Fotografia de conjunto da Guarda Real dos Archeiros, com as suas alabardas. Foi uma guarda de honra e protocolar da Casa Real Portuguesa. A fotografia, tem essa infinita certeza do registo do momento, "orgulho em servir"...apetece perguntar, qual o destino destes ilustres portugueses?
sábado, 28 de fevereiro de 2015
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015
D. JOÃO II E O PERFEITO SERVIÇO DE INFORMAÇÕES
Não bastando ser o Príncipe Perfeito, El-Rei Dom João II foi o pioneiro dos serviços secretos mundiais, pois foi ao Serviço de Sua Majestade que surgiu a primeira rede de espiões profissionais, os Lançados. Estes eram desembarcados na costa oriental de África e depois seguiam para o interior recolhendo informação que facilitasse a expansão portuguesa ...no continente que começava a explorar, e sobretudo sobre o então lendário Reino de Preste João. Eram homens de uma enorme coragem lançados no desconhecido e que por isso lhes deram o nome indígena de Tangomaos, sendo que tangomao significa: ‘aquele que morre ausente ou desterrado da pátria’. Um deles foi Afonso de Paiva que empreendeu uma jornada que hoje se poderá considerar épica, e que se destinou a preparar a viagem do navegador Vasco da Gama à Índia. Porém, o mais famoso destes lançados foi, certamente, Pêro da Covilhã, senhor de um carisma de fazer sombra a um certo espião nada secreto ao serviço de outra Majestade, e que corresponde à visão heróica contemporânea de um agente secreto: mestre na arte de manejar armas – neste caso a espada e o arco e flecha -, e, senhor de recursos atléticos e intelectuais notáveis – dominava diversas línguas e dialectos –, o temerário nascido na Serra da Estrela, confirmou no terreno e por actos a proverbial coragem dos beirões dos Montes Hermínios. Por ordem directa d’El-Rei Dom João II deslocou-se à Abissínia e à Índia sondando pela localização do reino de Preste João. No Cairo foi o primeiro europeu a contrair a Febre do Nilo, que quase lhe tirava a vida, mas que venceu para logo atravessar o deserto do Sinai e passando por Medina e Meca, desembocar na Etiópia. Daí embarcou numa nau que o levou a Calecut, Goa e ao Golfo de Ormuz, sempre recolhendo informações sobre a navegação até à Índia e sobre a possibilidade da circundação de África, por mar, para chegar à Índia, a famosa viagem que viria a ser empreendida com sucesso por Vasco da Gama e que terminaria em 1498, e, que sem dúvida, não seria possível sem a ‘intel’ recolhida por Pêro da Covilhã e que compilaria no relatório que enviou ao Rei de Portugal sob o título de ‘Verdadeira Informação das Terras de Preste João das Índias’. O espião-aventureiro haveria de falecer na Etiópia, reino onde uma vez que se entrasse já não se podia sair, mas mantendo-se sempre ao serviço de Sua Majestade o Rei de Portugal.
Mas a afirmação de que Dom João II criou um verdadeiro serviço secreto de informações na percepção que hoje se tem dessas agências, deve-se não só a esses labores dos espiões, ainda não românticos, mas com forte sentido de honra, mas também à criação de uma rede que tinha não só a incumbência de recolher ‘intelligencia’, mas, também, a missão de produção de contra-informação e a prevenção de actos que pela sua natureza pudessem perigar os intentos descobridores da Coroa Portuguesa, atentar contra a vida do Monarca e por em risco a soberania nacional.
Assim, Dom João II ganhou o cognome de Príncipe Perfeito, pois em tudo o que fazia ou deliberava punha um cunho de perfeição, e para o sucesso das suas decisões em termos de política externa e geoestratégia contava sem dúvida as decisões que tomava em função da informação privilegiada que os seus serviços secretos recolhiam e que o tornavam no mais esclarecido e bem informado dos monarcas europeus da época. Prova disso, e expoente máximo da sua política, é o Tratado de Tordesilhas, assinado, em 1494, pelo Rei de Portugal e pelos Reis Católicos dos Reinos de Castela, Leão, Aragão, etc., e que comummente se dá o nome de Reino de Espanha.
Dom João II, neste âmbito do secretismo, estabeleceu, ainda, o Segredo de Estado, a salvaguarda dos segredos e da tecnologia marítima de que Portugal foi pioneiro, com vista à supremacia da sua política de expansão marítima, tendo proibido a divulgação dos planos de construção e a venda de caravelas portuguesas. Criou o conceito de material classificado, organizando e limitando o acesso a esses segredos, que eram agora da Coroa e do Estado. Assim, passou a haver níveis de informação com diferentes graus de acesso que estava limitado a pessoas autorizadas para o fazer consoante a sua grandeza na cadeia de comando, peso estratégico e posição no Estado. Desta forma, mapas, cartas de marear, livros de astronomia, roteiros de viagem, instrumentos de navegação ficavam apenas ao alcance de quem tivesse autorização régia para os usar, pois eram ‘classified e top secret’. Dom João II, proibiu ainda pilotos, mestres e marinheiros de servir nações e entidades estrangeiras adversárias. Para quem violasse estas regras instituídas pela Coroa, severas penas estavam reservadas, pois constituiriam acto de traição – tal como nos nossos dias.
A isto se chama ‘Visão!’, e por isso noutros tempos – no Tempo dos Reis - Portugal foi Grande!
Miguel Villas-Boas
terça-feira, 24 de fevereiro de 2015
AFINAL, QUAL É A FUNÇÃO DO REI?
Na Monarquia Constitucional (ou Parlamentar) a separação entre o Estado, que é permanente, e o Governo, que é transitório, é indiscutível. O Rei é o Chefe do Estado; o Primeiro Ministro é o Chefe do Governo.
