segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Obrigadinho, ó Bloco!

Jesus Cristo, como aliás todos nós, tem um só pai e uma única mãe, não dois pais sem nenhuma mãe, nem duas mães sem nenhum pai. Isto não é religião, nem ideologia; é genética e biologia.


Como é sabido, o Bloco de Esquerda está a promover, sobretudo nas redes sociais, uma campanha com a imagem de Cristo e a afirmação de que “Jesus também tinha dois pais”. Ao que consta, esta iniciativa pretende assinalar uma data: 10 de Fevereiro de 2016, o dia em que, como também aí se diz, por certo em mau português, o “Parlamento termina discriminação na lei da adopção”.
Em fundo cor-de-rosa, a imagem de Cristo, provocadoramente kitsch, parece inspirar-se na tradicional iconografia do Sagrado Coração: Jesus aparece com olhar terno, com a mão esquerda sobre o seu coração, visivelmente flamejante e encimado pela cruz, e a direita em jeito de bênção. Sobre a sua cabeça, a frase: “Jesus também tinha dois pais”.
Esta afirmação tem dois erros assinaláveis: o primeiro é a afirmação de uma dupla paternidade de Cristo, quando ele próprio, logo no primeiro discurso que a Sagrada Escritura lhe atribui, confessa claramente ter um único pai, Deus, e fá-lo precisamente quando responde a Maria, sua mãe, que se tinha referido ao seu marido, José, como sendo pai do seu filho. Mais ainda, em todos os restantes textos bíblicos, Jesus nunca se refere a Deus como seu outro pai, nem sequer como um dos seus pais, mas sempre como o seu único e verdadeiro pai. Portanto, Jesus Cristo, como aliás todos nós, tem um só pai e uma única mãe, não dois pais sem nenhuma mãe, nem duas mães sem nenhum pai.
O outro erro é a insinuação de que haja alguém que “também” tenha dois pais. Ninguém há que os tenha, porque todos os seres humanos, sem excepção, são filhos dos seus progenitores, que são sempre uma mulher e um homem. Da mesma forma como é uma falsidade dizer que Cristo tinha dois pais, é igualmente mentirosa a afirmação de que alguém tenha dois progenitores do mesmo sexo. Por mais que a lei civil permita uma tal aberração, só é viável a geração havida de um homem e de uma mulher. Isto não é religião, nem ideologia; é genética e biologia.
A Conferência Episcopal Portuguesa já manifestou, pelo seu porta-voz, o seu desagrado pelo que entende ser uma ofensa de muito mau gosto. Segundo uma deputada do Bloco, esta iniciativa não pretende ofender a Igreja nem a religião, tratando-se apenas de mostrar às pessoas que sempre existiram famílias diferentes e que essa não é uma realidade nova, nem recente. Claro que a deputada tem tanta razão como teria quem, afixando cartazes com a imagem dela, neles escrevesse a frase ‘Em Portugal há políticos corruptos’ e depois, em jeito de desculpa, dissesse que não pretendia ofender a deputada, nem o Bloco de Esquerda, mas apenas mostrar às pessoas que sempre existiu corrupção entre os políticos e que, portanto essa não é uma realidade nova, nem recente…
Sem contradizer o órgão representativo do episcopado português, nem o seu porta-voz, entendo contudo muito esclarecedora esta iniciativa do Bloco de Esquerda. Não porque a considere razoável no contexto da liberdade religiosa, de pensamento e expressão, que não é, mas porque evidencia o que, não sendo novidade para muitos, talvez ainda não tivesse sido, até agora, manifestado tão clara e inequivocamente. Ou seja, a natureza essencialmente anticristã do Bloco de Esquerda e da sua política. Sem diabolizar este partido político, nem muito menos os seus militantes – alguns, honra lhes seja feita, até se demarcaram desta campanha – é óbvio que, depois deste incidente, nenhum cristão coerente poderá ser seu membro, ou nele votar, sem prejuízo da sua integridade, ou da sua inteligência.
De facto, esta campanha contra a Igreja católica, as demais confissões cristãs e, em geral, a liberdade religiosa, pôs a nu a ideologia anticristã do Bloco, senão mesmo a sua natureza antidemocrática e tendencialmente totalitária.
Por outro lado, não será exagerado afirmar, graças a esta campanha e não só, que os católicos portugueses fazem, de algum modo, parte da Igreja que sofre perseguição. Que grande honra, para nós, fazer parte do grupo dos milhões de católicos que são perseguidos pelos regimes totalitários comunistas, como os da China e da Coreia do Norte, e pelo fundamentalismo islâmico ou laicista! Obrigadinho, ó Bloco!
Esta ofensiva do Bloco de Esquerda contra os católicos e contra a liberdade religiosa, de pensamento e de expressão, não é sequer original. Por ora, é mais imbecil do que violenta, mais trocista do que mortífera, mais laroca do que sangrenta, mas promete ressuscitar, em futuros episódios, o pior legado do anticlericalismo português.
Não obstante os nossos brandos costumes, é bom recordar que os jesuítas foram expulsos de Portugal no século XVIII, pelo Marquês de Pombal; que, no século XIX, não só eles mas também todas as outras ordens religiosas foram extintas pelo liberalismo jacobino; e que, no século XX, voltaram a ser perseguidos todos os religiosos, bem como todos os bispos e padres do clero secular, pela primeira república. No século XXI, será que o Bloco de Esquerda dará continuidade a esta ignominiosa tradição?!
Avé, Bloco, morituri te salutant!

