Cadernos Templários Janeiro 2008
A TRAÇOS LARGOS – AS IDANHAS * /**
Esta antiga e próspera aldeia, outrora famosa cidade romana com milhares de habitantes, documentada desde o ano XVI a.C., ainda não nos revelou todo o seu passado histórico.
Considerada uma das mais antigas povoações de Portugal, as suas terras férteis e de localização privilegiada, desde cedo contribuíram para a cobiça de outros povos, cuja presença deixou marcas que perduraram até aos nossos dias.
Nas escavações arqueológicas efectuadas, encontram-se vestígios que remontam a períodos tais como:
Pré-História, Celtas, Classicismo Romano, Suevo, Visigótico, Árabe e da Idade Média Portuguesa ao período Manuelino.
Os romanos chamaram-lhe EGITÂNIA.
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A torre é quadrangular e assenta sobre o pódio de um templo romano dedicado a Vénus, ostentando uma janela de origem românica encimada por um tímpano onde se pode ler a seguinte inscrição:
“Era: MCC:III: REX:S:II: MAGISTER:TEMPLI: M:MARTINI:
PERGALCAVIT: VI:LA:EGITANIE: R:PETRI COMO”.
“Na era de César de 1283 (1245 da era de Cristo), no reinado de D. Sancho II, o Mestre do Templo, Martim Martins entrou em posse da Egitânia, sendo Comendador R. Pedro”.
Nas proximidades da torre encontra-se o templo conhecido como catedral,
possivelmente de origem visigótica, e junto a este, um baptistério para adultos, também da mesma origem, com quatro lugares em cruz; um para o candidato ao baptismo, outro para o sacerdote e os restantes para os padrinhos.
Foi este magnífico património que no ano de 1165 Sua Majestade El-Rei D. Afonso Henriques doou ao Mestre D. Frei Gualdim Pais, território de “Ydania e Monte Santo” (Monsanto), delimitados a este pelo rio Erges, o Tejo a sul, o Zêzere a Oeste e a serra da Estrela a norte.
Cinco anos após a sua doação, a velha Egitânia encontrava-se fortificada e muito povoada, motivos que não impediram a sua destruição pelos sarracenos em 1197. No mesmo ano, D. Sancho I faz novamente doação de Idanha-a-Velha, assim como de todo o território da Açafa, a D. Frei Lopo Fernandes sucessor de D. Gualdim.
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Recebe foral de D. Sancho II em 1229, que a doou ao Mestre Vicente, seu chanceler e futuro bispo da Guarda. Em 16 de Dezembro de 1244 é doada novamente à Ordem do Templo através de escritura feita em Coimbra que, segundo Fr. Bernardo da Costa, reza assim: “Eu, D. Sancho II, por Graça de Deus, Rei de Portugal, dou todos os direitos que tenho em Idanha-a-Velha e Salvaterra (do Extremo) à Ordem do Templo. E faço isto por remédio e bem da minha alma e por amor que tenho a D. Martim Martins, meu colaço (irmão de leite), Mestre da Ordem do Templo nos três reinos de Hespanha”.
IDANHA-A-NOVA
O castelo da vila de Idanha-a-Nova foi construído no ano de 1187 a mando de D. Frei Gualdim Pais e a planta revela ter sido uma fortaleza de pequenas dimensões, constituída basicamente pelo palácio dos alcaides, servida por um pequeno pátio com entrada do lado oposto independente à porta principal e uma alterosa torre de menagem com três vãos.
Povoada desde a fundação do seu castelo, a vila possuía uma cerca de muralha, com várias torres e portas, que envolvia a povoação.
Esta fortaleza, agora em ruínas, pensa-se ter sido construída para, conjuntamente com o castelo de Monsanto, contribuir para a protecção de Idanha-a-Velha pela vulnerabilidade que apresentava devido à sua localização.
Nove anos antes de El-Rei D. Dinis ordenar a entrega das duas Idanhas à recém criada Ordem de Cristo, o monarca doa os rendimentos de Idanha-a-Nova, então considerada o celeiro da Beira Baixa, à Ordem do Templo, como, segunda certas fontes dizem, forma de pagamento de dívidas contraídas com os monges guerreiros.
Envolto em paisagens de uma beleza natural, este magnifico património histórico e cultural, tão próximo de Castelo Branco, encontra-se somente a 12Km. da tão famosa aldeia de Monsanto.
As gentes, simples, simpáticas e hospitaleiras destas terras, mantêm vivas as lendas religiosas e pagãs que tanto nos encanta ouvir, e é com orgulho que referem a sua ligação à Ordem do Templo.
Recomenda-se um passeio por estas paragens com a garantia de que quando partirem não esquecerão o que viram e ficará a vontade de um dia regressarem.
*Consultas: “Portugal Templário de José Manuel Capelo”.
“Castelos Templários da Beira Baixa de António Lopes Pires Nunes”.
**++Fr. João Duarte/Comendador Delegado da Comendadoria de Santa Maria do Castelo de C. Branco
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