Em época de Estio lembremos que foi a nossa Rainha Senhora Dona Amélia a fundar o Instituto dos Socorros a Náufragos, em 1892, o que fez depois de ter socorrido um pescador cujo barco tinha naufragado e que se encontrava em sérias dificuldades no mar. Dona Amélia, senhora de uma forte compleição física – sem que isso resultasse em qualquer perda de graciosidade -, ao ver o pescador em apuros não hesitou em lançar-se à água e salvar o náufrago.
Como escreveria Eça de Queiroz, a Rainha era de uma ‘grácil e natural beleza que se debruça, espalha perfume, dispersa frescura, e logo, formosamente, retoma a sua elevação natural.’
A imprensa da época deu grande repercussão à notícia do salvamento e o Augusto marido da Rainha, El-Rei Dom Carlos I de Portugal quis condecora-La pelo feito, mas a Rainha recusou qualquer homenagem. Não obstante essa negativa a uma distinção, Dona Maria Amélia Luísa Helena de Bourbon-Orleães e Bragança, princesa de França, Rainha de Portugal, viria a ser agraciada com comendas por parte do Imperador Guilherme II da Alemanha e Rei Carlos V da Suécia, pois o Corpo Diplomático estrangeiro presente em Portugal fez da notícia da coragem e abnegação de Sua Majestade a Rainha um caso de repercussão positiva internacional.
Recorde-se ainda que a Rainha Dona Amélia durante todo o reinado de Dom Carlos I se interessou sempre pela erradicação dos males da época, como a pobreza e a tuberculose, fundando ainda, em 11 de Junho de 1899 o Instituto Nacional de Assistência aos Tuberculosos, a Assistência Nacional aos Tuberculosos, assim como dispensários, sanatórios como o Sanatório para a Assistência Nacional aos Tuberculosos, em 18 de Maio de 1907; além de lactários populares, cozinhas económicas e muitas creches, assim como fundou oInstituto Pasteur em Portugal.
Dona Amélia viu mesmo o seu trabalho com os necessitados ser reconhecido recebendo a Rosa de Ouro, atribuída pelo Papa Leão XIII a 4 de Julho ano de 1892, Dia de Pentecostes.
Como ainda escreveria Eça de Queiroz:
‘Neste século, porém, mesmo sem aludir à triunfal soberana que o enche e que, como Augusto, criou uma era, a era vitoriana, abundam rainhas estimáveis pelo carácter, pela inteligência, pela compreensão da dignidade real, pelo fecundo emprego da existência. A Rainha de Portugal pertence a essas soberanas bem louvadas, que, por lhes faltarem já tantos direitos e, não desejando definhar na inutilidade através das frias salas dos paços, se impõem muitos e graves e laboriosos deveres. E a dois desses deveres se aplica a rainha com tocante atenção, ao dever íntimo e teologal, como lhe chamaria um padre da Igreja, do aperfeiçoamento próprio, e ao dever público, nacional, da educação dos príncipes.’
Miguel Villas-Boas
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