sábado, 28 de setembro de 2019

Parabéns, Majestades!

28 de Setembro – Aniversários Natalícios dos Reis D. Carlos I e da Rainha D. Amélia
A 28 de Setembro de 1863, nascia Dom Carlos I de Portugal, no Palácio da Ajuda, em Lisboa. De Seu nome completo Carlos Fernando Luís Maria Vítor Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis José Simão de Bragança Sabóia Bourbon Saxe-Coburgo-Gotha, foi o penúltimo Rei de Portugal, mas como filho primogénito varão do Rei Dom Luís I e da Rainha Dona Maria Pia, e na qualidade de Príncipe herdeiro da coroa de Portugal, recebeu desde cedo os títulos oficiais de Príncipe Real de Portugal (o 4.º) e Duque de Bragança (19.º), possuindo o usufruto dos rendimentos dessa grande e Sereníssima Casa, último morgadio que no seu tempo era ainda, legalmente, permitido em Portugal. O Ducado de Bragança é o único título real hereditário, atribuído sempre ao herdeiro presuntivo da coroa que, ao subir ao trono, por sua vez o passa para o seu próprio herdeiro.
Dom Carlos recebeu desde muito cedo uma esmerada educação, aquela reservada aos herdeiros presuntivos. Os melhores preceptores instruíram Dom Carlos nas mais variadas ciências e artes, e, também, ministraram-lhe diversas línguas estrangeiras. Ainda jovem viajou pelas diferentes cortes europeias.
Exímio pintor, oceanógrafo, atirador, etc., recebeu inúmeros prémios internacionais pela sua pintura e ficaram para a posteridade os seus estudos oceanográficos e ornitológicos.
Em 28 de Setembro de 1865, durante o exílio da família real francesa, em Inglaterra, nascia, em Twickenhem, Dona Maria Amélia Luísa Helena de Bourbon-Orleães, princesa de França. Dona Amélia era a filha primogénita do pretendente ao trono francês Luís Filipe, Conde de Paris, neto do último Rei de França, Luís Filipe I, e de Maria Isabel de Bourbon-Orleães-Montpensier, infanta de Espanha, filha do Príncipe Antoine D’ Orleães, Duque de Montpensier e Infante de Espanha, por sua vez filho do último Rei de França.
A princesa Dona Amélia passou parte da infância em Inglaterra, até à queda do II.º Império. Então, a Casa Real de Orleães pode regressar ao país, e, embora o seu pai apenas fosse pretendente à Coroa, a princesa teve então uma esmerada educação.
Dona Amélia era uma jovem encantadora e culta, admiradora de ópera e teatro, era leitora compulsiva da melhor literatura da época, chegando a corresponder-se com os seus autores favoritos. Além disso possuía, tal-qualmente, dotes para a pintura que ultrapassavam o elementar.
Tudo parecia predestinado para que o casamento da jovem Princesa francesa ocorre-se com o herdeiro de uma coroa norte-europeia, mas uma feliz coincidência impeliu os acontecimentos. De férias em Paris, o Príncipe Real Dom Carlos de Portugal, Duque de Bragança, que procurava esposa, num encontro organizado pela Infanta de Portugal Dona Maria Antónia foi apresentado a Dona Amélia de Orleães e a seus pais. A Princesa de França Dona Amélia era a filha primogénita do pretendente ao trono francês Luís Filipe, Conde de Paris, neto do último Rei de França, Luís Filipe I, e de Maria Isabel de Bourbon-Orleães-Montpensier, infanta de Espanha, filha do Príncipe Antoine D’ Orleães, Duque de Montpensier e Infante de Espanha, por sua vez filho do último Rei de França. O encanto foi mútuo e o pedido oficial foi realizado por Dom Carlos ao Conde de Paris, a 6 de Fevereiro de 1886, sendo lavrado registo matrimonial nesse mesmo dia no Castelo d’ Eu.
A 17 de Maio de 1886, a princesa Dona Amélia, futura Duquesa de Bragança partiu de França e chegou à Pampilhosa no dia seguinte. Em 19 de Maio, pelas 17 horas, a Princesa foi apresentada à Corte em Lisboa.
O casamento real entre Dom Carlos de Bragança, Príncipe Real, Príncipe hereditário de Portugal e Duque de Bragança com Dona Maria Amélia Luísa Helena de Bourbon-Orleães, princesa de França, foi celebrado no dia 22 de Maio de 1886, na Igreja de São Domingos, e foi acompanhado pela multidão que saiu às ruas de Lisboa para acompanhar o cortejo nupcial.
Depois do casamento, e terminada a lua-de-mel, os Duques de Bragança mudaram-se para a sua nova residência, o Palácio de Belém.
Contraíram matrimónio no dia 22 de Maio de 1886, na Igreja de São Domingos.
O casamento foi abençoado pelo nascimento do Príncipe Real Dom Luís Filipe de Bragança, o primogénito do presuntivo herdeiro do trono de Portugal, e como tal Príncipe da Beira (4.º).
A 19 de Outubro de 1889 falece El-Rei Dom Luís I, e Dom Carlos é entronizado e aclamado novo Rei de Portugal, passando o muito jovem Príncipe da Beira, como presuntivo herdeiro, a ter o título de Sua Alteza Real, o Príncipe Real Dom Luís Filipe, Duque de Bragança.
Depois, em 15 de Novembro de 1889, nasceu o Príncipe Dom Manuel de Bragança, Duque de Beja.
‘Foi uma coroa de espinhos a que o moço rei teve para colocar sobre a cabeça, e nem o brio da juventude lhe permitiu um instante o gozo da vaidade, a que se chama fortuna. (…) E antes, depois e sempre, em todo o decurso deste já longo terramoto, cujo fim não vimos ainda, o moço rei, sozinho, desajudado de homens prestigiosos que lhe amparassem o trono, com partidos desconjunturados que na hora do perigo se demitem, confessando meritoriamente a sua impotência, ouvia estalar os tiros sediciosos do Porto e crescer a vozearia, confundindo os erros da sociedade com a responsabilidade da Coroa, esperando a salvação da queda da monarquia.’
O casamento de Dom Carlos I e Dona Amélia duraria até 8 de Fevereiro de 1908, data em que El-Rei, juntamente com o Príncipe Real, foram assassinados.
Curiosidade: a 28 de Setembro de 1893, no dia do aniversário d’ El-Rei D. Carlos I e da Rainha D. Amélia, como forma de homenagear Suas Majestades Fidelíssimas, foi fundado o Foot-Ball Club do Porto pelo monárquico António Nicolau d’Almeida, um comerciante do vinho do Porto e mais tarde produtor do célebre tinto “Barca Velha”, e que descobrira o futebol nas suas viagens a Inglaterra. O FC Porto inicia então os seus primeiros treinos no Campo do Prado, em Matosinhos, e no dia 8 de outubro disputa o primeiro jogo da história do clube, contra o Clube de Aveiro.
O primeiro jogo para uma prova oficial ocorre a 2 de Março do ano seguinte frente ao Club Lisbonense de Guilherme Pinto Basto, que convence o Rei D. Carlos a patrocinar o jogo, e no qual ofereceu, também, uma taça: a Taça D. Carlos I, ou ainda Cup d’El Rey. Disputado no Campo Alegre, no Porto, também chamado Campo dos Ingleses, casa do Oporto Cricket and Lawn-Tennis Club, o match contou com a presença de toda a Família Real Portuguesa.
Miguel Villas-Boas | Plataforma de Cidadania Monárquica