Fonte: Observador

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Duque de Bragança inaugura exposição em Salvaterra de Magos


S.A.R., D. Duarte Pio, o Duque de Bragança, vai marcar presença na inauguração da exposição "Memórias de uma Vila Real", que se realiza no próximo sábado, 27 de Fevereiro, pelas 15 horas, na Falcoaria Real de Salvaterra de Magos.
A cerimónia de inauguração desta mostra, que faz parte do programa oficial da 20ª edição do certame gastronómico "Mês da Enguia", inclui a actuação da violinista Natalia Juskiewicks.

Fonte: Rede Regional

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Sempre Rei de Todos!

Dom Manuel II Sempre Rei


Um Rei cuida do Seu Povo como um Pai. Uma das diferenças entre um Rei e um Presidente é que o Povo há-de ser sempre o Povo do Rei, e não uma massa de população que serviu o propósito de eleger um político.

Rei sem Povo não é Rei, Povo sem Rei não é Povo’, proferiu Dom Luís Álvares de Castro, 2.º Marquês de Cascais, tendo como interlocutor El-Rei Dom João V que bem compreendeu o axioma e o pôs em prática com toda a Sua Magnanimidade.

O Reinado de um Monarca é uma missão ao serviço da Nação e, os príncipes eram educados pelos seus doutos preceptores precisamente para isso. Isto posto, um Rei nunca protesta estorvo e/ou embaraço no contacto com o Seu Povo, pois tem arreigado esse trato como sendo algo de natural.

Ora a Nação é uma comunidade estável constituída, historicamente, com base num território, numa língua, e com aspirações materiais e espirituais comuns e o Povo é usualmente concebido como um conjunto de indivíduos, que num dado momento histórico constitui a Nação. Assim, a função do Rei é encarnar esse espírito comum da Nação o que o torna num Monarca ao serviço do Povo!

No nosso País, em Monarquia, sempre foi assim!

Só o Rei lê o Povo, indaga cada camada da população, apreende a sua realidade, e através de uma atitude racional chega ao que acredita será o reflexo da vontade do Povo. Essa é uma tarefa quase infinita e a preparação começa com a educação do herdeiro presuntivo da Coroa – o País, a sua idiossincrasia, não é uma realidade que se pode apreender de um momento para o outro.

