terça-feira, 24 de junho de 2014

XX CONGRESSO DA CAUSA REAL

XX CONGRESSO DA CAUSA REAL EM VIANA DO CASTELO


Decorrerá no dia 28 de Junho no Auditório do Instituto Politécnico de Viana de Castelo o XX Congresso da Causa Real. Da parte da manhã, os trabalhos consistirão na apreciação do Relatório e Contas de 2013 e na ratificação do registo dos Estatutos da Causa Real. A partir das 14h00 haverá um colóquio sobre o futuro do movimento monárquico intitulado “Ventos do Futuro” que contará com depoimentos dos quatro antigos presidentes da Causa Real, João Mattos e Silva, Augusto Ferreira do Amaral, António de Souza Cardoso e Paulo Teixeira Pinto. Antes do encerramento do Congresso por S.A.R. o Senhor Dom Duarte, terá ainda lugar uma mesa redonda subordinada ao tema do Municipalismo, a cargo dos historiadores António de Matos Reis e Ana Sílvia Albuquerque, com moderação de Paulo Teixeira de Morais.

O Congresso terá, assim, a seguinte Ordem de Trabalhos
09h00 Credenciação dos Congressistas
10h00 Abertura e verificação de quórum
- Apreciação do Relatório e Contas para 2013;
- Ratificação do Registo dos Estatutos da Causa Real;
- Outros assuntos.
11h00 Pausa para café
11h15 Recomeço dos trabalhos
12h30 Intervalo para almoço (livre)
14h00 Colóquio e debate sobre “Perspectivas para o Futuro” dos antigos Presidentes da Causa Real
16h15 Pausa para café
16h45 Colóquio sobre o “Municipalismo” com a participação do Doutor António de Matos Reis e a Doutora Ana Sílvia Albuquerque, e debate com a presença das forças vivas da região
18h15 Encerramento do Congresso

Inscrições:
• Congressistas: €20
• Observadores: €10
Mais informações através do Tlf.: (+351) 21 342 81 15
Horário de atendimento: das 11:00 às 12:45 e das 15:00 às 17:45, de segunda a quinta-feira

segunda-feira, 23 de junho de 2014

BANDEIRA DE PORTUGAL, BANDEIRA DA MINHA PÁTRIA!


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Introdução e Recolha do texto: Miguel Villas-Boas
Desde a Fundação da nacionalidade, em 1139, que as cores que representam a Nação Portuguesa são o “Azul e Branco”. São as únicas cores do primeiro estandarte de Dom Afonso Henriques e da Bandeira de Portugal adoptada ulteriormente pelo Primeiro Rei de Portugal e Pai da Pátria.
Por isso, também, a Bandeira da Monarquia Constitucional estava dividida de igual em Azul e Branco e depois com o Brasão de Armas do Reino de Portugal aposto no meio.
O Azul e Branco foram as cores adoptadas por corresponderem «àquelas que formam a divisa da Nação Portuguesa desde o princípio da Monarquia.»
À Bandeira de Portugal que na vida do autor era a Azul e Branca da Monarquia Constitucional, Trindade Coelho dedicou o seu famoso poema:
Bandeira de Portugal
«Eu te saúdo, Bandeira de Portugal, fanal augusto das glórias da minha Pátria, eu te saúdo. Sou jovem, mas já sinto no coração a alegria de ter nascido à tua sombra e o orgulho de ser teu filho; e por isso eu te adoro e te saúdo, Bandeira da Minha Pátria. Por ti estudo; por ti desejo ser sábio, para te dar a minha inteligência, e forte, para te dedicar o meu braço; e eu te juro, Bandeira da minha Pátria, que só quero ser grande da tua grandeza, bom da tua bondade, herói do teu heroísmo, e que até à hora da minha morte pedirei a Deus pela tua glória e de todo o coração lhe rogarei que sejas tu a minha mortalha.»

FAMÍLIA REAL PORTUGUESA


FAMÍLIA REAL PORTUGUESA PRESENTE NA ENTREGA DA CRUZ DA TEOLOGIA DO CORPO AO PAPA FRANCISCO












No passado dia 18 de Junho, quarta-feira, na praça de São Pedro em Roma, o Santo Padre, o Papa Francisco, recebeu a oferta da Cruz da Teologia do Corpo, por uma delegação portuguesa, presidida pelo Padre Miguel Jorge Pereira, presidente da Associação Cultural Amor e responsabilidade, a qual é responsável pela divulgação e aprofundamento da Teologia do Corpo em Portugal.

