O CASAMENTO DA INFANTA DONA LEONOR COM O IMPERADOR FREDERICO III
Casamento, em 1452, de D. Leonor, Infanta de Portugal, com Frederico III, Imperador da Alemanha
Quando hoje, pela Europa fora, se comentam os dictames da senhora Merkl e a hegemonia da desnacionalizada Alemanha sobre as nações do Velho Continente, não resistimos a transcrever alguns trechos de cartas enviadas por D. Lopo de Almeida, depois I Conde de Abrantes, ao nosso Rei D. Afonso V, por ocasião das cerimónias do casamento da Infanta, D. Leonor, irmã do Rei, com o Imperador da Alemanha, ocorridas, sucessivamente, em Sena, Roma e Nápoles.
A Infanta D. Leonor, tinha então 16 anos, sendo o seu noivo vinte anos mais velho.
Depois de descrever a recepção à Infanta, nos arredores de Sena, pelo irmão do Imperador, Arquiduque Alberto, e pelo seu sobrinho, Ladislau, Rei da Hungria e da Boémia, e às portas da cidade, pelo próprio Imperador, D. Lopo de Almeida, um dos membros da comitiva da Infanta, refere-se assim ao Imperador Frederico III:
Depois de descrever a recepção à Infanta, nos arredores de Sena, pelo irmão do Imperador, Arquiduque Alberto, e pelo seu sobrinho, Ladislau, Rei da Hungria e da Boémia, e às portas da cidade, pelo próprio Imperador, D. Lopo de Almeida, um dos membros da comitiva da Infanta, refere-se assim ao Imperador Frederico III:
“ Do Imperador vos não falo, porque o não vi em Florença, senão por peneira, nem tive tempo; mas agora vos digo Senhor que nunca cuidei de ver homem tão pouco estar em seus pés, que somente a dizer-lhe um homem, que se quer ir com sua m. (sic) lhe não dá resposta, senão que fale primeiro com três, ou quatro de conselho; juro-vos Senhor, que antes queria ser Rei de Castela, que ele muito escasso sem nenhuma comparação, e avarento, e vereis, que fez; ele queria comprar em Florença um Damasquim dobrado branco, que era de Cosme de Medicis, e mandou vir o brocado para o ver, e esteve regateando com os homens do dito Cosme grande pedaço, de guisa, que se não aviaram, e foram-se com o pano, a cabo de pedaço, mandou-lhe dizer o Imperador que aqueles seus homens, que estavam muito caros com aquele pano, que lhe rogava que lhes mandasse, que lhe fizessem dele bom preço, e o dito Cosme, que jazia doente, disse aos seus Feitores que bem sabia ele o mercado, que o Imperador queria dele, e mandou que lho levassem de graça, e ele que o tomou, e pesou-lhe ainda com ser pouco.
A nenhum destes vossos vassalos, que se expediram dele, não deu nem um só ducado, nem um pão, nem a mim com ele....” (Carta escrita em Sena, em 28 de Fevereiro de 1452)
De Nápoles, em 18 de Abri de 1452, D. Lopo de Almeida, volta a escrever a D. Afonso V.
De Nápoles, em 18 de Abri de 1452, D. Lopo de Almeida, volta a escrever a D. Afonso V.
“Senhor, daí a dois dias, ou três, determinou o Imperador de fazer cópula carnal de matrimónio com vossa Irmã. Este dia, acabadas as justas, foram cear, e acabada a ceia, vieram todos por vossa Irmã, e levaram-na a casa do Imperador, e dançaram em sua sala quase uma hora, e veio colação maior, que a de Fernão Cerveira, que com três patos dizia que se fartaria muito bem, e lançar-se-ia na cama, o Imperador partiu-se da dança, antes da colação, e foi-se à sua câmara, e acabada a dita colação, levou El-Rei a dita Senhora àquela mesma câmara com poucos, salvo mulheres, e acharam-no já lançado, vestido entre os lençois, e tomaram vossa Irmã, e lançaram-na na cama com ele também vestida, e cobriram-lhe as cabeças, e beijaram-se, e feito isto, levantaram-se e tornou-se a dita Senhora à sua câmara, e ficou o dito Senhor na sua, e isto foi assim feito à usança da Alemanha, porque assim foi acordado com El-Rei de se fazer.
