Serpa Pinto, de seu nome Alexandre Alberto da Rocha de Serpa Pinto, 1º Visconde de Serpa Pinto, * Cinfães, Tendais, Quinta das Poldras, 20.04.1846 - † Lisboa, Lisboa, 28.12.1900. Era filho de José da Rocha Miranda de Figueiredo (*1798 - †1898) e de D. Carlota Cassilda de Serpa Pinto (*1800); Neto paterno de Luis da Rocha Figueiredo (*1768) e de D. Rosa Teixeira Pinto (*1768) e neto materno de Alexandre Alberto de Serpa Pinto da Costa (*1780 - †1838) e de D. Joaquina Antónia da Silveira de Lacerda Pinto de Athaíde e Vasconcelos. Serpa Pinto era descendente de Dom Afonso Henriques, por via materna.
Serpa Pinto foi:
- Explorador de África.
- Primeiro português a atravessar o Continente Africano do Atlântico ao Índico, de Benguela a Durban (1877/79).
- Oficial da Ordem da Torre e Espada e da Ordem de Cristo.
- Governador de Cabo Verde.
- General de Brigada.
- Deputado às Cortes por Cinfães, pelo Partido Progressista.
- Senhor da Casa do Paço da Serrana, Cinfães.
- Comandante do destacamento português em território Macololo aquando do Ultimato Inglês de 1890.
- Deputado às Cortes, por Cinfães, pelo Partido Regenerador (e não pelo Partido Progressista).
Biografia:
Nasceu na freguesia e paróquia de Tendais, casa e quinta das Poldras, concelho de Cinfães, no dia 20 de Abril de 1846, filho do Miguelista José da Rocha Miranda de Figueiredo, médico, e de sua mulher D. Carlota Cassilda de Serpa Pinto - sendo neto homónimo, pelo lado materno, do famoso liberal, militar e político, Alexandre Alberto de Serpa Pinto (†1839).
Ingressou no Colégio Militar com dez anos e aos dezassete tornou-se no seu primeiro Comandante de Batalhão aluno.
Serpa Pinto viajou pela primeira vez até à África oriental em 1869 numa expedição ao rio Zambeze. Integrava uma coluna de quase mercenários, cujo objectivo conhecido era o de enfrentar as milícias do Bonga, que já infligira nas tropas portuguesas várias e humilhantes derrotas. Mas Serpa Pinto integra a coluna como técnico, avaliando a rede hidrográfica e a topografia local, pelo que podemos inferir ou suspeitar dos intuitos não apenas bélicos, mas de interesse estratégico no reconhecimento e posterior controle da região.
Em 1877 Serpa Pinto é nomeado por Decreto de 11 de Maio do mesmo ano, para participar numa expedição científica à África Central da qual também faziam parte os oficiais da marinha Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens. Segundo o decreto foram nomeados «para comporem e dirigirem a expedição que há-de explorar, no interesse da ciência e da civilização', os territórios compreendidos entre as províncias de Angola e Moçambique, e estudar as relações entre as bacias hidrográficas do Zaire e do Zambeze… » Este objectivo constituía uma vitória de José Júlio Rodrigues sobre Luciano Cordeiro dado que este último tinha lutado por uma travessia de costa a costa, passando pela região dos grandes lagos da África Central. Feito o trajecto Benguela-Bié, divergências entre Serpa Pinto e Brito Capelo levam a expedição a dividir-se, com Serpa Pinto, por sua iniciativa a tentar a travessia até Moçambique. Na verdade Luciano Cordeiro que nunca se tinha conformado com o facto da expedição não ser de costa a costa veio a encontrar em Serpa Pinto um irmão do mesmo sonho, já que Serpa Pinto sonhava desde longa data com uma empresa grandiosa em África. Desde o princípio da viagem Serpa Pinto tenta desviar os objectivos da expedição. Capelo e Ivens recusam-se ao que consideram ser “os desvarios de Serpa Pinto” e cognominando-o de falsário participam a separação. Serpa Pinto acabou por falhar o seu objectivo, pois não o conseguiu como pretendia, atingir qualquer ponto da costa moçambicana, como foi sua declarada intenção. Chegou, no entanto, a Pretória, e posteriormente a Durban. Brito Capelo e Roberto Ivens mantiveram-se fiéis ao projecto inicial concentrando as atenção na missão para que haviam sido nomeados, ou seja nas relações entre as bacias hidrográficas do Zaire e do Zambeze. Mais tarde, Capelo e Ivens explicaram que não tinham "o direito de divagar nos sertões, por onde quiséssemos, dirigindo o nosso itinerário para leste ou norte".
