Cada vez mais vivemos tempos de angústia, de sobressalto
e insegurança. A desagregação de uma sociedade baseada
na instituição da Família e de uma organização jurídico-política,
baseada em princípios de globalização que ameaçam as
identidades nacionais e a independência dos Países, geraram
em todo o mundo uma progressiva diluição dos valores ético-morais
assentes na liberdade e na tolerância, valores que contribuíam
para assegurar o equilíbrio sociocultural que presidia ao
relacionamento entre os Estados e as Nações que os constituíam
e legitimavam.
Aqui, tão perto, em Barcelona, ocorreu apenas mais um
atentado violento da série trágica e intolerável de propagação
do terrorismo no Mundo que ataca os valores da civilização
ocidental e da matriz judaica cristã que a inspirou.
Não pretendo aproveitar este acto repugnante, para alertar para
os perigos da destruição dos valores fundamentais que presidem
à organização sociopolítica das Nações e dos Países, mas antes
de homenagear aquilo que me parece evidente.
A atitude do povo espanhol que, mesmo fracturado em tantas
autonomias de que a Catalunha é o exemplo maior, se uniu na
dor de chorar os Seus e de defender aquilo que é verdadeiramente
pertença de um sentimento comum de verdadeira ameaça à
sua liberdade e identidade.
A atitude de um povo que embora dividido nas múltiplas
facetas da mesma identidade, se reuniu em torno dos valores
maiores que o representam. E a figura, o rosto dessa união,
foi, sem nenhuma dúvida, o Rei Filipe VI. Que com o mesmo
desassombro de Seu Pai quando exigiu silêncio ao ditador
Hugo Chavez que ofendia violenta e desbragadamente o Povo
Espanhol, disse agora em verdadeira representação dos povos
da Espanha que “Nós não temos, nem teremos, medo”!
E essa para além de ser a frase certa, filha também ela do
mesmo desassombro, é igualmente a única voz que poderia
falar por todos, em nome de todos e, também, contra todos
os que ofendem a liberdade e a identidade do povo Espanhol
e da civilização Ocidental.
Não era, não foi, uma voz ou uma frase de circunstância no
corropio politico de quem se quer, apenas, mostrar. Mas,
antes, a frase e a voz firme e serenas de quem sabe o que
representa, de quem genuinamente sente e interpreta o
sentimento de um Povo unido na injusta ameaça que fustigou
a sua dignidade e segurança.
António Sardinha dizia uma frase que, julgo, resume bem este
momento e esta fotografia de um Rei a representar o Seu Povo
e de um Povo a unir-se em torno do Seu Rei: ” A Alma o diz,
e a Alma não se engana, que ver um Rei na sua força calma, é
ver a Pátria com figura humana!”
Espanha tem o privilégio, nestes tempos difíceis, de ter
“a Pátria com figura humana”!
PUBLICADA POR REAL ASSOCIAÇÃO BEIRA LITORAL
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