Quadro de Jean Fouquet |
Arcanjo Miguel por Guido Reni |
*++ Fr. Claudino Marques - Grande Oficial / Comendador Delegado da Comendadoria de Coimbra Rainha Santa Isabel / Bailio das Beiras
Quadro de Jean Fouquet |
Arcanjo Miguel por Guido Reni |
Boas Festas
Irmãs e Irmãos do Templo e pessoas de boa vontade:
Que o espírito Natalício encha os vossos corações de luz, paz e amor na companhia dos vossos entes queridos.
Que o Ano Novo seja pleno de felicidade, muito sucesso e que Deus ilumine o vosso caminho.
Um TAT
Comendador-Delegado de Castelo Branco
Excerto do livro em PDF editado pelo Comendador-Delegado de Castelo Branco
Liber Ad
Milites Templi De Laude Novae Militiae
“Loa À Nova Milícia, Aos
Soldados Do Templo”
São Bernardo
Eis aqui outro directório espiritual, este para uso dos Cavaleiros Templários, metade monges, metade guerreiros.
Prologo
A Hugo, soldado de Cristo e Mestre da sua Milícia, Bernardo Abade, só em nome, de Claraval, saúde e que peleje bom combate.
Uma e outra vez, e até três, se não me engano, haveis-me pedido, caríssimo Hugo, que endereçasse a ti e aos teus conmilities algumas palavras de alento, e que, se não embraçava a lança, vibrara ao menos a pena contra o tirano inimigo. E sempre me asseguravas que vos seria de grande estímulo o que, a não ser possível ajudar-nos com as armas, vos exortava e animava com os meus escritos.
Tardei algum tempo em satisfazer os teus desejos, não porque desdenhasse da petição, senão temendo que, se a aceitava, me culpassem de precipitado e de animo leve, uma vez que, podendo qualquer outro fazê-lo melhor, presumia eu de sair airoso de tal empresa, e assim estorvava o fruto que podia retirar-se de coisa tão necessária. Mas ao ver que a minha longa demora de nada me servia, pois insistia uma e outra vez, ainda que incompetente, decidi fazer o que melhor podia. O leitor julgará se satisfiz os seus desejos. Ainda que certamente, como não escrevi este opúsculo a não ser para te satisfazer e aceder ao que me pedias, não me preocupa grandemente que agrade a quem o leia.
Capitulo I
Elogio à Nova Milícia
Ouve-se dizer que um novo género de milícia acaba de nascer na terra, e precisamente naquela região de onde antigamente viera a visitar-nos em carne o Sol Oriente, para que ali mesmo onde o Ele expulsou com o poder do seu robusto braço os príncipes das trevas extermine agora os satélites daqueles, filhos da infidelidade e da confusão, por meio destes seus fortes, resgatando também o povo de Deus e suscitando um poderoso Salvador na casa de David seu servo.
Se um novo género de milícia nasceu, desconhecido nos séculos passados, destinado a lutar sem trégua um duplo combate contra a carne e sangue e contra os espíritos malignos que povoam os ares. Certo, quando vejo combater só com as forças corporais um inimigo também corporal, não só o tenho por um caso maravilhoso, mas também o julgo raro. Quando observo igualmente como as forças da alma guerreiam contra os demónios, tampouco me perece isto assombroso, ainda que digno de loa, pois cheio está o mundo de monges, e todos costumam manter estas lutas. Mas quando se vê que um só homem cinge à sua cintura com ardor e coragem a sua dupla espada e toma sobre os seus ombros a dupla responsabilidade, quem não julgará caso insólito e digno de grandíssima admiração? Intrépido e bravo soldado aquele que, enquanto reveste o seu corpo com couraça de aço, guarnece a sua alma sob a loriga da fé; pode gozar de completa segurança, porque apetrechado com estas duplas armas defensivas, não deve temer os homens nem os demónios. Assim nem sequer teme a morte, antes a deseja. Nem ser vivo ou morto o poderá espantar, quando o seu viver é em Cristo; mais desejaria acabar por separar-se do corpo para estar com Cristo, sendo isto o melhor.