A expedição de Serpa Pinto tinha como objectivo fazer o reconhecimento do território e efectuar o mapeamento do interior do continente africano, para preparar a entrada de Portugal na discussão pela ocupação dos territórios africanos que até então apenas utilizara como entrepostos comerciais ou destino de degredados. A «ocupação efectiva», sobre a ocupação histórica, determinada pelas actas da Conferência de Berlim (1884-1885) obrigou o Estado Português a agir no sentido de reclamar para si uma vasta região do continente africano que uniria as provincias de Angola e Moçambique (então embrionárias) através do chamado "mapa cor-de-rosa"; esta intenção falhou após o ultimato britânico de 1890, o «incidente Serpa Pinto», já que nela interveio o explorador, ao arrear as bandeiras inglesas, num espaço cobiçado e monitorizado pela rede de espionagem do Reino Unido, junto ao lago do Niassa.
A aventura de Serpa Pinto, travessia solitária e arriscada, moldaram a imagem de um homem intrépido que concedeu ao militar uma aura de heroicidade necessária às liturgias cívicas e às celebrações dos feitos passados, quando Portugal atravessava uma grave crise política e moral. Nesse sentido a sua figura foi explorada como o novo herói, das novas descobertas que já não passavam por sulcar os mares, mas rasgar as selvas e savanas de África como forma de manutenção do prestígio internacional na arena diplomática europeia.
Conotado com a ala direita dos partidos monárquicos portugueses, por um dos quais foi três vezes deputado (partido Regenerador), o seu nome feneceu depois de 1910, por um lado pela necessidade de exaltação das novas figuras heróicas republicanas e pela cristalização do espaço colonial europeu pós-guerra (1914-1918). A sua figura é ressuscitada pela filha, Carlota de Serpa Pinto, que o glorifica como ídolo heróico do Estado Novo, aventureiro e administrador colonial, em detrimento do político e cientista (embora este estatuto que, por vezes, lhe foi imposto, seja o mais discutido de todos).
Foi nomeado cônsul-geral para o Zanzibar em 1885 e governador-geral de Cabo Verde em 1894.
Tanto o Rei D. Luís I, como o seu filho Carlos I de Portugal, nomearam-no seu Ajudante de Campo e o segundo concedeu-lhe, em duas vidas, o título de 1.º Visconde de Serpa Pinto (1899).
A vila de Menongue, no sudeste de Angola, foi chamada Serpa Pinto até 1975 em alusão a este explorador.
Cronologia:
11.05.1877 Hermenegildo de Brito Capelo, Roberto Ivens, oficiais da marinha, e Alexandre Alberto Rocha Serpa Pinto, oficial do exército, foram designados por decreto para as expedições a África. O seu principal objectivo era o estudo do rio Cuango e das suas relações com o rio Zaire.
07.07.1877 Serpa Pinto, Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens partem de Lisboa para Luanda, para realizarem expedições científicas no interior de África.
12.11.1877 O explorador português Serpa Pinto inicia a travessia do continente africano.
08.03.1878 Os exploradores portugueses Hermenegildo Capelo, Roberto Ivens e Serpa Pinto chegam a Belmonte, no planalto do Bié, no interior de Angola.
12.02.1879 Serpa Pinto chega a Pretória tendo explorado o Cubango e o Alto Zambeze.
09.06.1879 Chega a Lisboa Serpa Pinto, após a travessia de África com Capelo e Ivens começada em 7 de Julho de 1877.
Obra Literária:
Como eu atravessei a África (Vol. I)
Como eu atravessei a África (Vol. II)
(Fontes: Investigação António Carlos Janes Monteiro, GeneAll, Wikipédia e Miguel Ângelo Bôto)
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