Vossa Irmã estava em sua câmara este serão, esperando que o Imperador fosse lá, e ele mandou por ela dois condes, que se fosse à câmara dele, e ela não quis, e passaram sobre isto muitas embaixadas por cinco, ou seis vezes, segundo me disseram até que ele veio por ela em pessoa, e disse-lhe que lhe prazia que ela fosse folgar com ele à sua cama por essa noite, e levou-a pela mão, e tanto que entrou, lançaram-na na cama em camisa, e ele com ela, o que passaram de noite, não o sei, mas suspeito-o e vós Senhor o deveis entender, assim que Senhor a consumação do matrimónio do Imperador com vossa Irmã, foi à noite de antes o Domingo de Pascoela..”
Três anos depois deste casamento, nasceria o primeiro filho, que sobreviveu poucos meses.
Três anos depois deste casamento, nasceria o primeiro filho, que sobreviveu poucos meses.
Sete anos mais tarde, nasceu o segundo filho, o futuro Imperador Maximiliano I, pai de Filipe I, o Belo, Rei de Espanha, e avô do Imperador Carlos V.
in Provas da História Genealógica da Casa Real Portuguesa, Tomo I, Livro III. nº 54
in Provas da História Genealógica da Casa Real Portuguesa, Tomo I, Livro III. nº 54
Leonor de Portugal, Sacra Imperatriz Romana
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Leonor de Portugal (em Português antigo Lyanor ou Lianor) (Torres Vedras, 18 de Setembro de 1434 - Wiener Neustadt, 3 de Setembro de 1467) foi uma infanta portuguesa da Dinastia de Aviz, filha do rei Duarte de Portugal e da sua esposa Leonor de Aragão. Quando o seu pai morreu em 1438, a infanta com apenas quatro anos é confiada à regência, primeiro de sua mãe e depois de seu tio o Infante D. Pedro, Duque de Coimbra. Foi criada juntamente com suas irmãs D. Catarina e D. Joana em Lisboa.
Graças à projecção internacional de Portugal a partir de Quatrocentos devido aos Descobrimentos e às riquezas daí resultantes, Dona Leonor é considerada para esposa do Delfim de França, Luís de Valois e do Imperador Frederico III. As negociações deste último projecto revelam-se frutíferas e os esponsais celebram-se em 1451. Dona Leonor parte para Itália para se reunir ao marido, sendo ambos coroados pelo Papa Nicolau V na Basílica de São Pedro, em Roma, a 16 de Março de 1452. Foi a última Imperatriz do Sacro-Império Romano-Germânico a ser coroada em Roma pelo Sumo Pontífice.
Do enlace entre as Dinastias de Aviz e de Habsburgo nasceram cinco filhos, dos quais dois sobreviveram: Maximiliano I da Germânia, que sucedeu a seu pai e Cunegunda da Áustria (1465-1520), que se casaria com Alberto IV Duque da Baviera. De Dona Leonor descende toda a linhagem da Casa de Áustria; entre os seus bisnetos contam-se o Imperador Carlos V, Senhor do Mundo, que iniciou o ramo espanhol da Casa de Áustria que viria a reinar em Portugal, e o Imperador Fernando I, que deu origem ao ramo austríaco da dinastia de Habsburgo.
Graças à projecção internacional de Portugal a partir de Quatrocentos devido aos Descobrimentos e às riquezas daí resultantes, Dona Leonor é considerada para esposa do Delfim de França, Luís de Valois e do Imperador Frederico III. As negociações deste último projecto revelam-se frutíferas e os esponsais celebram-se em 1451. Dona Leonor parte para Itália para se reunir ao marido, sendo ambos coroados pelo Papa Nicolau V na Basílica de São Pedro, em Roma, a 16 de Março de 1452. Foi a última Imperatriz do Sacro-Império Romano-Germânico a ser coroada em Roma pelo Sumo Pontífice.
Do enlace entre as Dinastias de Aviz e de Habsburgo nasceram cinco filhos, dos quais dois sobreviveram: Maximiliano I da Germânia, que sucedeu a seu pai e Cunegunda da Áustria (1465-1520), que se casaria com Alberto IV Duque da Baviera. De Dona Leonor descende toda a linhagem da Casa de Áustria; entre os seus bisnetos contam-se o Imperador Carlos V, Senhor do Mundo, que iniciou o ramo espanhol da Casa de Áustria que viria a reinar em Portugal, e o Imperador Fernando I, que deu origem ao ramo austríaco da dinastia de Habsburgo.
Fonte: Real Associação da Beira Litoral
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