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

terça-feira, 24 de setembro de 2019

GM S.A.E. Dom Albino Neves interview 14-09-2019

A descoberta pelos portugueses da civilização khmer

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As notícias chegaram à Europa entre finais do século XVI e a primeira década de Seiscentos e criaram grande comoção. Mercadores, aventureiros e missionários portugueses haviam descoberto nas densas florestas do Sudeste Asiático grandiosos vestígios de uma civilização cuja existência era até então praticamente desconhecida no Ocidente. Esses testemunhos mudos em pedra, de tão grandiosos - numa escala apenas emulada pelos vestígios da civilização egípcia, levantaram perplexidade e até dúvidas sobre a idoneidade dos relatos.

Com efeito, em 1586, o frade capuchinho António da Madalena, internando-se em território do Camboja, deu conta de uma imensa cidade abandonada por alturas do lago Tonlé Sap. Os grandes tempos e palácios cercados por lagos (reservatórios de água), as portas triunfais, a rede de canais, as pontes em pedra ricamente adornadas por nagas, os parietais ricamente esculpidos; tudo, deixou maravilhados os viandantes que não podiam acreditar que tais realizações pudessem ter sido erigidas pelas populações da região, fazendo crer que só poderiam ter sido obra de "egípcios" ou de "judeus", ou mesmo de Alexandre o Grande ou dos "romanos". Os portugueses haviam descoberto a civilização Khmer, cujo império dominara os actuais Camboja, Laos Tailândia, Malásia, Birmânia e sul do Vietname entre os séculos VIII e XIV.

Infelizmente, o relato de Madalena perdeu-se num naufrágio no Cabo da Boa-Esperança, cabendo a Diogo do Couto, autor da Década Quarta da Ásia e guarda-mor da Torre do Tombo de Goa fazer eco do relato do frade Capuchinho. Para sossego dos mais reticentes, seguiram-se relatos de Marcelo de Ribadeneira, do Padre dominicano António da Orta e de Padre Luís da Fonseca, então em actividade missionária junto da corte cambojana em Lovek, sede da então muito diminuída monarquia Khmer. Dominando os rudimentos da língua khmer, Luís da Fonseca inquiriu os poucos monges budistas ainda vivendo no local e deles soube que "o grande templo com cinco torres se chama Angkor [Wat]". A notícia estava dada, mas foram necessários quase trezentos anos para que em meados do século XIX, Henri Mouhot - naturalista e explorador francês ao serviço da Royal Geographical Society of London - pudesse organizar uma expedição científica que confirmasse as impressões dos missionários portugueses quinhentistas.

MCB


Fonte: Nova Portugalidade

DEUS - PÁTRIA - REI

domingo, 22 de setembro de 2019

Nossa Senhora da Pérsia: memórias da Portugalidade iraniana

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Provavelmente executada em Goa, esta Nossa Senhora foi capturada por ocasião da conquista iraniana de Ormuz. Portugal fora, entre 1507 e 1622, o primeiro Estado europeu a deter território no Irão desde Alexandre o Grande e seus sucessores selêucidas. De Ormuz, a imagem de Nossa Senhora foi levada para a capital persa de Esfahan, onde foi comprada por Frei Francisco Ribeiro, superior da missão portuguesa agostiniana que se localizava naquela cidade. Em 1644 chegou a Portugal, tendo sido colocada na Igreja da Graça, em Lisboa, e passado a ser objecto de grande veneração.

Conhecida também como "Nossa Senhora a Cativa" e "Nossa Senhora do Resgate", foi patrona da Irmandade de Nossa Senhora da Pérsia. É um dos últimos testemunhos existentes em Portugal da nossa presença de cento e dez anos no Irão.

Fonte: Nova Portugalidade

DEUS - PÁTRIA - REI

sábado, 21 de setembro de 2019

O Climategate foi há 10 anos

DEUS - PÁTRIA - REI: O Climategate foi há 10 anos: José Joaquim Delgado Domingos Professor catedrático do Instituto Superior Técnico 30 de Novembro de 2009 Passaram há pouco 42 ...

