segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Pelo São Martinho, o nosso galeão São Martinho

Foto de Nova Portugalidade.


Quarenta e oito peças de artilharia, cinquenta e cinco metros de comprimento, sólida construção portuguesa e tripulação boa e experiente: eis o que fazia as virtudes do famoso galeão São Martinho, nau capitânia do Duque de Medina-Sidónia na malograda investida da Invencível Armada contra a Inglaterra. Quando Portugal e a Espanha se uniram sob a mesma coroa, em 1580, acabava de ser lançado ao Tejo o São Martinho. Cinco anos mais tarde, com o rebentamento da guerra entre a Monarquia Católica e Isabel de Inglaterra, o galeão rápido se impôs, pela qualidade da sua construção e a força do seu armamento, às restantes naves de Filipe I de Portugal e II de Castela. Medina-Sidónia, a quem o Rei havia confiado a conquista da Inglaterra, tomou-o como capitânia da Grande e Felicíssima Armada, a frota que hoje conhecemos como Armada Invencível e que os ingleses recordam como "the Spanish Armada".

À cabeça da Armada, o São Martinho zarpou de Lisboa em 28 de Maio de 1588. As desventuras da frota não são tema para nós, e o fim trágico que veio a ter não deixará de ser conhecido dos leitores. Interessa-nos, apenas, o São Martinho e os detalhes da sua expedição a norte. Haverá, quanto a isso, que notar a prestação positiva do vaso e sua tripulação em condições que, como sabemos, foram adversas e de pesadas consequências para a Monarquia Ibérica. O São Martinho participou no resgate do São João, também ele galeão português e também ele comandado por capitão castelhano, defrontando e batendo sozinho uma força de doze galeões ingleses. Vitorioso, regressou com o São João à formação, e com ele regressou à Península. Se lhe chamam San Martín, confundindo a Monarquia dos Habsburgo com Castela, fazem, pois, mal. Era São Martinho, de bandeira portuguesa, construção portuguesa, artilharia portuguesa e tripulação portuguesa. Tivesse o comando sido português também e talvez não tivesse sido vencida a caricatamente chamada Invencível Armada.

Rafael Pinto Borges

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