Desta delegação portuguesa contavam-se entre outros SS. AA. RR. D. Duarte de Bragança e  D. Isabel Heredia, Duques de Bragança; a Dr. Isilda Pegado, Presidente da Federação Portuguesa pela Vida; a Dr. Maria José Vilaça, Presidente da Associação de Psicólogos Católicos; o Dr. Paulo Freire Moreira e a D. Ana Luísa Veiga de Macedo, representantes da Missão Mãos Erguidas; a Enfermeira Vanessa Machado, coordenadora pelo FertilityCare™ em Portugal; o Dr. José Veiga de Macedo, representante da Fundação a Junção do Bem e o artista Carlos Oliveira, autor da Cruz da Teologia do corpo ("Ut Christus Ecclesiam Amavit")

A Cruz "Ut Christus Ecclesiam Amavit”, da autoria do Atelier Carlos Oliveira e da co-autoria do Padre Miguel Pereira, foi criada para o IV Simpósio Internacional da Teologia do Corpo, que teve lugar em Fátima, de 13 a 16 de Junho de 2013. Esta obra tem como base as catequeses da Teologia do Corpo de S. João Paulo II e a Cruz da Unidade do movimento de Shoenstatt, e pretende iluminar o mistério da família, a partir do mistério do amor de Cristo pela sua Igreja.

A delegação assistiu à audiência geral e alguns dos membros desta delegação puderam cumprimentar o Santo Padre (Duques de Bragança, ao Padre Miguel Pereira, à Dr. Maria José Vilaça e ao artista Carlos Oliveira). Nesse momento, o Padre Miguel Pereira teve a oportunidade de oferecer ao Santo Padre a tradução portuguesa das catequeses sobre a teologia do corpo, cuja edição coordenou, editada pela Aletheia Editores, e ainda um conjunto de mensagens enviadas por vários portugueses através do site: www.teologiadocorpo.com. A Dr. Maria José Vilaça ofereceu o livro “Os homens e as mulheres são do Éden”, cuja tradução é da sua autoria e o Artista Carlos Oliveira também ofereceu uma réplica da Cruz original que o santo padre teve oportunidade de receber no final da audiência.

Esta Delegação foi ainda muito gentilmente recebida pelo Senhor Cardeal Saraiva Martins, logo após a Audiência e Geral, assistiu à Santa Missa na Igreja de Santo António dos Portugueses, Missa está presidida pelo Padre Miguel Jorge Pereira e cuja intenção foi por Portugal, pela vida, pela família e ainda pela divulgação da teologia do corpo de S. João Paulo II. O Senhor Embaixador António Ribeiro e a Embaixatriz Isabel Ribeiro acolheram esta delegação na Embaixada Portuguesa Junto da Santa Sé num jantar onde o artista Carlos Oliveira e o Padre Miguel tiveram a oportunidade de falar acerca da obra oferecida e de esclarecer os presentes sobre o conteúdo teológico desta Obra.

Na quinta-feira, dia 19, a delegação ainda teve a oportunidade de assistir à Santa Missa no altar dos Padroeiros da Europa, na Basílica de São Pedro, de visitar o túmulo de São Pedro e do seu amado sucessor S. João Paulo II.