Para conhecer o Povo é necessária presença, dirigir-se à própria matéria, face a face, auscultar, permitir a espontaneidade, sair da confortável área da preguiça espiritual para conhecer a «substância», e ouvindo as pretensões mais exageradas e os anelos mais essenciais, filtrar, misturar esses anseios e formar em consciência o que será o corpo do bem da coisa comum para depois melhor o defender junto dos políticos.

Veja-se o caso d’El-Rei Dom Manuel II que, em verdade, de tudo se inteira, tudo tinha de saber, sobre tudo tinha opinião, que percorria as ruas sondando e interagindo com o Seu Povo, que visitava os doentes nos hospitais, não por piedade, mas levando-lhes o tão importante agasalho espiritual. Ele que tinha por avoengos os Imperadores romanos da Dinastia Comnenus e Paleólogo, os Reis Capetos de França, a estirpe real dos Orleães, os Saxe-Coburgo e Gotha, os Imperadores da Hispânia, o Rei Fundador Afonso Henriques; Ele que privava com os maiores Reis da Terra, mostrava-se português em tudo e não se fazia rogado em estender a mão e a Sua palavra fácil e amistosa a qualquer súbdito.

El-Rei Dom Manuel II de Portugal num interesse atento entregava constantemente um sorriso, mostrava-se sempre genuíno, tal como na sua «Doutrina ao Infante D. Luís», o douto humanista Lourenço de Cáceres recomendava ao Rei “que se não aparte da afalibilidade nem dê pouca parte de si ao povo, pois que não há erro mais nocivo para quem seja de senhorear ânimos portugueses!” Ah, berço abençoado!!!

‘Os homens de hoje, como eu, crêem com ardente fé na redenção da nossa Pátria pelo Povo, o qual intervindo, a exemplo de outros países, de um modo directo, consciente dos próprios interesses e, ouso, dizer, preponderante no andamento dos negócios públicos, há-de regenerar fundamentalmente a sociedade…, põem todas as esperanças, como uma espécie de fetichismo, na vontade indomável, na largueza de vistas, na energia que em Vossa Majestade são preciosas qualidades individuais, mas também qualidades inalteradamente herdadas’, escreveu o socialista Alfredo Achiles Monteverde a El-Rei Dom Manuel II, em 07 de Outubro de 1909.

Não era um Monarca de trato enfatuado, e em Portugal também nunca os houve; El-Rei Dom Manuel II mantinha uma relação directa com o povo, e sentiam gosto em estar entre gente comum e quando abordado por qualquer pessoa fosse de que classe entabulava, quase familiarmente, uma conversa. Já D. Aleixo de Menezes acautelava El-Rei Dom Sebastião: ‘o excesso de afabilidade, senhor, não compromete a autoridade do príncipe…’. É verdade, confirmou-o o insuspeito Eça de Queiroz no encómio “A Rainha”: ‘No tempo dos nossos velhos reis, ao contrário, todos os educadores de príncipes lhes ensinavam o alto dever real de comunicar docemente com o povo.’

E mesmo depois de deposto pelos bacharéis pífios do Partido Republicano Português e pela organização terrorista Carbonária na golpada revolucionária e anti-democrática do 5 de Outubro de 1910, El-Rei Dom Manuel II colocou-se sempre ao serviço dos Portugueses.

Miguel Villas-Boas – Plataforma de Cidadania Monárquica

O cidadão monárquico

Será a relevância que atribuirmos à defesa da democracia, de uma  melhor democracia, para uma melhor sociedade e de para uma atividade política mais credível, que permitirá aos portugueses ultrapassar algumas convenções do republicanismo que enchem como trompas os ares. Também o absolutismo ou o imperialismo napoleónico incorporaram ideais igualitários visando uma cidadania consciente, mas os tempos desta nossa democracia republicana, herdeiros, é certo, daquelas ideias do século XVIII e XIX, estão a produzir muito aceleradamente a falência do sonho de justiça social, do projeto de vida e da credibilidade política.

