sábado, 30 de setembro de 2017

REAL ASSOCIAÇÃO DE COIMBRA CELEBRA O 874º. ANIVERSÁRIO DE PORTUGAL



Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra

 

EM 5 DE OUTUBRO DE 1143 NASCEU PORTUGAL!

         É em 5 de Outubro de 1143, com o Tratado de Zamora e na presença do Legado Pontifício, Cardeal Guido de Vico, que D. Afonso VII de Leão reconhece a existência de um novo Estado, PORTUGAL.

Esta declaração de PORTUGAL como REINO INDEPENDENTE infelizmente não é comemorada oficialmente no próprio País.

PORTUGAL deve ser o único País do Mundo que não celebra oficialmente a data da sua INDEPENDÊNCIA.

A REAL ASSOCIAÇÃO DE COIMBRA tem comemorado todos os anos, em cada dia “5 de OUTUBRO”, o ANIVERSÁRIO da FUNDAÇÃO da NACIONALIDADE, mandando celebrar na Igreja do Mosteiro de SANTA CRUZ, em Coimbra, MISSA sufragando a alma do Rei Fundador e dos seus Descendentes.

Neste ano de 2017, a Missa celebrar-se-á pelas 11 horas.

Na mesma Cerimónia será igualmente sufragada a alma do Senhor Dom Henrique de Bragança, Duque de Coimbra, do Dr. João Mattos e Silva (que foi o 1.º Presidente da Causa Real), bem como de todos os associados e simpatizantes da Real Associação de Coimbra falecidos no último ano.

       Após a Eucaristia realizar-se-á a Cerimónia evocativa da efeméride junto aos túmulos dos Reis Fundadores (D. Afonso Henriques e D. Sancho I).

Convidam-se todos os Portugueses a participar nas Comemorações do 874.º ANIVERSÁRIO da INDEPENDÊNCIA de PORTUGAL, em Coimbra.

FAÇAMOS DO ANIVERSÁRIO DE PORTUGAL uma data que UNA OS PORTUGUESES!

VIVA PORTUGAL! 

O Presidente da Direcção da R.A.C.       
(Joaquim Leandro Costa e Nora)


A TORRE DE CHÃ, ATALAIA DE GERALDO GERALDES E SOLAR DOS PINTOS

Foto de Nova Portugalidade.


A Torre de Chã, atalaia de Geraldo Geraldes e Solar dos Pintos (e mais um pedaço de património português que se perdeu para sempre)

A Torre de Chã foi um importantíssimo solar, dele não restando, contudo, mais que relatos. A lenda mistura-se com a história. No concelho de Cinfães do Douro, na freguesia de Ferreiros de Tendais havia uma torre, granítica e medieva, num local onde é hoje o lugar de Chã, chamado então de Riba Bestança. Essa torre, terá sido mandada construir por Geraldo Geraldes, que em desavenças com D. Afonso Henriques, se terá ido refugiar nas margens do Bestança, ou melhor, onde este começa a ganhar caudal. Desta torre, em 1166, saiu o "sem pavor", com os seus guerreiros e assaltantes, direitos à cidade de Évora, para a conquistar aos mouros.

Depois disto pouco se sabe. A torre terá permanecido no mesmo lugar, e foi propriedade dos Templários até à data da sua extinção em 1312, anexada à "Honra" dos Ruivais. Depois deste ano, o "cavaleiro" Vasco Martins Pinto, foi o primeiro Senhor do foro da Torre de Chã. Este, era descendente de D. Egas Mendes de Gundar, nobre português e guerreiro de Afonso Henriques. Vasco Martins Pinto foi benfeitor do Mosteiro de Tarouquela, era proprietário de outras cercas nas redondezas, foi cavaleiro da reconquista, e é-lhe atribuído ainda o papel de patriarca da família "Pinto". O Brasão desta família, remete precisamente para isso: exibe cinco crescentes - significado de vitórias alcançadas contra os mouros. 

Instalando-se nesta casa acastelada, da torre saíram as dependências, e nasceu aqui o solar dos "Pintos". Do solar da Família dos Pintos, nascem outros Pintos, todos Senhores da Nobreza ou clérigos, como os Vaz Pinto, Rodrigues Pinto, os Mouta Pinto ou os Pinto de Souza. Continuaram a descender e aparecer - por criados que lhes tomaram o nome, mas igualmente por outras fontes - mais e mais Pintos, de forma que, desde o século XVI ao século XXI, o apelido Pinto se tornou o décimo sexto apelido mais comum em Portugal. 