AMO-TE, PORTUGAL



Portugal,
Estou há que séculos para te escrever. A primeira vez que dei por ti foi quando dei pela tua falta. Tinha 19 anos e estava na Inglaterra. De repente, deixei de me sentir um homem do mundo e percebi, com tristeza, que era apenas mais um dos teus desesperados pretendentes.
Apaixonaste-me sem que eu desse por isso. Deve ter sido durante os meus primeiros 18 anos de vida, quando estava em Portugal e só queria sair de ti. Insinuaste-te. Não fui eu que te escolhi. Quando descobri que te amava, já era tarde de mais.
Eu não queria ficar preso a ti; queria correr mundo. Passei a querer correr para ti - e foi para ti que corri, mal pude.
Teria preferido chegar à conclusão que te amava por uma lenta acumulação de razões, emoções e vantagens. Mas foi ao contrário. Apaixonei-me de um dia para o outro, sem qualquer espécie de aviso, e desde esse dia, que remédio, lá fui acumulando, lentamente, as razões por que te amo, retirando-as uma a uma dentre todas as outras razões, para não te amar, ou não querer saber de ti.
Custou-me justificar o meu amor por ti. És difícil. És muito bonito e és doce mas és pouco dado a retribuir o amor de quem te ama. Até dás a impressão que tanto te faz seres odiado como amado; que gostas de fingir que estás acima disso, olhando para os portugueses de agora como o céu olha para os passageiros nos aviões.
Já que estava apaixonado, sem maneira de me livrar - nem sequer voltando para ti e vivendo contigo mais trinta anos - que remédio tinha eu senão começar a convencer-me que havia razões para te amar.
Encontram-se sempre. E, a partir de certa altura, quando já são seis ou sete razões que se foram arranjando ao longo dos anos, deixamos de amaldiçoar este amor que nos prende a ti e, inevitavelmente, começamos a sentir-nos, muito estúpida e secretamente, vaidosos por te amarmos. Como se fôssemos nós que tivéssemos sido escolhidos.
Digo nós mas falo por mim. Digo eu sabendo que não sou só eu, que nós somos muitos. Possivelmente todos. Tragicamente todos, um bocadinho. Se calhar estamos todos, de vez em quando, um bocadinho apaixonados por ti.
A tua pergunta bocejada, de país farto de ser amado, amado de mais, aborrecido com tanto amor, apesar da merda que tens feito e da maneira como nos pagas, é sempre a mesma: «Diz-me lá, então, porque é que me amas...»
Pois hoje vou-te dizer. Não me interessa nada a tua reacção. Estás a ver? Já comecei a mentir. É sinal que a minha carta de amor já começou.
Amo-te, primeiro, por não seres outro país. Amo-te por seres Portugal e estares cheio de portugueses a falar português. Não há nenhum outro país, por muito bom ou bonito, onde isso aconteça.
Mesmo que não achasse em ti senão defeitos e razões para deixar de te amar, preferia isso, mesmo deixando de te amar, a que não existisses.
Se deixasses de existir, o meu olhar ficava de luto e nunca mais podia olhar para o resto do mundo com os olhos inteiramente abertos ou secos ou interessados.
Para que continuasses a existir, mesmo fazendo cada vez mais merda, trocava imediatamente ir-me embora de ti e nunca mais poder voltar e nunca mais poder ver-te, e nunca mais encontrar um português ou uma portuguesa, e nunca mais poder ler ou ouvir a língua portuguesa.
E olha que este é um desejo que muitas vezes tenho.
Esta é a única verdadeira prova de amor: fazer tudo para que sobreviva quem se ama. Mesmo que nunca mais te víssemos, Portugal, saberíamos que continuavas a existir, que as nossas saudades teriam onde se agarrar. Por muito que mudasses, mal te deixássemos e nunca mais te víssemos, já não mudavas mais.
Mesmo que não houvesse em ti um único pormenor que não houvesse nos restantes países do mundo, que são muitos; mesmo que houvesse um país escondido que fosse igualzinho a Portugal em todos os pormenores; mesmo assim eu amar-te-ia como se fosses o único país do mundo, diferente em tudo.
Portanto, já viste, ó Portugal: não preciso de nenhuma razão para te amar. Amo-te sem razão. Amo-te às cegas, antes sequer de olhar para ti. Podes ser o pior país do mundo, ou o melhor, ou o mais monotonamente assim-assim. Não me interessa. Amo-te. Amo-te à mesma. Amo-te antes de falarmos nisso.
Amo-te tanto que, quando perguntas porque é que eu te amo, não fico nervoso nem irritado. Não preciso de tentar dar uma razão convincente. Amo-te à mesma, fiques ou não convencido.
E, mesmo que te aborreças de ouvir todas as razões que tenho para te amar, eu continuarei a dizê-las, porque gosto de dizê-las e porque, que diabo, também eu preciso, às vezes, de me lembrar e de me convencer do quanto eu te amo.
Amo-te mesmo que sejas impossível de conhecer ou de descrever. Isto é muito importante. O Portugal que eu conheço e descrevo é apenas o Portugal que eu julgo, se calhar, conhecer (pouco) e descrever (mal).
Cada pessoa apaixonada por ti está apaixonada por um Portugal diferente do meu. Até o meu Portugal é, conforme os climas, bastante diferente do meu - para não dizer estrangeiro.
