivesse optado por essa solução, a descolonização ter-se-ia projectado para os anos 80 ou 90, quando a URSS entrou em colapso. Não esqueçamos que entre o 25/A e a chegada de Gorbachev medeiam apenas 9 anos. Teria então sido possível negociar com os movimentos. Em 1985 , com a URSS transformada num monte de entulho, eles já seriam bem mais mansos. Mesmo que Angola e Moçambique se tivessem tornado independentes, teriam ficado Cabo Verde, S. Tomé, Cabinda e Timor.
    Uma monarquia não requer grandes reis. Basta ter um Rei, é o suficiente. Como se vê, a monarquia não era apenas uma questão decorativa. Era central. Portugal teve essa oportunidade e deitou-a fora.



    Miguel Castelo Branco

A importância do reaparecimento do elmo de D. Sebastião na nossa geração

Morrer sim, mas devagar

D. Sebastião em Alcácer-Quibir

El-Rei D. Sebastião


Passou a ser recorrente, entre nós, atacar a figura do nosso Rei D. Sebastião – nome único entre todos os nossos Reis e também no mundo – que de “Desejado” por todos, como ficou para a História, passou a ser considerado, por muitos, como o símbolo do erro e da leviandade.

Tudo porque arriscou uma partida difícil e perdeu uma batalha que quase esteve ganha. Acaso a tivesse ganho, não seria hoje um herói?

Creio que aquela imagem começou a ser construída no século XIX, pela historiografia emergente da Convenção de Évora-Monte, quase toda ela Liberal e Maçónica, e que se prolongou pela I República, da qual também saiu ferido o infeliz rei D. João VI, cuja figura está a ser lenta e justamente recuperada.

Não nos fica bem trata deste modo o jovem Rei-menino, que parece, afinal, ter morrido velho… Em primeiro lugar porque a jornada de África, sendo discutível, não era desprovida de nexo estratégico. Não acreditamos que se tratasse de ocupar todo o Marrocos – para o que, sozinhos, nunca disporíamos de forças suficientes – mas sim de jogar em apoios que permitissem deter o Império Otomano em rápida expansão nos Balcãs e no Norte de África. [...] Recorde-se que os Turcos só foram parados às portas de Viena em 1529 e, mais tarde, em 1683.

[...] Acresce a tudo isto o constante perigo que representava para a navegação cristã (e para as populações do litoral) a pirataria Berbere e também a “concorrência”espanhola, que cada vez intervinha mais no litoral norte africano, desde Carlos V, como são exemplos os ataques a Tunis e Argel, onde também participaram fortes esquadras portuguesas.
No Reino também se assistiu a uma mudança de política, relativamente à ideia de abandono de praças em Marrocos, posta em prática no reinado de D. João III, sobretudo após as Cortes de 1562 e da extraordinária defesa ao formidável cerco que os Mouros puseram a Mazagão, nesse mesmo ano.

A situação política em Marrocos era, outrossim, favorável: havia guerra civil e um dos principais contentores aceitou fazer uma aliança com Portugal.

É certo que o monarca português cometeu erros, sendo o maior de todos, o de se colocar à testa do Exército sem ter assegurado descendência – embora tal se devesse, em muito, à pressão dos acontecimentos.

Elmo de D. Sebastião


[...] Sem embargo, Sebastião não nos desmereceu: começou por preparar a campanha com antecedência, para o que reformou toda a legislação militar, incluindo a primeira concepção moderna de serviço militar obrigatórioDepois, combateu bem e com denodoDeu o exemplo, e pagou com a vida ou com o desterro – e tudo indica que foi esta última hipótese que ocorreu [...]. Dele disse o grande Mouzinho, na sua esplêndida carta ao Príncipe D. Luís Filipe: “…mas a morte de valente, expiatória e heróica, redime os maiores erros. Bem merece ele o nome de soldado…”

O desfecho da batalha pode não redimir totalmente a figura do jovem Rei, mas salvou para sempre a sua imagemDe tal modo que se entranhou no imaginário nacional um peculiaríssimo estado de alma – à revelia de toda a racionalidade – e que só os portugueses entendem: o “sebastianismo”, essa saudade das glórias passadas, misturado com a esperança da redenção do porvir.