Esta torre, estando em ruínas, acabou por ser demolida em 1939, ficando no esquecimento de muitos.

Tomás Severino Bravo

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

SÃO MIGUEL ARCANJO, CUSTÓDIO DE PORTUGAL



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S. Miguel Arcanjo, padroeiro de Portugal

«Sabe-se que os Christãos dos primeiros tempos olhavam aquelle santo como um dos génios tutelares da medicina, e é pois natural que a designação de S. Miguel succedesse à de Endovellico.»
José Leite de Vasconcelos em Religiões da Lusitânia Vol. II

Arcanjo S. Miguel, escultura portuguesa
oriunda de uma oficina coimbrã do
séc. XV.

Reza a lenda que D. Afonso Henriques, antes de defrontar os infiéis em terras escalabitanas, durante o ano de 1147, terá invocado a divina protecção e auxílio de S. Miguel Arcanjo que, respondendo às preces do monarca português, fez descer dos céus o seu punho alado, derrotando as forças sarracenas. Segundo a tradição, D. Afonso Henriques, como forma de agradecimento pela intercessão divina do Celestial Condestável, consagrou-lhe o seu jovem reino, confiando-lhe a sua protecção.

A devoção do primeiro Rei de Portugal pelo Arcanjo S. Miguel ser-lhe-ia tal que o teria levado à criação da lendária Ordem Equestre e Militar de São Miguel da Ala, também conhecida por Ordem de São Miguel da Ala, Real Ordem de São Miguel da Ala, ou Ordem da Ala, mais tarde reactivada ou recriada pelos partidários do rei D. Miguel. Polémicas aparte, é hoje tomado como certo que o Arcanjo S. Miguel terá sido o primeiro padroeiro de Portugal, até que durante o reinado de D. João I, por influência do seu casamento com D. Filipa de Lencastre, se adoptou S. Jorge como orago nacional. Só após a Restauração de 1640, a Dinastia de Bragança decidiu coroar a Nossa Senhora da Conceição como rainha e patrona de Portugal, afastando-se desta forma a hipótese de regressarmos ao patronato do nosso primordial protector. 

Celebrado liturgicamente a 29 de Setembro, S. Miguel Arcanjo é venerado pelas três religiões do livro, judaísmo, cristianismo e islamismo, estando o seu culto largamente disseminado na Europa, onde encontramos o seu caminho geográfico-esotérico que liga em linha recta o santuário do Mont Saint-Michel (Norte de França), à Sacra di San Michele (Norte de Itália) e às grutas de S. Michele de Gargano (Sul de Itália). Contudo, é em Portugal que o culto a S. Miguel Arcanjo nos surge aparentemente mais enraizado, fruto de uma ligação ancestral de origem pré-cristã.

Ora, conforme é sobejamente sabido e discutido, Portugal é um dos locais na Europa onde a religiosidade é transcendentalmente vivida de uma forma bastante heterodoxa e espiritual, encerrando em si os mistérios esquecidos de um imaginário divino, albergado num inconsciente colectivo herdado numa época ou tempo histórico pré-fundação. Assim, é com alguma naturalidade que assistimos a uma harmónica simbiose entre o paganismo e o cristianismo que aqui soube adaptar-se ao cultos ancestrais das nossas gentes. Esta é no fundo a perspectiva defendida nos estudos seminais de José Leite de Vasconcelos em obras como Religiões da Lusitânia, onde o autor avançava com a possibilidade de Endovélico, principal divindade do panteão lusitano, ter adoptado a forma de S. Miguel, face à impossibilidade deste poder ser reconvertido no Deus cristão. 

Baseado nesta interpretação, poderemos encontrar um estreito diálogo político-cultural de carácter trans-religioso entre o pré-Portugal e Portugal, permitindo-nos conhecer um pouco melhor as nossas raízes e matrizes filosófico-culturais e histórico-espirituais. É por isso importante sabermos distinguir, interpretar e preservar os símbolos da nossa cultura, pois estes formam no seu conjunto a linguagem das nossas verdades superiores.