Por exemplo, uma das razões por que te amo é o teu clima. Acho que tens um bom clima. Mas não julgues que há muitos portugueses apaixonados por ti que concordam comigo. Esses julgam o teu clima dia a dia e hora a hora e gostam dele, quando muito, vinte por cento do ano. Em cada cinco horas do teu clima, gostam de uma e odeiam quatro.
Pois eu amo-te sem saber sequer se o teu clima é bom ou mau. Não tenho a certeza, mas não interessa: amo-te mesmo ignorando tudo a teu respeito. Amo-te mesmo estando completamente enganado. A pessoa convencida sou eu. Quem está convencido que ama, quando fala do seu amor, não quer convencer ninguém. Quer declarar que ama. Se é bom ou mau nem secundário é. Fica noutro mundo, onde vivemos.
Como vês, não preciso de razões para te amar. Mas tenho muitas. E boas. A primeira delas é secreta e embaraça-me confessá-la: amo-te, Portugal porque, não sei como e contra todas as provas e possibilidades, acho que és o melhor país do mundo.
Pronto. Está dito. É uma vergonha pôr as coisas de uma maneira tão simples. Mas era isto que eu estava há que séculos para te dizer: amo-te, Portugal, por seres o melhor país do mundo.
Como vês não sou o romântico que estava a fingir ser, que te ama sem precisar de razões para isso. Tenho uma razão muito interesseira para te amar: acho que és o melhor país do mundo. Por muito relativista que eu seja noutras coisas, acho mesmo que tive sorte de nascer aqui. Em ti. Aqui, entre nós.
Desculpa.
Mesmo assim, insistes em perguntar: que tens tu de tão especial, que os outros países não têm?
Essa íntima vaidade, por exemplo. Tu não és orgulhoso. Mas, muito bem disfarçada, tens uma vaidade sem fim. Dizes-te feio e vestes-te mal mas, quando passas por um espelho, espreitas e achas-te giro. E se alguém te diz que és feio e estás mal vestido, não ficas ofendido - achas que aquela pessoa é obviamente estúpida e não tem olhos na cara.
Ou, pelo menos, não tem o discernimento e o bom gosto necessários para apreciar a tua oblíqua mas inegável formosura. A tua beleza, estás convencido, está reservada para os apreciadores. A ralé passa ao lado e não vê: deixá-la passar.
A tua vaidade é tanta que até te permites um grande desleixo. Sabes que, na terra onde nada plantaste, há-de crescer um jardim preguiçoso que um dia será selvagem e bonito, sem qualquer esforço teu. Deus e o tempo trabalham por tua conta.
Sabes que a tinta fresca salta muito à vista e que é cansativa. Esperas, despreocupado, pela beleza que há-de vir com a passagem dos tempos. E a vaidade que sussurra, preguiçosamente, a quem insista em aproximar-se: «Sim, eu sei que sou uma casa bonita e não, não me lembro da última vez que fui pintada. Eu cá não preciso de me abonecar.»
Graças ao desleixo que a tua vaidade consente, mudas menos do que os outros países. As pessoas acham que és conservador, que és contra a mudança. Mas não é isso. És vaidoso e preguiçoso porque achas que não precisas de grandes esforços ou mudanças: sabes que continuas encantador.
O teu desleixo também é causa de muito sofrimento mas não é numa carta de amor que vou falar dele. Também tem consequências agradáveis.
Por exemplo, dizes que queres ser um país de primeira categoria. Mas sabemos todos que não queres. Gostas de ser de segunda, como gostas de não ser de terceira. Gostas de ter países melhores do que tu, para visitar ou invocar, quando fazes aquela fita de lamentar que não seja possível teres tudo o que tens de bom, menos tudo o que tens de mau, trocado pelo melhor que houver nos outros países.
Tu não queres nada a não ser que gostem de ti. E não estás disposto a fazer nada por isso. Nem é preciso serem muitos a gostar. Se calhar, até te bastava um. Aposto que é essa a impressão que consegues dar a cada um dos desgraçados, como eu, que estão apaixonados por ti.
Eu poderia perder anos a fazer um cuidadoso retrato de ti. Por muito verosímil que fosse, davas uma olhadela e dizias com desdém, a fazer-te caro ao mesmo tempo: «Isso não sou eu. Isso é outro país qualquer que inventaste...»
É a tua maneira, Portugal amado, de garantir que continuaremos a tentar retratar-te. Tanto te faz que o retrato seja feio ou bonito, desde que seja de ti.
Quanto mais variados forem, mais gostas. Até tu, nas tuas paisagens, varias e hesitas tanto e recusas-te a decidir, como quem não tem pressa e, no fundo, não escolhe nem decide, porque quer tudo.
Preferias ser amado por quem tem razões para te odiar? Isso sei eu. Paciência. Eu amo-te porque mereces. Eu amo-te pelas tuas qualidades. Preferias não tê-las. Para que o amor fosse mais puro, mais contraditório, mais injustificável. Mas tens qualidades.
Desculpa lá dizer-te isto, Portugal, mas amar-te é uma coisa simples.
Amo-te, aconteça o que acontecer. Amo-te por causa de ti. Não é apesar de ti. É por causa de ti. Não há outra razão. Nem podia haver uma razão mais simples.
Por muito que te custe ouvir (apesar de eu saber que não só não te custa nada como gostas de ouvir), digo-te: é tão grande o meu amor por ti que até consigo amar-te sem dar por isso.
Já viste?
Miguel
 
