sexta-feira, 24 de abril de 2020

Marinheiros e militares portugueses na Índia dos séculos XVII a XIX

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A partir da grande viragem do século XVII, quando a Coroa portuguesa se virou para o Atlântico, a sobrevivência do império português oriental deveu-se quase inteiramente ao facto de os portugueses do Oriente serem orientais ou europeus já muito enraízados e bons conhecedores das línguas e modos locais. As tripulações da grande maioria das embarcações comerciais e vasos de guerra construídos em Bombaim, Damão, Baçaim e Diu (de onde saíam patachos, fragatas, chalupas e navios destinados ao comércio) integrava oficiais, pilotos, escrivães, marinheiros, grumetes e serviçais portugueses reinóis (isto é, naturais de Portugal), mas sobretudo indo-portugueses e guzerates muçulmanos, estes últimos excelentes marinheiros. Tal jamais ocorreu com ingleses, holandeses e franceses, muito ciosos em não divulgar os segredos da navegação aos orientais, pelo que só tardiamente passaram a integrar naturais, sobretudo orientais já convertidos pelos portugueses ao cristianismo.

Também no exército manifestou-se essa apetência para a fácil assimilação de naturais. Soldados, cabos e capitães hindus passaram a dominar numericamente as unidades recrutadas, prestando grandes serviços na guerra, policiamento e colheita de informações Igualmente os "mouros" de Goa (muçulmanos) ofereceram a sua lealdade à Coroa, muitos deles recebendo mercês por feitos de armas nas guerras com os Maratas; ou seja, foram elevados à condição de nobreza. Destes militares com provas dadas de valentia e serviço saíriam gerações de diplomatas locais, mas também administradores e funcionários de territórios no interior de Goa (Novas Conquistas), demonstrando que os portugueses não apenas procuravam o serviço de grupos especializados (na guerra e na navegação), mas um efectivo comprometimento destas comunidades com a soberania lusa.

MCB


Fonte: Nova Portugalidade

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