Marchai, pois, soldados, ao combate com passo firme e marcial e carregai com ânimo valoroso contra os inimigos de Cristo, bem seguros de que nem a morte nem a vida poderão separa-los da caridade de Deus, que está
Verdade certíssima é que, quer os visite no leito, quer os surpreenda no fragor do combate, sempre será preciosa no acatamento do Senhor a morte dos seus santos. Mas no ardor da batalha será tão mais preciosa quanto mais gloriosa. Oh vida segura quando vai acompanhada de boa consciência! Oh vida seguríssima, repito, quando nem sequer a morte se espera com receio, antes se a deseja com amorosas ânsias e se as recebe com doce devoção! Oh verdadeiramente santa e segura milícia, livre daquel duplo perigo que com frequência costuma espantar os homens quando não é Cristo quem os põe na peleja! Quantas vezes, ao travar combate com o teu inimigo, tu, que militas nos exércitos do século, temes que matando-o no seu corpo, matas também tua alma. Ou que, sendo tu morto pela espada do teu rival, percas juntamente a vida da alma e a vida do corpo! Porque não é pelo resultado material da luta, senão pelos sentimentos do coração pelo que julgamos os Cristãos acerca do risco corrido num guerra ou da vitoria conseguida; porque se a causa é boa, o resultado nunca poder ser mau, seja qual for o êxito, assim como não poderá ter-se por boa a vitória final da campanha, quando a causa que a iniciou não o foi e os que a provocaram não tivera uma recta intenção. E ao quereres dar morte a outro, fores tu o morto, morres já homicida. E se prevaleceres sobre o teu adversário e, levado pelo desejo de o vencer, matas, mesmo que vivas, serás também homicida. Nefasta vitória aquela em que, triunfando do homem sucumbes ao pecado! E se a ira ou a soberba te avassalam, vãmente te ufanas por teres dominado o teu oponente.
Dá-se outro caso, ámen do que se supõe, e é o que mata, não por zelo de vingança nem pela perversidade de gozar o triunfo, senão por evitar ele mesmo a morte. Mas tampouco direi que seja boa tal vitória; porque entre dois males, como são a morte da alma ou a morte do corpo, será preferível o segundo; pois não porque morra o corpo morre também a alma, senão a alma que pecar, ela morrerá.
Capitulo II
A Milícia Secular
Qual será, pois, o fino fruto do que não chamo milícia, senão milícia secular, se o que mata peca mortalmente e o que cai morto perece para sempre? Porque se esperança faz ara o que ara, para empregar as palavras do Apóstolo, e o que frequenta fá-lo na esperança de enxergar o fruto, que estranho erro é esse em que viveis, soldados seculares? Que fúria frenética e intolerável vos arrebata para que guerreeis de tal modo que passais grandes angustias e gastando toda a vossa fortuna, sem outro resultado do que cair em pecado ou na morte? Vestis os vossos cavalos com sedas; dependurais das vossas couraças e lorigas pingentes de diversos tecidos; pintais as alabardas dos broquéis, as fundas dos escudos e rodelas, as selas de montar; mandais fazer em ouro e prata os freios e as esporas, esmaltando-os de pedrarias, e assim, com toda a pompa, cheios de vergonhoso furor e imprudente estupor, cavalgais em passo ligeiro para a morte. Serão estas insígnias militares, ou ostentações mais próprias de mulheres? Acaso a adaga inimiga retrocederá ante o brilho do ouro? Respeitará as ricas pedras? Não se atreverá a cortar e a rasgar as sedas? Por fim, não aprendestes por experiência própria que para um soldado em campanha o mais necessário são três coisas que convém saber:
Valor, sagacidade e cautela para aparar os golpes do inimigo, liberdade e agilidade de movimentos que lhe permita ir com ligeireza em sua perseguição, e por ultimo, que esteja sempre pronto e expedito para o ferir e derrubar?
