sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Escola Portuguesa de Arte Equestre comemora a Restauração da Independência de Portugal

Imagem-cartaz da Gala D. João IV da EPAE

Escola Portuguesa de Arte Equestre (EPAE) vai realizar, no próximo dia 30 de novembro, pelas 21h30 no Picadeiro Henrique Calado (Calçada da Ajuda, Belém), uma gala especial de comemoração da Restauração da Independência de Portugal.
Denominada ‘Gala D. João IV’, a penúltima gala da EPAE em 2018 pretende assinalar, através da recriação da tradição equestre portuguesa, a Restauração da Independência de Portugal, golpe de estado revolucionário ocorrido a 1 de dezembro de 1640 e que culminou com a aclamação de D. João IV como Rei de Portugal.
Neste espetáculo, com a duração de cerca de 1h30, os cavaleiros envergam traje de gala, do qual se destaca o tricórnio de feltro preto, casaca comprida de veludo bordeaux, com gola preta e galão dourado e preto e as polainas em couro pretas. Os cavalos, de raça Lusitana de Alter Real, apresentam-se entrançados com trança à portuguesa, de três pontas, e enfitados com fitas de seda, sela à portuguesa coberta de pele de anta ou camurça e desenvolvem exercícios característicos do período barroco, como os “ares altos” e os “jogos da corte”, torneios praticados entre os séculos XVIII e XIX, em ocasiões festivas.
Considerada Património Nacional, e uma das melhores do mundo, a Escola Portuguesa de Arte Equestre é a continuação do que foi a Academia Equestre criada pelo Rei D. João V no séc. XVIII, e os seus espetáculos são uma reconstituição de um dos passatempos favoritos da corte da época: a Equitação.
As atividades de preparação para a Gala podem ser acompanhadas no Páteo da Nora, também na Calçada da Ajuda em Lisboa, a partir das 20h30.
Os bilhetes para este espetáculo podem ser adquiridos nas bilheteiras da Parques de Sintra, na bilheteira da EPAE no Picadeiro Henrique Calado, ou online em parquesdesintra.pt e em blueticket.pt.

DEUS - PÁTRIA - REI

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

O Rei e a Monarquia Futura – Parte II

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas e interiores

São necessários, um projecto e um programa políticos e pelo menos um esboço do que se pretende que seja uma Monarquia futura, e que aproveite esta revitalização do credo Monárquico que se propaga como ar fresco pelas redes sociais, e que qual nova doutrina entusiasticamente pugna por um modernizado regresso à estrutura política monárquica, até pré-monarquia-constitucional, em que o papel da Democracia Directa era uma constante, ao contrário do actual republico-parlamentarismo em que umas quantas dinastias de jacobinos saídos da febril implantação republicana, e, de influências intelectuais seleccionadas, se cedem à vez. A desagregação deste modelo republicano falhado é vertiginosa, pois ‘pilriteiro dá pilritos, a mais não é obrigado’, e vive-se, hoje, numa Partidocracia, com uma alternância no poder dos maiores partidos – mais ou menos apoiados em partidos-bengalas, mais ou menos reféns das suas ideologias -, rotativismo no qual existe uma comunhão nada saudável que apenas facilita a distribuição de sinecuras, vulgo “tachos”. Uma falsa representatividade na qual o poder não é exercido pelo Povo, mas numa alternância de facções, um novo situacionismo marcado por um modelo eleitoral vencido, derrotando a perspectiva de verdadeira Democracia. Não existem verdadeiramente ideologias, mas caça às benesses, não passando a política de uma simples conciliação de sinais contrários, onde emerge, como consequência nefasta e motor, a corrupção. Os políticos são um caso acabado de cépticos sem sentido de missão que procuram enriquecer. Falam em progresso só em termos de melhoramentos materiais, porque há muitas estradas, falam em boa-economia onde só se agravou uma dominância banco-financeira, bem como uma ilusão de crescimento dependente da engenharia financeira. Foi assim que o País ficou dependente do empréstimo estrangeiro. O establishment do sistema político institucional, marcado pelo caciquismo perdeu real representatividade. Houve, de facto, um esvaziamento moral triturado pela máquina da rotina do poder, onde os delfins do sistema tentaram uma evolução na continuidade que não conseguiu dinamizar a sociedade. Hoje, estão esgotadas todas as fontes ideológicas deste sistema político, que se tornou um mero centro de emprego.

Importa lembrar que na Monarquia os Reis Portugueses exerciam a Soberania por delegação da Comunidade por intermédio de um pactum subjectionis em que o mandato real era limitado, uma vez que o poder vinha directamente de Deus para o Povo tendo estes súbditos o poder in habitu e os reis apenas o poder in actu. Ora, um dos elementos que influenciaram a formação do constitucionalismo foi a doutrina do pactum subjectionis, pela qual, o Povo confiava no governante, na condição de que o governo seria exercido com equidade, legitimando-se o direito de insubordinação popular caso o monarca violasse as regras das leis fundamentais do Reino e dessa forma o pacto subscrito pelo monarca e pelos súbditos. Assim o poder real não era Absoluto, mas limitado pela doutrina do Pacto Social - ideia de que a autoridade dos governantes se fundava num contrato com os súbditos (pactum subjectionis). Era claro, um Poder Monárquico tradicional e paternal, pois os Reis eram o lugares-tenentes de Deus na Terra, mas todos eles reinaram a favor do Povo uma vez que uma má administração da Nação os inabilitaria de serem Reis. Porém, foi esse pacto a base da Monarquia Constitucional que é um regime político que concilia a forma de governo monárquico - em que a suprema magistratura do Estado se transmite por via hereditária entre os descendentes da Dinastia reinante - com a subsistência de uma Constituição. O Monarca será um de diferentes órgãos do Estado e que exercerá os poderes que lhe estarão consagrados na Lei Fundamental do País, que pode ser escrita ou não (como no Reino Unido).