O Rei não governa: ele é o moderador e um árbitro neutro, isento, colocado acima das lutas partidárias e da influência dos grupos económicos. O Rei não pensa na próxima eleição, mas na próxima geração. E cuida de educar seu filho para sucedê-lo no trono.
O Monarca (Imperador ou Rei) é o fiel da balança e o fiscal do povo junto ao Governo. Sendo apartidário, convive facilmente com um Primeiro Ministro socialista, como ocorre na Espanha e na Suécia, ou com um Chefe de Governo conservador, como na Inglaterra.
Nós queremos um Rei para nos defender do Governo. Queremos um Parlamento forte e responsável. Porém um Primeiro Ministro descartável. Se ele deixar a desejar, se for ruim, não teremos de aguentá-lo por quatro ou cinco anos. Muda-se o Primeiro Ministro, mas o povo continua no poder através do Rei.
E para se mudar o Governo, não é preciso nenhum golpe de Estado e, menos ainda, uma revolução.
Publicada por Real Associação Beira Litoral
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015
EL-REI DOM DINIS - A JUSTIÇA, MOTOR DA PROSPERIDADE
Custa tanto ver 40 anos tão bem aproveitados nos séculos XIII-XIV e tão malbaratados nos séculos XX-XXI
El-rei D. Dinis governou de 1279 a 1325. A sua prioridade foi a organização do país. Mandou lavrar um considerável acervo de leis aplicáveis à generalidade do território - por oposição à dispersão normativa própria da Idade Média - e ordenou a compilação de leis avulsas e a sistematização do direito consuetudinário municipal.
Uma leitura dessa legislação detecta a preocupação com tudo aquilo que hoje dizemos ser o direito processual, ao qual começou a ser dado um peso tão importante como ao direito substantivo. Essa preocupação era, em concreto, a de dotar a administração do Estado de modos uniformes de proceder, com o que se igualizam os direitos dos cidadãos e estrangeiros, mas também a de centralizar e reforçar o poder régio.
Foi grande a preocupação, nesses 40 anos, de dotar Portugal de normas legais gerais e abstractas que, dentro da mundividência medieval e sem beliscar a estrutura da sociedade existente, garantissem a maior igualdade possível entre cada estalão de "iguais".
D. Dinis disciplinou os modos de proceder dos juízes, dos persoeiros e dos vozeiros, que é como quem diz dos magistrados judiciais, procuradores e advogados. Criou ainda os corregedores, magistrados que representavam a coroa em cada comarca, levando a presença do poder real para além dos domínios próprios da coroa, lançando as bases de uma rede de justiça uniforme e "distante" dos poderes locais, que se acreditava não resistirem a tentar influenciar os julgadores.
Sábio organizador do Estado, D. Dinis usou como principal instrumento de governo a primeira verdadeira reforma do sistema judicial, e fê-lo por constatar que essa era a melhor forma de garantir o próprio poder do soberano: um poder meramente "formal" sobre os súbditos, como acontecia em todo o mundo feudal, dava espaço ao surgimento de poderes intersticiais e à corrupção dos princípios e regras que se desejavam uniformes. Uniformidade de processos e procedimentos era a melhor forma de moralizar a realização da justiça!
No que à legislação criminal respeitava, vigorava um sistema de penas pecuniárias para a prática de crimes, as chamadas coimas, cuja aplicação não afastava a aplicação da sanção física ao caso cabível.
Fiscalmente, o crime compensava a colectividade.
Por fim - não só manifestação de humanidade, mas também de preocupação económica -, iniciou-se um processo de substituição das penas de morte e de encarceramento por penas de degredo para terras raianas: assim se povoava o território e se garantia o seu aproveitamento económico.
Como todas as reformas exigem fundos, D. Dinis recorreu à exploração intensiva de minérios e madeira, o que levou a incrementar relações comerciais, nomeadamente com Inglaterra, e fundar aquilo que viria a ser a Marinha portuguesa. Impulsionou o comércio, autorizando e potenciando a realização de feiras, para tanto reduzindo impostos: ganha-se mais cobrando muitas vezes pouco do que poucas vezes muito!
Como se tudo não bastasse, foi um dos mais cultos homens do seu tempo, tendo criado em 1290 os Estudos Gerais, gérmen da universidade portuguesa.
Custa tanto ver 40 anos tão bem aproveitados nos séculos XIII-XIV e tão malbaratados nos séculos XX-XXI.
Publicada por Real Associação Beira Litoral
domingo, 22 de fevereiro de 2015
MAR VERMELHO
O genocídio dos cristãos no Médio Oriente requer uma resposta internacional.
Sim, há um mar vermelho, mas este não é o que, com este nome, separa o Egipto da Arábia e que, segundo a Bíblia, o povo judeu atravessou a pé enxuto, fugindo do faraó e do seu exército, a caminho da terra prometida. Este 'mar vermelho' não o é em sentido figurado, como aquele, mas real, porque foi tingido pelo sangue dos 21 mártires coptas que os jihadistas, ou guerrilheiros do auto-proclamado Estado islâmico, que os árabes preferem designar por Daash, assassinaram numa praia da Líbia. O Mediterrâneo é agora vermelho, à conta do sangue inocente que nele foi derramado. É também, como diziam os romanos, o 'mare nostrum'. É hora de que a Europa e o mundo acordem para esta dramática realidade: é o nosso mar que é vermelho e é o sangue dos nossos irmãos que o mancha.
A Igreja cristã copta é antiquíssima, porque nasce de uma cisão primitiva da Igreja católica, por razões doutrinárias que se prendem com o concílio de Calcedónia, no ano 451, e tem, curiosamente, um papa a presidi-la. Apesar de alguma expressão no médio Oriente, não tem dimensão, nem influência política capaz de fazer frente às pretensões hegemónicas dos grupos islamistas radicais, de que o Daash, no seguimento da Al Quaeda é, na actualidade, o mais temível expoente. Mas foi o alvo escolhido por aquela milícia fundamentalista que, aproveitando-se da guerra civil na Líbia e da existência, em simultâneo, de dois governos nacionais, já domina grandes zonas desse país. Não terá sido em vão que as imagens da decapitação, numa praia mediterrânea, dos 21 cristãos egípcios, foram filmadas na Líbia, precisamente para provar que a sua implantação neste país não é fictícia.