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Nasceu há 254 anos

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Bocage está para o século XVIII como Antero está para o século XIX e Pessoa para o século XX. A obra é a súmula do tempo que soube encarnar, o perfeito espírito daquele "galante século XVIII". Um mundo de salões literários, da cultura de Corte, da paixão subtil, a época pós-Pombal, onde efervescem as grandes questões jurídicas e onde despontam as grandes discussões filosóficas.

Como um mito permanece indecifrável. Um boémio, um libertino, também o ateu e, mais tarde, o reconvertido, o arrependido ferido de angústias. A sua morte encerra uma era, da cultura clássica, erudita, aristocrática, já no pronúncio do fim dos doces anos do "reinado mariano". Não se conformando com o conforto sofreu as vicissitudes de uma vida desregrada e livre. Também a rivalidade com José Agostinho de Macedo não deixa de ser sintomática dos caracteres: são duas mundividências que se conflituam.

Dele sobra o anedotário, o complexo mistério que ensombra as figuras mais carismáticas. Cultivou a lírica erudita com o gosto popular, a cultura aristocrática com a grosseria do vulgo. Há que dizê-lo: Bocage revolucionou as letras lusas antes da revolução política assolar as estruturas do Antigo Regime, fazendo a lírica descer dos olimpos grandiloquentes do classicismo para as realidades quotidianas, arrancando a poesia do conforto dos salões para o mundo burguês. Ególatra eruptivo e angustiado, procurando engrandecer a palavra pelo universalismo das ideias, quase ascende ao épico. Polarizado entre a Razão e o Sentimento, antecipa a estética romântica, contudo ainda moldado e estruturado pelo neoclassicismo.

Talvez nenhum outro poeta tenha surtido tanta influência nele como Camões. Aliás, os poetas da Arcádia e os cultores do neoclassicismo conferiam a Camões uma nova vitalidade e reivindicavam ali uma nova inspiração. Mas Bocage foi mais longe, reivindicando uma identificação plena. A vida errante do vate quinhentista encontrava na mesma errância bocagiana um entendimento: "Camões, grande Camões, quão semelhante/ Acho teu fado ao meu, quando os cotejo!"

No leito de morte suspira o arrependimento, um último Soneto: "Já Bocage não sou". É o Bocage anti-Bocage, a negação da vida errante, a descoberta de uma nova luz, um Bocage que grita: "Oh! Se me creste, gente ímpia,/ Rasga meus versos, crê na eternidade!". É o último fôlego de um homem sofrido. Morreu no alvorar de um tempo novo, quando os ventos da revolução sopravam e Portugal se preparava para, em breve, enfrentar um novo ciclo histórico.

Daniel Sousa


Fonte: Nova Portugalidade

DEUS - PÁTRIA - REI



Já Bocage não sou!... À cova escura
Meu estro vai parar desfeito em vento...
Eu aos céus ultrajei! O meu tormento
Leve me torne sempre a terra dura.

Conheço agora já quão vã figura
Em prosa e verso fez meu louco intento.
Musa!... Tivera algum merecimento,
Se um raio da razão seguisse, pura!

Eu me arrependo; a língua quase fria
Brade em alto pregão à mocidade,
Que atrás do som fantástico corria:

Outro Aretino fui... A santidade
Manchei!... Oh! Se  me creste, gente ímpia,
Rasga meus versos, crê na eternidade!

                                   Bocage


quarta-feira, 18 de setembro de 2019

A rampa cada vez mais deslizante

Deve uma sociedade que se pretende solidária confirmar, a pretexto de respeito pela vontade do doente, a ideia de que a pessoa demente é um peso difícil de suportar e deve, por isso, ser eliminada?

Vão-se sucedendo os casos de prática da eutanásia que demonstram a sua progressiva e imparável extensão (a chamada rampa deslizante) e como é ilusório pensar que é possível a sua legalização apenas em situações contidas e excecionais.