   O nosso empenho é, para contrariar este plano inclinado, a monarquia constitucional, onde não tem lugar nem a ambição pessoal nem aspetos partidários na representação do Estado, mas a afirmação de uma independência de fato além de interesses particulares, a promoção de uma estratégica de longo prazo para os objetivos comuns à democracia, a voz dos mais pobres - que não estão representados em sindicatos e não têm voz. 
   Sendo que, na experiência de nossos dias, a monarquia constitucional é a mais avançada forma social e política presente na política europeia, quer na área social, cultural e económica.


FAMÍLIA REAL PARTICIPOU NA PROCISSÃO DOS PASSOS DA...

Real Associação da Beira Litoral: FAMÍLIA REAL PARTICIPOU NA PROCISSÃO DOS PASSOS DA...: Sua Alteza Real o Príncipe D. Afonso, levando o pálio debaixo do qual vai o Patriarca D. Manuel III com o Santo Lenho   S.A.R. A ...

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Corrupção, desporto nacional!

 Anda a par com o futebol, o equipamento é conhecido, limousine preta e colarinho branco, joga-se nos camarotes, o treino é à porta fechada. Tem observatórios, candidatos à presidência da república, artigos de fundo nos jornais, mas nada disso a incomoda. Como é omnipresente, é muito difícil dar por ela! Por estar em toda a parte é muito difícil condená-la. Às vezes é apanhada na rede de algum pescador desprevenido. Como é peixe graúdo dá cabo da rede e não se aproveita nada. O rasto é fácil de seguir. Oscila entre a política e o comentário na televisão. Como o futebol é a coisa mais importante deste país, ganha eleições à conta disso. A partir daí tem caminho aberto e pode fixar-se onde quiser. Normalmente escolhe uma autarquia, ou então, deriva directamente para os negócios. Enriquece. A lei, em que normalmente participa, não lhe toca. E se lhe toca, nada a impede de continuar a receber honras e medalhas. As coisas parecem estar a mudar um bocadinho mas até há pouco tempo o futebol era um dos terrenos mais seguros para a prática da modalidade. Tem é que ganhar campeonatos e manter-se no activo. A não ser assim torna-se vulnerável. Não me perguntem porquê.



Saudações monárquicas

 

Fonte: Interregno

Um divórcio de mil anos

Se no encontro do Papa Francisco com o Patriarca de Moscovo não se ultrapassaram todas as diferenças, criou-se um clima de diálogo e confiança, via para a reunificação das 2 principais igrejas cristãs


“Por vontade de Deus […], nós, Papa Francisco e Kirill, Patriarca de Moscovo e de toda a Rússia, encontramo-nos, hoje, em Havana. Damos graças a Deus, glorificado na Trindade, por este encontro, o primeiro na história”. Não podia ser mais solene o início da declaração conjunta do Papa Francisco e do Patriarca de Moscovo, Kirill, no termo da reunião que ambos travaram, no passado dia 12 de Fevereiro, no aeroporto internacional de Havana, em Cuba.


Que se tratou de um encontro histórico, não há qualquer dúvida. Depois de mil anos de separação, o bispo de Roma, que preside à Igreja católica universal, encontra-se com o patriarca de Moscovo e de toda a Rússia. Sendo este um dos principais dignitários da Igreja chamada ortodoxa, não é contudo a sua cabeça suprema porque, entre os ortodoxos, ao contrário do que acontece com os católicos, nenhum bispo goza do poder de jurisdição universal. A bem dizer, Kirill nem sequer é o mais importante bispo ortodoxo, porque essa primazia, embora meramente honorífica, cabe ao patriarca de Constantinopla que, contudo, tem uma importância eclesial diminuta, dado o residual número de fiéis da sua diocese, na qual, como no restante ex-império otomano, prevalece, com esmagadora maioria, a religião islâmica.