É verdade que esta guerra não é um enfrentamento entre religiões, mas é inegável o propósito do Daash em criar uma região internacional interdita a todos os crentes que o não sejam da sua fé islâmica, mesmo que se afirmem também devotos de Alá e do seu profeta. Os 21 egípcios, imolados no altar da intolerância religiosa e do fundamentalismo bárbaro dos seus assassinos, eram cristãos. Na declaração que acompanha as horríveis imagens desse múltiplo homicídio, percebem-se referências a Alá, mas também ameaças contra os cristãos em geral e, mais em particular, os católicos. Com efeito, o cabecilha dessa funesta expedição punitiva afirma o seu propósito de "conquistar Roma, com a bênção de Alá". Se são eles que o dizem, quem se atreveria a negá-lo?!
De facto, foi a fé cristã das vítimas desta chacina, em terras líbias, a razão principal da sua morte. Se morreram por ódio à religião cristã, como de facto consta, nada obsta que a igreja copta os considere como mártires da fé. Segundo o Avvenire, são perceptíveis, nas terríveis imagens que registaram o seu sacrifício, palavras de fé pronunciadas pelas vítimas, na iminência da sua morte violenta.
De algum modo, não só o Daash mas todas as forças políticas que apostam na expulsão dos cristãos radicados no Médio Oriente, são, talvez de forma encapotada, cúmplices do fundamentalismo islamita na sua cruzada contra a liberdade religiosa e os direitos humanos. Há que reconhecer, a todos os cidadãos e comunidades religiosas naturais da Ásia menor, o indeclinável direito à terra que é a sua pátria e à prática da religião, seja ela qual for, que professam. Esta tem sido a reiterada posição da Igreja católica que, sobretudo através do patriarcado latino de Jerusalém e da Ordem pontifícia do Santo Sepulcro, luta desesperadamente por defender a presença cristã e de outras minorias na Terra Santa, não obstante a hostilidade de sectores israelitas mais radicais e dos extremistas muçulmanos.
Portugal e a comunidade europeia, que felizmente reagiu com tanta determinação frente aos ataques em Paris, não podem cruzar os braços ante esta tragédia humanitária, que está a ocorrer às suas portas, no seu próprio mar. São as costas espanholas, francesas, italianas e gregas que as águas do Mediterrâneo banham, agora tingidas pelo sangue destes 21 mártires. É o nosso sangue que está a ser derramado e, por isso, é também nossa a dor deste terrível luto. Por desgraça, volta a ser verdade o triste vaticínio do poeta: "Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal!"
P. Gonçalo Portocarrero de Almada
Fonte: Povo
Publicada por Real Associação do Médio Tejo
sábado, 21 de fevereiro de 2015
A MONARQUIA FAVORECE AS ELITES DO DINHEIRO E OLIGARQUIAS?
Isto é mais fácil de ocorrer na república. O elitismo do dinheiro e as oligarquias costumam ser muito influentes nas repúblicas, uma vez que constituem uma espécie de “clã”, ou seja, grupos de pessoas associadas em torno de interesses comuns, às quais não convém a existência de um poder maior, como, por exemplo, um monarca. A elite do “café com leite”, que, poucos anos após a queda da Monarquia, passou a controlar a “república”, foi um exemplo típico de oligarquia.
A própria condição de um príncipe moderno o afasta naturalmente desses circuitos, pois, nascido já com uma missão e educado desde cedo para exercê-la, ele tem sua vida voltada a tal objetivo, por cujo cumprimento lhe é dada uma estrutura material e psicológica que não comporta espaço para associações a grupos concêntricos como são as elites oligárquicas de um modo geral.
As oligarquias geralmente não gostam da monarquia, porque a existência do monarca é um obstáculo a atrapalhar o controle que desejam ter sobre as situações.
Publicada por Real Associação Beira Litoral
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015
3º CONGRESSO DA JUVENTUDE MONÁRQUICA PORTUGUESA
Bem-vindo(a) à página do 3° Congresso da3 Juventude Monárquica Portuguesa.
Esta página disponibiliza-te todas a informações relativas ao 3º Congresso da JMP, nomeadamente sobre inscrições, programa, actividades e as novidades mais frescas.
Cascais, cidade de mar, foi o local escolhido para o 3º Congresso da JMP.
Sempre com o olhar em direcção ao futuro, alicerçamos a nossa coragem no exemplo dos navegadores portugueses que desbravaram os oceanos, mas também nos ensinamentos de todos os que trabalham com o mar e pelo mar, principalmente os pescadores.
Esta página disponibiliza-te todas a informações relativas ao 3º Congresso da JMP, nomeadamente sobre inscrições, programa, actividades e as novidades mais frescas.
Cascais, cidade de mar, foi o local escolhido para o 3º Congresso da JMP.
Sempre com o olhar em direcção ao futuro, alicerçamos a nossa coragem no exemplo dos navegadores portugueses que desbravaram os oceanos, mas também nos ensinamentos de todos os que trabalham com o mar e pelo mar, principalmente os pescadores.
Cascais é isto mesmo; pesca, mar, bravura, mas também terra de reis. Recordamos, por exemplo, o gosto que o Rei dom Carlos tinha por este local.
O país vive numa tribulação permanente, necessitando, urgentemente, de uma alternativa política.
A JMP acredita que essa alternativa reside na Instituição Real, como farol de todos os portugueses.
O 3º Congresso da JMP é aberto a todos os jovens portugueses, associados ou não.
Inscreve-te e traz os teus amigos!
Em tempos de urgência nacional, queremos uma juventude patriótica ao serviço de Portugal! Junta-te a nós! Inscreve-te!
