MESTRE EVRARD DES BARRES (1147 − 1151)
Nasceu em 1113 em Meaux na região de Champagne. Ingressou muito jovem na Ordem do Templo e segundo consta, preferia a vida contemplativa à vida de guerreiro; eminentemente respeitável, reunia os valores de um cavaleiro enérgico e corajoso. Morreu em 1174 a 12 de Novembro na abadia de Clairvaux.
Foi Mestre de França a partir de 1143; em 1147 ascendeu imediatamente a Mestre da Ordem.
A SEGUNDA CRUZADA
Na Páscoa de 1147, foi convocado o Capitulo Geral da Ordem em Paris, com o fim de participarem na Segunda Cruzada, o que viria a acontecer.
O imperador Conrado chega a Constantinopla em Setembro de 1147. Ignorando os conselhos do imperador bizantino Manuel I Comneno, atravessa a Anatólia, e, sedento de glória, no dia 25 de Outubro enfrenta em Dorileia um inimigo sobrevalorizado que massacra impiedosamente o seu exército levando-o a refugiar-se em Niceia.
Luís VII e Leonor recebem a bênção papal de Eugénio III partindo para a Segunda Cruzada |
A junção destas forças originou um grande mas pouco eficaz exército. Sem logística para os apoiar, a coluna quebrou-se e os que ficaram para traz, foram obrigados a travar bastantes escaramuças contra as forças turcas, até voltarem a juntar-se à coluna principal.
Sob escolta dos cavaleiros do Templo, o exército de Luís VII rei de França sofreu uma emboscada nas gargantas em Pisidia, perto de Monte Kadmos, lavada a cabo pelos turcos. A bravura e coragem reveladas pelos ginetes às ordens do Mestre Evrard eram tais, que o rei Luís depôs o seu exército nas mãos do Mestre des Barres. (1) Dividindo em vários grupos as tropas francas, encabeçadas por um Templário, o exército chegou a salvo na Primavera a Antioquia.
(1) “Loa à Nova Milícia: No fragor do combate proclamai: quer vivamos, quer morramos, do Senhor somos.” São Bernardo.
Eis a descrição do cronista Odo de Deuil como os templários salvaram o rei Luís e o exército dos turcos:
“O Mestre do Templo, o Senhor Evrard des Barres, venerável pela sua religiosidade e exemplo de muito valor para o exército, vigiava com o resto dos seus irmãos, seus próprios cavalos e bagagens. Além disso, na medida do possível, protegiam valorosamente os demais.
O Rei que amava os Templários e imitava o seu exemplo ordenou que todo o exército seguisse o seu exemplo para que a nossa unidade espiritual confortasse os débeis. Ricos e pobres em uníssono comprometeram-se a não fugir e a obedecer ao pé da letra ao Mestre que foi designado.”
Numa carta enviada pelo rei ao seu ministro e vice-regente, o famoso Suger abade de Saint-Denis informava:
“Luís, pela graça de Deus rei de França e da Aquitânia, a seu amado e mais fiel amigo Suger, o reverendo abade de St. Denis, saúde e bons desejos.
Luís VII de França |
….Eu não posso imaginar como poderíamos ter subsistido até mesmo para o menor espaço de tempo por estas bandas, se não tivesse sido para os seus (os Templários) apoio e assistência, que nunca falhou comigo desde o primeiro dia que pus os pés nestas terras até ao momento de despachar esta carta – um socorro concedido habilmente e generosamente perseverou por muito tempo – por isso peço-vos encarecidamente que, como estes irmãos do Templo até agora têm sido abençoados com o amor de Deus, então agora eles podem ser alegrados e sustentados por nosso amor e favor.
Eu tenho de informar que eles me emprestaram uma considerável soma de dinheiro, que deve ser reembolsado rapidamente, que a sua casa não pode sofrer, e que eu possa manter a minha palavra….”
Este seria o primeiro instrumento financeiro colocado pelos Templários, que posteriormente se tornaram os banqueiros de Reis e senhores, que futuramente viria a causar repercussões para a Ordem do Templo.
Em Junho de 1148 o rei Luís e o imperador Conrado partem de Jerusalém, sitiam Damasco e a 28 de Julho do mesmo ano decidem retirar após cinco dias de cerco.
Luís VII passou mais um ano na Terra Santa e regressou a França. A sua partida pôs termo a uma cruzada sem glória nem proveito, que somente contribuiu para afectar as relações entre os reinos cruzados, bizantinos e alguns aliados muçulmanos.
Nur ad-Din |
Evrard des Barres abdicou do seu mestrado em 1151 regressando a França onde se recolheu no convento de Claraval, dedicando-se ao que mais apreciava; a vida contemplativa para alcançar a paz e a Iluminação.
Escudo de armas: − Esquartelado; I e IV Cruz do Templo sobre campo de prata; II e III sobre campo azul um chevron (esporas) de ouro, com três conchas em ouro nos cantões superiores direito e esquerdo e outra ao centro.
CRONOLOGIA DOS ACONTECIMENTOS
1147, Partida do rei Luís VII de França, e de Conrado III para a Palestina.
1147, 27Abril − O Papa Eugénio III concede a Cruz Vermelha Pátea aos Templários.
1147, 4/Outubro − Luís VII chega a Constantinopla.
1147, 25/Outubro − Massacre do exército cruzado de Conrado.
1148, Princípios da Primavera − Luís VII desembarca em Antioquia.
1148, 23/Julho − As tropas francesas, os sobreviventes da cruzada alemã e os cavaleiros da Terra Santa cercam Damasco. Abandonaram-no cinco dias depois, sem terem conseguido conquistar a cidade.
1149, Primavera − Luís VII e Conrado regressam a França. A Segunda Cruzada e o mito da invencibilidade dos francos foi destruído.
1149, 29/Junho − Nur ad-Din derrota os francos em Ma’arrathâ e mata Raimundo de
Poitiers.
1150, - Perante a ameaça muçulmana, Balduíno III abandona Turbessel e outras fortalezas do Norte do reino de Jerusalém.
A partir do ano de 1151, Evrard des Barres renuncia ao mestrado e retira-se para Clairvaux.
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