domingo, 12 de novembro de 2017

BASTA de humilhações: Portugal reduzido a carpete

Foto de Nova Portugalidade.


Diz o adágio que uma imagem diz mais que mil palavras. O provérbio mostrou estar correcto; ou antes, está-lo-ia se da nossa língua antiga não fosse possível extrair expressão exacta do nosso infamante estado: opróbrio, abuso, saque, vergonha, ultraje. Ontem, no encerramento do Web Summit de Lisboa, demonstração clarividente do colapso do amor próprio do Estado português e da consciência patriótica nos seus líderes: uma horda ignota, rapazes de todos os pontos do globo, jantando no Panteão Nacional; isto é, enchendo-se ao lado dos cenotáfios do Gama, de Camões e de Álvares Cabral, comendo sobre os ossos de Amália e convertendo em banal cantina o que é templo dos nossos maiores homens, dos seus feitos e da sua memória.


Contra o Web Summit em si, nada a dizer: bom é que o mundo ande de olhos postos em Portugal, e bom é, também, que o nome de Lisboa seja hoje sinónimo de inovação e energia criadora. Mas não, pede a Nova Portugalidade e exigem todos os portugueses de coração sincero e firme coluna vertebral, desta maneira. Não reduzindo-nos a tapete do mundo e não, definitivamente, ultrajando o Panteão Nacional, que é tumba física ou simbólica dos mais altos filhos de Portugal.

Se assim nos tratamos nós, que consideração poderá Portugal exigir das outras nações? A questão não é desajustada, tem mérito e é penosamente reveladora. Seria imaginável que a França usasse o seu próprio Panteão Nacional para servir jantar a "empreendedores" vindos de sabe-se lá onde? Alguém vê o Reino Unido rebaixando Westminster e Saint Paul's com comes e bebes, permitindo a desgraça de gotas de vinho sob cúpulas e de coxas de franco sobre a tumba de Nelson, Fleming e João de Gaunt? E a Rússia, toleraria almoços na catedral de São Basílio, no Kremlin, na Dormição, aos pés de Nossa Senhora de Kazan? Serviria a Espanha pães e bolos na basílica do Escorial e em Santiago de Compostela? Fale-se com verdade, com direcção e com clareza: Portugal é um grande país e merece que o conheçam como grande país, mas não se comporta como grande país. 

Exige-se pedagogia básica, paciente, já quase infantil do patriotismo. Há que explicar a quem manda o que é Portugal. Parece haver quem julgue que este país - terra pequena que se fez imensa, condado que se ergueu império, povo que saiu da periferia para tornar-se agente maior da História - nasceu ontem e que, havendo nascido ontem, pode acomodar estas inconsciências de gente sem memória e respeito próprio. Ora, assim não é, e por isso exigimos - de nós e dos outros - a consideração devida aos povos graúdos. Uma coisa é certa: se o espectáculo deprimente de ontem - miúdos de países que não existiam há trinta anos enfardando no Panteão - não prova a absoluta urgência que fazia a Portugal uma Nova Portugalidade, nada provará. Sim, precisamos muito deste ministério da dignidade, da espinha e do patriotismo que é a NP. Para recordar os portugueses do que são e convencê-los a ajustarem correctamente o ângulo do queixo: frente aos nómadas do "empreendedorismo", sempre altaneiro; ante os grandes portugueses do passado, nossos avós e nossa inspiração, respeitosamente baixo.


DEUS - PÁTRIA - REI

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