Publicada por Real Associação Beira Litoral
O REI DO POVO
«Rei sem Povo não é Rei, Povo sem Rei não é Povo», declarou atiladamente Dom Luís Álvares de Castro, 2.º Marquês de Cascais, tendo como interlocutor El-Rei Dom João V.
O Rei está ao serviço da Nação e não reclama da dificuldade de ler o Povo, pois, dispõe-se a tal. O Monarca indaga cada camada da população, aprende na sua verdade, e através de uma atitude racional chega ao que acredita será o reflexo da vontade do Povo. Essa é uma tarefa infinda e a preparação começa com a educação do herdeiro presuntivo da Coroa, não é uma realidade que se pode apreender de um momento para o outro.
Para conhecer o Povo é necessária presença, dirigir-se à própria matéria, face a face, acompanhá-la, permitir a espontaneidade, sair da confortável área da preguiça espiritual, para conhecer a «substância», e ouvindo as pretensões mais exageradas e os anelos mais essenciais, filtrar, chocar esses anseios e formar em consciência o que será o corpo do bem comum.
Na nossa sociedade contemporânea, tão igualada, já não existe possibilidade para Chefes de Estado de trato enfatuado, e em Portugal monarcas assim não houve: os nossos reis mantinham uma relação directa com o povo, e sentiam prazer em estar entre gente comum e quando abordados por qualquer pessoa do povo, entabulavam familiarmente uma conversa, até porquê os príncipes eram educados pelos seus doutos preceptores precisamente para isso. D. Aleixo de Menezes acautelava El-Rei Dom Sebastião: “o excesso de afabilidade, senhor, não compromete a autoridade do príncipe…».
Como escreveu o colossal Eça de Queiroz no panegírico “A Rainha”: «No tempo dos nossos velhos reis, ao contrário, todos os educadores de príncipes lhes ensinavam o alto dever real de comunicar docemente com o povo.»
Por Miguel Villas-Boas - Plataforma de Cidadania Monárquica
Publicada por Real Associação Beira Litoral
SS.AA.RR., Os Senhores Duques de Bragança presentes na primeira missa celebrada em Lisboa pelo Cardeal-Patriarca D. Manuel Clemente
O Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, sublinhou na homilia da missa de Quarta-Feira de Cinzas, que alguns sinais de recuperação económica demoram a chegar às famílias, e apelou à misericórdia para com os mais desfavorecidos.
«Mesmo alguns sinais de recuperação económica demoram em repercutir-se na vida e no estado de espírito de muitas pessoas e famílias, que por excessivos encargos e falta de trabalho e perspectivas não conseguem satisfazer necessidades básicas, nem olhar com optimismo o futuro, especialmente os mais jovens», afirmou D. Manuel Clemente, que presidiu, na Sé de Lisboa, à missa de cinzas, que marca o início da Quaresma, naquele que é o seu primeiro acto público em Portugal desde que foi criado cardeal pelo Papa Francisco, no passado sábado.
«Os crentes participam com os seus concidadãos ‘nas alegrias e esperanças, nas tristezas e angústias’ da sociedade que integram. Mas, exactamente por serem crentes, em tudo hão-de estar com os sentimentos de Deus revelados em Cristo, isto é, com a misericórdia que os aproxime de toda a pobreza e fragilidade, em comprovada presença e concreto apoio, correspondendo às multiplicadas carências dos outros», continuou o prelado.
D. Manuel Clemente, que falava para um templo sem lugares vagos, disse que «pode haver, como legitimamente acontece mesmo entre os discípulos de Cristo, diferenças na análise dos problemas e perspectivas distintas para a respectiva resolução», mas que «o que não pode haver é desistência ou atraso quanto ao essencial, que é responder com empenho às carências pontuais ou persistentes da sociedade que integram».
Colocando a tónica da homilia na «misericórdia», D. Manuel Clemente afirmou: «A Quaresma que iniciamos tem este conteúdo vivo, de nos rendermos à misericórdia de Deus e de a reproduzirmos em nós, para que chegue a todos; e o mundo passe com Cristo para o Pai, repassado por fim dum amor definido, absolutamente próximo e inteiramente solidário. Tanta coisa depende disso, que nenhum de nós tardará decerto. Jejuemos do mais, pois só assim bastaremos; partilhemos os bens, que só em comum serão nossos; perseveremos na oração, para prosseguirmos com Deus».
A homilia lida hoje pelo Cardeal Patriarca é a mensagem da Quaresma da Diocese de Lisboa, explicou à Lusa fonte do patriarcado.
Na mensagem é afirmado que «entrar em Quaresma é aceitar um desafio imenso, como é entrar no próprio coração divino. É um modo poético e, assim mesmo, verdadeiro, de corresponder à revelação bíblica do que Deus foi revelando de Si próprio, ao longo daquela história exemplar para todos os povos, tempos e lugares. Coração divino, que em Jesus demonstrou a correspondência absoluta com o coração humano, faminto e sedento de tantas fomes e sedes».
Cerca de 400 pessoas, entre elas o secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, e os Duques de Bragança, D. Duarte Pio e D. Isabel, assistiram à eucaristia, na qual participam cerca de 20 sacerdotes e os bispos auxiliares da diocese.
Numa parede lateral da Sé está já posto o pano de arma do Cardeal-Patriarca com a respectiva divisa: «In lumine tuo».
A cerimónia contou ainda com a presença das ordens do Santo Sepulcro, de Malta e de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, bem como com a Irmandade do Santíssimo Sacramento da Sé.