A vós, pelo contrário, vemo-vos cuidar com esmero a vossa cabeleira ao estilo feminil, o que redunda em prejuízo da vossa visão no estrondo da batalha; envoltos em grandes camisões que vos chegam aos pés e vos travam os movimentos; e por fim, sepultais em amplos e complicados manguitos as vossas delicadas e tenras mãos. Sobre tudo isto, acrescentai o que mais pode chocar a consciência de um soldado que vai para uma campanha, quero dizer, o motivo leviano e frívolo pelo qual teve a imprudência de se meter em milícia tão perigosa. Porque bem certo é que todas as vossas discriminações e guerras nascem só de certos arrebatamentos de ira, ou de vãos desejos de glória, ou da vossa ambição em conquistar algum mérito terrestre. E por tais motivos, certo que não se pode com segura consciência nem matar nem ceder.
Capitulo III
Os Soldados de Cristo
praticam o bem.
Quando tira a vida a um malfeitor não se lhe há-de chamar homicida, senão “malicida”, se valer a expressão, executa pontualmente as vinganças de Cristo sobre os que obram a iniquidade, e com razão adquire o título de defensor dos cristãos. Se o matam, não diremos que se perdeu, mas que se salvou. A morte que dá é para glória de Cristo, e a que recebe, para a sua própria. Na morte de um gentio pode glorificar-se um cristão porque Cristo é glorificado; ao morrer valorosamente por Cristo mostra-se a liberdade do Grande Rei, visto que retira o seu Cavaleiro da terra para lhe dar a recompensa.
Assim, pois, o justo alegrar-se-á quando o primeiro sucumbir, vendo aparecer a divina vingança. Mas se cai o guerreiro do Senhor, dirá: acaso não haverá recompensa para o justo? Certo que sim, pois existe um Deus que julga os Homens sobre a terra.
Claro está que não se deveria dar morte aos gentios se fosse possível refreá-los por qualquer outro meio, de maneira a que não cometessem nem oprimissem os fiéis. Mas por agora mais vale acabar com eles do que deixar em suas mãos a vara com que haveriam de escravizar os justos, não seja que os justos estendam as suas mão à iniquidade.
Pois então? Se não for lícito ao Cristão ferir com a espada, como o Pregoeiro de Cristo exortava os soldados a contentarem-se com a soldada, sem os proibir de continuar na sua profissão? Muito bem, se por particular providência de Deus se permite ferir com a espada os que abraçam a carreira militar, sem aspirar a outro género de vida mais perfeito, a quem, pergunto eu, lhe será mais permitido que aos valentes, por cujo braço esforçado retemos todavia a fortaleza da cidade de Sião, como baluarte protector onde possa acolher-se o povo santo, guardião da verdade, depois de expulsos os violadores da Lei Divina? Dissipai, pois, e desfazei sem temor essas gentes que só respiram guerra; despedaçai os que semeiam nas vossas fileiras o medo e a dúvida; dispersai da cidad
do Senhor todos os que praticam a iniquidade e ardem em desejos de saquear todos os tesouros do povo cristão encerrados nos muros de Jerusalém, que só cobiçam apoderar-se do santuário de Deus e profanar todos os nossos santos mistérios. Desembainhe-se a espada de duplo fio, espiritual e material, dos cristãos, e que se descarregue com força sobre o cogote dos inimigos, para destruir tudo o que se ergue contra a ciência de Deus, ou seja, contra a fé dos seguidores de Cristo; não digam nunca os fiéis, onde está o seu Deus?
Quando eles andarem fugidos e derrotados, voltará então a sua herança e a sua casa, da que mencionava exasperado no Evangelho:
- Eis aqui a vossa casa que ficará deserta e um profeta queixa-se deste modo:
- Tive que desamparar a minha casa e templo e deixar abandonada a minha herança. Sim, então cumprir-se-á aquele vaticínio profético que diz: “O Senhor redimiu o seu povo e libertou-o das mãos do poderoso; e virão e cantarão hinos a Deus no monte Sião, e confluirão aos bens do Senhor”.
