Tal como os chineses há anos pagaram somas astronómicas a historiadores sem escrúpulos, pretendendo fazer crer que Zheng He chegara à América antes de Colombo e ao Cabo antes de Bartolomeu Dias - convidando-se imerecidamente para a mesa dos propulsores da primeira globalização - parece ter chegado a hora de os nórdicos se pretenderem sentar à mesa dos fundadores de civilizações, comparando-se aos gregos, aos romanos, aos espanhóis e as portugueses.
Anda por aí uma vaga torrencial de livrinhos e documentários onde se espalha a ideia de a Europa dever aos vikings a sua construção. É evidente que esses hirsutos e malcheirosos selvagens saídos das cubatas das brumas nórdicas para pilhar, queimar e matar não foram só rapinadores. Coube-lhes abrir o comércio que ao longo do curso do Volga uniu economicamente Bizâncio e o Islão abássida à Europa oriental e do norte, como lhes coube papel assinalável na edificação do Rus. Contudo, as razias, as destruições e a quase erradicação da cultura que provocaram na Irlanda, nas costas de Inglaterra e da França foram tão desastrosos que só dificilmente os poderíamos aceitar como iguais. Só falta aparecer algum historiador a gabar os méritos dos Hunos na construção da civilização. Sejamos claros: a cultura vinking estaria para o século VIII como os piratas somalis para os nosso tempo. Tudo o mais são delírios.
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