Fonte: TVI24 e Patriarcado de Lisboa
Publicada por Real Associação do Médio Tejo
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015
PROGRAMA LISBOA REALISTA 2015-2017 (LISTA A)
Inovação na Continuidade
I
Introdução
Ao formarmos uma lista candidata aos Órgãos Sociais da Real Associação de Lisboa fundada em boa parte pelos elementos que agora cessam funções, e estando no nosso espírito a ideia bem monárquica de continuidade no serviço à Causa, entendemos que deveríamos recuperar a designação de “Lisboa Realista”. Como referiu o Presidente da Real Associação de Lisboa Nuno Pombo, que com tanta coragem e perseverança assumiu em 2012 o comando da Direcção que agora termina funções, essa designação assenta em dois pressupostos: realistas por sermos fiéis ao ideário monárquico por um lado, e por outro, por temos consciência da escassez dos nossos recursos – por sinal absolutamente desproporcionais ao reconhecimento público da Instituição que defendemos. Ou seja, temos a inteira noção de quão preciosos são os nossos parcos meios, só possíveis rentabilizar com tenaz empenho e inspiração. Ou seja, é neste quadro que cumpre-nos com todas as nossas forças manter a chama acesa da Instituição que com Portugal nasceu e o incorpora há quase 900 anos.
À designação de Lisboa Realista decidimos adicionar “Inovação na Continuidade” como assinatura. O termo inovação remete-nos para a imperiosa necessidade de, se assim for eleito, este grupo de trabalho se focar na constante procura duma renovada energia criadora perante as rotinas e contrariedades, aspecto que os novos elementos agora integrados na lista não deixarão de suscitar. Já o termo “continuidade” tem o sentido que foi explanado anteriormente e remete-nos para um sentimento profundamente monárquico, aquele que é um Valor que nem sempre é bem compreendido e valorizado pelos portugueses: o da estrutural importância de todos aqueles anos, meses e dias que intermedeiam os grandes feitos ou heróicas conquistas. Acontece que a ameaça da decadência ou extinção de um Povo, de uma Instituição ou duma pessoa, está no desinvestimento na administração da actividade quotidiana e rotineira, que nos fortalece e prepara para cumprir o nosso destino.
Antes de passarmos à enumeração dos pontos que incluímos no nosso programa, em grande parte readoptado da anterior candidatura, que pretendemos realista e ao mesmo tempo exigente, achamos importante relevar três ideias genéricas que pretendemos presidam ao próximo mandato:
1) Comunicação - Reforçar um discurso politicamente atractivo para o “Páteo dos Gentios” da nossa Causa, um imenso universo de gente interessada na Coisa Pública, com diferentes afinidades políticas e ideológicas que, não considerando a questão do regime prioritária, simpatize com a forma monárquica da Chefia do Estado.
2) Imagem - Reforçar o cuidado na transmissão de uma imagem atractiva e profissional da nossa comunicação e apostar na visibilidade dos símbolos monárquicos que constituem um manancial de reputação nem sempre explorado mas de que somos legitimamente legatários, através da utilização de bandeiras e painéis decorados nas nossas iniciativas públicas, políticas ou culturais.
3) Rejuvenescimento - Reforçar o relacionamento com as estruturas da Juventude Monárquica e promover o contacto com as escolas da nossa área de jurisdição no contexto do Projecto Educar, com vista a um esforço adicional de atracção das gerações mais jovens para o projecto político da Causa Real.
João de Lancastre e Távora 06 de Fevereiro de 2015
Proposta de Programa
I
A Aposta na Juventude e na Formação
- Apoiar e dinamizar a Juventude Monárquica de Lisboa, envolvendo-a nas actividades da Real e promovendo as suas iniciativas.
- Sublinhar a decadência da cartilha republicana em contraposição com a frescura e a novidade da mensagem monárquica.
- Continuar as acções de formação política e comunicacional aos jovens.
- Fomentar o contacto entre os jovens monárquicos, numa lógica organizativa e de intervenção
- Valorizar as plataformas de comunicação mais apelativas, aproveitando a Juventude para a dinamização da blogosfera e das redes sociais.
- Estabelecer rede com as principais associações académicas e organizações de juventude em colaboração com a JMP.
- Promover debates alusivos à questão do regime e o seu impacto no futuro de Portugal, no âmbito do Projecto Educar sempre que se ajuste.
- Mobilizar a Juventude para acções de solidariedade e de sensibilização ecológica e patrimonial.
- Promover eventos de cariz cultural, musicais e outros com o intuito de atrair novos associados e demonstrar que a Real Associação de Lisboa se preocupa com a carência cultural que Portugal atravessa.
- Disponibilizar recursos para formações específicas em cada uma das plataformas de comunicação.
II
A Aposta na Comunicação
- Reforçar o cuidado na transmissão de uma imagem atractiva e profissional da nossa comunicação e apostar na visibilidade dos símbolos monárquicos que constituem um manancial de reputação.
- Manter a aposta na edição publicação e distribuição da revista Correio Real com base no existente protocolo de colaboração com a Causa Real.
- Apostar numa campanha de promoção ambiciosa para aumento de sócios, através dos nossos meios de comunicação (online e offline).
- Reforçar e sistematizar a comunicação através das plataformas sociais (internet).
- Apostar em campanhas na plataforma Facebook para alargamento do universo de seguidores.
III
A Aposta na Acção Política na Comunidade
- Manter a aposta no apoio à criação e dinamização dos núcleos. É nossa intenção reconduzir as Comissões Directivas dos Núcleos SUL DO TEJO e Odivelas , que foram empossadas há escassos meses e merecem toda a confiança desta candidatura até pelo trabalho já desenvolvido. Revitalizar os Núcleos de Sintra e da Costa do Estoril.
- Contactar todos os presidentes de câmara (e de juntas de freguesia mais populosas) da nossa área geográfica de intervenção, no sentido de lhes pedir uma audiência e nos darmos a conhecer.
- Preparar essas audiências, localizando os nossos associados dessas autarquias, quando isso se mostrar possível e razoável, promovendo um contacto directo para potenciar acções conjuntas de interesse reciproco.