‘Vós sabeis que o solo, que hoje chamamos Portugal, não conheceu desde séculos remotos outro Governo Político, que não fosse o Monárquico-Representativo. Prelados e Grandes Senhores formavam unicamente esta Representação: o Povo não tinha voz nem acção num regime quase feudal. Os Reis Portugueses, pouco depois do princípio da Monarquia, concederam ao terceiro Estado os direitos e a dignidade que os séculos bárbaros lhe haviam negado. Floresceu então Portugal à sombra de um Governo completamente Representativo: porém, não havendo Leis que fixassem de um modo invariável as Instituições adoptadas pela prática e tradição dos Maiores, vieram estas a cair em esquecimento; emudeceram as Cortes da Nação e estava reservado para os nossos dias renová-las por meio de estabelecimentos sábios e permanentes.
Tal foi o projecto que, na Sua Real Mente, concebeu Meu Augusto Pai [D. João VI], cuja memória será sempre cara aos Portugueses; e tal foi o que com glória imortal executou Meu Augusto Irmão [D. Pedro IV], felicitando esta Nação com a nova Carta Constitucional...’, assim constou o Discurso do Trono da Infanta Regente D. Isabel Maria de Bragança, de 30 de Outubro de 1826.

Nesta Monarquia Restaurada, o seu Governo será Monárquico, Hereditário e Representativo e tal como previa a Carta Constitucional de 1826, in ‘Do Poder Executivo, Art. 75º: ‘O Rei é o Chefe do Poder Executivo, e o exercita pelos seus Ministros de Estado.’ Ou seja, os Reis não são primeiros-ministros ou ministros, mas presidentes dos ministros. Os ministros governam os assuntos e negócios de Estado, o Rei governa os Ministros.

Assim, hoje, a Monarquia que queremos será uma Monarquia Constitucional, que terá legitimidade democrática, pois os órgãos que efectivamente exercem o poder político conquistam a sua legalidade e legitimidade das eleições por sufrágio directo e universal. Assim sendo, originariamente, o poder reside no Povo, contudo exerce-se sob a forma de governo monárquico. O Parlamento será democraticamente eleito e deverá ser por Círculos Uninominais ou, ainda melhor, por Voto Nominal, onde será possível ao cidadão-eleitor fazer a sua escolha em função de pessoas que conhece e que poderá responsabilizar, se for o caso; diferente do actual sistema eleitoral falsamente representativo pois não permite aos eleitores elegerem os seus deputados. É imprescindível um sistema eleitoral que permita a eleição dos deputados pelos eleitores, e não exclusivamente pelos partidos, como sucede actualmente. A eleição dos deputados para o Parlamento deve assentar num sistema de eleição individual, por método maioritário. Só este sistema ampliará o papel democrático do deputado eleito tornando-o em real representante de toda a comunidade do seu círculo eleitoral, imputando-lhe uma responsabilidade individual perante os seus eleitores correspondentes através da criação de vagas para candidaturas autónomas, imprescindíveis para voltar a despertar o interesse dos cidadãos pela política, longe das conveniências salinadas dos partidos políticos do arco do poder e seus satélites. Reforçaria, tal-qualmente, a fiscalização dos que seriam, verdadeiramente, legítimos representantes do Povo que teriam de receber e ouvir os seus eleitores e de corresponder às suas legítimas expectativas.

O actual sistema eleitoral proporcional, de círculos plurinominais e do domínio de listas fechadas partidárias para a eleição dos deputados nacionais, tem demonstrado ser um sistema representativo em que a relação entre o deputado e o eleitor é inexistente, as preocupações reais das populações são relegadas para segundo plano e substituídas pelos interesses dos lóbis e das agendas particulares dos partidos políticos que têm um pacto instituído. Assente no método proporcional e de Hondt é uma total desvirtuação da democracia política e eleitoral: não só despreza muitos dos votos, como os nulos e os brancos, assim como a abstenção, e que assim de nada servem para a efectiva escolha e eleição dos candidatos, como ignora o sentido real do voto no candidato efectivamente escolhido pelo eleitor, pois limita-se a distribuir os votos dos eleitores por quotas consoante o número de candidatos a eleger. Neste método os eleitores ao preencherem o seu voto estão apenas a ratificar uma lista pré-preenchida e uma aritmética pré-determinada de distribuição dos votos entre os partidos políticos com representação parlamentar. Assim, as actuais listas fechadas, e assim partidárias, submetidas ao sufrágio popular fazem dos deputados meros representantes dos partidos e dos seus interesses.

Implementando um efectivo sistema de eleição dos deputados para o Parlamento, baseado na sua eleição pessoal e individual, por método maioritário, regional e local, com voto nominal ou pelos círculos eleitorais uninominais, permitirá o surgimento de candidatos independentes locais, das forças vivas da sociedade, desde a base da população até ao topo, desprendida dos partidos políticos tradicionais e dos seus interesses, despertando a participação dos cidadãos na política, e tendo estes, também, uma acção fiscalizadora, pois só passará a haver uma verdadeira democracia parlamentar em Portugal, em que os cidadãos sejam a prioridade e pondo fim ao regímen de partidocracia – o exercício do poder legislativo não pode ser exclusivo dos partidos políticos. Depois, num Parlamento representativo uma Proposta do legislador será apresentada no Parlamento, depois debatida na comissão parlamentar, que depois a remeterá novamente ao Parlamento que a enviará ao Monarca que dará o seu Assentimento Real e todas as leis serão aprovadas em nome do Rei. O Soberano poderá, conceder o Assentimento Real (fazer a proposta tornar-se Lei) ou recusar (vetar a proposta). A Prerrogativa Real incluirá, ainda, poderes, tais como os de demitir o Governo, dissolver o Parlamento, fazer tratados ou enviar embaixadores e conceder distinções; e obrigações, tais como o dever de defender a Soberania Nacional e manter a Paz. Da mesma forma, nenhuma pessoa poderá aceitar um cargo público importante, sem prestar um juramento de fidelidade ao Rei e à Nação.

É necessária, ainda, profunda e cuidada descentralização administrativa que dê às regiões, às localidades e municípios a sua autonomia e que será enriquecida com a conciliação das classes. É necessário um governo descentralizado da Nação, contraposto ao pesado, burguês e impessoal aparelho burocrático central. Não podemos continuar a ser governados por maçons, plutocratas e estrangeiros.

Assim, teremos uma Monarquia em que o Rei será o principal defensor da Coisa Comum e que promoverá o Bem Geral da Nação e que com o seu exemplo de virtude, honestidade e suprapartidário – o Rei não tem partido, não toma partido… é português por inteiro - fará reflectir no Parlamento, nas estruturas do poder local - os Municípios – e na sociedade em geral essa probidade inatacável.
De facto, Hoje, qualquer restauração Monárquica não pode ser independente de uma profunda reforma do sistema político, aliás nem seria viável doutra forma, pois o Povo exige nas ruas e no éter internauta que a política portuguesa volte a ter aquela indispensável ética que pugne pela defesa do bem da coisa comum e só assim a Monarquia Futura e o Rei a Ser serão entidades com real legitimidade e geradores de consenso popular.

