ROBERT DE SABLÉ (1190 − 1193)
Foi Senhor de uma porção de terras num vale banhadas pelo rio Sarthe, que lhe coubera por herança na década de 1160.
A sua versatilidade permitia-lhe ocupar os tempos livres compondo trovas, como era usual naquela época, conquistando o coração de Clemence de Mayenne, filha de Geoffroy II Senhor de Mayenne; como resultado dessa união, Deus abençoou-o com uma filha, Margarida de Sablé, que viria a ser a futura esposa de Guillaume des Roches, mestre-sala da casa de Anjou.
Depois do falecimento do Mestre Gerard de Ridefort, a vaga ficou por preencher ao redor de dezoito meses. O Capítulo Geral devia alterar as regras “Retraits”, com respeito às acções relativas ao Mestre, actos esses, que não se voltariam a repetir.
Segundo as crónicas de Guillaume de Tyr, Robert de Sablé subiu ao mais alto cargo da Ordem do Templo em 1190; outros cronistas argumentam que foi nomeado em 1191, depois do desembarque do rei de Inglaterra na Palestina. (Partamos do princípio que a data será 1190).
Há menos de um ano que este cavaleiro entrara nas fileiras templárias; denotando o seu valor no campo de batalha em Espanha, na Sicília assim como noutros lugares, aliada a uma conduta moral irrepreensível, por todos esses motivos foi eleito Mestre do Templo.
Em Julho de 1191, participou no cerco e na reconquista de Acre ao lado de Ricardo I de Inglaterra que assumira o comando dos exércitos, e de Filipe II de França. Consciente de que tinha de garantir as linhas de provimento para conquistar Jerusalém, Ricardo I avançou em seguida em direcção a Jaffa.
A TERCEIRA CRUZADA (1189 − 1192)
Rei Filipe II de França |
Declinava o verão de 1190, quando o rei Filipe embarcou em Génova e Ricardo em Marselha, com destino à Terra Santa. Mas uma violenta tempestade obrigou-os a aportar em Messina, na Cilícia, adiando-lhes a viagem por alguns meses.
A rivalidade que existia entre os dois soberanos acentuou-se sobremaneira, quando Ricardo anula o noivado com Adela de França, meia-irmã do rei, para ficar noivo de Berengária de Navarra. Perante esta ruptura, Filipe separa-se do rei inglês, partindo de Messina em 30 de Março de 1191, chegando a São João de Acre no dia 20 de Abril de 1191 onde participa no cerco à cidade controlada pelos muçulmanos desde 1187.
Rei Ricardo I de Inglaterra |
Depois de um mês de cerco, os muçulmanos capitularam e a cidade é entregue aos Cavaleiros de São João de Jerusalém.
Enquanto os cruzados prosseguiam o caminho de Jerusalém, Filipe II vê-se obrigado a abandonar a cruzada, por França reclamar a sua presença.
A BATALHA DE ARSUF
Ricardo I colocou as forças cristãs de tal forma que poderiam, ser rapidamente convertidas em formação de combate. As divisões de cavalaria defendidas por uma linha ininterrupta de unidades de peões, estendendo-se ao longo da coluna composta por trinta mil homens. O exército seguia à beira do litoral Mediterrâneo, cuja vanguarda era formada por um destacamento de cavaleiros da Ordem do Templo, enquanto a retaguarda era protegida pelos cavaleiros Hospitalários.
As emboscadas que os cristãos sofriam eram constantes, devido às armaduras que os homens e animais se faziam transportar, ao contrário dos guerreiros de Saladino, que usava ginetes-arqueiros sem qualquer protecção. Mas o rei Ricardo recomendou que os seus homens resistissem ao incitamento das forças inimigas, forçando cansar o adversário.
Ricardo I na batalha de Arsuf |
No dia 7 de Setembro, pela manhã, o exército cruzado encontrava-se a curta distância do norte de Arsuf; atravessou o rio Rachetaille, em formação de três colunas. Próximo do mar, a caravana das bagagens era escoltada por soldados de infantaria. Na coluna central composta de doze esquadrões de cavalaria com cem cavaleiros cada uma; a ala esquerda era formada por soldados de infantaria armados com bestas e lanças.
A pressão dos muçulmanos era cada vez mais enérgica, incidindo principalmente sobre o flanco esquerdo, defendido pelos Hospitalários, que embora tivessem um número reduzido de baixas, perderam um grande número de cavalos, pondo em risco a continuidade das operações.
