A Custódia de Belém, a grande obra prima da ourivesaria portuguesa do Renascimento, hoje presente nas colecções do Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, foi realizada pelo mestre-ourives Gil Vicente, o dramaturgo a quem se atribuiu a paternidade do teatro português. A peça em ouro e esmalte com 73 cm de altura e pesando seis quilos, foi encomendada por Dom Manuel I e destinava-se à Capela Real. Na base inscreve em friso "o muito alto príncipe e poderoso senhor Rei Dom Manuel I a mandou fazer das páreas de Quíloa", ou seja, o ouro proveniente do pagamento feito pelo Rei de Quíloa (Kilwa, hoje na Tanzânia) em vassalagem ao Rei de Portugal.
A peça, em forma de coluna em estilo gótico que lembra uma árvore que ascende aos céus e anuncia a arquitectura do que viria a ser o Mosteiro dos Jerónimos, apresenta serafins, os doze Apóstolos, a pomba do Espírito Santo em ouro esmaltado em branco e o Deus Pai que sustém o universo. Na base da coluna, as duas esferas armilares de D. Manuel representam o mundo natural e o mundo sobrenatural, alicerces da ideologia manuelina da Expansão.
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