O último desses casos foi recentemente objeto de julgamento (dos poucos até agora ocorridos neste âmbito) num tribunal holandês. Uma mulher de 74 anos, que padecia de doença de Alzheimer, havia declarado, quatro anos antes, quando a doença já tinha sido diagnosticada mas ainda não lhe tinha retirado as normais capacidades intelectuais e volitivas, que queria ser eutanasiada quando perdesse essas capacidades e devesse, por isso, ser acolhida num lar. Chegado esse momento, o médico acusado nesse julgamento (cuja identidade não foi revelada) praticou a eutanásia com recurso à força, porque a doente resistiu fisicamente, num gesto de luta pela sobrevivência. Esse médico desprezou a vontade atual da doente e deu relevo apenas à vontade que ela havia manifestado quatro anos antes, na fase inicial da doença. Veio a ser absolvido, por se considerar que não desrespeitou as normas holandesas sobre a prática legal da eutanásia.
São vários os motivos de reflexão suscitados por este caso.
Desde logo, será aqui (ainda mais do que noutros casos de eutanásia) difícil falar em morte digna, quando ela é provocada com recurso à força e contra a vontade actual do doente.
Também é difícil dizer que em situações de demência, mais ou menos avançada, seja o sofrimento do doente, intolerável ou não, a motivar a opção pela eutanásia. Mais do que esse sofrimento, será o sacrifício que o cuidado desses doentes representa para familiares e outras pessoas a motivar tal opção. Uma opção que pode ser o próprio doente a tomar precisamente porque não quer ser um peso para os outros, não quer ser causa desse sacrifício. Neste caso, a doente manifestou o desejo de ser eutanasiada quando chegasse um momento não de mais intenso sofrimento, mas de mais acentuada incapacidade, em que, por isso, maior seria o peso que representava para quem dela tivesse de cuidar.
A questão que a este respeito se coloca é: deve uma sociedade que se pretende solidária confirmar, sob o pretexto de respeito pela vontade do doente, essa ideia de que a pessoa demente é um peso difícil de suportar e deve, por isso, ser eliminada? Que sinal está a ser dado, desse modo, a quem se sacrifica, às vezes heroicamente, por esses doentes?
O respeito pela vontade do doente é quase sempre apresentado como fundamento último da licitude da eutanásia. Neste caso, foi dado relevo a uma vontade manifestada quatro anos antes, num momento de suposta lucidez, contra a vontade atual, num momento em que essa lucidez supostamente se teria perdido. Mas como é possível ter a certeza de que a pessoa em causa não teria mudado de opinião (como muitas vezes sucede) perante a aproximação da morte? Manifestar a vontade de morrer num momento ainda tão distante do momento da morte é muito diferente de o fazer nessa altura, num contexto completamente diferente, quiçá muito diferente do que se imaginava anteriormente. A menor dúvida a este respeito deveria levar a tomar, em nome do respeito pela vida e também do respeito pela vontade (real ou hipotética) do doente, a opção contrária à que foi tomada pelo médico holandês em causa.
Este caso também revela, até de uma forma mais nítida, que, em última análise, não é a vontade genuína do doente a justificar a prática da eutanásia. Em última análise, é a decisão do médico e das entidades que o possam supervisionar (neste caso, até o próprio tribunal) a ajuizar da licitude da eutanásia, a interpretar a vontade do doente e a determinar a qual de várias manifestações de vontade deve ser dado relevo. E, como também esta caso revela, pode haver muita arbitrariedade na interpretação dessa vontade e na determinação de qual dessas manifestações de vontade será relevante.
Esta arbitrariedade é mais uma das derivas suscitadas pela rampa deslizante que qualquer legalização da eutanásia origina. Arbitrariedade e derivas que só podem ser evitadas quando se respeita aquele princípio básico e secular da civilização e da ética médica que é a proibição de matar. Quando se derruba essa barreira, é inútil tentar conter possíveis abusos.
Presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz
Fonte: Observador

DEUS - PÁTRIA - REI



segunda-feira, 16 de setembro de 2019

D. Duarte I de Portugal Morreu em 9/9/1438

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‘Teve coração piedoso sem defraudar a justiça, tão amante da verdade, que dele se não sabe faltasse nunca à palavra.’, SOUSA, António Caetano de | História Genealógica da Casa Real Portuguesa, Tomo III, p. 227, Lisboa Occidental, 1934, Regia Officina.

Sua Alteza Real El-Rei Dom Duarte I (Viseu, 31 de Outubro de 1391 – Tomar, 9 de Setembro de 1438), Pela Graça de Deus, D. Duarte, Rei de Portugal e do Algarve, e Senhor de Ceuta, apelidado de "o Eloquente" e "o Rei-Filósofo" pelo seu interesse pela cultura e pelas obras que escreveu. Com uma enorme ilustração e instrução - típica dos Avis - D. Duarte interessou-se pela cultura da qual foi mecenas, tendo fomentado a tradução de autores latinos e, rei dado às letras, ele próprio escreveu várias obras, como o ''Leal Conselheiro'' - obra moral, endereçada a sua mulher, Leonor de Aragão - e o ''Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela''.

Foi o 11° Rei de Portugal e Algarve de 1433 até à sua morte. Era filho segundo do Rei D. João I e da Rainha D. Filipa de Lencastre, e por morte de seu irmão mais velho, D. Afonso, torna-se o herdeiro da Coroa portuguesa.

D. Duarte recebeu o seu nome em homenagem ao avô de sua mãe [Rainha D. Filipa de Lencastre], o rei Eduardo III de Inglaterra. Desde muito jovem, D. Duarte acompanhou o seu augusto pai nos assuntos do reino, sendo portanto um herdeiro preparado para reinar; em 1412 foi formalmente associado à governação pelo pai, tornando-se seu braço direito. No curto reinado de 5 anos reforçou o poder da monarquia e quis expandir o reino para Marrocos. Faleceu vítima da peste em 9 de Setembro de 1438.

Plataforma de Cidadania Monárquica

Singapura, filha de portugueses

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Em Singapura, praça-forte do poder britânico no estreito de Malaca, os luso-descendentes revelaram grande capacidade de adaptação ao novo quadro asiático dominado pelo imperialismo da Union Jack. Singapura nasceu de uma insignificante aldeia piscatória e desde os primeiros momentos coube a mestiços católicos luso-descendentes parte importante na invenção de uma cidade.

Embora subsistindo densa névoa sobre o lugar e importância dos portugueses na vida da cidade na sua primeira fase de existência, o que se sabe é que, ao lado de Raffles – o fundador inglês da cidade - estiveram alguns portugueses desde os primeiros dias. Cláudio Queirós, Tomás Ferrão e José de Almeida estavam na ilha no início da década de 1820. Precisando de povoar a recente aquisição da Coroa britânica, Raffles pediu a Almeida que angariasse todos os esforços para atrair a Singapura as comunidades católicas luso-descendentes de Malaca, Kedah e Penang. O número de portugueses não parou de crescer. Em 1824, entre 18 mercadores inscritos, um era português, mas cedo outros foram atraídos pela perspectiva de lucros chorudos.

O grande animador da constituição da comunidade foi, sem dúvida, José de Almeida (1784-1850), médico-cirurgião naval nascido em S. Pedro do Sul (Portugal) que se estabelecera em Macau no início do século XIX e aí casara com uma macaense. Sabe-se que, enquanto sócio capitalista da Casa de Seguros Mercantil, viajou para Calcutá diversas vezes em representação da empresa. Os lucros aí realizados foram investidos na compra de terrenos em Singapura. Porém, os acontecimentos políticos em Macau – episódio no enfrentamento entre liberais e legitimistas que se iniciou em Portugal em 1820 e terminaria em 1834 com o triunfo do Liberalismo – forçaram-no a procurar refúgio em Singapura.