Miguel Esteves Cardoso, in 'Jornal Público' (10 Junho 2011)

quinta-feira, 12 de junho de 2014

S. ANJO DA GUARDA DE PORTUGAL



O primeiro rei de Portugal, Dom Afonso Henriques, notabilizou-se não só pelo valor guerreiro e nobre, mas principalmente por uma grande santidade. É assim que o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo lhe aparece para manifestar ao mesmo o desejo de fundar um grande reino através de seus descendentes e pedindo que coloque os símbolos da Paixão no brasão de Portugal.
 
Dom Afonso Henriques tinha uma grande e entranhada devoção ao Arcanjo São Miguel. Antes do rei haver tido a visão de Nosso Senhor, apareceu-lhe um Embaixador angélico, dizendo-lhe: “Sois amado do Senhor, porque sem dúvida pôs sobre vós, e sobre vossa geração depois de vossos dias, os olhos de sua misericórdia, até a décima sexta descendência, na qual se diminuirá a sucessão, mas nela assim diminuída, Ele tornará a pôr os olhos e verá”. Em seguida, declara o próprio rei: “Obedeci, e prostrado em terra, com muita reverência, venerei o embaixador e Quem o mandava. E como posto em oração, aguardava o som, na segunda vela da noite ouvi a campainha, e armado de espada e rodela saí fora dos reais, e subitamente vi à parte direita, contra o nascente, um raio resplandecente indo-se pouco a pouco clareando, cada hora se fazia maior. E pondo de propósito os olhos para aquela parte, vi de repente, no próprio raio, o sinal da Cruz, mais resplandecente que o sol, e um grupo grande de mancebos resplandecentes, os quais creio que seriam os santos anjos..” O santo rei, chorando maravilhado com a visão, vê finalmente Nosso Senhor, que lhe diz: “Não te apareci deste modo para acrescentar tua fé, mas para fortalecer teu coração neste conflito, e fundar os princípios do teu reino sobre pedra firme. Confia, Afonso, porque não só vencerás esta batalha mas todas as outras em que pelejares contra os inimigos da minha cruz. Acharás tua gente alegre e esforçada para a peleja, e te pedirá que entre na batalha com o título de rei. Não ponhas dúvida, mas tudo quanto te pedirem lhes concede facilmente. Eu sou o fundador e destruidor dos reinos e impérios, e quero em ti e em teus descendentes fundar para Mim um império, por cujo meio seja Meu nome publicado entre nações mais estranhas. E para que teus descendentes conheçam Quem lhes dá o reino, comporás o escudo de tuas armas do preço com que Eu remi o género humano, e daquele por que Fui comprado pelos judeus, e ser-Me-á reino santificado, puro na fé e amado da minha piedade”. Até os dias de hoje permanecem os estigmas da Paixão no escudo da grande nação portuguesa.
 
Um episódio demonstra quanto os homens que cercavam o rei Dom Afonso Henriques eram também de grande valor. O rei de Leão, Afonso VII, estava cercando as tropas de Afonso Henriques e a derrota deste parecia iminente. Egas Moniz, que fora educador de Afonso Henriques, vai até Afonso VII e empenha sua palavra de que seu antigo pupilo lhe prestaria obediência. Confiando na promessa do nobre português, o rei de Leão levanta o cerco. Como Dom Afonso Henriques não cumpriu a palavra, que aliás não dera, Egas Moniz vai até junto do rei de Leão, acompanhado da mulher e filhos, em traje de penitente, pedindo que o mesmo lhe castigue por não se ter cumprido o que prometera. E o castigo, Egas Moniz o sabia, poderia ser a pena de morte. Admirado com tal grandeza de alma, o rei manda de volta e em paz o fidalgo português.
 