 

O Heros invincibilis, Dux Michael, Adesto nostri proeliis: Ora pro nobis, pugna pro nobis, Dux Michael. Tu Noster dux militiae, Dux Michael Defensor es Ecclesiae: Ora pro nobis, pugna pro nobis, Dux Michael. Per te, o heros belliger, Dux Michael, Prostratus jacet Lucifer: Ora pro nobis, pugna pro nobis, Dux Michael. Ejectis procul hostibus, Dux Michael, Fer opem desperantibus: Ora pro nobis, pugna pro nobis, Dux Michael. O Gloriose Protector Lusitaniae, sub Alam tuam protege Duartem Pium Bragantiae Ducem, Magnum Magistrum nostrum, suamque Augustam Familiam, necnon omnes equites
Ordinis, qui tuum nomen invocat.

LANÇAMENTO DO LIVRO SOBRE AFONSO DE ALBUQUERQUE


Exmº Senhor Almirante Vidal Abreu
Restantes membros da mesa
Caros académicos
Minhas senhoras e meus senhores

                Bem hajam por se terem dado à maçada de virem assistir ao nascimento deste meu último descendente, já que o livro ora lançado perpetua uma parte do meu pensamento, logo da minha existência.
                Vou falar-vos um pouco sobre Afonso de Albuquerque, pois é dele que trata o livro que agora dá à estampa.
               E vou começar por dizer um poema de Miguel Torga, a ele dedicado e que foi musicado para o CD “Portugal Sempre”, por José Campos e Sousa. Reza assim:
“Quando esta escrevo a Vossa Alteza
Estou com um soluço que é sinal de morte.
Morro à vista de Goa, a fortaleza
Que deixo à India a defender-lhe a sorte.

Morro de mal com todos que servi,
Porque eu servi o rei e o povo todo.
Morro quase sem mancha à tona deste lodo.

De Oeste a Leste a Índia fica vossa;
De Oeste a Leste o vento da traição
Sopra com força para que não possa
O rei de Portugal tê-la na mão.

Em Deus e em mim o império tem raízes
Que nem um furacão pode arrancar…
Em Deus e em mim, que temos cicatrizes
Da mesma lança que nos fez lutar.

Em mais alguém, Senhor, em mais ninguém
O meu sonho cresceu e avassalou
A semente daninha que de além
A tua mão, Senhor, lhe semeou.

Por isso a índia há-de acabar em fumo
Nesses doiros paços de Lisboa;
Por isso a pátria há-de perder o rumo
Das muralhas de Goa

Por isso o Nilo há-de correr no Egito
E Meca há-de guardar o muçulmano
Corpo dum moiro que gerou meu grito
De cristão lusitano.

Por isso melhor é que chegue a hora
E outra vida comece neste fim…
Do que fiz não cuido agora:
A índia inteira falará por mim.”