Fixou residência na praça central da localidade, abriu consultório médico e uma loja, mas desde cedo se dedicou a investimentos agrícolas. Em 1837 fundou a Horticultural Society, que foi viveiro de experiências mais ou menos bem-sucedidas. Nas suas propriedades implantou as culturas da cana-de-açúcar, baunilha, algodão e frutos, tratando de aclimatar espécies existentes na China. Se as suas experiências como agrónomo ad-hoc não resultaram como esperava, Almeida foi marcante para o desenvolvimento da produção extensiva da árvore-da-borracha, que viria a ser um dos mais importantes esteios da economia da península Malaia nas décadas seguintes, chamando a atenção para as potencialidades da resina da borracha e sua aplicação industrial.

Almeida foi, também, uma referência cultural. No seu casarão recebia ao som de orquestra as mais importantes figuras da cidade, bem como forasteiros, em saraus de música e poesia que foram lembrados como preciosos apontamentos de entretenimento e presença da Europa num pequeno mundo dominado por expeditos homens de negócios.

Miguel Castelo-Branco

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domingo, 15 de setembro de 2019

sábado, 14 de setembro de 2019

África do Sul: chegou a hora de salvar os nossos compatriotas

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Primeiro foram os farmers brancos que produzem os víveres que alimentam o país, depois os lojistas portugueses que fornecem aos consumidores os géneros alimentícios. Logo de seguida, os retalhistas indianos e chineses passaram a ver queimados os seus estabelecimentos. Há dois anos, uma caça implacável, raiando a bestialidade, provocou a morte a dezenas de moçambicanos e zimbabueanos. Agora, uma vaga de terror abate-se sobre nigerianos, congoleses, zambianos e tanzanianos. Fala-se em dezenas de vítimas mortais, mas serão certamente centenas. Espanta-me que no Ocidente ninguém emita a mais leve crítica, o mais tímido protesto e que nas Nações Unidas não haja uma reacção colectiva e um voto de repúdio que obrigue o governo sul-africano a reprimir duramente os pogroms em curso. Todos sabemos que isto não é consequência do apartheid que acabou há trinta anos. Isto é o princípio do fim da tal nação arco-íris. Isto é o tribalismo que ditará a prazo a fuga das minorias empreendedoras, da elite cognitiva, dos técnicos qualificados. Há que deixar de simular esperança e encarar de frente o retorno de centos de milhares dos nossos portugueses expostos à matança.

A Nova Portugalidade vai enviar uma carta à Comissão dos Negócios Estrangeiros da Assembleia da República, sensibilizando os deputados para a urgência de se discutir a necessidade de uma ajuda efectiva aos mais de 500.000 portugueses residentes naquele país e sua eventual evacuação.

Fonte: Nova Portugalidade

DEUS - PÁTRIA - REI

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

SALAZAR, O REVISIONISMO HISTÓRICO E A MENTIRA CHAPADA


“Tempos difíceis criam homens fortes;
Homens fortes fazem tempos fáceis;
Tempos fáceis criam homens fracos
E homens fracos fazem tempos difíceis.”