Dom Afonso Henriques continua suas conquistas, principalmente contra os mouros. Em 1147 domina Santarém, que era um grande baluarte islâmico. Algum tempo depois, sob o comando pessoal de Al-Baraque, rei de Sevilha, Santarém é sitiada. O santo rei vê-se impotente para liderar a defesa dos cristãos pois estava ferido numa perna e sem poder montar a cavalo. Mesmo assim, arrisca-se e vai lutar pela defesa de seus homens em Santarém. Quando se encontrava no meio dos combates, Dom Afonso Henriques vê, junto de si, um braço levantado brandindo uma espada. Percebe claramente que um Anjo do Senhor estava a seu lado para protegê-lo.
 
Quando os combates estavam em sua fase mais renhida e sangrenta, o braço angélico começou a desferir mortais golpes contra os mouros, os quais fugiam aterrorizados e deixavam o campo de batalha à mercê dos soldados cristãos. Os próprios soldados agarenos, presos durante a batalha, confessaram ter visto o braço angélico armado com a espada a lhes deferir mortais golpes.
Como prova de gratidão por tão insigne favor divino, Dom Afonso Henriques fundou a Ordem militar com o nome de “São Miguel da Ala” (a palavra “ala” é aplicada no sentido de “levantada” ou “alada”), em honra daquela intervenção angélica. Seus descendentes estabeleceram o costume de colocar nos seus filhos os nomes dos três Arcanjos, São Miguel, São Gabriel e São Rafael, também em honra desta batalha.
 
Cresce a devoção ao Anjo de Portugal ao longo dos anos.
 
A pedido do rei Dom Manuel e dos bispos portugueses, o Papa Leão X instituiu em 1504 a festa do «Anjo Custódio do Reino» cujo culto já era antigo em Portugal.
 
Oficializada a celebração tradicional, Dom Manuel expediu alvarás às Câmaras Municipais a determinar que essas festas em honra do Anjo da Guarda de Portugal fossem celebradas com a maior solenidade. Na referida festa deveriam participar as autoridades e instituições das cidades e vilas, além de todo o povo. Por determinação das Ordenações Manuelinas a festa do Anjo de Portugal era equiparada à festa do Corpo de Deus, já então a maior festa religiosa de Portugal, em que toda a nação afirma a sua Fé na presença real de Cristo na eucaristia.
 
Esta celebração manteve o seu esplendor durante os séculos XVI, XVII e XVIII, período em que Portugal mantinha grande poder e muita religiosidade, e decaiu no século XIX quando o país já estava em decadência.
 
De acordo com o testemunho dos Pastorinhos de Fátima, em 1915 e 1916 o Anjo de Portugal apareceu por diversas vezes a anunciar as aparições de Nossa Senhora nesta sua Terra de Santa Maria e deu aos Pastorinhos a comunhão com o «preciosíssimo corpo, sangue, alma e divindade de Jesus Cristo» como ele próprio declarou.
 
O culto do Anjo de Portugal teve o seu maior brilho nas cidades de Braga, Coimbra e Évora, especialmente na diocese de Braga, Sé primaz de Portugal, onde se celebrava a 9 de Julho.
No tempo de Pio XII a festa do Anjo de Portugal foi restaurada para todo o País e transladada para o dia 10 de Junho a fim de que o Dia de Portugal fosse também o Dia do Anjo de Portugal.

terça-feira, 3 de junho de 2014

A ABDICAÇÃO DO REI DE ESPANHA

S.A.R O SENHOR DOM DUARTE COMENTOU A ANUNCIADA ABDICAÇÃO DO REI DE ESPANHA

S.A.R. o Duque de Bragança considerou hoje que a decisão de S.M. o Rei de Espanha abdicar do Trono se deveu a problemas de saúde e defendeu que o sucessor tem vantagens em relação ao Rei João Carlos.

A razão da decisão do Rei espanhol é, para S.A.R. o Duque de Bragança, explicada pelas dificuldades que o S.M. o Rei João Carlos tem sentido nos últimos tempos em cumprir a sua missão.

"Basta ver as fotografias dele, os problemas de saúde, a dificuldade em deslocar-se", afirmou S.A.R. em declarações à Lusa.