                O fidalgo Afonso que foi governador da índia, também conhecido pelo ”Grande”, o “Leão dos Mares”, o “César do Oriente”, o “Marte Português”, o “Tirribil”, e a quem D. Manuel i, depois da sua morte e arrependido do modo como o tratara, fez vice-rei daquela e distinguiu com os títulos de Duque de Goa, Senhor do Mar Vermelho e, ainda, concedendo-lhe o tratamento de “Dom”.
                E a quem, um notável ancião de Orfação ofereceu um livro em persa, sobre a figura de Alexandre Magno – de quem Albuquerque era admirador – tendo considerado os portugueses mais valentes do que aquele grande - capitão.
                 Não me parece vã e desajustada esta asserção.
                De facto Albuquerque reunia todas as qualidades de um estadista, para além das de chefe militar que foi o seu mister inicial e mais prolongado no tempo. Onde revelou sempre serena e ponderada coragem e energia debaixo de fogo, e nas circunstâncias mais extremas.
                Como guerreiro combateu em Toro, e esteve duas vezes em Arzila. Foi na armada a Taranto e participou na tomada de Graciosa e em todas as campanhas militares onde Portugal esteve contemporaneamente envolvido.
                Foi à Índia pela 1ªvez sem piloto e foi o primeiro europeu a penetrar no Mar Vermelho.
                Como administrador e político, a Índia fala por ele. Foi inovador e estava à frente do tempo.
                Tinha senso diplomático e era de uma argúcia sibilina.
                Era um geoestratega de alto gabarito, tendo delineado um plano de dominação do Índico que até hoje não foi superado!
               E complementava tudo com uma humanidade que tocava os simples, sem quebra do seu escrúpulo de justiceiro implacável, afastado de toda a cupidez que tantos demonstravam ter. Conhecia a natureza humana e não tinha ilusões sobre os homens.
                Albuquerque via tudo e atendia a tudo!
                Que exemplo para todas as gerações! E é desse exemplo que é mister falar na actualidade.
                Esta é a razão principal para a elaboração deste pequeno ensaio – que será a sua eventual mais-valia - já que não pretende ser uma obra de fôlego, sobre esta grande figura da história dos portugueses, muito menos uma “obra definitiva”.
                Que exemplo pode então ser Afonso de Albuquerque para os portugueses de hoje, sobretudo para aquelas gerações completamente arredadas e desconhecedoras da História dos seus maiores?
                A História dos países é feita pelos grandes vultos desses países: os estadistas, os chefes militares, os jurisconsultos, os filósofos, os artistas, os cientistas, os escritores, enfim todos aqueles que se destacam positivamente nos diferentes campos e profissões em que se distribui a actividade humana. Onde se avantajam os santos e os heróis.
                Por todos aqueles que se atêm aos princípios elevados e â prática do bem.
                E também pela qualidade da generalidade do povo, que vive, trabalha, luta e muitas vezes morre e, quando devidamente liderado e enquadrado, sustenta os maiores sacrifícios em prol da pátria comum.
                A História não é feita, como defende o compêndio marxista por lutas de classes; movimentos de massas; baseado em factores de estipendio económico.
                Muito menos por anti-heróis.
                Tão pouco explicada e distorcida por correntes ideológicas; ou orientada por uma pseudo União Europeia que se esforça em ocultar tudo aquilo que pode dividir os países membros em prol de uma mestiçagem histórica, postiça, mentirosa e apócrifa.
                A História é feita por homens e mulheres que em função das suas crenças, posição, oportunidade e circunstância, decidem actuar de um modo e não de outro.
                Ora Albuquerque é um paradigma de tudo isto.
                Ele representa uma ideia de vida com dimensão espiritual; um defensor de causas; um lutador determinado sem desfalecimentos; a lealdade consciente e lúcida ao seu país e ao seu rei, apesar de todos os vilipêndios de que foi alvo.
