"Como foi possível que vós, embora sendo poucos, fizestes tanto na santa cristandade? Onde Portugal encontrou forças para acolher sob seu domínio tantos territórios da África e da Ásia, para estendê-lo até às mais distantes terras americanas? Onde, senão naquela ardente fé do povo português, cantada por seu maior poeta, e na sabedoria cristã dos seus governantes, que fizeram de Portugal um dócil e precioso instrumento nas mãos da Providência, para a actuação de obras tão grandiosas e benéficas?
Afinal, enquanto homens exímios, conscientes da própria responsabilidade, como Afonso de Albuquerque e João de Castro governam com rectidão e prudência as várias colónias portuguesas e prestam ajuda e protecção aos zelosos anunciadores da fé – que grandes monarcas como João III se empenham em mandar naqueles países Portugal se impõe ao mundo pela potência de seu império e pela sua gigantesca obra civilizadora. Quando, ao invés, a fé declina e o zelo missionário fica desencorajado, quando o braço secular ao invés de proteger, perturba, ao invés de encorajar, paralisa a vitalidade missionária, em particular com a supressão das ordens religiosas, então, naturalmente, com a fé e a caridade, dispersa-se e fragiliza-se toda aquela primavera de bens, da qual havia nascido e se alimentado.
Méritos a Portugal por ter sempre associado os povos do ultramar à sua boa sorte, buscando elevá-los ao seu mesmo nível de civilização cristã. Nós contamos sobre essa louvável tradição para a realização de um dos sonhos mais presentes na Igreja católica dos últimos tempos: a formação do clero autóctone. De vossa parte, amado filho e veneráveis irmãos, fazei tudo o que for possível para que essas esperanças não sejam vãs, mas se tornem em breve uma consoladora realidade."
Encíclica SAECULO EXEUNTE OCTAVO do Sumo Pontífice PAPA PIO XII, ao Patriarca de Lisboa, aos Arcebispos e Bispos de Portugal em celebração do 800º aniversário da nação portuguesa.
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