"Cumprir as missões que tem cumprido tem sido um grande sacrifício pessoal", sublinhou, acrescentando que o Rei de Espanha também teve "bons exemplos" na Europa.

"O Rei da Bélgica, a Rainha da Holanda, o próprio Papa abdicaram quando acharam que a sua saúde não estava em condições para cumprirem as suas missões", lembrou.

Juan Carlos de Borbón y Borbón manifestou hoje a sua vontade de entregar a coroa ao filho, depois de um reinado de 39 anos, um dos mais longos da história, que começou na sua proclamação a 22 de Novembro de 1975.

Para S.A.R. o Duque de Bragança, o Rei de Espanha teve um papel fundamental na História daquele país, conseguindo que a transição para a democracia fosse feita de forma pacífica.

"Creio que a grande vantagem da monarquia em países como a Espanha e como a Suécia é que a transição da chefia de Estado é feita de uma maneira tranquila, sem lutas políticas e com uma continuidade que permite ao futuro Chefe de Estado continuar a obra que o Pai fez", defendeu, adiantando que Espanha deve ao actual Rei "uma grande gratidão".

"João Carlos evitou os conflitos que, por exemplo, tivemos em Portugal na transição para a democracia - que foi extremamente violenta, com grande destruição da economia, com milhares de mortos nos países que são hoje da CPLP, verdadeiros genocídios com a independência", referiu.

"Em Espanha, a transição fez-se de uma maneira pacífica e o Rei sempre manteve a unidade nacional, que é muito questionada hoje pela Catalunha e pelos bascos", disse.

Apesar do papel político de João Carlos de Espanha, o Duque de Bragança considera que o herdeiro tem melhores condições para exercer a liderança actual da monarquia naquele país.

"O príncipe Filipe tem algumas vantagens em relação ao Pai", afirmou, sublinhando o facto de falar bem catalão e de estar casado "com uma espanhola de origem muito popular".

Estas características, aliadas ao facto de "ser um jovem muito simpático e caloroso" demonstram que Filipe de Bórbon está "muito integrado na realidade democrática da Espanha de hoje".

Por outro lado, "o príncipe Filipe teve uma preparação técnica e profissional para a sua missão [que foi] notável e tem um relacionamento pessoal com as elites políticas, culturais e militares espanholas que certamente o ajudarão na sua missão", concluiu.

(Fonte: Diário Digital/Lusa)