Alvoroça-te, Jerusalém, que chegou o tempo da visita do teu Deus. Enchei-vos também de júbilo, desertos de Jerusalém, e prorrompei em louvores, porque o Senhor consolou o seu povo, redimiu a sua cidade santa e ergueu poderosamente o seu braço ante o olhar de todas as nações. Virgem de Israel, tinhas caído sem que houvesse quem te desse a mão para te levantares. Ergue-te já, sacode o pó, Virgem cativa filha de Sião!
Levanta-te, repito, sobe às ameias das tuas torres e vislumbra daí os rios caudalosos de gozo e alegria que o Senhor faz correr até ti. De agora em diante não te chamarão “a abandonada”, nem a tua terra se verá por mais tempo desolada, porque o Senhor se enterneceu por ti, e voltarás a ver os teus campos repovoados. Lança um olhar ao teu redor e vê: todos se congregaram para vir a ti. Eis aqui o socorro que te foi enviado do alto. Por eles te será cumprida a antiga promessa: pôr-te-ei para a glória dos séculos e gozo de geração em geração; mamarás o leite das nações e criar-te-ão peitos de reis. E também: como a mãe acaricia os seus filhinhos, assim eu vos consolarei e em Jerusalém serás consolado. Não vês com quantos testemunhos antigos fica aprovada a vossa milícia e como se cumprem ante os vossos olhos os oráculos alusivos à cidade das virtudes do Senhor? Mas contanto que o sentido literal não impeça o que entendemos e cremos no espiritual, e que a interpretação agora na terra damos às palavras dos profetas não obste para que esperemos vê-las cumpridas na gloriosa eternidade; não seja pelo que vemos se nos desvaneça o que diz a fé, e pelo pouco que temos percamos a esperança nas riquezas copiosas , e, enfim, pela certeza do presente esqueçamos o futuro. Para além disso, a glória temporal da Jerusalém terrena não só se destrói ou diminui os prazeres que teremos na celestial, senão que os aumenta, se tivermos bastante fé e não duvidarmos que esta aqui em baixo só é reflexo da dos céus, que é nossa mãe.
Capítulo IV
O Modo deViver dos Soldados de Cristo
Mas para imitação ou confusão dos nossos soldados que não militam certamente para Deus, senão para o diabo, digamos brevemente qual há-de ser a vida e os feitos dos Cavaleiros de Cristo e como se devem comportar em tempo de paz e em dias de guerra, para que se veja claramente qual é a diferença entre a milícia secular e a de Deus. E ante tudo, tanto numa como na outra dá-se grande importância à obediência e faz-se gala à disciplina, sabendo todos quanta verdade se encerra naqueles da Escritura: “O filho indisciplinado perecerá”. E aquele outro: “Desobedecer ao Senhor é como o pecado da magia, e como crime de idolatria não querer submeter-se”. Vão, pois, e vêm estes bons soldados a um sinal de mando, põem as vestes que o capitão lhes ordena, não tomam alimento nem vestem uniforme sem a sua indicação. E o mesmo que no comer que no vestir evitam tudo o que é supérfluo, satisfeitos somente com o necessário. Fazem alegre vida comum, mas modesta e sóbria camaradagem, sem esposa e sem filhos. Para que nada falte à perfeição evangélica, não possuem nada de seu, pensando só em conservar entre si a união e a paz. Direis que toda aquela multidão de homens tem um só coração e uma só alma, ao ponto de nenhum deles querer reger-se por sua própria vontade, senão seguir a daquele que manda. Jamais serão ociosos nem vagueiam daqui para ali em busca de curiosidades, senão em todo o tempo, que não estejam em campanha, o que raras vezes ocorre, a fim de comer o pão em vão, ocupam-se em limpar, remendar, compor e reparar tanto as armas como as vestes, para os defender e conservar contra os ultrajes do tempo e do uso; e quando não isto, obedecem ao que lhes ordena o capitão e trabalham no que for necessário para todos. Não deverá haver excepção nas pessoas; respeitam e obedecem sempre ao representante de Deus, sem reparar se é ou não o mais nobre. Previnem-se mutuamente com demonstrações de honra e de deferências, suportam as cargas uns dos outros, cumprindo com isto a lei de Cristo. Não trocam entre eles palavras arrogantes, não haverá ocupações inúteis, nem risos desordenados, nem a mais leve murmúrio; e se algum desobedece a isto, não ficará sem correctivo. Aborrecem os jogos de mãos e os de azar; tampouco se dedicam à caça nem se permite a cetraria, embora tão generalizada. Abominam os menestréis, que evitam com cuidado; detestam as canções jocosas, as comédias e toda a linhagem de espectáculos, como a puras vaidades e necessidades enganosas. Cortam o cabelo, sabendo pelo ensinamento do apóstolo que é uma vergonha para os homens pentear longas guedelhas. Nunca se esmeram no penteado, raras vezes se banham, andam com a barba hirsuta, geralmente cobertos de pó e enegrecidos pelas cotas de malha e tisnados pelo sol.