Miguel Villas-Boas 


Comemorações do 1.º de Dezembro




DEUS - PÁTRIA - REI

domingo, 25 de novembro de 2018

sábado, 24 de novembro de 2018

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Os Portugueses (também) na Libéria

A imagem pode conter: 1 pessoa

A Libéria, é um país localizado na África Ocidental que faz fronteira a norte com a Serra Leoa e a Guiné, a leste com a Costa do Marfim e a sul e oeste com o Oceano Atlântico.

As primeiras informações acerca da área geográfica correspondente aquilo que hoje se conhece como sendo a Libéria foram obtidas através de exploradores que frequentaram a costas da Libéria no século XV.

Os Portugueses foram os primeiros Europeus a chegar à Libéria.

Com efeito em 1461 uma expedição Portuguesa comandada pelo Português Pedro de Sintra atingiu a Libéria, tendo então “explorado” o Cabo Monte (Cape Mount),o Cabo Mesurado (Cape Mesurado onde situa-se a actual capital Monróvia) e a boca do rio dos Juncos (Junk River).

Um ano mais tarde (1462) , Pedro de Sintra regressou á Libéria capitaneando outra expedição juntamente com Soeiro da Costa, tendo então "explorado" o Cabo das Palmas (Cape Palmas) e o Rio da Cavala (Cavallas River).

Os Portugueses mapearam toda a costa Liberiana incluindo cabos, rios e ilhéus, tendo então posteriormente denominado de “Costa da Malagueta” a costa Liberiana que estendia-se do Cabo Monte até ao Cabo das Palmas.

Embora se tenha verificado que numa fase inicial o interesse por parte dos Portugueses relativamente àquele território fosse o de adquirir pimenta Malagueta afim de a comercializar na Europa, notou-se contudo que posteriormente a actividade comercial mais relevante consistia no tráfico de escravos.

Os Portugueses estabeleceram (provavelmente em 1471) uma pequena colónia, que foi inclusivamente assinalada no mapa de Pedro Reinel com a indicação de "Aldeia de Portuguall" e edificaram um forte em Cabo das Palmas (Cape Palmas) tendo então chegado a ensinar a sua língua aos grupos étnicos VAI e KRU.





Raivas inglesas e francesas

A imagem pode conter: interiores

Até meados do século XIX, a generalidade dos governantes asiáticos tratavam os enviados diplomáticos europeus com solene desprezo, concedendo-lhes a graça de meia dúzia de perguntas quase infantis. Ouçamos a descrição da audiência concedida pelo Rei da Birmânia ao embaixador inglês, recebido em 1855:

Rei:” Está o Governador inglês de boa saúde?”
Enviado: “O Governador inglês está de boa saúde”.
Rei: “Há quanto tempo saíram do país inglês?”
Enviado: “Faz agora 59 dias desde que saímos de Bengala até chegarmos vivos e felizes à cidade real”.
Rei: “A chuva e o ar são propícios a que as pessoas possam viver à vontade e em felicidade?”
Enviado: “As condições são favoráveis e o povo vive feliz”.

De imediato, o Rei levantou-se e saiu da sala do trono. Quando comparamos estes relatos com os das embaixadas portuguesas, o retrato é radicalmente diferente. As embaixadas eram recebidas com pompas, música, forças militares, banquetes e longas conversas e os enviados do Rei português entravam calçados, de cabeça coberta e cingindo espada. A última destas embaixadas "à grande e à portuguesa" foi recebida no Sião em 1858.

MCB




Portugal não "roubou" ouro algum ao Brasil

Texto alt automático indisponível.

Portugal não "roubou" ouro algum ao Brasil: na verdade, nem 7% do metal precioso chegou aos cofres portugueses

De todas as graves palermices que se vão contando sobre o passado comum a portugueses e brasileiros, poucas serão de refutação mais simples, mas de efeito mais largo e destruidor, que a noção de que Portugal "roubou" ouro brasileiro, ou de que esbulhou esse seu antigo território hoje feito grande nação independente. Trata-se de falsidade grotesca e sem ponto por que se lhe pegue, mas amplamente divulgada pela indústria da lusofobia. Por um lado, e será esse o primeiro argumento a atirar as desinformados, Portugal não poderia "roubar" de si mesmo. O Brasil era terra portuguesa, foi-o de 1500 a 1822, e era-o então tanto, e com o mesmo estatuto, as mesmas prerrogativas e a mesma dignidade que qualquer outra parcela do todo nacional. Não foi território conquistado; foi país feito, erguido onde antes nada havia e jamais houvera para lá de grupos confusos, sem consciência de si, desconhecedores da linguagem escrita, desorganizados e antagónicos, cuja vida se fazia de constante migração, combate cruel e canibalismo. Ao arribar na costa brasileira, pois, Portugal apostou-se na sua descoberta para sul e norte, que se fez com as expedições de Gonçalo Coelho e Gaspar de Lemos; percebido o Brasil como parte de continente maior, e não como ilha, Portugal instalou nele feitorias comerciais para a exportação de madeiras e demais produtos exóticos. A mais apreciada das madeiras ali extraídas, o pau-brasil, viria a rebaptizar a nova terra. Seguiu-se, para espantar o interesse de competidores europeus, o assentamento militar, o povoamento e o aproveitamento em maior escala do território. Foi essa a estratégia a inspirar a expedição de Martim Afonso de Sousa, primeiro grande pioneiro brasileiro; foi ela, também, a conduzir à instituição de um Governador Geral do Estado de Brasil, cargo de que Tomé de Sousa foi o primeiro ocupante. Mem de Sá, que lhe seguiu no governo do Estado do Brasil, expulsou definitivamente os franceses e lançou, com o amparo de Lisboa e da Igreja, bom alicerce do que viria a ser a actual nação brasileira. O que se seguiu foi a construção do Brasil. Por toda a parte se forjaram ferros, partiu pedra, nasceram muralhas, recriaram as instituições trazidas da Europa, se semeou com câmaras e cartas de Foral o auto-governo pelos brasileiros - os portugueses do Brasil, avós dos brasileiros dos nossos dias -, se fizeram aldeamentos para os índios, casas para ensinar a ler e a contar e colégios onde as gentes deste Portugal americano descobriam a álgebra e a lógica, o latim, o grego, a música e o direito.