A expectativa do rei Ricardo I, era esperar que Saladino expusesse o flanco direito das suas tropas e ficassem mais vulneráveis. Mas os cavalos continuavam a morrer, e os Hospitalários começaram a avançar espontaneamente. Não tendo outra opção, Ricardo I, desferiu um ataque, ordenando que as forças do Templo fustigassem o flanco esquerdo dos muçulmanos. Deixando a bagagem à retaguarda próximo à beira-mar, Ricardo Coração de Leão postou a cavalaria no meio, enquanto que a infantaria encabeçava as linhas da frente.
As trompas muçulmanas deram o sinal de ataque. Vindos da floresta de Arsuf, surgiram em vagas sucessivas, submergindo num mar de mourama, a ala esquerda da linha defendida pelos guerreiros do Templo na tentativa de separá-los para em seguida os destruir.
Nesse espaço de tempo, os cavaleiros Hospitalários juntamente com a infantaria, deslocando-se à sua frente, atacaram pelos espaços deixados pelos peões muçulmanos.
Carga de cavalaria do Templo |
Saladino não esperava uma reacção destas! As constantes provocações a que o exército fora exposto, produziram os efeitos contrários aos seus desejos!... Os seus homens tentaram reagrupar-se, mas sucumbiram ao massacre pelas cargas de cavalaria a par da infantaria.
De vinte mil homens que compunham o exército de Saladino, perdera à volta de sete mil; da parte dos cristãos pereceram cerca de mil.
Prosseguido em direcção a Joppa, o rei Ricardo acabou por reconquistar o almejado porto.
“Jaffa antes baptizada de Arshof, derivada do nome do deus fenício Reshef. Quando foi conquistada por Alexandre, o Grande, em 333 a.C. passou a designar-se de Apóllonia, em homenagem ao deus Apólo. Depois do séc. IV durante o período bizantino, recebeu o nome de Sozusa (a cidade do Salvador). Com a conquista muçulmana, em 636 d.C. voltou a ser chamada de Arshof, sofrendo a mutação para Arsuf. Nos séc. XII e XIII durante as cruzadas foi designada por Arsur, variação fonética de Arsuf”.
Escudo de armas: − Esquartelado; I e IV Cruz do Templo sobre campo de prata; II e III em campo de ouro uma águia azul.
CRONOLOGIA DOS ACONTECIMENTOS
1190, Fundação da Ordem Teutónica de Santa Maria de Jerusalém, formada em Acre.
(Ordo Domus Sanctae Mariae Theutonicorum).
1190, 18 a 20/Maio − Frederico conquista Konya capital do sultanato turco da Ásia
Menor.
1190, 10/Junho − Frederico I imperador do Sacro Império Romano-Germanico afoga-
-se nas águas do rio Seléf na Cilícia.
1190, A Cruzada alemã fica a cargo de Frederico da Suábia filho de Barba-Roxa, e ru-
ma para São João de Acre.
1190, 4/Julho − Os reis Filipe Augusto e Ricardo Coração de Leão partem de Vézelay
para a Palestina, parando na Cilícia onde fazem uma escala que se prolonga por
seis meses.
1191, 20/Abril − O rei Filipe II desembarca em S. João de Acre.
1191, 6/Maio − Ricardo Plantageneta cerca Chipre conquistando a ilha após um mês de
resistência, e rumou em seguida para Acre.
A troco de 25.000 mil marcos de prata a ilha de Chipre é cedida aos Templários.
1191, 12/Julho − São João de Acre é reconquistada.
1191, 2/Agosto − Filipe II regressa à Europa.
1191, 7/Setembro − Ricardo Plantageneta derrota Saladino em Arsouf.
1192, Guy de Lusignan, eis rei de Jerusalém recebe de Ricardo a ilha de Chipre, como
feudo.
1192, 28/Abril − Assassinato de Conrado de Monferrat, Senhor de Tiro, rei consorte de
Jerusalém, apunhalado por dois membros da seita Hashshashin.
1192, Maio − Henrique II de Champagne contrai matrimónio com a viúva de Conrado,
tornando-se rei consorte de Jerusalém.
1192, 1 a 5/Agosto − Batalha de Jaffa; Ricardo I vence Saladino.
1192, 2/Setembro − Celebra-se uma trégua entre Saladino e Ricardo I, com duração de
três anos. Do acordo, resultou a permissão das peregrinações cristãs ao Santo
Sepulcro, e a conservação da faixa de ligação de Tiro a Jaffa.
1193, 13/Janeiro − Morre o Mestre Robert de Sablé.
*++ João Duarte - Grande Oficial/Comendador da Comendadoria Sta. Maria do Castelo de Castelo Branco.
Sem comentários:
Enviar um comentário