domingo, 22 de dezembro de 2019

A história do bolo-rei

File:Bolo Rei - Natal.JPG

À semelhança do que sucede com a grande parte dos costumes atuais, perde-se no tempo a 
verdadeira origem do bolo-rei.
Existe toda uma simbologia com mais de 2000 anos de existência em relação a este bolo 
que representa os presentes que os três Reis Magos deram ao Menino Jesus aquando do seu 
nascimento: assim, a côdea simboliza o ouro; as frutas, cristalizadas e secas, representam 
a mirra; e o aroma do bolo assinala o incenso. Também a presença da fava tem a sua 
explicação. Segundo a lenda, quando os Reis Magos viram a estrela que anunciava o 
nascimento de Jesus, disputaram entre si qual dos três seria o primeiro a brindar o Menino. 
Para terminar a discussão, um padeiro confecionou um bolo e escondeu no seu interior uma fava.
 O Rei Mago a quem calhasse a fatia de bolo contendo a fava seria o primeiro a entregar o presente.

Cabe aqui também falar da Roma Antiga, durante as festas pagãs a Saturno, havia o hábito de eleger 
o rei da festa durante os banquetes festivos, o que era feito tirando à sorte com favas, pelo que 
era também designado por vezes de rei da fava.

O bolo-rei como atualmente o conhecemos terá surgido em França no reinado do rei sol, Luís XIV, 
era “presença habitual” nas festas do Ano Novo e do Dia de Reis, segundo o testemunho de 
alguns escritores como Madame Françoise de Mottevile e Saint Simon. O pintor Jean-Baptiste 
Greuze, celebrizou o bolo-rei num famoso quadro, com o nome de "Gâteau des Rois". Com a 
Revolução Francesa o bolo-rei foi proibido em virtude da sua alusão à figura real, os 
pasteleiros em vez de acabarem com o bolo resolveram continuar a confecioná-lo e designaram-no 
Gâteau des Sans-cullotes.  Sans-culottes foi a denominação dada pelos aristocratas aos artesãos, 
trabalhadores e até pequenos proprietários que participaram na Revolução. Cullotte era uma 
espécie de calção justo que se apertava à altura dos joelhos, peça de roupa típica da nobreza
Já os "sans-culottes" vestiam  calças compridas de algodão grosseiro. Estes eram, normalmente, 
os líderes das manifestações nas ruas.

O bolo-rei português tem origens francesas, apesar do bolo popularizado em Portugal no século XIX 
nada  ter a ver com  o existente na maior parte das províncias francesas a norte do rio Loire, na 
região de Paris, onde o bolo é uma rodela de massa folhada recheada de creme designado 
Galette des Rois.
  
O bolo-rei que se passa a confecionar em Portugal a partir dos anos 70 do século XIX, segue a 
receita a sul de Loire, um bolo em forma de coroa feito de massa lêveda. Foi a Confeitaria Nacional 
a primeira casa que em Portugal produziu e vendeu o bolo-rei cerca de 1870. Este bolo era 
feito pelo afamado confeiteiro Gregório através duma receita que Baltazar Castanheiro Júnior 
(filho do fundador da Confeitaria) trouxera de França.

Em 1910, com implantação da República em Portugal, o bolo-rei ficou em risco por conter a palavra 
"rei" no nome.
Mesmo assim, os confeiteiros e pasteleiros decidiram continuar a confecionar  o bolo sob outras 
designações. "Bolo-presidente", "bolo-Arriaga", "Ex-bolo-rei" ou "bolo de Ano Novo". No entanto, 
a população continuou a designar o bolo pelo nome de bolo-rei, até hoje.


Fonte: Blogue Estórias da História

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