Tão grande empresa não se faz sem recursos, e a de Portugal no Brasil correspondeu a não menos que à edificação de uma nova Europa onde jamais se fizera uma estrada, se conhecera a civilização, se escrevera um livro ou erguera algo em pedra. Ora, imenso, arrasador, foi para Portugal o custo de fazer o Brasil quando já tão ocupado se achava com a protecção do seu império em África, na Ásia e na Europa. O leitor surpreender-se-á, pois, conhecendo o que representava para Portugal, em pleno pico da produção açucareira no Brasil, aquele Estado para os cofres da monarquia: 5 - cinco - porcento dos rendimentos gerais do Estado; isto é, o Brasil foi, até ao final do século XVII, financeiramente irrelevante para o império. Considerando, com efeito, o que nele investiu Lisboa, parece seguro que só em momento tardio se tornou a província de além-mar lucrativa para Portugal. Mas nem por isso se desinteressou o reino dela, nem por isso a abandonou ao jugo dos grandes capitalistas de Amesterdão quando estes a separaram da pátria-mãe e nem por isso a abandonou à sua sorte. Lisboa percebeu sempre a relevância estratégica do Brasil e a importância da obra civilizadora que lá se realizava. E, se é verdade que a arriscada aposta que fez nestes primeiros duzentos anos da existência brasileira se lhe faria lucrativa no século XVIII, é-o igualmente que Portugal não poderia ter antecipado a fabulosa riqueza mineral que acabaria por lá ser descoberta.

Porém, desvendado o que representou para o orçamento português o Brasil nos primeiros duzentos anos da sua existência, impõe-se um esclarecimento quanto ao tão falado, tão estudado, tão debatido ouro brasileiro. Se por volta de 1630 o Brasil era centro inquestionável da produção mundial de açúcar - estima-se que seria de produção brasileira 80% do produto chegado a Londres - e o Brasil representava nesse tempo 5% das receitas do Estado, é sabido que o Estado do Brasil ganhou rapidamente protagonismo económico ao longo do século XVIII. Foi esse protagonismo económico que acabou por ditar a sua autonomização política em 1815, com a elevação do Estado a Reino, e a independência em 1822. A rápida ascensão económica do Brasil ao longo das centúrias de XVII e XVIII é inseparável da exploração aurífera, e a verificação dessa evidente correlação bastaria, por si só, para desmentir a tese de esbulho. Embora muito regulamentada pela Coroa, a exploração do ouro e diamantes brasileiros era empreendimento essencialmente privado e cujos principais actores eram brasileiros - isto e, portugueses recém-chegados ou há muito residentes no Brasil. O Estado central, pois, limitava-se a cobrar impostos sobre o ouro extraído no Brasil por portugueses do Brasil. Essa taxa, o Quinto Real, correspondia a um quinto - ou 20% - do ouro extraído, pertencendo legalmente o restante a quem o encontrasse. A lei, contudo, foi sendo mais ignorada que escrupulosamente cumprida, estimando o historiador britânico Anthony Disney que nem um terço do ouro brasileiro acabou submetido ao Fisco. A fazer fé no cálculo minucioso, informado e geralmente aceite de Disney, teriam chegado aos cofres da Monarquia uns parcos 7% do ouro brasileiro. No final do século XVIII, Lisboa tentaria combater a evasão fiscal reduzindo o imposto cobrado, que era de apenas 10% à data da independência.

Entre 1720 e 1755, chegaram a Lisboa do Brasil, em média, 15 a 20 toneladas de ouro por ano. Dessas, três ou quatro eram propriedade do Rei, servindo para a defesa geral do Estado, sua manutenção e desenvolvimento. Grande parte desse ouro regressou ao Brasil em forma de novas cidades, de povoamento de terra então deserta, do apetrechamento de fortalezas, da edificação de estradas, hospitais, pontes e colégios. Outra parte, oitenta porcento, dessa fortuna arrancada à terra era privada, e chegou a Lisboa para pagar a importação de artigos metropolitanos pelo Brasil. A grande dinamização do comércio entre a Metrópole e o Estado do Brasil durante o século XVIII é prova da saúde da economia do império e, nele, da das suas parcelas europeia e americana. Onde está, portanto, o ouro brasileiro? Nas actuais fronteiras do Brasil, que se garantiram com as expedições e a sábia - mas cara - política externa que ajudou a custear; está nas fortalezas com que se defendeu o Brasil de predadores estrangeiros, em incontáveis edifícios de utilidade pública, em cidades, fábricas, fazendas e colégios. O ouro do Brasil serviu para fazer o país imenso que a monarquia portuguesa legou aos brasileiros.

Rafael Pinto Borges

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

O mais belo símbolo do Reino do Reino de Portugal e Algarves

A imagem pode conter: texto

52º ANIVERSÁRIO DE S.A.R., A SENHORA DONA ISABEL DE BRAGANÇA

Resultado de imagem para S.A.R. a Senhora Dona Isabel de Bragança


Neste dia abençoado por Deus, desejamos a Vossa Majestade longa Vida, Saúde, Paz, Amor e Alegria junto da Vossa Real Família, Bem-Amada por todos nós.

Que Deus A Guarde e Ilumine.

Resultado de imagem para rosas azuis

VIVA A NOSSA RAINHA!

VIVA A FAMÍLIA REAL!

VIVA PORTUGAL!

DEUS - PÁTRIA - REI

«POR QUE RAZÃO ME INTERESSO TANTO PELA HISTÓRIA DE PORTUGAL?»

A imagem pode conter: 1 pessoa
Rainer Daehnhardt explica a relação profunda e histórica entre os alemães e os portugueses, e avança com uma Missão para o futuro de Portugal!

«A meu ver, e salvo melhor critério, Portugal alberga, consciente disso ou não, a chave para guiar os sobreviventes de uma grande catástrofe, que se pode abater sobre a Humanidade !