- Promover o contacto e o conhecimento de visitas para conhecer instituições locais de importância social reconhecida, apoiando as suas causas. Será esta uma das principais missões dos núcleos: identificar preocupações locais, dar eco delas, de modo a que se possa colocar o movimento monárquico ao serviço da sua transmissão.
- Acompanhar a actividade política e estreitar as relações com as estruturas partidárias e os deputados eleitos pelos Distritos de Lisboa e Setúbal. Dar-lhes a conhecer as nossas iniciativas e procurar manter contacto directo com eles, independentemente da sua cor política.
- Identificar as grandes “forças vivas” da nossa comunidade e ir falar com elas (ex. SCML, associações de estudantes, académicas, de defesa do ambiente e do património, conhecer a sua actividade, as suas preocupações e mostrarmo-nos parceiros das suas causas). Sublinhar, neste esforço, a importância dos núcleos, concelhios e estudantis.
- Promover, à luz do que se procurou fazer mandato anterior, eventos culturais e visitas a monumentos, colóquios sobre política, economia, cultura. Procurar parcerias com outras instituições que as queiram promover connosco, é uma das formas de dar maior visibilidade ao nosso Movimento.
IV
A Aposta no Reforço do Associativismo
- Colaborar próxima e lealmente com a Causa Real, cúpula do Movimento a nível nacional, pondo ao serviço dela a capacidade organizativa e os meios humanos da Real.
- Lançar um projecto de financiamento para a reabilitação da sede da Praça Camões de forma a conferir-lhe maior dignidade.
- Digitalizar e disponibilizar ao público através de uma página para o efeito no site da Real Associação de Lisboa, o precioso espólio fotográfico da Causa Monárquica e de outras organizações monárquicas de que a RAL é depositária.
- Organizar, catalogar restaurar e encadernar o espólio de literatura monárquica de que a Real Associação de Lisboa é depositária para a criação de uma “biblioteca Monárquica”.
- Assegurar o nível organizativo já alcançado ao nível das bases de dados.
- Continuar a promover a Missa de sufrágio pelas almas de S.M. o Rei D. Carlos e do Príncipe Real, D. Luiz Filipe.
- Manter o apoio logístico ao Jantar dos Conjurados.
- Assegurar a organização de um evento para celebrar o Aniversário da Real – Maio / Junho – procurando que ele se torne no evento de encontro dos sócios.
- Promover dentro das nossas capacidades e circunscrição geográfica um discurso e a propagação de uma comunicação politicamente atractiva para o imenso “Páteo dos Gentios” da nossa Causa que, não considerando a questão do regime prioritária, simpatize com a forma monárquica da Chefia do Estado.
- Retomar o contacto institucional, que se fez noutros tempos, com outras organizações monárquicas europeias e brasileiras.
Lisboa, 6 de Fevereiro de 2014
Publicada por Real Associação Beira Litoral
domingo, 15 de fevereiro de 2015
A púrpura e a pobreza
Com a elevação ao cardinalato do patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, cumpre-se uma antiga tradição, qual é a de honrar com esta dignidade o arcebispo metropolita da capital portuguesa. Os cardeais são, por assim dizer, os mais próximos conselheiros do papa no governo eclesial e, por isso, é comum atribuir-lhes a designação de príncipes da Igreja. A uma tal honra está associada a inerente responsabilidade e uma série de prerrogativas, algumas já caídas em desuso e outras – como o tratamento de ‘eminência’, a cor encarnada das vestes corais, etc. – ainda vigentes, embora talvez pareçam anacrónicas, senão mesmo em contradição com a pobreza evangélica, para a qual tão fortemente tem apelado o Papa Francisco.
Com efeito, o actual pontífice romano, depois de eleito, teve de escolher o nome que passaria a usar como sucessor do apóstolo Pedro. Como o prelado que se sentara a seu lado, durante o conclave, lhe sugerira que, no seu pontificado, não se esquecesse dos pobres, Jorge Bergoglio escolheu para si o nome de Francisco. Sendo jesuíta, houve quem pensasse que se referia a S. Francisco Xavier, o missionário da Companhia de Jesus que foi apóstolo na Índia e no Extremo Oriente. Mas depressa o sucessor de Bento XVI esclareceu que a razão do seu novo nome se prendia, não com este Francisco, mas com o de Assis. Advertiu também que queria uma Igreja pobre e, para frisar a necessidade do desprendimento, foi o primeiro a dar exemplo: usando uma cruz peitoral e um anel de prata, em vez do ouro que usaram os seus antecessores; trocando o apartamento pontifício por um quarto na casa de S. Marta; substituindo a limousine papal por um carro utilitário; prescindindo da residência de verão dos papas, em Castel Gandolfo, etc.
No contexto de uma Igreja pobre e para os pobres, não seria também lógico que se suprimisse a dignidade cardinalícia, cujas honras principescas parecem destoar da pobreza evangélica que o papa quer para si próprio e para todos os seus colaboradores, a começar pelos mais próximos? Sendo o colégio cardinalício de origem eclesiástica, nada obsta à sua eventual eliminação, que não poderia realizar-se se, porventura, fosse de instituição divina, como é, por exemplo, o episcopado. Portanto, da mesma forma como a Igreja entende que não pode aceitar a ordenação de mulheres, porque para tal não está mandatada pelo seu divino Mestre, também deveria entender que não se justifica a dignidade cardinalícia, que também não tem fundamento evangélico.
Se é salutar que todos os ministros ordenados, sejam eles diáconos, padres ou bispos, imitem a vida pobre, casta e obediente de Cristo, também convém que os cardeais procurem seguir o mesmo exemplo. Nem sempre foi assim – pense-se, por exemplo, nos cardeais Richelieu e Mazarino – mas há muito que, graças a Deus, as pompas e honrarias mundanas de que se rodeavam esses príncipes da Igreja deram lugar a um exercício mais sóbrio e evangélico da sua dignidade. Mas proceder à sua extinção não se justificaria, não só porque obrigaria a uma revisão do procedimento previsto para a escolha do sucessor de São Pedro, agora eleito pelos purpurados com menos de oitenta anos, mas também porque seria prejudicial para a colegialidade da Igreja. A colaboração dos bispos no governo eclesial universal ocorre por via dos concílios ecuménicos e dos sínodos mas, como estes eventos têm carácter extraordinário, é sobretudo através da participação habitual dos cardeais nos diversos departamentos do governo central da Igreja que se assegura essa colegialidade.
