A TRAÇOS LARGOS − A TORRE DE VILA VELHA DE RODÃO
A LENDA
Diz a lenda, que
nas portas de Ródão habitava num castelo o rei Wamba, o último grande guerreiro
visigodo, que guardava a parte norte do rio Tejo − possivelmente, seria um
posto avançado da velha Egitânia, − onde viveu antes das invasões moiras do
séc. VIII.
Na outra margem,
os domínios pertenciam a um rei mouro, pelo qual, a mulher de Wamba andava
perdida de amores. Bela e formosa, seriam os predicados que melhor a definiam; o
rei mouro, incapaz de resistir a tamanho encantamento, tentou raptar a mulher
que correspondia aos seus devaneios, cavando um túnel que passaria por baixo do
rio para a poder ir buscar. Mas os cálculos do rei mouro saíram-lhe gorados
pois, foi sair acima do leito do rio! − Conforme ainda hoje se pode observar.
A formosa mulher
entrou em pânico quando o rei Wamba descobriu a finalidade do buraco. Então, o
rei vendo a paixão que nutriam um pelo outro, ofereceu-a ao rei mouro mas, sendo
atada a uma mó de moinho, rolando-a pelas encostas até ao rio Tejo.
No local por onde
passou a mó com a mulher do rei Wamba, jamais voltou a nascer qualquer
vegetação, conforme se pode constatar ainda hoje.
No ano de 1199,
D. Sancho I contemplou Ordem do Templo, com um vasto território onde constava a
Azafa, (Açafa) hoje terras de Vila Velha de Ródão.
Nesse tempo, o
Mestrado da Ordem do Templo do Reino foi entregue ao Mestre D. Frei Lopo
Fernandes, o quinto Mestre (*), que sucedera a D. Frei Gualdim Paes.
Pronto ergueram uma torre-atalaia,
de forma quadrangular, amuralhada, ao mesmo tempo, ergueram um templo rústico
em honra de Santa Maria do Castelo, a primeira padroeira de
Portugal.
Pelourinho com a Cruz do Templo |
Confiante na sua
robustez, a torre, acolheu um punhado de cavaleiros do Templo; lá do alto, os
soldados de Cristo, dispunham de uma ampla perspectiva, podendo observar a sul
movimentos da mourama vindos do Alentejo onde, em 1190, surgiram subitamente os
exércitos de Abu Yusuf Ya’qub al-Mansur, que chegaram às
margens do rio Tejo
e, inclusive, pôs em risco a sede do Templo na cidade de Tomar; ao norte,
depois dos mouros terem sido expulsos da zona do Mondego, quedava o receio de
se expandirem chegando ao rio Tejo, que na época não era totalmente seguro; para
leste, Templários olhavam o horizonte, expectantes do avanço dos cavaleiros
seus irmãos, que iam a caminho de Castelo Branco, onde dezasseis anos depois, construiriam
uma soberba praça-forte, para servir de protecção à Beira Baixa e, sobretudo, das
quezilentas investidas do Reino de Leão.
Esta velhíssima torre cumpriu todos os seus desígnios. Hoje, continua
firme nos seus propósitos de guardar o rio Tejo. Entre os seus muros vazios, só
resta a solidão! As águias imperiais visitam-na esporadicamente, e os grifos planam
em voo silencioso, em busca das suas presas. De quando em vez, o recinto recebe
alguns turistas para, a título de curiosidade, darem largas à sua imaginação,
como viveu o rei Wamba.
*Segundo
a obra de Fr. Bernardo da Costa.
*++Fr.
João Duarte − Grande Oficial/Comendador Delegado da Comendadoria Sta. Maria do
Castelo de C. Branco.
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