D. Inês de Castro, * 1320 - † Coimbra, Coimbra, 07.01.1355, era filha de Pedro Fernandes de Castro, o da Guerra, Senhor de Lemos (*1290 - †1343) e de Aldonça Lourenço de Valadares (*1280); Neta paterna de Fernán Ruiz de Castro, Senhor de Lemos (*1260 - †1305) e de Violante Sanchez, Senhora de Uzero (*1270 - †1327) e neta materna de Lourenço Soares de Valadares (*1230) e de D. Sancha Nunes de Chacim (*1240). Inês de Castro era descendente de Dom Afonso Henriques por via paterna.
D. Inês de Castro era uma fidalga galega, de rara formosura, que fez parte da comitiva da infanta D. Constança de Castela, quando esta, em 1340, se deslocou a Portugal para casar com o príncipe D. Pedro (1320-1367).A beleza singular de D. Inês despertou desde logo a atenção do príncipe, que veio a apaixonar-se profundamente por ela. Desta paixão nasceu entre D. Pedro e D. Inês uma ligação amorosa que provocou escândalo na Corte portuguesa, motivo por que o rei resolveu intervir, expulsando do reino Inês de Castro, que veio a instalar-se no castelo de Albuquerque, na fronteira de Espanha.D. Constança morre de parto em 1345 e a ligação amorosa entre D. Pedro e D. Inês estreita-se ainda mais, contra a determinação do rei, D. Pedro manda que D. Inês regresse a Portugal e instala-a na sua própria casa, onde passam a viver uma vida de marido e mulher, de que nascem quatro filhos.
Os conselheiros do rei aperceberam-se das atenções com que o herdeiro do trono português recebia os irmãos de D. Inês e outros fidalgos galegos, chamaram a atenção de D. Afonso IV para aquele estado de coisas e para os perigos que poderiam advir dessa circunstância, uma vez que seria natural antever a possibilidade de vir a criar-se uma influência dominante de Castela sobre a política portuguesa.E persuadiram o rei de que esse perigo poderia afastar-se definitivamente, se se cortasse pela raiz a causa real desse perigo: a influência que D. Inês exercia sobre o príncipe D. Pedro, que um dia viria a ser rei de Portugal. Para isso seria necessário e suficiente eliminar D. Inês de Castro.
O problema foi discutido na presença dos conselheiros do rei em Montemor-o-Velho, e aí ficou resolvido que Inês seria executada sem demora.Quando D. Inês soube desta resolução, foi ter com o rei, rodeada dos filhos, para implorar misericórdia, uma vez que ela se considerava isenta de qualquer culpa. As súplicas de Inês só momentaneamente apiedaram D. Afonso IV, que entretanto se deslocara a Coimbra para que se desse cumprimento à deliberação tomada. E a execução de D. Inês efectuou-se em 7 de Janeiro de 1355, segundo o ritual e as práticas daquele tempo.Anos depois, em 1360, D. Pedro I, já então rei de Portugal, jurou, perante a sua corte, que havia casado clandestinamente com D. Inês um ano antes da sua morte.
O tema dos amores de D. Inês e da sua triste morte interessou grande número de poetas e escritores de várias épocas e de várias nacionalidades, e pode dizer-se que se contam por centenas as obras literárias em que o tema foi tratado.
Camões imortaliza, n'Os Lusíadas, os amores de Inês e D. Pedro, na estrofe CXX do Canto III:
«Estavas, linda Inês, posta em sossego,
de teus anos colhendo doce fruto,
Naquele engano de alma, ledo e cego,
Que a Fortuna não deixa durar muito,
Nos saudosos campos de Mondego,
De teus fermosos olhos nunca enxuto,
Aos montes ensinando e às ervinhas
O nome que no peito escrito tinhas.»
A Coroação de D. Inês de Castro
(por José Luís Espada-Feyo)
No ano de 1361, D. Pedro, já aclamado Rei, num misto de vingança e perturbação, teria ordenado a exumação do corpo de sua amada Inês de Castro, assassinada seis anos antes, para a coroar, post mortem, Rainha de Portugal.
Depois de levantado seu corpo, teria sido D. Inês sumptuosamente vestida com um manto real, sentada no Trono e coroada com toda a pompa e circunstância, tendo D. Pedro I obrigado a Grande Nobreza do Reino, que em vida a tinha desdenhado e contribuído para o seu assassinato, a beijar-lhe a mão e a prestar-lhe vassalagem.
Nem em documentação coeva, nem tão pouco na Crónica de D. Pedro escrita por Fernão Lopes cerca de um século depois, constam quaisquer referências a este mórbido episódio, que começa a surgir de forma lendária em narrativas do século XVI, ganhando, a partir daí, a dimensão romântica que caracteriza toda a ambiência dos célebres amores de Pedro e Inês.
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