 Carta de abdicação do Rei D. João Carlos I


COMUNICAÇÃO AO POVO ESPANHOL


 
S.M. el Rey
Mensaje de Su Majestad el Rey a los españoles
Palacio de La Zarzuela. Madrid, 02.06.2014
e acerco a todos vosotros esta mañana a través de este mensaje para transmitiros, con singular emoción, una importante decisión y las razones que me mueven a tomarla.
En mi proclamación como Rey, hace ya cerca de cuatro décadas, asumí el firme compromiso de servir a los intereses generales de España, con el afán de que llegaran a ser los ciudadanos los protagonistas de su propio destino y nuestra Nación una democracia moderna, plenamente integrada en Europa.
Me propuse encabezar entonces la ilusionante tarea nacional que permitió a los ciudadanos elegir a sus legítimos representantes y llevar a cabo esa gran y positiva transformación de España que tanto necesitábamos.
Hoy, cuando vuelvo atrás la mirada, no puedo sino sentir orgullo y gratitud hacia vosotros.
Orgullo, por lo mucho y bueno que entre todos hemos conseguido en estos años.
Y gratitud, por el apoyo que me habéis dado para hacer de mi reinado, iniciado en plena juventud y en momentos de grandes incertidumbres y dificultades, un largo período de paz, libertad, estabilidad y progreso.
Fiel al anhelo político de mi padre, el Conde de Barcelona, de quien heredé el legado histórico de la monarquía española, he querido ser Rey de todos los españoles. Me he sentido identificado y comprometido con vuestras aspiraciones, he gozado con vuestros éxitos y he sufrido cuando el dolor o la frustración os han embargado.
La larga y profunda crisis económica que padecemos ha dejado serias cicatrices en el tejido social pero también nos está señalando un camino de futuro cargado de esperanza.
Estos difíciles años nos han permitido hacer un balance autocrítico de nuestros errores y de nuestras limitaciones como sociedad.
Y, como contrapeso, también han reavivado la conciencia orgullosa de lo que hemos sabido y sabemos hacer y de lo que hemos sido y somos: una gran nación.
Todo ello ha despertado en nosotros un impulso de renovación, de superación, de corregir errores y abrir camino a un futuro decididamente mejor.
En la forja de ese futuro, una nueva generación reclama con justa causa el papel protagonista, el mismo que correspondió en una coyuntura crucial de nuestra historia a la generación a la que yo pertenezco.
Hoy merece pasar a la primera línea una generación más joven, con nuevas energías, decidida a emprender con determinación las transformaciones y reformas que la coyuntura actual está demandando y a afrontar con renovada intensidad y dedicación los desafíos del mañana.
Mi única ambición ha sido y seguirá siendo siempre contribuir a lograr el bienestar y el progreso en libertad de todos los españoles.
Quiero lo mejor para España, a la que he dedicado mi vida entera y a cuyo servicio he puesto todas mis capacidades, mi ilusión y mi trabajo.
Mi hijo Felipe, heredero de la Corona, encarna la estabilidad, que es seña de identidad de la institución monárquica.
Cuando el pasado enero cumplí setenta y seis años consideré llegado el momento de preparar en unos meses el relevo para dejar paso a quien se encuentra en inmejorables condiciones de asegurar esa estabilidad.
El Príncipe de Asturias tiene la madurez, la preparación y el sentido de la responsabilidad necesarios para asumir con plenas garantías la Jefatura del Estado y abrir una nueva etapa de esperanza en la que se combinen la experiencia adquirida y el impulso de una nueva generación. Contará para ello, estoy seguro, con el apoyo que siempre tendrá de la Princesa Letizia.
Por todo ello, guiado por el convencimiento de prestar el mejor servicio a los españoles y una vez recuperado tanto físicamente como en mi actividad institucional, he decidido poner fin a mi reinado y abdicar la Corona de España, de manera que por el Gobierno y las Cortes Generales se provea a la efectividad de la sucesión conforme a las previsiones constitucionales.
Así acabo de comunicárselo oficialmente esta mañana al Presidente del Gobierno.
Deseo expresar mi gratitud al pueblo español, a todas las personas que han encarnado los poderes y las instituciones del Estado durante mi reinado y a cuantos me han ayudado con generosidad y lealtad a cumplir mis funciones.
Y mi gratitud a la Reina, cuya colaboración y generoso apoyo no me han faltado nunca.
Guardo y guardaré siempre a España en lo más hondo de mi corazón.



Sobre a abdicação do Rei de Espanha, o cabeçalho do Editorial de hoje do jornal El País diz tudo: "Garantía do futuro"

Em Espanha, no mesmo fôlego em que o Rei abdica, a sua sucessão está assegurada, garantindo a continuidade (muito bem preparada) e a estabilidade da Instituição Real. Com normalidade e sem tropeços, sobe ao trono o Rei Filipe VI, com o olhar no futuro, os pés assentes no presente, apoiado pelos alicerces da história. Uma nova cara, a mesma Coroa.


REI DE ESPANHA ABDICA - COMUNICADO DA DIRECÇÃO NACIONAL DA JMP


Relativamente à abdicação do Rei de Espanha, a Direcção Nacional da JMP toma a seguinte posição:

1. Apesar de surpresos, os espanhóis sabem que “amanhã” a paz e a democracia continuarão garantidas, uma vez que o novo Rei “encarna a estabilidade, sinal da identidade da monarquia”, como referiu Juan Carlos relativamente ao Príncipe Filipe.

2. As razões que levaram à abdicação provam a enorme sensatez do Rei, bem como a sua capacidade para perceber e sentir o povo espanhol. O Rei de Espanha não vive numa realidade paralela, conhece bem os espanhóis e os espanhóis conhecem-no bem.

3. Juan Carlos pode olhar para trás e sentir-se orgulhoso do seu serviço. Espanha modernizou-se, democratizou-se e é reconhecida internacionalmente. Mas mais do que a participação na construção de Espanha, o Rei deu o exemplo de como se deve servir um país, recusando poder e clientelas.

4. Espanha tem a possibilidade de “passar à primeira linha uma geração mais jovem, com mais energias”. O Príncipe Filipe foi preparado para servir os espanhóis e reúne as qualidades e formação necessárias para enfrentar os desafios deste século.

Em Portugal a chefia de estado esteve, ainda está, presa a uma mesma geração, inadaptada, presa no tempo…

A Direcção Nacional da JMP
Lisboa, 2 de Junho de 2014

 
Juventude Monárquica Portuguesa