Fernão Álvares (c.1540-c.1600) , autor de Lusitânia Transformada [em Arcádia], foi soldado e mercador num tempo em que os portugueses estavam acostumados a dar ordens e não recebê-las, a mandar e não obedecer. Nascido em Goa de pais indo-portugueses, serviu a Coroa como soldado e por ela batalhou no Guzerate e no Mar da China antes de chegar ao Reino, quase quarentão e entretanto já elevado a nobre cavaleiro por D. João III.
Introduzido na corte, partiu com D. Sebastião para a Jornada de África, batendo-se em Alcácer Quibir. Capturado, foi resgatado e passou a Itália, onde parece ter recebido forte influência estilística. Acompanhou de perto a tomada de Portugal por Filipe I e parece não ter aderido de ânimo leve à junção das coroas Portuguesa e Espanhola. De regresso ao Oriente, deu mostras de grande patriotismo português e ganhou fama de contestatário à ordem filipina.
De patriotismo exaltante, a sua prosa poética lembra Camões - que terá conhecido na corte - e ainda desprende grande força e é perfeitamente legível. Representa bem a aliança da lira e da espada, assim como a mística do Império. Um autor que merece releitura e uma biografia.
MCB
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