O Papa Francisco, ao universalizar o colégio cardinalício, tem procurado garantir a sua representatividade. Ao nomear cardeais alguns bispos de dioceses periféricas e de menos recursos, em detrimento dos provenientes de sedes episcopais a que tradicionalmente estava anexa a púrpura, o Bispo de Roma promove o regresso à simplicidade e pobreza evangélica do sacro colégio, ao mesmo tempo que valoriza as qualidades pessoais dos bispos que eleva à condição de seus mais próximos conselheiros e colaboradores na pastoral da Igreja católica.
Neste sentido, a eleição do patriarca de Lisboa justifica-se plenamente, não tanto pelo antigo privilégio da mitra olisiponense, mas pelos méritos pastorais – é bispo de Lisboa depois de o ter sido do Porto, as duas mais importantes cidades portuguesas – e pessoais – recorde-se que, entre outras muitas distinções, ganhou o prémio Pessoa – que atestam a excepcional valia eclesial e intelectual do agora novo cardeal.
Na realidade, não é só o titular da sé lisbonense, ou a arquidiocese da capital, ou a Igreja portuguesa que estão de parabéns, mas todo o país. Este reconhecimento papal dos méritos do presidente da conferência episcopal portuguesa e patriarca de Lisboa é uma grande honra para Portugal.
P. Gonçalo Portocarrero de Almada
Fonte: Observador
Com efeito, o actual pontífice romano, depois de eleito, teve de escolher o nome que passaria a usar como sucessor do apóstolo Pedro. Como o prelado que se sentara a seu lado, durante o conclave, lhe sugerira que, no seu pontificado, não se esquecesse dos pobres, Jorge Bergoglio escolheu para si o nome de Francisco. Sendo jesuíta, houve quem pensasse que se referia a S. Francisco Xavier, o missionário da Companhia de Jesus que foi apóstolo na Índia e no Extremo Oriente. Mas depressa o sucessor de Bento XVI esclareceu que a razão do seu novo nome se prendia, não com este Francisco, mas com o de Assis. Advertiu também que queria uma Igreja pobre e, para frisar a necessidade do desprendimento, foi o primeiro a dar exemplo: usando uma cruz peitoral e um anel de prata, em vez do ouro que usaram os seus antecessores; trocando o apartamento pontifício por um quarto na casa de S. Marta; substituindo a limousine papal por um carro utilitário; prescindindo da residência de verão dos papas, em Castel Gandolfo, etc.
No contexto de uma Igreja pobre e para os pobres, não seria também lógico que se suprimisse a dignidade cardinalícia, cujas honras principescas parecem destoar da pobreza evangélica que o papa quer para si próprio e para todos os seus colaboradores, a começar pelos mais próximos? Sendo o colégio cardinalício de origem eclesiástica, nada obsta à sua eventual eliminação, que não poderia realizar-se se, porventura, fosse de instituição divina, como é, por exemplo, o episcopado. Portanto, da mesma forma como a Igreja entende que não pode aceitar a ordenação de mulheres, porque para tal não está mandatada pelo seu divino Mestre, também deveria entender que não se justifica a dignidade cardinalícia, que também não tem fundamento evangélico.
Se é salutar que todos os ministros ordenados, sejam eles diáconos, padres ou bispos, imitem a vida pobre, casta e obediente de Cristo, também convém que os cardeais procurem seguir o mesmo exemplo. Nem sempre foi assim – pense-se, por exemplo, nos cardeais Richelieu e Mazarino – mas há muito que, graças a Deus, as pompas e honrarias mundanas de que se rodeavam esses príncipes da Igreja deram lugar a um exercício mais sóbrio e evangélico da sua dignidade. Mas proceder à sua extinção não se justificaria, não só porque obrigaria a uma revisão do procedimento previsto para a escolha do sucessor de São Pedro, agora eleito pelos purpurados com menos de oitenta anos, mas também porque seria prejudicial para a colegialidade da Igreja. A colaboração dos bispos no governo eclesial universal ocorre por via dos concílios ecuménicos e dos sínodos mas, como estes eventos têm carácter extraordinário, é sobretudo através da participação habitual dos cardeais nos diversos departamentos do governo central da Igreja que se assegura essa colegialidade.
O Papa Francisco, ao universalizar o colégio cardinalício, tem procurado garantir a sua representatividade. Ao nomear cardeais alguns bispos de dioceses periféricas e de menos recursos, em detrimento dos provenientes de sedes episcopais a que tradicionalmente estava anexa a púrpura, o Bispo de Roma promove o regresso à simplicidade e pobreza evangélica do sacro colégio, ao mesmo tempo que valoriza as qualidades pessoais dos bispos que eleva à condição de seus mais próximos conselheiros e colaboradores na pastoral da Igreja católica.
Neste sentido, a eleição do patriarca de Lisboa justifica-se plenamente, não tanto pelo antigo privilégio da mitra olisiponense, mas pelos méritos pastorais – é bispo de Lisboa depois de o ter sido do Porto, as duas mais importantes cidades portuguesas – e pessoais – recorde-se que, entre outras muitas distinções, ganhou o prémio Pessoa – que atestam a excepcional valia eclesial e intelectual do agora novo cardeal.
Na realidade, não é só o titular da sé lisbonense, ou a arquidiocese da capital, ou a Igreja portuguesa que estão de parabéns, mas todo o país. Este reconhecimento papal dos méritos do presidente da conferência episcopal portuguesa e patriarca de Lisboa é uma grande honra para Portugal.