Deve ainda ter-se em conta que não foi por D. Sebastião ter sido derrotado em Alcácer Quibir, que Filipe II se apoderou da coroa portuguesa – a nossa Marinha, por ex., ficou intacta: foi pelo caquectismo e pusilanimidade do velho Cardeal D. Henrique e porque a maioria do alto clero e da alta nobreza se deixou seduzir e corromper pelos ideais iberistas e pela prata de Sevilha! Uma lição de que nos deveríamos lembrar hoje, todos os dias…

Em síntese, apesar da sua pouca idade em Alcácer-Quibir (24 anos) D. Sebastião não nos deixou ficar malnão fugiunão desertou do combate, não traiu. Deu o exemplo, pôs-se à frente das tropas, combateu com bravura, não desmereceu dos seus maiores, não envergonhou a nobreza, o clero e o povo. Sebastião agiu de boa mente e com boas intenções.

Não era um “louco”ou um doente com deformações, como quiseram fazer crer. O seu reinado tinha sido um bom reinadoocorreu um número elevado de vitórias militares, em três continentes; estabeleceram-se muitas medidas para o saneamento da economia e finanças e até da moral e dos costumes. O próprio Rei se interessou pessoalmente pela administração da Justiça.

Ao contrário do que também quiseram fazer crer, o jovem Rei não era incapaz de conceber e não se opôs a casar-se. Opôs-se sim, a casar com quem lhe destinavam e nos moldes em que o propunham.

[...] O “Desejado”passou, desde o seu desaparecimento, a representar a esperança da redenção da Pátria, de tal modo que o povo se recusou sempre a acreditar, contra tudo e contra todos, na sua morte.

A sua figura foi um pilar fundamental da resistência à usurpação filipina e inspiradora da Restauração da IndependênciaFoi um sustentáculo da Fé e da coesão, foi a luz que nunca se extinguiu no fim da esperança “da Lusitana antiga liberdade”, no dizer de Camões.

D. Sebastião nunca morreu entre nós, esteve sempre presente na mente do povo e dos grandes portugueses, nas artes e na literatura. É um ícone do nosso imaginário!

De facto, a acreditar no que D. Sebastião representa, é conseguir ultrapassar-nos a nós próprios.

O elmo de combate, em boa hora recuperado e que hoje está entre nós [...], é o que nos resta d’ Ele, é um símbolo d’ Ele, é uma imagem que podemos recriar d’ Ele. (*)

Hoje D. Sebastião, o seu espírito e o que ele representa, é-nos mais necessário do que nunca.

[...] Para isso nada melhor para nos inspirar do que a figura do Rei-menino que quis a glória da terra que lhe deu o berço. O seu elmo de batalha aí está a significar a sua intemporalidade e transcendência. Ele nos fará correr mais rápido o sangue nas veias, de modo a que nos disponhamos a enfrentar quaisquer perigos.

Com ele se levantará a altaneira “raça” portuguesa e não haverá Adamastor que nos detenha.

D. Sebastião está, pois, vivo entre nós; o que ele representa está vivo, viva então em nós o “Desejado”!

[...] Arraial, Arraial, por Portugal!


João J. Brandão Ferreira
Tenente-Coronel Piloto-Aviador (Ref.)

Excertos do artigo publicado em 7-8-2011: http://novoadamastor.blogspot.pt/. Os destaques gráficos são da responsabilidade da nossa Redacção.
(*) Cfr. Rainer Daehnhardt (foto), “Dom Sebastião, o Elmo e Alcácer-Quibir” , Apeiron Edições, Agosto 2011, 237 págs., ISBN: 978-9898447-17-3

Fonte: Arautos d'El-Rei