I. De acordo com uma sondagem realizada pelo espanhol "Real Instituto Elcano", desejariam uma "união política" com a Espanha uns 78% dos portugueses. O "estudo" é anunciado a poucos dias do referendo sobre a independência da Catalunha e, como parece evidente, é à Catalunha que se dirige. O argumento aparente é que a secessão daquela região espanhola é tanto mais descabida quanto a liberdade nacional seria, quatrocentos anos sobre a Restauração de 1640, um fardo indesejado para os portugueses.
II. A Nova Portugalidade condena o "estudo", cuja pergunta é lesiva da honra nacional e o suposto resultado denunciado como falso pelo coração de todos os portugueses. Herdeiros de uma nação quatrocentos anos mais antiga que a Espanha, os portugueses pegaram repetidamente em armas em defesa da sua liberdade colectiva. Não podem, pois, deixar de sentir-se ofendidos quando organização estrangeira, prosseguindo propósitos em tudo alheios a Portugal, põe em questão liberdade que levou tanto sangue e tantos séculos a conquistar. Como sempre ao longo da sua longa História, os portugueses prezam a independência nacional acima de todas as outras coisas, e por nada a sacrificariam.
III. Fazer do falseamento da vontade pública portuguesa uma arma na política interna de Espanha - e, no caso, na questão catalã - é a todos os títulos intolerável. Contando o dito "Real Instituto" com SM o Rei de Espanha como seu presidente de honra e com figuras como José Maria Aznar e José Luís Rodríguez Zapatero como dirigentes destacados, exige a honra portuguesa que o governo faça chegar protesto firme a Madrid por acção que só pode ser caracterizada como pouco amigável, se não mesmo hostil.
Os povos da Ibéria são irmãos e genuinamente amigos. Julgamos falar por maioria larga dos portugueses quando afirmamos que, sobre o problema catalão, tudo o que Portugal deseja é que este se resolva da melhor maneira, seja ela qual for a eleita pela Catalunha e restante Reino de Espanha. O que não podemos tolerar é que o bom nome de Portugal fique manchado em querela que lhe não diz respeito e por instituição de país a que os portugueses não dirigem mais que amizade. A instrumentalização de Portugal e a falsificação da vontade nacional só podem, pelo contrário, causar indignação legítima e perigar os laços profundos que unem os povos ibéricos.
A Nova Portugalidade
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