P. Gonçalo Portocarrero de Almada
Fonte: Observador
Publicada por Real Associação do Médio Tejo
PARA OS ENAMORADOS PELA MONARQUIA: FELIZ DIA DE S. VALENTIM!
A afectividade depende de condições múltiplas que escapam ao domínio do estritamente racional, sendo que cada um tem uma maneira própria de sentir as coisas, querendo mais uma ou outra coisa. Mas a afeição além de ser necessária é natural, pois quem gosta é naturalmente feliz.
Existe um “elo” que liga os membros das famílias reais - em especial o Rei – ao Povo do seu País. Essa ligação é natural e intrínseca, e por isso quase nos impossibilita de explicar como nasce, mas todos verificamos e compreendemos que existe uma afectuosidade difusa entre os sujeitos que provoca um interesse atento e permanente a tudo o que são assuntos reais, que o Povo todo se alvoroça com a Presença da realeza e que “os primeiros entre os seus pares” só porque aparecem, dominam a atenção.
De tudo o que parece ligar Rei e Povo, nada há que possa parecer mais natural do que aquele dom que o Monarca tem de discernir e captar a vontade do seu Povo e fazê-la convergir para um fim comum a todos, e esse juízo é uma qualidade que faz o Povo sentir uma enorme exultação e empatia pelo seu soberano. Por isso o Povo dedica aos seus Príncipes uma alta estima, o que se lhe testemunha sempre que um determinado evento os congrega. Por isso podemos verificar que o Povo muitas vezes, sem moderação nas paixões e nas afeições, chega a adoptar um comportamento que se fosse dedicado a um político comum seria considerado extravagante. Um Monarca que personifica o carácter nacional, e que se exprime no serviço e na dedicação ao bem comum! O Rei ama a terra como se dela houvesse germinado e o Rei chefia e protege como pai o seu Povo. Como dizia a nossa velha lei: «em prol do comum e aproveitança da terra».
Como escreveu Eça de Queiroz, no panegírico ‘A Rainha’: “Na sua «Doutrina ao Infante D. Luís», o douto humanista Lourenço de Cáceres gravemente lhe recomenda “que se não aparte da afabilidade nem dê pouca parte de si ao povo, pois que não há erro mais nocivo para quem seja de senhorear ânimos portugueses!” E D. Aleixo de Menezes, na sua fala e despedida sublime a el-rei Dom Sebastião, lança estas grandes palavras: “o excesso de afabilidade, senhor, não compromete a autoridade do príncipe… Mas muitos príncipes, relaxando a sua autoridade com os validos e conservando trato altivo para o seu povo, vieram a ser aborrecidos de uns e desestimados de outros.»”
Assim, porque um Rei ou Rainha sem altivez, não reclamam qualquer tipo de submissão ao Seu Povo, mas despertam pela Sua boa vontade e delicadeza o ganho natural da estima.
Por Miguel Villas-Boas - Plataforma de Cidadania Monárquica
Publicada por Real Associação Beira Litoral
sábado, 14 de fevereiro de 2015
'SUAS MAJESTADES FIDELÍSSIMAS' OS REIS DE PORTUGAL
Porque era atribuído o título de Sua Majestade Fidelíssima ao Rei de Portugal a partir do século XVIII?
De Dom João V, o Magnânimo e o Rei-Sol Português, disse Veríssimo Serrão em «História de Portugal» volume V página 234 que «era senhor de uma vasta cultura, bebida na infância com os Padres Francisco da Cruz, João Seco e Luís Gonzaga, todos da Companhia de Jesus. Falava línguas, conhecia os autores clássicos e modernos, tinha boa cultura literária e científica e amava a música. Para a sua educação teria contribuído a própria mãe, que o educou e aos irmãos nas práticas religiosas e no pendor literário.»
Do ponto de vista cultural o reinado de Dom João V é profícuo. No campo filosófico surge Luís António Verney com o Verdadeiro Método de Estudar e, no campo literário António José da Silva. Foi fundada a Real Academia Portuguesa de História e introduzida a Ópera italiana. Todo o reinado é caracterizado pela criação de instituições, especialmente no campo económico e educativo, no sentido de adaptar o País às grandes transformações que se tinham operado. Surge a Real Mesa Censória, o Erário Régio e a Real Junta do Comércio. Foi no seu reinado que se produziu a primeira, se não única reforma profunda da Universidade, e que surgiu o ensino primário, assim como o ensino secundário com a fundação do Colégio dos Nobres e a Aula do Comércio. Foi, ainda, no seu reinado que começou a construção do aqueduto das Águas Livres, que trazia a água de Belas para o regular abastecimento de água de Lisboa.
O barroco manifesta-se na arquitectura, mobiliário, talha, azulejo e ourivesaria, com grande riqueza. Dom João V foi responsável por mandar construir o Real Convento de Mafra que se tornou no mais importante monumento do barroco português, e cujos projectos e direcção da obra couberam ao ourives alemão, com formação de arquitectura em Itália, João Frederico Ludovice, e cujas obras se iniciaram em 1717 e terminariam em 22 de Outubro de 1730. No dia do 41º aniversário do Rei, procedeu-se à sagração da Basílica. Dois anos passaram sem filhos do seu casamento com D. Mariana d’Áustria, e fazendo o Rei promessa a Santo António, em 1711 começariam a nascer os cinco filhos. Então, o Rei mandou construir, em Acção de Graças, o Convento de Mafra, inaugurado em 1744 pelo Papa Bento XIV, do qual quatro anos mais tarde, VIRIA A RECEBER O TÍTULO DE SUA MAJESTADE FIDELÍSSIMA, EXTENSÍVEL AOS SEUS SUCESSORES.
Por Miguel Villas-Boas - Plataforma de Cidadania Monárquica
Publicada por Real Associação Beira Litoral
Subscrever:
Mensagens (Atom)