                Este homem, da confiança de D. João II, era uma força da natureza; era culto, era competente e era bravo. Tinha consciência das suas capacidades – ou seja conhecia-se a si próprio e aos outros - mas não exorbitava, sem embargo de alguns acessos de cólera que tinha, que eu diria compreensíveis face a tudo por que passou.
                E como disse aquele que foi provavelmente o maior estadista português de todos os tempos: ”existem santos entre os homens, mas os homens não são santos”…
                Significando a perfeição estar longe dos humanos.
                 Uma realidade que todos nós e sobretudo os legisladores, teimamos em ignorar!
                Albuquerque é um exemplo extraordinário de militar, cujos feitos e actuação nos emocionam, fazem correr o sangue mais depressa nas nossas veias e nos impelem a saltar da cadeira onde estejamos sentados!
                Ao ler a descrição dos seus combates percorre-nos uma corrente eléctrica incontrolável que nos põe a epiderme em “pele de galinha” e nos enche de um orgulho incontido.
                Albuquerque gozou do raro privilégio de ser respeitado e admirado, para além de temido, pelos seus inimigos (que não os da Corte…).
                E um homem cuja memória ainda hoje é venerada no principal território que refundou, que se manteve 450 anos português, mesmo 60 anos após a nossa lamentável partida, não pode ser um homem qualquer.
                 E tem de ser um homem com “H” maiúsculo e um homem bom.
                                                                       *****
                Afonso de Albuquerque é, porém, para a maioria da sociedade moderna e modernaça, uma espécie de anacronismo!
                E, todavia, ele representa um pilar da sobrevivência dos povos.
                A Honra, de que as suas barbas representavam uma espécie de penhor, valia mais do que todas as riquezas do mundo.
                Mas só quem tem o desapego das coisas materiais e, até da vida – entendida como terrenamente finita – pode realizar grandes coisas e, mesmo falhando, é invencível.
                Só um crente pode comportar-se assim e Albuquerque era-o. E pertencia à mui nobre ordem militar/religiosa de Santiago da Espada.
                E, caros compatriotas aqui presentes, nós estamos a necessitar de “ordens” como aquela, como de pão para a boca.
                As Ordens Militares foram transformadas e depois extintas e substituídas, primeiro pelo absolutismo real; depois pelos partidos políticos.
                Só as ditaduras de "nuances" marxistas e aquelas dos financeiros capitalistas apátridas conseguiram e conseguem, ser mais funestas que aquelas!
                Ora um país que se esquece, por ignorância, diletantismo ou má-fé, de evocar, comemorar e exaltar os 500 anos do passamento desta figura maior da História Pátria, é um país e uma sociedade profundamente doente e a caminho da auto - destruição.
                Que é o caminho que levamos, até em termos demográficos.
                É dos feitos deste nosso ilustre antepassado provavelmente o maior combatente português de todos os tempos, que trata este meu livro cuja chegada a bom porto – não podemos esquecer que estamos numa casa da Marinha - devo agradecer sinceramente e com gosto, à editora “Nova Vega”, na pessoa do Sr. Assírio Bacelar, à Academia de Marinha, na pessoa do seu presidente Almirante Vidal Abreu e ao seu Secretário-Geral, Comandante Zambujo, que operacionalizou a cerimónia, e ao Almirante Vieira Matias, a quem saúdo especialmente, pela consideração demonstrada, por ter escrito o prefácio e feito a apresentação.
              Desse modo o livro também passou a ser seu.
                A V.Ex.ª que com a vossa presença, deram o brilho necessário ao evento e que aguentaram firme tudo o que aqui foi dito e, com a vossa generosidade se espera fazer face aos custos da edição, o meu muito obrigado.
                Como faço anos daqui a dois dias, creio ter usufruído, por antecipação de uma boa prenda.
                E que viva Afonso de Albuquerque!
                      Muito obrigado.