Portugal nasceu dos planos de um iniciado borgonhês, São Bernardo do Claraval, que teve a visão de criar uma Europa, concretamente uma Europa unida pela Fé Cristã. O Conde D. Henrique, pai de D. Afonso Henriques, era da mesma cidade e seu amigo. Foi São Bernardo quem escreveu os estatutos da Ordem Tempária e interveio junto do Papa para que um grupo de 9 cavaleiros se transformasse numa Ordem Religiosa Militar, de dimensão e poder como o mundo nunca tinha visto. Foi este São Bernardo quem também criou a ORDEM TEUTÓNICA. Enquanto a Templária reestabeleceu a governação cristã nas costas atlânticas da Peninsula Ibérica, ocupando grande parte da antiga Lusitânia, a Teutónicacriou uma barreira protectora no lado oriental da Europa, para impedir mais invasões asiáticas ou muçulmanas.

A secção Lusitâna da Ordem Templária e a Ordem teutónica, mantiveram estreitos laços durante séculos. Lisboa tornou-se cidade ligada à Liga Hanseática. Cavaleiros portugueses, que acabaram por vencer os castelhanos na batalha de Aljubarrota, fizeram-se ao Mar Báltico para oferecer os seus serviços à Ordem Teutónica, com o intuito de salvar a Europa, facto pouco conhecido entre nós.

Mesmo após a dissolução da Ordem Templária, ordenada pelo Papa e a sua transformação em Ordem de Cristo, podemos seguir uma linha de contactos constantes, secretos ou não, entre os cavaleiros portugueses e os alemães. Permito-me mencionar apenas alguns nomes para que mesmo o menos prevenido leitor, começe a ver como encaixam as peças do grande "puzzle":
A) A Rainha Santa Isabel, infanta de Aragão, era descendente do Imperador Frederico Barbaroxa, do Sacro Império Romano de Nação Germânica. Foi sua tia-avó, a Santa isabel da Turíngia ( infanta da Húngria), a quem 1º se atribuiu o Milagre das Rosas. Ambas introduziram, em época de aflição, O Culto do Espírito Santo, que se encontra patente em todas as versões do cristianismo, surgidas por acção directa dos verdadeiros apóstolos de Jesus Cristo;

B) Martinho da Boémia ( cartógrafo de D. Joao II );

C) Os irmãos Reinel ( cartógrafos de D. Manuel I );

D) Damião de Góis, que recebeu carta de nobreza do Imperador Carlos V e contactou os maiores cérebros alemães da sua época; 

E) O Infante D. Pedro, que recebeu as suas esporas de ouro por combater ao serviço do Imperador Alemão;

F) E muitos milhares de alemães, que acompanharam a expansão portuguesa, tanto nas horas de glória como nas de derrota. Milhares já tinham caído na tomada de Lisboa, em 1147, e o Papa declarou que a Igreja de São Vicente de Fora fosse construída por cima das suas ossadas; o túmulo do cavaleiro teutónico, Henrique de Bona, deu origem à Rua da Palma ( dos milagres ); grande parte dos tipógrafos, espingardeiros, artilheiros ao serviço luso, eram de origem germânica.

Geralmente não se fala disso, mas morreram mais de dez mil guerreiros alemães para que se erguesse o Mundo português. Basta estudar mais a fundo o papel do Duque de Schomberg no século XVII; o do Conde Reinante de Schaumburg-Lippe no século XVIII; o do Rei Regente D. Fernando II ( von Sachsen Coburg Gotha), para se ver a continuação de interligações de cavaleiros teutónicos com Portugal.

Fala-se muito dos 2 casamentos régios entre a Grã-Bretanha e Portugal e de outros 2 entre a Itália e Portugal e de 1 entre a França e Portugal, mas poucos se dão conta de que houve onze Casamentos entre as Casas Reinantes Lusas e as alemãs, tendo duas infantas portuguesas ocupado o trono imperial alemão.

Isto são apenas "dicas" para quem quiser estudar um pouco a ligação entre estes dois povos fronteiriços da antiga Europa, que se encontra agora perante o perigo de desmoronar. Não será simplesmente lógico esperar que estas Ordens Religiosas Militares, entradas na clandestinidade há muito, ainda existam e teçam os seus contactos?

Nunca houve uma nação geograficamente tão pequena, que, com tão pouca gente, escreveu páginas tão significativas na evolução do ser humano, como a portuguesa!
Não terá havido quem quisesse compartilhar e integrar-se nesta tarefa ? Por alguma razão Fernando Pessoa disse: " ...A alma portuguesa deve estar com a sua irmã, a alma germânica..." e "...a meu ver, nada pode ter tão férteis resultados como uma aliança espiritual com a Alemanha, que, por ser nossa análoga psíquica, nos deve legar a continuação espiritual ..."

Talvez isto explique um pouco as razões que me levam ao estudo da História de Portugal. Todavia, há outra, muito mais simples e de maior peso: AMO PORTUGAL !»


Rainer Daehnhardt

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

O Rei e a Monarquia Futura – Parte I

Texto alt automático indisponível.


‘O Rei reina e não governa!’, dizem, alguns, parafraseando a famosa frase de Adolphe Tiers ’Na Inglaterra o rei reina, não governa’, e que se converteu num slogan clássico da Monarquia Constitucional parlamentar. Mas, um Rei que Reine e não governe parece ser muito pouco! Sobretudo, porque foi na vigência da Monarquia Portuguesa pré-liberalismo que Portugal viveu o seu período de maior glória, talvez porque o Rei além de Reinar era o titular do poder executivo, e isso compreendeu o quadro genial que compôs o grupo Vida Nova que depois de alargado desembocaria nos Vencidos da Vida, onde à intelectualidade proeminente da época se juntou a nobreza - Marquês de Soveral, Carlos Lima Mayer, Conde de Sabugosa, J. P. Oliveira Martins, Carlos Lobo d’Ávila, Eça de Queiroz, Ramalho Ortigão, Guerra Junqueiro, Conde de Arnoso e Conde de Ficalho -, num derradeiro esforço para restaurar o prestígio da Monarquia, tendo El-Rei D. Carlos I sido, efectivamente, eleito por unanimidade confrade suplente do grupo.

Defendiam a ideia de que o Rei, para além da imagem meramente simbólica, deveria intervir na política e nas decisões do Estado, se poderiam introduzir reformas na economia e na justiça. Por isso, Ramalho Ortigão escreveu no seu opúsculo, em louvor d’El-Rei Dom Carlos I de Portugal, D. Carlos – O Martirizado: ‘O Rei reina e tem obrigação de governar’. Porquê, pode-se perguntar?! Porque – e responde o mesmo Ramalho: ‘A indisciplina geral, o progressivo rebaixamento dos caracteres, a desqualificação do mérito, o descomedimento das ambições, o espírito de insubordinação, a decadência mental da imprensa, a pusilanimidade da opinião, o rareamento dos homens modelares, o abastardamento das letras, a anarquia da arte, o desgosto do trabalho, a irreligião, e, finalmente, a pavorosa inconsciência do povo.