                              Ditado Indiano



            Como se sabe os vencedores impõem a sua visão dos acontecimentos que fazem a História dos povos, ignorando os argumentos dos antagonistas/inimigos e não raro fazendo desaparecer documentação que possa ilibar ou dar alguma respeitabilidade a quem foi vencido ou, por outro lado, macula a parte vencedora.
            O que só raramente é corrigido e, por norma, muitos anos passados sobre os eventos a que dizem respeito.
            Sempre foi assim e acreditamos que sempre assim será, pois a natureza humana não muda.
            Por isso para se entender minimamente a História, é necessário muita reflexão, estudar diversas fontes e cruzar o máximo de informação.
            Ora o que se passou neste âmbito a seguir ao Golpe de Estado ocorrido a 25/4/74 e que virou revolução, não fugiu à regra.
            Mas antes de entrarmos a analisar o que se tem passado e nomeadamente, ao que agora corre sobre o anúncio de se estabelecer no Vimieiro, na antiga escola primária/cantina, Salazar - mandada construir em 1940, com donativos de emigrantes no Brasil e outros nacionais - de um “Centro Interpretativo do Estado Novo”, é mister dar dois exemplos que ilustram onde queremos chegar.[1]
            O primeiro exemplo é o do Marquês de Pombal. Se fossemos atrás daquilo que uma procissão barulhenta de dementados, por aí tem zurrado, a estátua do Marquês de Pombal tinha que ser derrubada.
            Senão vejamos: Sebastião José mandou cercar uma aldeia de pescadores na Trafaria, para onde tinham fugido alguns desertores, por um esquadrão de cavalaria. Foi tudo morto pelo fogo.
            Após protesto, uma parte considerável dos lavradores do Douro, na Régua, foram reprimidos à bruta, e na execução de uma pena prescrita, à revelia das mais elementares regras do Direito – mesmo daquela altura – mandou matar com requintes de crueldade (após tortura pública) os membros de duas ilustres famílias nobres portuguesas.
            Foi ainda o maior expoente do “Despotismo Esclarecido”, a ponto de ofuscar o próprio Rei.
            Só para ficarmos por aqui.
            Caiu em desgraça no reinado de D. Maria I, mas foi recuperado (com juros) após a implantação do Liberalismo no nosso País, em 1820.
            Não acham estranho que um ser deste quilate goze da fama de estadista (e sim ele teve alguns rasgos) e tenha a maior estátua existente no país - começada no tempo da I República (o concurso foi lançado em 1915), mas inaugurada no Estado Novo, a 13 de Maio de 1934 - que encima uma avenida chamada da Liberdade? Da Liberdade? Porque será?
            Segundo exemplo, D. Pedro IV, Rei, por pouco tempo, mas Rei.
            Como é que um príncipe herdeiro da coroa portuguesa – note-se na altura constituído como Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (uma fórmula política única no mundo!), se pode tornar Rei de um país e de uma dinastia que traiu, após ter liderado a secessão da mais importante parcela do território nacional?
            Mesmo tendo em conta, a desastrosa acção do Governo e das Cortes, na altura; a complacência de D. João VI (que desventuradamente dizia algo como isto: “Pedro se o Brasil se for, ao menos que seja para ti, que me obedeces, do que para alguns dos aventureiros que por aí abundam”) e da quebra do acordo espúrio, de casamento entre D. Miguel e sua filha menor D. Maria (com sete anos de idade).
            O que veio a causar a mais sangrenta guerra civil que em Portugal já houve!
            Algum livro de História coloca hoje em devida perspectiva o que se passou ou falecem os encómios a D. Pedro, suspeito ainda do que hoje se chama de “violência doméstica”?
            Porquê?
            Ora após o 25/4/74 o revisionismo histórico, o deitar abaixo e o alterar tudo o que estava, atingiu foros inauditos. Sobretudo relativamente ao período conhecido por Estado Novo (1933-1974).
            O frenesim para derrubar estátuas, mudar nomes às ruas e erigir piras para tudo o que se relacionasse com esse período (extraordinário) da nossa História e do seu principal doutrinador e líder, que não contivessem as mais fundas condenações do inferno, foi … infernal!
            A bandalheira instituída, a censura dos “média”, a cobardia institucionalizada, o cretino do politicamente correcto e a ignorância e perfídia dos governantes, fizeram o resto.
            O PC (P) e, mais tarde, o Bloco de Esquerda tomaram conta do Ministério da Deseducação Nacional (e não só) e instituíram “dogmas” que nem a Inquisição, nos seus piores dias, se atreveu a formalizar, mesmo tendo a Fé como respaldo.
            Este último partido desencadeou nos últimos anos - ultimamente com a ajuda de um mentecapto importado, cujos caninos fazem lembrar os seus antepassados canibais - um revisionismo histórico radical e ultramontano, tentando a culpabilização e demonização do homem branco; tecendo um manto de mentiras sobre a Escravatura; a extraordinária “aventura” dos Descobrimentos; o rebaixamento dos heróis nacionais, as referências da Cultura, do Bem, do Belo, do Nacionalismo (palavra que virou maldita que devia ser elevada, nas sua verdadeira expressão); na ocultação da memória histórica do povo, etc., e na exaltação de piratas, bandidos, traidores, desertores, ou simples delinquentes do foro comum.
            Por isso não existe qualquer surpresa nem admiração, por um grupo dos de sempre, quando ouviu falar que a Câmara Municipal de Santa Comba Dão está em vias de concretizar um museu na terra do auto consagrado (sem direito a contraditório) “ditador” e negregado “fascista”, António de Oliveira Salazar, com o nome de “Museu de Interpretação do Estado Novo” a que já, ostensivamente, mudaram para “Museu Salazar”.
            O que não é a mesma coisa.
            A contestação foi assumida prioritariamente por duzentos e tantos cidadãos através de uma petição, a maioria dos quais se intitula perseguida, prisioneira e vítima de maus tratos (vulgo tortura) por parte dos “esbirros” do regime deposto em 1974.
            Pelos vistos não lhes basta a ditadura política e histórica imposta após o 25/4, o domínio dos “média”, a imposição ideológica nas escolas, a mentira do discurso político onde reinam mas, mesmo assim, tremem-lhes os pêlos do cóchis sempre que ouvem falar no fantasma do “Ditador”.
            Faz lembrar o episódio ocorrido aquando da vinda a Lisboa de Filipe I, em 1581, e este visitou aquela que classificou de “igreja digna desse nome” que vislumbrou em Portugal, a do Convento do Carmo, onde estava sepultado o grande D. Nuno Álvares Pereira - o qual, curiosamente, ainda não foi alvo da sanha revisionista que por aí medra.
            Quando os membros da comitiva de Filipe I souberam disto, um temor instintivo os fez recuar, a que Filipe I retorquiu algo parecido com, “Podeis avançar, o homem está morto há muitos anos…”.
            Mas esta gente por cobardia e perfídia tem horror à verdade e pesa-lhe a consciência, se é que lhes resta alguma.
