Nascido em Dezembro de 1685, em Santos (Estado do Brasil, Reino de Portugal), Bartolomeu Lourenço de Gusmão foi um pioneiro na arte da aviação. De facto, foi este ilustre Português que colocou a funcionar, pela primeira vez, um aeróstato – isto é, uma aeronave que voa por ser mais leve que o ar. (Nota: há quem afirme que Leonardo Da Vinci o teria feito antes mas, regra geral, Bartolomeu de Gusmão é referido como o pioneiro neste campo).
Filho de um cirurgião, é fácil de imaginar que o espírito científico lhe fora incutido desde tenra idade. À data do baptismo, foi registado somente como Bartolomeu Lourenço, adicionando, mais tarde, o apelido “de Gusmão” mais tarde, em honra ao seu tutor Alexandre de Gusmão (padre Jesuíta).
Desde muito cedo, destacou-se como inventor e era conhecido pelo brilhantismo das suas ideias. Após frequentar o Seminário, é ordenado padre da Companhia de Jesus, tendo pelo caminho registado a patente de “o invento para fazer subir água a toda a distância e altura que se quiser levar”, um sistema criado pelo genial padre nos seus tempos de Seminário.
Na Metrópole, ingressaria na Universidade de Coimbra e, mais tarde, abandonaria essa mesma instituição para se instalar em Lisboa, onde foi recebido com bastante apreço pelo Rei D.João V.
É em Lisboa que começa a sua pesquisa para criar “um instrumento para se andar no ar”, requisitando, de imediato, esta patente. A notícia depressa se espalha pelo Reino e por toda a Europa, onde começam a surgir ilustrações fantasiosas do célebre engenho. O Velho Continente fica, assim, a conhecer a “Passarola”. Não obstante, estas ilustrações não eram, de todo, fidedignas. Com efeito, os primeiros desenhos da “Passarola” foram deliberadamente falsos, tendo sido elaborados pelo colaborador de Bartolomeu de Gusmão - D. Joaquim Francisco de Sá Almeida e Menezes -, a única pessoa com acesso ao projecto para além do próprio padre jesuíta.
Estes desenhos falsos tinham como objectivo esconder a invenção dos olhos do mundo, ludibriando aqueles que a tentassem replicar. De facto, até o próprio princípio de funcionamento da “Passarola” era mentira: Bartolomeu e o seu protegido afirmavam que o balão funcionava graças ao magnetismo. Na realidade, o segredo da “Passarola” era o Princípio de Arquimedes e, mais uma vez, o padre jesuíta conseguia iludir aqueles que tentavam replicar a sua invenção.
Ao longo do ano de 1709, Bartolomeu de Gusmão realizou diversas demonstrações públicas das capacidades da sua invenção. Entre os admiradores do engenho do padre jesuíta estava aquele que viria a ser, mais tarde, o Papa Inocêncio XIII. Ainda assim, os seus balões de ar quente não vingariam, pois havia o receio de que estes provocassem incêndios e a falta de poder de controlo sobre eles impediu a construção de um modelo que permitisse transportar um homem.
Mais tarde, Bartolomeu de Gusmão teve problemas com a Inquisição, por quem era acusado de ser conivente com cristãos-novos. Houve até quem chegasse a afirmar que o padre, numa crise de Fé, se teria convertido ao judaísmo. Aquilo que fica para a História é que à data da sua morte, estava confessado e teria comungado – estava, portanto, em comunhão com a Santa Igreja Católica. Foi, desta forma, sepultado na Igreja de São Romão, em Toledo, a 18 de Novembro de 1724.
Mamede Broa Fernandes
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