Contra esta ordem de coisas, a que se chamou o “progresso da decadência” era unânime a opinião do público, incluindo a dos mais íntimos amigos do rei, que o acusavam de indolentemente se abandonar ao “não-me-importismo” constitucional, dando-lhe como exemplo e estímulo a voluntariosa intervenção nos negócios públicos de seu prestigioso tio D. Pedro V. A teoria do “engrandecimento do poder real”, enunciada por alguns intelectuais do grupo a que pertencia Oliveira Martins, o que era, no íntimo da sua palpável convicção de todos os espíritos independentes acerca da estéril e perigosa passividade do poder moderador? O erro da neutralidade monárquica perante o escândalo da administração pública corrigia-se coerentemente com a rectificação atrevida de uma fórmula consagrada: “O rei reina e tem obrigação de governar”.’

El-Rei Dom Carlos I sabia que a solução para a salvação de Portugal era um Poder Real forte, um Rei a governar segundo os princípios da Carta Constitucional, que sem abandonar o parlamentarismo, fosse o Monarca o chefe-executivo nominal, embora obrigado pela Constituição a actuar no conselho do Gabinete, orientasse e aconselhasse o Ministério, zelando pelo cumprimento criterioso do bem da coisa comum pelo executivo. O Monarca exerceria o poder executivo de forma significativa, embora não absoluta. A Monarquia sob esse sistema de governo seria uma poderosa instituição política e social. Por outro lado, nas Monarquias cerimoniais, o monarca tinha pouco poder real ou influência política directa o que dava grande margem de manobra aos políticos para tornarem a política a fonte de todos os males.

De facto, Dom Carlos, senhor de uma enorme e reconhecida inteligência via a situação política nacional com uma enorme clareza: o rotativismo partidário do parlamentarismo liberal era um rotundo fracasso e jamais resolveria os problemas do País. Isto posto, urgia pôr fim a essa permanente alternância no poder, cobiça de lugares, e ao ‘ora governas-te tu, ora governo-me eu’, embocada numa permanente luta entre partidos que eram uma mesma coisa e que visavam unicamente a satisfação das ambições pessoais, sem resultados práticos que melhorassem a sociedade e muito menos a política.

Aproveitando essa desorganização política do rotativismo, com consequências sociais evidentes, começaram a medrar as organizações secretas republicanas, que fizeram o terreno propício à devastação infalível e o País ficou constrangido e refém de interesses estrangeiros – de dentro e de fora, o que levou à implantação republicana à força das armas.

Escreveu António Cabral in ‘As Cartas d'El-Rei D. Carlos ao Sr. João Franco’:
‘No ânimo imperioso de El-Rei [D. Carlos], havia, a par da sua natural delicadeza e do respeito à lei, o desejo e a vontade de mandar. Dificilmente e a custo se subordinava à estúpida fórmula, inventada por Thiers e pregada para proveito dos que a defendiam de que o Rei reina, mas não governa. O Senhor D. Carlos muitas vezes governava, e pena foi que não tivesse governado sempre, pois para isso tinha envergadura.
 
Numa época em que Oliveira Martins foi na imprensa o arauto do engrandecimento do poder real, D. Carlos investiu decididamente na posse de poderes mais amplos e começou a exercitá-los. Com notável compreensão de que um Rei não é, nem pode ser, um manequim, um boneco de engonços, que se move ao sabor dos partidos, das rastreiras conveniências dos políticos, mas deve ocupar sempre o seu lugar de Chefe, de Governante, sem despegar os olhos dos superiores interesses do seu país, percebendo que na nossa tradição estava a base e o fundamento da nacionalidade - o Senhor D. Carlos quis ir regressando, pouco a pouco, à pratica do governo como ele se exercia no passado, sem esquecer as modificações que a incessante mudança das realidades aconselhava.’

E Hoje? Queremos uma Monarquia adaptada aos novos tempos, mas não recusamos o passado da Monarquia Portuguesa à Portuguesa, pois com a Restauração da Monarquia o poder real será ajustado ao tempo e realidade dos nossos dias, mas deverá ser efectivamente um Poder. 

A palavra Monarca deriva do grego monos archon, significando governante único; e, assim sendo, o Monarca é a função definidora e necessária da Monarquia.

Se para haver Monarquia é necessário haver Rei, também, para existir um Rei é necessário haver Monarquia, pois o que seria um Rei sem Monarquia?!

Existem vários modelos de Monarquia, a orgânica e pelo menos dois tipos diferentes de Monarquias Constitucionais no mundo contemporâneo: Executiva e Cerimonial e dentro desta última o Monarca pode ter funções estritamente cerimoniais ou possuir poderes de reserva, o chamado Poder Moderador. Parece ser pois, indispensável, pensar "Que Monarquia Queremos?", e que o edifício conceptual de uma futura Monarquia comece a ser construído, para que não entre em cena uma obra à qual falte cuidado. Actualmente, falta uma clara dimensão política ao Movimento que parece estar apenas interessado não na restauração da Monarquia, para a qual não tem nenhum projecto, mas apenas em substituir um Presidente por um Rei corta-fitas, ou seja uma coroação da república actual, sem mais, quando claramente isso é manifestamente muito pouco – sobretudo se esta república ficar como está. Já existiu um Presidente-Rei na fase República Nova da Iª, ora agora parece que há quem queira um Rei-Presidente e dessa forma reduz a actual Causa da Monarquia, pois hoje é diferente o significado que no tempo da Monarquia Portuguesa se dava à res publica.

Miguel Villas-Boas

A Ilustração da Dinastia de Avis- Parte I

Texto alt automático indisponível.

Em Portugal, foi durante os reinados da Dinastia de Avis que se verificou a maior aculturação dos Príncipes e reflexamente a do País.

O gosto pelos autores clássicos, pelas letras, resultado da esmerada educação dos Príncipes da Dinastia de Avis, propiciou a difusão dos textos clássicos. Era a introdução da mentalidade Humanista do Renascimento em Portugal.


