A primeira Duma russa foi eleita em 1906. Eleições livres, com liberdade de imprensa, liberdade absoluta para partidos, candidatos e programas num império que depois a mentira bolchevista quis fazer crer tratar-se de uma autocracia que espezinhava direitos e perseguia e condenada ao exílio a nata da inteligência. Uma mentira em que muitos persistem, repetindo à exaustão esse mito e quase desculpando as atrocidades dos sovietes, de niilistas e demais dinamitistas. A verdade - importa lembrá-lo - é que dessas eleições saiu uma assembleia dominada pelos Liberais (179 deputados), com forte presença das nacionalidades não-russas do Império (121 deputados), Trabalhistas (94 deputados), Conservadores Outubristas (17 deputados) e representantes da extrema-direita (15 deputados). A Rússia passaria os sete anos subsequentes numa espiral de crescimento económico, desenvolvimento industrial e explosão de iniciativa individual que só encontraria paralelo no actual "milagre chinês". Se a Primeira Guerra não tivesse eclodido, nunca o país se precipitaria na tirania comunista. Não só a oposição direitista às reformas do czar se foi esbatendo com o aumento da prosperidade, como os grupúsculos comunistas se foram eclipsando um a um ao longo desses anos de glória económica.
A Rússia imperial iria, pois, transformar-se num regime representativo se um acontecimento fortuito não se tivesse atravessado no caminho. O comunismo foi uma involução tremenda, um recuo de 70 anos na libertação dos russos, pois voltou a fazer tábua-rasa da cidadania, da lei e dos direitos de expressão, associação e propriedade. A Rússia de 1906-1913 era um Estado europeu. A Rússia de 1991 vegetava no despotismo "asiático".
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