            Vou ainda ser mais cru, de um modo que talvez nunca se tenha ouvido em Portugal, após a data florida a cravos e cravanços.
            Desde 1933 – data da instituição do Estado Novo e do seu criador - morreram nas prisões, ditas políticas, portuguesas, cerca de 50 presos, como de resto escreveu José António Saraiva, no “Sol” de 31/8.
            Ou seja em 41 anos (1933-1974), morreu pouco mais de uma pessoa por ano. Não sei (mas alguém há-de saber) quantas pessoas foram presas.
            Um “site” de um conhecido admirador da seita e com antepassados carbonários (ou seja insuspeito de simpatias pelo Estado Novo) pode ler-se que entre 1931 e 1974, morreram 88 cidadãos às mãos das polícias e nas prisões (parte delas por doença), alegadamente por razões políticas, o que inclui o assassinato de Mondlane e Amílcar Cabral – o que nem sequer é correto e não fosse lícito eliminar aqueles que combatiam a soberania portuguesa e nos emboscavam as tropas; Catarina Eufémia, que toda a gente sabe ter-se tratado de um acidente e outros casos que necessitam enquadramento devido o seria ocioso fazer aqui.
            Não direi que não houve violência e que vários cidadãos foram violentados na sua integridade física.
            Mas pergunta-se: só houve violência durante o Estado Novo?
            Na Monarquia Constitucional e na I República não houve violência? Havia alguma razão moral, racional, jurídica ou política para se atentar contra a Família Real ou fazer cair a Monarquia à bomba?
            Só houve violência por parte dos defensores do Estado Novo? Os opositores demo - republicanos que tinham desgraçado o país e sobretudo a nóvel força internacionalista dos anarcas e comunistas nunca mataram ninguém? Não fizeram atentados? Não se mataram até, entre eles?
            Não chegaram a atentar contra a vida do Chefe do Governo, em 1937? Não revoltaram dois contratorpedeiros no Tejo, para se irem juntar às forças republicanas em Espanha – uma autêntica traição à Pátria – episódio que está na origem da criação da prisão do Tarrafal?
            Aquando da inauguração da Ponte Salazar, em 6 de Agosto de 1966, não quiseram sabotar um dos pilares da ponte de modo a derrubá-la, episódio frustrado “in extremis” pela polícia e que se pode considerar um atentado equivalente à das Torres Gémeas, em Nova Iorque?
            E em plena Guerra do Ultramar – a que aleivosamente chamam “colonial” - não causaram a destruição de 28 aeronaves na Base Aérea de Tancos, em 8 de Março de1971, o que representou o maior dano material no esforço de guerra e que não encontra paralelo nas três frentes de guerrilha? Será que um dia vão revelar o que fizeram com a tripulação do navio Angoche? Querem que continue?
            Lamento que tenha havido violência e mortes, sobretudo entre portugueses, e por razões políticas, mas tudo isto faz parte das opções de vida e da História.
            A perda de uma simples vida, por motivos injustos, será sempre de lamentar, em termos absolutos.
            Mas na vida real não há o “Absoluto” (apenas “Deus” é o Absoluto), mas sim o relativo.
            Quer isto dizer que, no caso vertente, os mortos que houve por cá, na repressão às forças comunistas representam todas elas se comparadas com o que aconteceu na União Soviética, apenas um episódio decidido num pequeno – almoço em que o “kamarada” Estaline palitava os dentes, estando bem - disposto.
            Sabe-se que o Marxismo e o Comunismo, para além de serem ideologias erradas, mentirosas, anti naturais, incompetentes, irrealistas, visando até um utopismo inconsequente por estúpido e onde os fins justificavam todos os meios, nos países em que se impuseram, o fizeram por meios violentos, sem respeito por nada nem ninguém, massacraram e violentaram populações inteiras à moda de Tamerlão, com a justificação da criação do “homem novo”. Malditos sejam.
             E fizeram isto, não só na pobre e infeliz Rússia, mas em dezenas de países em todo o mundo, numa orgia de sangue e violência que causou cem milhões de mortos e culpa-se o Estado Novo por os reprimir?
            Chama-se a isso antecipar problemas, higienização política e social ou simplesmente legítima defesa. Diria até, simples bom senso.
            E digo mais, face ao que se passou e à experiência que tivemos aqui ao lado aquando da guerra civil espanhola (1936-1939), que possivelmente correspondeu à repressão mais dura por parte do governo português, toda a repressão foi branda, ou não sejamos conhecidos pelos nossos “brandos costumes”.
            Mas nunca fiando, imaginem só por um momento, o que teria acontecido se o PCP e as forças que o apoiavam, não tivessem sido derrotadas no 25 de Novembro de 1975. Aí tivemos uma pequena amostra do que iria acontecer no após…
            Por último, que Nação – digna desse nome - representada pelo seu Estado pode admitir uma força política no seu seio, que obedeça a uma potência estrangeira (a URSS) e que se manteve inimiga de Portugal entre 1917 e 1989, como foi objectivamente o caso do PC – o que o excluiu moralmente de ostentar o “P” de português? Mas que insanidade é esta?
            Por tudo isto as razões aventadas pelos “dinossauros” que assinaram a petição (e agora estão caladinhos depois de uma intervenção do senhor PM…) contra a existência do Centro Interpretativo do Estado Novo (que volto a dizer, não é um museu sobre Salazar – e que fosse), não cabem na cabeça de um fósforo; revelam uma mentalidade cobarde, censória, medrosa da verdade, totalitária (que é o que sempre foram) enfim, a todos os títulos errada.
            O despautério e o despeito é tanto que têm a lata de terem estas iniciativas depois de já terem assegurado a existência de museus (Peniche, da Resistência, etc.), fundações, estátuas, nomes de ruas, etc., onde pretendem perpetuar os seus erros, as suas falsidades, as suas ignomínias, os seus crimes e parte daqueles que foram os protagonistas.
            E devo lembrar que o Estado Novo, ao contrário dos próceres da I República e do Regime saído da Constituição de 1976, nunca mudaram nomes a ruas ou apearam estátuas, de quem esteve antes…
            Dou-lhes, por isso, um alvitre: proponham a existência de um museu (chamem-lhe o que quiserem) onde fique exposta a papelada roubada da sede da PIDE e enviada para Moscovo, n os idos de 1974/5, fora aquela que foi destruída ou posta a recato, parte da qual foi utilizada para todo o tipo de torpezas e chantagens para podermos ter um cabal entendimento de tudo o que se passou…
            Até lá, ganhem vergonha e deixem de atacar o extraordinário estadista a quem com propriedade, o historiador José Hermano Saraiva chamou de “ditador santo”.
            Vocês não valem o pó que ele tinha nos sapatos.
            E que ao contrário do que escreveu, equivocado, António Barreto, nós não vamos tratar Salazar como ele nos tratou a nós!” A razão é simples: nós não merecemos o que fez por nós e pelo País.[2]
            Viva a Verdade; abaixo a mentira! (que é aquilo que qualquer Estado, seja democrático ou não, e qualquer pessoa singular, deve defender).




