domingo, 11 de junho de 2017

Santo Anjo Custódio de Portugal


«Hoje a festa pagã de "Portugal, Camões e Comunidades Portuguesas" 
apagou quase por completo a verdadeira festa "Santo Anjo Custódio de Portugal". 
Consequentemente, quem comemora aquela sem comemorar esta é PAGÃO, ou 
porta-se como tal. Assim me parece. Mas certamente muitos portugueses nunca 
se deram conta deste fenómeno.

Tal como as pessoas, as nações têm um anjo da guarda. O caso de Portugal é nisso bastante especial pois não há outro país que tenha culto público oficial ao seu 
Santo Anjo. Também é o único país a quem o seu Anjo Custódio apareceu como 
tal (em Fátima, aos três pastorinhos). E digo assim porque, evidentemente, 
S. Miguel Arcanjo apareceu não como Custódio de Portugal. E dou como exemplo a aparição que fez em 1750, aqui em Portugal também, à Irmã Antónia d'Astonaco (carmelita) a quem deu a devoção da Coroa Angélica, que vai ser aqui difundida (aprovação da devoção e reconhecimento da aparição feito pelos Papa Pio IX a 
8 de agosto de 1851):

“O glorioso Arcanjo prometeu que quem o honrasse desta maneira antes da 
Sagrada Comunhão seria acompanhado à Sagrada Mesa [a “mesa” , ou 
“comungatório” é aquilo que hoje ainda restam em algumas igrejas que por 
ignorância costuma ser agora chamada de “grades” e que se situa uns depois 
do altar-retábulo e antes dos fiéis] por um Anjo de cada um dos nove coros. 
Prometeu também a quem rezasse todos os dias essas nove saudações a sua 
assistência e a dos Santos Anjos durante a vida, e que depois da morte os 
livraria do Purgatório a eles e aos seus parentes.” (Com autorização da Autoridade Eclesiástica – Lisboa)

A devoção e culto ao S. Miguel Arcanjo como Custódio do Reino de Portugal é 
tão antigo quanto o próprio Reino. O seu culto propagou-se para e com a 
recuperação dos territórios cristãos lusitanos sob patrocínio régio:

"S. Miguel Arcanjo. Foi sempre conhecido dos Portugueses por Anjo Custódio 
deste Reino, depois que o invicto Rei D. Afonso Henriques venceu com seu 
patrocínio a Albaraque nos campos de Santarem; e por isso lhe erigiu copiosas 
Capelas, assim na Igreja de Alcáçova da dita Vila, como nos Mosteiros de Santa 
Cruz de Coimbra, e Santa Maria de Alcobaça, onde seuas santas Imagens são 
veneradas, e milagrosas." (Agiológio Lusitano. Tomo III pag. 126)

“No ano de 1329, em que reinava D. Afonso IV, era Abade deste Mosteiro Paio 
da Vaia, e confessa dever de cento e dois jantares cada ano a D. Rodrigo Bispo 
de Tuy. Haverá cento e tantos que foi daqui Abade Diogo Anes Aranha, 
instituidor da Capela do Outeiro, de que falámos na Freguesia de Pacó. Deviam 
já ter suas anexas esta Freguesia, e as de S. João da Parada, e S. Lourenço do 
Cabrão, em que o Reitor apresenta Vigário, e dois dízimos, e outros fóros se fez a Comenda de Cristo, que tende trezentos mil reis. Tem esta Freguesia 120 
vizinhos com um Reitor, que apresenta o Ordinário, e há nela uma Capela de 
S. Miguel o Anjo, Ermida antiga, que no tempo da Rainha D. Teresa se chamava 
S. Miguel de Veiga, e nela eram obrigados os Bispos de Tuy a cantar cada ano 
uma Missa por sua Alma, e pelos Reis seus sucessores. A esta Ermida vai a 
Camara dos Arcos no terceiro Domingo de Jullho, em que se festeja o Anjo 
Custódio, acompanhando o seu Mordomo, que sempre é mancebo nobre, e 
solteiro; dizem Missa; voltam a ensaiar os cavalos a Requeijó, onde lhes dão 
um refresco de doces. Chegam ao terreiro da Vila, ali correm suas parelhas, 
lançam canas, e fazem uma escaramuça dobrada, com perfeição grande. A 
Rainha D. Teresa, quando deu à Sé de Tuy este Mosteiro, deu-lhe mais 
a Igreja de S. Miguel de Aurega na ribeira do Lima, que devia então ser Paroquia.” (Corografia Portugueza e Descripçam Topográfica do Famoso Reino de Portugal. 
LISBOA, ano 1706. pag. 228.)