É com o início da Dinastia de Avis que, de facto, a sociedade portuguesa sofre a sua maior metamorfose. Para começar a língua portuguesa toma a sua característica e inconfundível fisionomia que é enriquecida com os neologismos que advém do contacto com as obras clássicas. Com o Renascimento vem a ideia de tomar a Antiguidade Clássica como modelo.


A educação que Dom João I recebeu como Grão-mestre da Ordem de Avis transformou-o num Rei invulgarmente culto para a época e o seu gosto pelo saber passou-o para a sua Ínclita Geração.
O Infante Dom Pedro de Portugal, Duque de Coimbra, quarto filho d’el-Rei Dom João I e da Rainha Dona Filipa de Lencastre, traduz o “De Officiis” de Cícero, e redige ele próprio a maior parte do “Tratado da Virtuosa Benfeitoria”, obra inspirada e assente em Séneca e Cícero. Além, dessa valia pessoal como autor e tradutor não foi menos importante o seu papel como mecenas das Artes, sobretudo das Letras, tendo inclusive sido traduzido por encomenda sua o “De Senectute” por Vasco Fernandes de Lucena, e o “De Amicitia” pelo Prior São Jorge.


Os Príncipes de Avis, quase sem excepção, como nenhuma outra Dinastia, inclusive na Europa, desde a primeira geração até Dom António, Prior do Crato, brilham nas mais variadas áreas das Artes.
Nem vamos abordar o papel guerreiro que o Infante D. Henrique teve nos descobrimentos portugueses – pois não é o tema em análise -, mas sim o seu papel como patrocinador da criação de uma cadeira de Astronomia na Universidade de Coimbra, ou o seu empenho no desenvolvimento da Caravela, de portulanos, de roteiros e de instrumentos náuticos que facilitassem essas mesmas descobertas por parte dos navegadores. "O Navegador" investiu toda a sua fortuna em investigação relacionada com navegação, náutica e cartografia, dando início à epopeia dos Descobrimentos. Esta descoberta geográfica do Mundo empreendida pelos portugueses é reflexo do paradigma do Renascimento na medida que o humanismo não se trata apenas de um ideal de cultura, mas um ideal de pensamento de confiança no Homem. Com os Descobrimentos, Portugal participa na primeira linha da construção de um admirável Mundo Novo.


A mais importante edificação do Reinado de Dom João I foi o Mosteiro de Santa Maria da Vitória, mais conhecido por Mosteiro da Batalha que o Rei mandou edificar como agradecimento pela vitória na Batalha de Aljubarrota, e onde aliás jaz, na Capela do Fundador, o Rei da “Boa Memória”.


Embora, a História existisse já desde os primórdios da Monarquia Portuguesa, é nessa época, com o Doutor Fernão Lopes, que esta se autonomiza e se converte em género próprio.
Fernão Lopes nas suas “Crónicas” inicia um novo e inédito género na literatura portuguesa, a prosa literária, «em que a arte alcança o grau supremo da naturalidade», vincou António José Saraiva in “História da Literatura Portuguesa”. Nesta sublime obra da prosa histórica portuguesa, o historiador oficial da Corte de Avis reúne uma exposição sequente da história dos sucessivos reinados, sem esquecer o exercício narrativo da época, embora o faça de uma maneira independente compilando factos seleccionados nas mais diversas fontes e narrando-os de uma forma muito particular, o que permite dizer que criou um estilo literário próprio. «A História há-de ser luz da verdade e testemunha dos antigos tempos», escreveu. Assim foi!, escrevemos nós.


D. Isabel de Portugal, única filha de Dom João I e de Dona Filipa de Lencastre, foi uma mulher muito lúcida, inteligente e refinada. Foi uma Mecenas das artes que se fez rodear de artistas e poetas, na corte de seu marido na Borgonha. Também na política exerceu a sua influência sobre o filho Carlos, O Temerário e, em especial, sobre o marido Filipe III, O Bom, Duque de Borgonha, que representou em várias missões de carácter diplomático.


Continuando na Ínclita Geração da Dinastia de Avis, Dom Duarte I que sempre acompanhou o seu pai nos assuntos do reino, sendo portanto um herdeiro preparado para reinar, foi cognominado o Eloquente ou o Rei-Filósofo pelo seu interesse pela cultura e pelas obras que escreveu como o “Leal Conselheiro” um ensaio sobre variados temas onde a moral e religião têm especial enfoque e o “Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela”, manual para Cavaleiros.


Falecido Dom Duarte I, e na menoridade de D. Afonso V, primeiro sua mãe e depois o tio D. Pedro, Duque de Coimbra assumem a regência. Como regente, D. Pedro procurou limitar o desenvolvimento de grandes casas aristocráticas e concentrar o poder na pessoa do Rei. Por sua ordem, cerca de 1448, foram revistas e concluídas as chamadas Ordenações Afonsinas, a primeira compilação oficial de leis do século XV, resultado de um pedido das Cortes a D. João I para a organização de uma colectânea em que se coordenasse e actualizasse o direito vigente, para a boa litigância e fácil administração na justiça.

O país floresceu sob a sua regência, mas o ambiente político não era o mais saudável uma vez que D. Pedro interpunha-se na ambição da nobreza. D. Afonso (filho natural de Dom João I com Inês Pires), Conde de Barcelos, converteu-se no tio predilecto de D. Afonso V e é agraciado com o título de Duque de Bragança em 1442, pelo regente D. Pedro, tornando-se assim no homem mais poderoso de Portugal e num dos mais ricos da Europa. Mas o 1.º Duque de Bragança, casado com D. Beatriz Pereira Alvim, filha única do Santo Condestável Dom Nuno Álvares Pereira, era inimigo pessoal de D. Pedro, embora meios-irmãos, e assim começou uma luta pelo poder entre duas facções – conjuntura que relatamos sem fazer considerações de que lado se encontrava a justeza de pretensões -, e que terminou com a morte de D. Pedro na Batalha de Alfarrobeira.

 
Com a estabilidade política retoma-se a afeição pelas artes, tão ao gosto da Dinastia da Boa-Memória. Assim, no século XV, no reinado de Dom Afonso V a pintura portuguesa atinge o seu auge. É de Nuno Gonçalves a autoria do esplendoroso tríptico “Painéis de S. Vicente”.
Também, realizado sob encomenda de D. Afonso V em 1457 e concluído a 24 de Abril 1459, temos o “mapa-múndi de Fra Mauro”, que reúne o conhecimento geográfico da época.