                                               João José Brandão Ferreira
                                              Oficial Piloto Aviador (Ref.)


[1] Salazar, na altura com 51 anos, não esteve presente na inauguração. Imaginem se fosse hoje…
A cantina destinava-se a apoiar as crianças carecidas da freguesia do Vimieiro.
A escola primária que Salazar frequentou, foi construída no final do século XIX, sendo nela que, mais tarde, a sua irmã Maria do Resgate Salazar, foi professora.
[2] Artigo publicado no “Público”, a 1 de Setembro, intitulado “Três Museus”. E, tirando a parte referida, um bom e equilibrado artigo.

DEUS - PÁTRIA - REI



quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Trinta milhões para a parede mais cara do mundo, zero para o Museu dos Descobrimentos: o descaramento nu da Câmara de Lisboa

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A Câmara Municipal de Lisboa anuncia que as obras de remate do Palácio da Ajuda custarão, afinal, o dobro da verba prevista - ou seja, 29.7 milhões de euros, valor certamente espantoso (ou mesmo misterioso) para obras que se resumem, na prática, à construção de uma parede na fachada ocidental do palácio. Ao mesmo tempo, anuncia a mesma instituição que nem um euro da taxa turística por ela colectada será destinada a "projectos relacionados com os Descobrimentos". A fórmula usada é desonesta; os "projectos relacionados com os Descobrimentos" são, concretamente, o Museu dos Descobrimentos por que a Nova Portugalidade se bateu, que defendeu com uma petição assinada por milhares de portugueses e cidadãos da Portugalidade, levou à Assembleia Municipal de Lisboa e viu por ela aprovada. E o argumento orçamental para que se não faça o dito museu - estrutura pedida por nós e, connosco, por tantas figuras notáveis da cultura portuguesa - padece de visível oportunismo, para além de denunciar completo e escandaloso desgoverno numa obra, a de conclusão do Palácio da Ajuda, cuja simplicidade, até mau gosto, não permitem compreender como ali se gastarão trinta milhões de euros.

Lisboetas, portugueses e lusíadas de todos os países, continentes, cores e religiões (pois a todos eles interessa que a Câmara erga o prometido Museu) podem bem reagir com incredulidade e indignação ao recente anúncio. Para lá das desculpas esquivas e das explicações improváveis, resulta muito claro que o que impossibilita a abertura do Museu dos Descobrimentos não é a falta de dinheiro, mas a falta de vontade por parte dos detentores do poder autárquico na capital portuguesa. Digamo-lo de modo limpo e seco: eles negam-nos o Museu que nos prometeram, por cuja criação milhares deram a sua assinatura, que a Nova Portugalidade defendeu com sucesso na RTP e cuja abertura conseguimos ver aprovada em Assembleia Municipal por não quererem dar o braço a torcer, não poderem aceitar que a campanha dos agitadores falhou e não poderem tolerar que em Lisboa se faça um espaço sério focado na expansão imperial e sem rendição a histerias anti-científicas, anti-históricas e anti-portuguesas. Protestamos: o Museu é desejado, foi prometido e faz toda a falta do mundo a uma cidade, Lisboa, cuja identidade é indissociável do papel cimeiro que ocupou durante a era dos Descobrimentos. Intolerável é, pois, que o grande projecto por que os lisboetas votaram e que viram aprovado lhes seja negado, agora, através de manobras de bastidor. Não, não pode ser. E o truque não passará.

Fonte: Nova Portugalidade

DEUS - PÁTRIA - REI

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

domingo, 8 de setembro de 2019

sábado, 7 de setembro de 2019

O Tibete que também descobrimos

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O Tibete foi um dos últimos destinos dos Descobrimentos, apesar de n’ Os Lusíadas se valorizar uma nação de marinheiros intrinsecamente ligada ao mar e ignorar os que se aventuravam pelo interior dos continentes americano, africano e asiático, como foi o caso dos jesuítas, que desafiaram os Himalaias.

Região quase mítica, o Tibete esteve afastado do mundo ocidental pelo menos até ao início do século XVII, altura em que jesuítas portugueses instalados em Goa, incitados pelos rumores de que ali existiriam comunidades cristãs, abriram o caminho a uma série de exploradores e aventureiros que apenas quase três séculos depois ousariam partir em busca das riquezas materiais e espirituais dessa nação.

Em 1624, após uma duríssima travessia através dos “desertos de neve” que separam a Índia do Tibete, o padre António de Andrade e o irmão Manuel Marques chegaram a Tsaparang, a capital do reino tibetano de Guge. Foram os primeiros ocidentais a visitar o Tecto do Mundo. Outros pioneiros se seguiriam, optando por diferentes rotas que os levariam aos não menos misteriosos reinos do Ladakh, Sikkim, Nepal e Butão.

António de Andrade, Francisco de Azevedo, João Cabral e Estêvão Cacela, entre muitos outros, foram as únicas autoridades em matéria de tibetologia até à segunda metade do século XVIII.

Inspirado pelas visitas efectuadas ao Tibete escrevi o livro “Viagem ao Tecto do Mundo – O Tibete desconhecido”, que daria origem à série documental televisiva “Himalaias, Viagem dos Jesuítas Portugueses” emitida pela RTP 2 e RTP Internacional.

Nos próximos dias colocarei na página os quatro episódios dessa série, acompanhados das respectivas sinopses, para visualização e partilha desse extraordinário feito lusitano, até hoje, infelizmente, desconhecido pela esmagadora maioria dos povos da Portugalidade.
Entretanto, fica aqui o trailer, para aguçar o apetite:

https://www.youtube.com/watch?v=k8YTWNW7o44

Joaquim Magalhães de Castro


Fonte: Nova Portugalidade