À aproximação do combate, que a sua alma se arme de fé, e cubram-se de ferro por fora, não de ouro, a fim de que assim, bem apetrechados de armas, não engalanados com jóias, infundam medo aos seus inimigos, sem provocar a sua cobiça. Procuram cavalos fortes e velozes, não formosos e bem ajaezados, pensando mais em vencer que em garridices e o que desejam não é precisamente causar admiração e pasmo, mas perturbação e medo. E antes de começar a peleja, não se lançam a ela impetuosos e turbulentos, como impelidos pela precipitação, mas com suma prudência e particular cautela, todos ordenados em coluna cerrada para dar batalha, segundo lemos, que acostumava ser feito pelo povo de Israel. Demonstrando no seu todo ser verdadeiros israelitas, adiantam-se ao combate pacífica e sossegadamente. Mas ao toque de ataque do clarim, deixando subitamente a sua natural benignidade, parecem gritar como o salmista: “Não odiei, Senhor, os que Te aborreciam? Não me ressenti ante a conduta dos Teus inimigos?” E assim carregam sobre os seus adversários, como se entrassem num rebanho de cordeiros, sem que, apesar do seu escasso número, se intimidem ante a cruíssima barbárie e ingente multidão de hostes contrárias. E foi assim que aprenderam a confiar nas suas próprias forças, senão no poder do Senhor Deus e dos exércitos, em quem está a vitória, o qual, segundo se diz nos Macabeus, pode facilmente por meio de um punhado de valentes acabar com grandes multidões, e sabe livrar os seus soldados com igual arte das mãos de poucos como de muitos; porque o triunfo não está no numeroso que seja um exército, mas sim na fortaleza que procede do céu. Experiência frequentíssima têm disto, porque por mais de uma vez lhes aconteceu derrotar e afugentar o inimigo, pelejando um contra mil e dois contra dez mil. Por fim, estes Soldados de Cristo, de maneira maravilhosa e singular, mostram-se tão mansos como cordeiros e tão ferozes como leões, não sabendo se lhes há-de chamar monges ou guerreiros ou dar-lhes outro nome mais apropriado que abarque ambos, pois conseguem irmanar a mansidão de uns com o valor e a fortaleza de outros. Acerca de tudo, “Que dizer, senão que isto é obra de Deus, e uma obra admirável aos nossos olhos?
Eis aqui os homens fortes que o Senhor elegeu de ponta a ponta do mundo, entre os mais bravos de Israel para os fazer soldados da Sua escolta, a fim de guardar o leito do verdadeiro Salomão, ou seja o Santo Sepulcro, em cujo redor os colocou para estarem alerta como fiéis sentinelas armados de espada e habilíssimos na arte de guerrear”.
Só lhes falta o avental |
1º. - Hugues de Payns (1118 - 1136).
2º. - Robert de Craon (1136 - 1147).
3º. - Evrard des Barres (1147 - 1151).
4º. - Bernard de Tremelay (1151 - 1153).
5º. - André de Montbard (1153 - 1156).
6º. - Bertrand de Blanchefort (1156 - 1169).
7º. - Philippe de Milly (1169 - 1171).
8º. - Eudes de Saint-Amand (1171 - 1179).
9º. - Arnaud de Torroja (1180 - 1184).
10º. - Gerard de Ridefort (1185 - 1189).
11º. - Robert de Sablé (1190 - 1193).