Miguel Villas-Boas

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

E se a UE acabasse subitamente?

Texto alt automático indisponível.


Este povo é um verdadeiro prodígio de sobrevivência. Temos uma cultura teimosa e uma visão do mundo que persiste, mau grado o flagelamento, a desconstrução dos mitos mobilizadores e a acção persistente de tudo o que nos faz esquecer o passado. Temos a terceira língua mais falada no hemisfério ocidental, temos no Brasil a 6ª potência económica mundial, países lusófonos espalhados pelos 5 continentes. 

Persiste, entre os portugueses, uma feroz desconfiança em relação ao espanhol, o único adversário físico que contivemos e vencemos à custa da nossa riqueza passada. O Iberismo é claramente negado pelo português comum. Estamos na Europa, integrados nas principais instituições, onde o nosso voto pouco conta. Temos, ainda, esse incontido sentimento de sermos maiores do que a geografia que ocupamos. O nosso erro tem sido, precisamente, o de compararmos Portugal com a França, a Espanha, a Grã-Bretanha ou a Alemanha. Entre os pequenos, somos os maiores. O que deixaram a Dinamarca, a Holanda, a Bélgica, a Suécia, a Finlândia, a Irlanda ou a Suíça na história mundial? Língua ? Literatura universalmente reconhecida? Figuras marcantes na acção política, artística, no conhecimento? O nosso nome, a nossa memória, as nossas fortalezas, igrejas, vilas e aldeias continuam a ser proferidos com respeito. Ir a Goa, a Malaca, à Ilha de Moçambique ou a Timor dá-nos a esperança da permanência de Portugal.

A grande pergunta – a decisiva e mais difícil, que Lenine apôs a um dos seus mais notáveis escritos – “o que fazer ?”, respondemos: aceitarmos o que ainda nos faz diferentes, deitar fora o que nos marca com o estigma do desajustamento.

Tudo indica que a UE, tal como a conhecemos, se aproxima do fim. Infelizmente, os nossos governantes parece não quererem ver o evidente. Terão pensado numa alternativa, caso sejamos confrontados com a súbita desaparição da UE? Uma das funções da Nova Portugalidade é, pois, a de apontar uma alternativa. Nós estamos mais preocupados com o futuro do que com a evocação do passado. 

MCB



DONA CATARINA DE BRAGANÇA – A RAINHA QUE IMPLANTOU O CHÁ NA CORTE INGLESA

A imagem pode conter: 1 pessoa, sentado e interiores


Dona Catarina de Bragança 1638-1705, era filha do rei dom João IV de Portugal e da rainha dona Luisa de Gusmão, portanto, era irmã do rei dom Pedro II. 

Seu pai era o duque de Bragança, cujo as cortes tinham convidado a aceitar o trono português que estava sob domínio da casa dos Habsburgos. Dom João IV aceitou a coroa sob uma guerra de independência. Após sair vitorioso dom João falece alguns anos depois, e foi a rainha regente, dona Luisa de Gusmão que teve a ideia de casar sua filha dona Catarina com o rei da Inglaterra, Carlos II. 

O casamento acontece 1662 e ela parte para a corte inglesa, uma rainha católica numa corte protestante. A vida de dona Catarina não foi fácil. Ela introduziu o chá na corte inglesa, substituiu a louça de prata por porcelana. Após ficar viúva em 1685, retornando a Portugal anos depois para em sua terra natal falecer em 31 de dezembro de 1705. 

Edmund Waller, um poeta popular na época, até escreveu uma ode de aniversário para a rainha logo após sua chegada, o que ligou para sempre a rainha e Portugal com a moda do chá na Inglaterra. Ele escreveu:

"A melhor das rainhas e a melhor das ervas, nós devemos
Àquela importante nação, pela forma como eles mostraram
À justa região onde o sol se põe,
Cujas ricas produções nós valorizamos justamente".

domingo, 18 de novembro de 2018

Jantar dos Conjurados 2018

DEUS - PÁTRIA - REI: Jantar dos Conjurados 2018: Irá realizar-se, no próximo dia  30 de Novembro , com início às  19:00 , no  Hotel Palácio Estoril , o tradicional  Jantar dos Conjur...

O Dia do Juízo: os responsáveis pelo extermínio dos luso-khmeres

A imagem pode conter: 4 pessoas

Foram ontem condenados a prisão perpétua os últimos dois grandes hierarcas do Angkar (a "organização"), aliás Partido Comunista do Camboja - vulgo Khmeres Vermelhos. O que nos espanta nestes homens é a ascendência social. Todos, sem excepção, são homens de formação superior, oriundos de famílias abastadas e muito beneficiadas, quer durante o protectorado francês (1863-1954), quer durante a monarquia. Não se trata de canalha desclassificada e embrutecida, de analfabetos e gente que sofreu fome e marginalização. Olhando para eles, podemos sem dificuldade afirmar tratar-se de senhores. O pormenor que se vai agigantando na análise do percurso de todos e cada um passa pela Universidade: Pol Pot foi bolseiro em Paris, Khieu Samphan também o foi e Nuon Chea foi bolseiro na prestigiada Universidade Thammassat em Bangkok.

Estes homens mataram em nome de uma ideia (a revolução) e de uma ideologia (o comunismo), cevaram a vida a dois milhões de compatriotas, vandalizaram e quase levaram à extinção a cultura, decretaram o fim do ensino, declararam guerra à medicina, mataram 90% do clero budista e aniquilaram as minorias religiosas e as minorias étnicas. Fizeram-no deliberadamente, com método e entusiasmo e continuariam a executar o seu plano se, entretanto, não tivessem sido afastados da governação. Reuniram-se nas cercanias de Angkor, a glória do seu povo e decretaram a morte de tudo o que lembrasse o passado. Durante três anos e meio lançaram uma tela negra sobre os campos, chacinaram sem piedade e nunca exibiram a menor vacilação. Entre as suas vítimas, os luso-khmeres, a minoria católica surgida no século XVI e que por muitos séculos ocupou relevantes funções palativas e na alta administração do Estado. Foram quase todos exterminados. Hoje, fez-se justiça e lembramos aqueles nossos irmãos executados pela matilha de Pol Pot. 

MCB




DEUS - PÁTRIA - REI