                                                                                                              João José Brandão Ferreira

Fonte: O Adamastor



quinta-feira, 28 de setembro de 2017

28 de Setembro – Aniversários Reis D. Carlos I e D. Amélia de Portugal

Aniversários Reais

A 28 de Setembro de 1863, nascia Dom Carlos I de Portugal, no Palácio da Ajuda, em Lisboa. De Seu nome completo Carlos Fernando Luís Maria Vítor Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis José Simão de Bragança Sabóia Bourbon Saxe-Coburgo-Gotha, foi o penúltimo Rei de Portugal, mas como filho primogénito varão do Rei Dom Luís I e da Rainha Dona Maria Pia, e na qualidade de Príncipe herdeiro da coroa de Portugal, recebeu desde cedo os títulos oficiais de Príncipe Real de Portugal (o 4.º) e Duque de Bragança (19.º), possuindo o usufruto dos rendimentos dessa grande e Sereníssima Casa, último morgadio que no seu tempo era ainda, legalmente, permitido em Portugal. O Ducado de Bragança é o único título real hereditário, atribuído sempre ao herdeiro presuntivo da coroa que, ao subir ao trono, por sua vez o passa para o seu próprio herdeiro.
Dom Carlos recebeu desde muito cedo uma esmerada educação, aquela reservada aos herdeiros presuntivos. Os melhores preceptores instruíram Dom Carlos nas mais variadas ciências e artes, e, também, ministraram-lhe diversas línguas estrangeiras. Ainda jovem viajou pelas diferentes cortes europeias.
Exímio pintor, oceanógrafo, atirador, etc., recebeu inúmeros prémios internacionais pela sua pintura e ficaram para a posteridade os seus estudos oceanográficos e ornitológicos.
‘Com uma instrução geral que o não deixava encontrar hóspede em qualquer assunto de conversação; conhecedor e possuidor de línguas, especialmente do francês e do inglês, por forma que delas se servia como de sua própria; dado ao gosto e cultura das Belas-Artes, em uma das quais, a Pintura, foi distintíssimo; habituado nos sports e, como atirador, excepcionalmente forte – reunia a tudo isso ser o homem mais bem-criado do seu País, dotado de um humor sempre igual, sem descair nunca na vulgaridade, nem deixar perceber de si, em qualquer circunstância, sinal de contrariedade, despeito ou irritação.’, escreveu João Franco Castello-Branco, in Cartas D’El-Rei Dom Carlos I a João Franco Castello-Branco, Seu Último Presidente do Conselho.
Em 28 de Setembro de 1865, durante o exílio da família real francesa, em Inglaterra, nascia, em Twickenhem, Dona Maria Amélia Luísa Helena de Bourbon-Orleães, princesa de França. Dona Amélia era a filha primogénita do pretendente ao trono francês Luís Filipe, Conde de Paris, neto do último Rei de França, Luís Filipe I, e de Maria Isabel de Bourbon-Orleães-Montpensier, infanta de Espanha, filha do Príncipe Antoine D’ Orleães, Duque de Montpensier e Infante de Espanha, por sua vez filho do último Rei de França.
A princesa Dona Amélia passou parte da infância em Inglaterra, até à queda do II.º Império. Então, a Casa Real de Orleães pode regressar ao país, e, embora o seu pai apenas fosse pretendente à Coroa, a princesa teve então uma esmerada educação.
Dona Amélia era uma jovem encantadora e culta, admiradora de ópera e teatro, era leitora compulsiva da melhor literatura da época, chegando a corresponder-se com os seus autores favoritos. Além disso possuía, tal-qualmente, dotes para a pintura que ultrapassavam o elementar.
Tudo parecia predestinado para que o casamento da jovem Princesa francesa ocorre-se com o herdeiro de uma coroa norte-europeia, mas uma feliz coincidência impeliu os acontecimentos. De férias em Paris, o Príncipe Real Dom Carlos de Portugal, Duque de Bragança, que procurava esposa, num encontro organizado pela Infanta de Portugal Dona Maria Antónia foi apresentado a Dona Amélia de Orleães e a seus pais. A Princesa de França Dona Amélia era a filha primogénita do pretendente ao trono francês Luís Filipe, Conde de Paris, neto do último Rei de França, Luís Filipe I, e de Maria Isabel de Bourbon-Orleães-Montpensier, infanta de Espanha, filha do Príncipe Antoine D’ Orleães, Duque de Montpensier e Infante de Espanha, por sua vez filho do último Rei de França. O encanto foi mútuo e o pedido oficial foi realizado por Dom Carlos ao Conde de Paris, a 6 de Fevereiro de 1886, sendo lavrado registo matrimonial nesse mesmo dia no Castelo d’ Eu.
A 17 de Maio de 1886, a princesa Dona Amélia, futura Duquesa de Bragança partiu de França e chegou à Pampilhosa no dia seguinte. Em 19 de Maio, pelas 17 horas, a Princesa foi apresentada à Corte em Lisboa.
O casamento real entre Dom Carlos de Bragança, Príncipe Real, Príncipe hereditário de Portugal e Duque de Bragança com Dona Maria Amélia Luísa Helena de Bourbon-Orleães, princesa de França, foi celebrado no dia 22 de Maio de 1886, na Igreja de São Domingos, e foi acompanhado pela multidão que saiu às ruas de Lisboa para acompanhar o cortejo nupcial.
Depois do casamento, e terminada a lua-de-mel, os Duques de Bragança mudaram-se para a sua nova residência, o Palácio de Belém.
O casamento foi abençoado pelo nascimento do Príncipe Real Dom Luís Filipe de Bragança, o primogénito do presuntivo herdeiro do trono de Portugal, e como tal Príncipe da Beira (4.º).
A 19 de Outubro de 1889 falece El-Rei Dom Luís I, e Dom Carlos é entronizado e aclamado novo Rei de Portugal, passando o muito jovem Príncipe da Beira, como presuntivo herdeiro, a ter o título de Sua Alteza Real, o Príncipe Real Dom Luís Filipe, Duque de Bragança.
Depois, em 15 de Novembro de 1889, nasceu o Príncipe Dom Manuel de Bragança, Duque de Beja.
‘Foi uma coroa de espinhos a que o moço rei teve para colocar sobre a cabeça, e nem o brio da juventude lhe permitiu um instante o gozo da vaidade, a que se chama fortuna. (…) E antes, depois e sempre, em todo o decurso deste já longo terramoto, cujo fim não vimos ainda, o moço rei, sozinho, desajudado de homens prestigiosos que lhe amparassem o trono, com partidos desconjunturados que na hora do perigo se demitem, confessando meritoriamente a sua impotência, ouvia estalar os tiros sediciosos do Porto e crescer a vozearia, confundindo os erros da sociedade com a responsabilidade da Coroa, esperando a salvação da queda da monarquia.’,escreveu Oliveira Martins sobre o Reinado de D. Carlos I.
Miguel Villas-Boas – Plataforma de Cidadania Monárquica