12º. - Gilbert Herail (1193 - 1200).
13º. - Philippe du Plessis (1201 - 1209).
14º. - Guillaume de Chartres (1210 - 1218).
15º. - Pierre de Montaigu (1219 - 1232).
16º. - Armand de Périgord (1232 - 1244).
17º. - Guillaume de Sonnac (1247 - 1250).
18º. - Renaud de Vichiers (1250 - 1252).
19º. - Thomas Bérard (1252 - 1273).
20º. - Guillaume de Beaujeu (1273 - 1291).
21º. - Thibaud Gaudin (1291 - 1292).
22º. - Jacques de Molay (1293 - 1314).
1314 - O rei escocês, Robert Bruce, faz a fusão da Ordem do Templo com os Hospitalários, criando uma nova designada "Ordem do Templo e de São João" suprimida durante a revolta religiosa do séc. XVI.
“Período do Silêncio”
23º. - Johannes Larmenius é eleito Mestre (1314-1324).
24º. - (18-02) Franciscus Theobaldus de Alexandria, Mestre, por transmissão de Larménius (1324-1340).
25º. - Amald de Braque, Mestre (1340-1349), segundoa Carta de Transmissão de Larménius (C.T.L.).
26º. - John de Clermont, Mestre (1349-1357).
27º. - Bertrand de Guesclin, Mestre (1357-1380).
28º. - John de Armagnac, Mestre (1380-1381).
29º. - Bertrand de Armagnac, Mestre (1381-1392).
30º. - John de Armagnac, Mestre (1392-1418).
31º. - John de Croy, Mestre (1418-1451).
32º. - Robert de Lenoncourd, Mestre (1478-1497).
33º. - Galeas Salazar, Mestre (1496-?).
34º. - Philippe de Chabot, Mestre (1516-1543).
35º. - Gaspard de Chobane, Mestre (1544-?).
1571 - Os arquivos do Templo em Chipre, na posse dos Hospitalários, parecem
haver sido destruídos pelos turcos otomanos.
36º. - Henri I, Duque de Montmorency, Mestre (1574 - 1614).
37º. - Charles de Valois, Mestre (1615 - ?).
38º. - James de Grancey, Mestre (1651 - ?).
39º. - Jacques de Durfort, Mestre (1681 - ?).
Da “Era Moderna”
40º. - Philippe, Duque de Orleans, Mestre (1705-1723).
41º. – Louis Auguste de Bourbon, Mestre (1724-1736).
1717 – Em Londres, a franco-maçonaria moderna nasce da fusão de quatro pequenas lojas dando origem ao Grande Acampamento dos Cavaleiros Templários.
1736 – Andrew Michael Ramsay, franco-mação escocês, num discurso em Paris, proclamava que a maçonaria teria os seus inícios na Terra Santa com os cruzados. A partir daqui, as lojas maçónicas começaram a adoptar os símbolos associados aos Templários e aos Hospitalários.
42º. – Louis Henri de Bourbon, Mestre (1737-1740).
43º. – Louis François de Bourbon, Mestre (1741-1746).
1750 – O Barão von Hund, associado com a maçonaria de Paris, proclama uma nova forma de franco-maçonaria, que supostamente descenderia por transmissão iniciática directa dos Templários, a Estrita Observância, a qual traduz do latim um texto da Regra e, sobretudo, um presumível cerimonial secreto templário, que é traduzido em francês e posteriormente em inglês e castelhano.
Com base nestes argumentos, apresenta uma lista de presumíveis Mestres Secretos, centrados na Escócia e que haviam dirigido a Ordem no Período do Silêncio após a morte de Jacques de Molay.
44º. – Louis Hércules Timoleon, Mestre (1776-1792) duque de Cossé Brissac. Foi governador de Paris e comandante da guarda constitucional em 1791 no reinado de Luís XVI. Foi executado em Setembro de 1792 durante a revolução francesa.
1794 – São encontrados pelo Bispo Friedrich Munter, na Biblioteca Corsino dos Arquivos do Vaticano, os “Estatutos de Roncelinus”, também conhecido como a “Regra Secreta do Templo”.