D. Manuel com os Bispos do Reino solicitaram ao Papa Leão X a oficialização 
desta devoção já muito alastrada, ao que o Papa acedeu em 1504 com a 
instituição da Festa do Anjo Custódio do Reino de Portugal. O Rei determinou 
depois que em todas as igrejas esta festa fosse solenizada com grande devoção 
e maior solenidade: e que toda a sociedade estivesse realmente presente, 
desde os homens de maior responsabilidade até ao mais pequeno súbdito.


O culto tributado a S. Miguel Custódio de Portugal desde sempre teve um 
impacto forte nos lusitanos. Veja-se nas origens do Reino o significativo 
encontro desta devoção com aquele motivo de baptismo "Terras de Santa Maria":

“Com a muita concorrência de Romeiros, e devotos que vinham visitar a 
sagrada Imagem da Virgem Santa Maria, edificaram-se junto do seu Mosteiro 
algumas casas, que assim como podiam ser para acolhimento e agasalho dos 
que vinham a visitar esta Senhora, também podiam ser para morada de 
alguns seus devotos; e com elas foram fundadas contiguas umas com outras, 
lhe puseram o nome de Burgo, e a seus moradores o de Burgueses.Este foi o 
primeiro fundamento da nova Vila de Guimarães, e este o seu princípio, que 
foi muitos anos depois da Vila Velha, como tenho mostrado pelos Autores 
citados, e o reforça, e verifica esta verdade; que antes da Vila Velha experimentar 
suas ultimas ruinas, tinha jurisdição dividida da Nossa, e ambas eram 
governadas por diferentes Ministros; tanto assim, que ainda hoje numa 
Procissão, que costuma fazer todos os anos a Camara ao Anjo Custódio 
na terceira Dominga de Junho, que sai da igreja colegiada com o seu Cabido, 
e mais Clérigos da serventia dela, vão os Vereadores com suas varas em 
corpo de Camara acompanhados de seu Procurado, Misteres, e Escrivão, e 
os Ministros da Justiça, Corregedor, Provedor, e Juiz de fora, e entram 
na Vila Velha, e na sua Igreja de São Miguel reza o Cabido certas orações; 
e quando está Procissão sai da Colegiada, leva o Juiz de fora um pendão de 
cor vermelha, e nele um painel do Santo Anjo, e chegando ao distrito da Vila 
Velha, o entrega ao Vereador mais velho, em razão deste não poder entrar com 
vara alçada onde não tinha jurisdição; e de presente se está observando este 
estilo. “ (Corografia Portugueza e Descripçam Topográfica do Famoso Reino 
de Portugal. LISBOA, ano 1706. pag. 7)

Apenas para reforçar esta última parte, na qual podemos ver que ser português 
implica ser cristão, olhemos agora um exemplo numa capela de S. Miguel 
Arcanjo Custódio de Portugal. Observe-se também como se nota toda uma 
estrutura bem articulada e de muitas matizes da sociedade católica:

“O Mestre da Capela serve a Capela do Anjo Custódio [no Hospital de Todos 
os Santos, em Lisboa], tem de obrigação Missa quotidiana por El-Rei D. Manuel, 
tem de ordenado sessenta e dois mil réis, a saber de Capelão quarenta, e 
dois para sobrepliz, dezasseis de mestre, quatro mil réis, e um moio de trigo 
para um tiple, e não o tendo não o haverá, tem mais um algueire de grão para a quaresma, um quarto de carneiro por dia de todos os Santos, outro pela 
Pascoa, e pelo Natal entra com os outros Capelões na repartição de um 
porco, tem mais cada sábado noventa réis para a barba.” (Livro das 
Grandezas de Lisboa; ano 1620. Lisboa. pag. 127)

A data da festividade nem sempre foi a mesma. É posterior a data fixa de 
10 de Junho, sendo que antes calhava no terceiro Domingo de Julho ou 
Junho (o terceiro Domingo de Junho prevaleceu). Com o liberalismo, o séc. 
XIX viu cair esta fervorosa e esplendorosa festividade que sofreu ainda mais 
com o assalto dos republicanos ao Reino. Assim nos temos mantido com um 
10 de Junho do "não sei quê", onde se enfiam por todo o lado as tolices da 
democracia e da república... bandeirinhas de papel pintado de verde e vermelho, criancinhas levadas a ver a parada dos militares da saudade dos tempos à séria.


Termino lembrando que, em Lisboa, o Corpus Christi tinha a procissão de tal 
grandeza como a Europa nunca vira, e que a do Santo Anjo Custódio de Portugal, 
por benefício Papal, equiparou-se-lhe.


Santo Anjo Custódio de Portugal, defendei-nos da Res Pública, defendei os 
portugueses republicanizados a acordarem do sono em que dormem. 
Libertai Portugal.»


Publicado por: Fidelissimus

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