sexta-feira, 30 de outubro de 2020

O maior legado do mundo para o Brasil

 



Portugal possuiu grandes bibliotecas e arquivos patrimoniais - a Biblioteca Nacional, a Torre do Tombo, a Biblioteca de Évora, a Real Biblioteca da Ajuda, a Biblioteca Real da Universidade de Coimbra, a Biblioteca Pública do Porto e a Biblioteca Real de Mafra - mas a quase totalidade dos tesouros ali existentes só chegou após o fim das chamadas guerras liberais, mediante expropriação dos bens pertencentes às ordens religiosas e das casas da nobreza que havia apoiado o Rei D. Miguel, assim como doações ou aquisições posteriores.

O grande património bibliográfico e arquivístico que sobreviveu ao terremoto de 1755 e, depois, às depredações resultantes das invasões francesas e da guerra civil portuguesa foram para o Rio de Janeiro em três levas. A primeira leva saiu de Portugal em 1810 e continha 6000 códices pertencentes à biblioteca da Congregação dos Oratorianos, mais a rica biblioteca do Paço. A segunda remessa partiu de Lisboa em 1811 e a terceira em Setembro do mesmo ano, contendo 87 caixotes de preciosidades, num total de 317 contentores carregados de espécies raras. Esse imenso espólio foi inicialmente acomodado no edifício da Ordem Terceira do Carmo, mas eram tantos que depressa o imóvel se converteu em Real Biblioteca dividida por secções temáticas que compreendiam Teologia, Jurisprudência, Ciências e Artes, Literatura e História, mas igualmente estampas, cartografia e colecções completas das gazetas, do século XVII ao século XIX.

Por ocasião da independência do Brasil, o Rio de Janeiro possuía certamente, a maior biblioteca do hemisfério ocidental, aberta ao público por determinação do então Príncipe Regente Dom João (depois Dom João VI) que em alvará assinalava querer "favorecer e excitar o estudo das letras divinas e humanas entre os seus vassalos do Brasil, franquando esta livraria a todos os literatos e estudiosos".

A actual Biblioteca Nacional do Brasil é a herdeira patrimonial dessa espantosa doação e de uma viagem de dezenas de milhares de espécies bibliográficas que Dom João deixou à fruição, estudo e elevação cultural do Brasil e dos brasileiros.

MCB

Fonte: Nova Portugalidade

Sem comentários:

Enviar um comentário