45º. – Claude de Chevillon, Mestre (1804-1804).
46º. – Bernard Fabré-Palaprat, Mestre (1804-1839).
Este foi um mestrado controverso, rodeado de cenários mirabolantes; Fabré-Palaprat, franco-mação assumido, apresentou como testemunho da sua herança, uma bandeira branca e preta, um elmo, uma espada juntamente com uns ossos, que supostamente seriam de Jacques de Molay, uma taça ou cálice, insistindo que era o Santo Graal, e o texto conhecido como o “Levitikon”. Em 1828, Fafré-Palaprat funda a Igreja neotemplária de São João, baseando-se no ensino de carácter gnóstico do “Levitikon” e, para aumentar a ironia, impôs aos neotemplários franceses, novas regras e rituais segundo as suas crenças juanistas, fazendo-se proclamar Soberano Pontífice e Patriarca da Igreja Juanista, reservando-se ao direito de processar os neotemplários que refutassem este novo credo.
Em 1837 com a saúde debilitada, Fabré-Palaprat deslocou-se para o sul de França, surgindo então a oportunidade para os dissidentes, que estabeleceram uma comissão executiva para convocar um Convento Geral.
A morte de Fabré-Palaprat sobreveio-lhe em 8 de Fevereiro de 1838 e, deste modo deverá, encontrar-se um caminho para a reunificação dos Irmãos do Templo. Assim, reuniram o Convento Geral, formando uma nova Comissão Executiva, e ponderaram que os Estatutos de 1705 haviam sido corrompidos por Fafré-Palaprat.
Nesse Convento Geral, foram elaborados uma série de novos documentos que desterraram as influências juanistas, restaurando as antigas tradições cavalheirescas, assim como a obediência à Igreja Católica.
Travou-se uma disputa pela liderança da Ordem, recaindo a escolha no Prior inglês Sir William Sidney Smith. A discórdia instalou-se nos franceses negando-se a reconhecê-lo como Mestre (talvez derivado às suas ligações maçónicas), continuando a eleger regentes, começando pelo conde Moreton.
Apesar das divisões internas, havia 78 Priorados, 154 Bailiados e 274 Comendadorias, por toda a Europa, incluindo o Norte de África e América do Sul.
Dada a confusão gerada em Paris, os Priorados franceses optaram pela autonomia.
47º. – William Sidney Smith, Mestre (1839-1840).
Sir William Sidney Smith foi um valoroso e conhecido militar na sua época.
Como observa-mos, os Estatutos da Ordem do Templo foram revistos e, para evitar cismas futuros, as prerrogativas do anterior Grão-Mestre foram confinadas entre "limites prudentes". Todas as extraordinárias e heréticas ideias que
Fabré-Palaprat tentou introduzir na Ordem, foram consagradas ao esquecimento.
Numa carta escrita a um amigo, com data de 28 de Outubro de 1839, Sir William revelou que receberia a Cruz Templária (Cruz do Martírio) que foi usada pelo Rei Ricardo I de Inglaterra, que lhe seria entregue pelo Arcebispo grego de Nicosia, usada como cruz episcopal peitoral pelos 18 Bispos antecessores. Esta Cruz vermelha de oito pontas havia sido preservada no tesouro da Igreja de Chipre desde a partida de Ricardo Coração de Leão.
No seu testamento, Sir Sidney escreveu "entrego para a posteridade a minha Cruz de Jerusalém, usada por Ricardo I nas Cruzadas, ao Tesouro da Ordem do Templo de onde inicialmente proveio para as mãos do Coração de Leão e que deverá ser usada por todos os Grão-Mestres da Ordem do Templo para sempre".
A Era Dos Grão-Mestres Nacionais e Regentes
1840 – 1850 Edward VII de Inglaterra, Jorge V de Hanover.
A meio do século XIX surgiu uma nova divisão na Ordem; alguns dos Priorados nacionais elegem o seu próprio Grão-Mestre. O Rei Jorge V de Hannover foi eleito Grão-Mestre e foi deposto durante a guerra Austro-Prussiana em 1866. Após algum tempo, o Imperador Guilherme II foi eleito e, para a Inglaterra elegeram o Príncipe de Gales, futuro Edward VII.
