Por razões profissionais, recebi hoje um velho diplomata português, homem experimentadíssimo, excelente conversador, culto e com quem partilho interesses comuns. Foi durante muitos anos Embaixador de Portugal no Irão, ali desenvolvendo um notável trabalho.
Entre as muitas histórias que pretende fixar numas memórias, contou-me um curioso episódio passado com Mary Robinson, antiga Presidente da Irlanda e, depois, Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos. De passagem por Teerão, Mary Robinson presidiu a um congresso sobre direitos humanos ao qual acorreram centenas de delegados de todo o mundo.
Após a intervenção de um orador mais exaltado, que repetira as baboseiras ainda marcadas pela retórica de Bandung, Mary Robinson pediu a palavra e corrigiu o irritante discursante: "estando de acordo com muito do que disse, lamento que continue a confundir os portugueses com outros colonialistas, pois por muitos defeitos que os portugueses possam ter, nunca foram como os outros. Foram, se tal expressão se pode usar, bons colonialistas, os melhores colonialistas". O Embaixador de Portugal sentiu-se inchado de orgulho. Os outros, calaram-se.
MCB
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