A Torre de Chã, atalaia de Geraldo Geraldes e Solar dos Pintos (e mais um pedaço de património português que se perdeu para sempre)
A Torre de Chã foi um importantíssimo solar, dele não restando, contudo, mais que relatos. A lenda mistura-se com a história. No concelho de Cinfães do Douro, na freguesia de Ferreiros de Tendais havia uma torre, granítica e medieva, num local onde é hoje o lugar de Chã, chamado então de Riba Bestança. Essa torre, terá sido mandada construir por Geraldo Geraldes, que em desavenças com D. Afonso Henriques, se terá ido refugiar nas margens do Bestança, ou melhor, onde este começa a ganhar caudal. Desta torre, em 1166, saiu o "sem pavor", com os seus guerreiros e assaltantes, direitos à cidade de Évora, para a conquistar aos mouros.
Depois disto pouco se sabe. A torre terá permanecido no mesmo lugar, e foi propriedade dos Templários até à data da sua extinção em 1312, anexada à "Honra" dos Ruivais. Depois deste ano, o "cavaleiro" Vasco Martins Pinto, foi o primeiro Senhor do foro da Torre de Chã. Este, era descendente de D. Egas Mendes de Gundar, nobre português e guerreiro de Afonso Henriques. Vasco Martins Pinto foi benfeitor do Mosteiro de Tarouquela, era proprietário de outras cercas nas redondezas, foi cavaleiro da reconquista, e é-lhe atribuído ainda o papel de patriarca da família "Pinto". O Brasão desta família, remete precisamente para isso: exibe cinco crescentes - significado de vitórias alcançadas contra os mouros.
Instalando-se nesta casa acastelada, da torre saíram as dependências, e nasceu aqui o solar dos "Pintos". Do solar da Família dos Pintos, nascem outros Pintos, todos Senhores da Nobreza ou clérigos, como os Vaz Pinto, Rodrigues Pinto, os Mouta Pinto ou os Pinto de Souza. Continuaram a descender e aparecer - por criados que lhes tomaram o nome, mas igualmente por outras fontes - mais e mais Pintos, de forma que, desde o século XVI ao século XXI, o apelido Pinto se tornou o décimo sexto apelido mais comum em Portugal.
Esta torre, estando em ruínas, acabou por ser demolida em 1939, ficando no esquecimento de muitos.
Tomás Severino Bravo
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