Em 13 de Março de 1845, foi solicitado a repulsa à condenação infligida pelo Papa Clemente V, assim como a restauração e o reconhecimento oficial da Ordem pelo Vaticano.
O Papa Gregório XVI recebeu favoravelmente o Embaixador Templário, Príncipe de Chimay, mas exigiu a condição sine qua non, que todos os que professavam na Ordem teriam de ter a Fé da Religião Católica Romana.
Esta condição foi considerada demasiado severa, que forçaria a expulsão de um grande número de Cavaleiros, sobretudo de Religião Ortodoxa e, de acordo com esta medida, a reconciliação e o “reconhecimento oficial” pelo Vaticano, foi declinada pela Ordem.
48º. – Narcisse Valleray (Regente) (1850).
A 13 de Junho de 1853, Napoleão III, Imperador de França, reconheceu a Ordem e autorizou o uso da Cruz Templária naquele país.
49º. – A. G. M. Vernois (Regente) (1866).
A 15 de Agosto de 1871, o Regente Geral, Dr. A.G.M. Vernois depositou os Arquivos da Ordem, no Arquivo Nacional de França.
50º. – Joseph Paladan (Regente) (1892).
No dia 13 de Novembro de 1894, reuniu-se o Convento Geral da Ordem do Templo, em Bruxelas, que decidiu restaurar a Regência e estabelecer um Secretariado Internacional nesta cidade.
No ano de 1932, registaram-se os Estatutos do Secretariado Internacional, como Associação dos Templários Belgas, também em Bruxelas.
Conselho de Regência sob Joseph Vandenberg, (1934).
Em 1 de Outubro de 1934, o Secretariado Internacional transferiu os seus poderes para o Conselho de Regência formado por um grupo de Cavaleiros muito antigos, que fizeram por manter a Ordem de forma legitima. Este Conselho pretendia eleger um Grão-Mestre mas acabou por nomear um Regênte e Guardião da Ordem. Nomearam em 1935 o Chanceler da Associação Bélga, Theodore Covias.
Theodore Covias, da Bélgica é nomeado Guardião, (1935 - 1935).
Emile Clement Vandenberg é nomeado Guardião, (1935-1942).
A 8 de Agosto de 1935 foi nomeado Guardão da Ordem, ao mesmo tempo era confiado a Remy Gueredelle um Bailiado em França, registado em Paris, como Associação Francesa dos Cavaleiros da Ordem Soberana e Militar do Templo de Jerusalém.
Quando Adolf Hitler ocupou a Bélgica durante a Segunda Guerra Mundial, o Regente Vandenberg, após ter consultado os seus dignitários, decidiu transferir secretamente ao Arquivos da Ordem para fora da Bélgica.
Sob o Decreto Magistral de 23 de Dezembro de 1942, Vandenberg entregou todos os direitos, títulos e privilégios que lhe foram concedidos na Ordem do Templo, ao Grão-Prior de Portugal, um nobre, ao Conde Dom António Campello Pinto Pereira de Sousa Fontes.
51º. – Dom António Pereira de Sousa Fontes (Regente) - (1942-1960).
Portugal foi um país neutral durante a Segunda Guerra Mundial, e como tal, Dom António de Fontes ficou encarregado de dirigir a Ordem a partir partir desta Nação e, com a transferência do título tornou-se Regente e Guardião da Ordem.
Vandenberg perece num acidente de viação no final da guerra, e o que restou do Secretariado Internacioal
nunca reclamou o retorno da chefia da Ordem para a Bélgica, e esta assentou o seu Grão-Mes
trado na cidade do Porto, em Portugal.
52º. – Dom Fernando Campello Pinto Pereira de Sousa Fontes desde 1960; inicialmente nomeado Regente e, posteriormente, assume o cargo de Grão-Mestre Universal da ORDO SUPREMUS MILITARIS TEMPLI HIEROSOLYMITANI, confirmado por três Conventos Mundiais.