segunda-feira, 8 de abril de 2019

As eleições para o Parlamento Europeu

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Nesta pré-campanha eleitoral para o Parlamento Europeu muito se fala sem nada se dizer sobre a Europa e sobre Portugal. As esquerdas e as direitas portuguesas de todos os quadrantes não sabem bem ao que andam, sem um conceito arrimador sobre a civilização em que nos integramos, sem saber identificar o vínculo que nos liga à Europa e sem sequer equacionar o interesse nacional. Ouvimos muito, não aprendemos nada. Falam por cifras, frases feitas para cada um dos supostos "problemas", tomam a nuvem por Juno no alinhavar de lugares comuns carregados de superstição ideológica e de rodriguinhos importados destinados a clientelas há muito estabilizadas; em suma, a campanha não servirá para nada.


Em primeiro lugar, a Europa não é uma fatalidade nem o fim de Portugal. Fora ou dentro da Europa, poderemos indicar mil e uma alternativas no quadro do interesse nacional sem afrontar a unidade de destino inscrita na história desta comunidade deste o momento da sua criação, há quase novecentos anos.

Todos, da extrema-esquerda à direita extrema, exibem um doloroso seguidismo não português (e muitas vezes até, anti-português) que se contenta em situar os problemas contemporâneos da nação por referência a problemas específicos dos restantes estados do continente. A agenda de todos os partidos parece um químico das supostas "famílias ideológicas" em que cada formação se integra, desconhecendo que o interesse francês, alemão ou italiano colide, quase sempre, com o interesse português, não apenas na identificação dos problemas como na sua resolução. Neste particular, da extrema esquerda à direita extrema, há muita Europa e nenhum Portugal: são cópias de cópias pedindo protecção externa.

Ouviram falar de Portugal, do Portugal fora do portugalinho dos 500X200 km, do Portugal de ontem que está presente em todos os continentes, feito de brancos, mestiços, negros e asiáticos, dessa ideia de fraternidade universal que criámos e fecundámos ao longo de meio milénio ? Ouviram falar do espaço português extra-europeu, que se projectou no Atlântico e tem hoje no Brasil uma potência económica em crescente afirmação ? Ouviram falar em políticas de robustecimento dessa unidade global que carrega na língua o elemento aglutinador que nos condena ao irreversível entendimento ? Não. De facto, não foi Portugal que entrou na Europa, mas a União Europeia que entrou em Portugal.

MCB


Nova Portugalidade

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