Desde tempos que remontam ao histórico encontro entre o Beato Papa Paulo VI e o Patriarca Atenágoras, as relações entre a Santa Sé e o patriarcado de Constantinopla têm-se pautado por uma grande cordialidade, atendendo que ambas as sedes episcopais se consideram instituídas por dois apóstolos irmãos: S. Pedro, primeiro bispo de Roma, e S. André, a quem o patriarcado de Constantinopla atribui a sua fundação.

O mesmo não se pode dizer das relações entre a Santa Sé e o patriarcado de Moscovo, que superintende às demais dioceses em território russo, bem como às dioceses sufragâneas que, um pouco por todo o mundo, se encarregam da assistência espiritual dos ortodoxos da diáspora. Com efeito, já vários pontífices romanos tinham querido ir a Moscovo ou, pelo menos, encontrar-se com o patriarca moscovita, mas sem êxito. Uma das razões para essa atitude dos ortodoxos russos prende-se com a questão dos uniatas – católicos orientais unidos a Roma, como os ucranianos greco-católicos que Estaline integrou, à força, na Igreja ortodoxa – e à criação de dioceses católicas nos territórios do patriarcado de Moscovo, que os ortodoxos entendem ser um acto hostil de desleal concorrência. Por outro lado, subsistem as razões teológicas que motivaram, no termo do primeiro milénio da era cristã, o cisma que dividiu a cristandade em dois grandes universos: o católico, sob a suprema autoridade do papa; e o ortodoxo, composto por todas as sedes episcopais que não aceitam a jurisdição universal do bispo de Roma.


Como expressamente se diz no nº 5 da declaração conjunta, o Papa Francisco e o Patriarca Kirill reconhecem que, não obstante a “tradição comum dos primeiros dez séculos”, “estamos divididos por feridas causadas por conflitos do passado distante ou recente” e por não poucas “divergências […] na compreensão e explicitação da nossa fé em Deus”. De facto, este primeiro encontro não teve por objectivo ultrapassar essas discrepâncias teológicas mas, sobretudo, estabelecer um clima de confiança entre as duas principais tradições cristãs, sobretudo pela afirmação do que lhes é comum e, mais ainda, pela urgência e “necessidade de um trabalho comum entre católicos e ortodoxos” (nº 3; cfr nº 28, etc.).



Passando revista à situação mundial, o Papa Francisco e o Patriarca Kirill concordaram em deplorar as perseguições aos cristãos (nº 8), ao mesmo tempo que enalteceram o testemunho heroico dos novos mártires (nº 12). Ambos pediram que se restabeleça a paz no Médio Oriente (nº 9); chamaram a atenção da comunidade internacional para a situação dramática na Síria e no Iraque (nº 10); e exigiram uma resposta global para o flagelo do terrorismo e para o perigo de uma terceira guerra mundial (nº 11). Os dois bispos cristãos também declararam que o diálogo inter-religioso deve recordar que “são absolutamente inaceitáveis as tentativas de justificar acções criminosas com invocações religiosas”, porque “nenhum crime pode ser cometido em nome de Deus” (nº 13).



É verdade que este encontro histórico, o primeiro entre um papa e um patriarca ortodoxo de Moscovo, não pôs termo a dez séculos de cisma mas, como se costuma dizer, Roma e Pavia não se fizeram num dia … Mesmo que ainda não se tenham ultrapassado todas as divergências, estabeleceu-se um clima de diálogo e de confiança recíproca, que é já caminho para a tão desejada reunificação das duas principais igrejas cristãs. É preciso agora que os católicos, sem renunciarem à integridade da fé que professam, tenham uma atitude acolhedora para com estes irmãos separados, e caminhem ao seu encontro. Outro tanto se pede aos ortodoxos. Se ambos assim fizerem, será possível chegar à unidade, até porque, como ensina a sábia sabedoria popular, todos os caminhos vão dar a Roma!



Fonte: Observador

sábado, 20 de fevereiro de 2016

SAR, O Senhor D. Duarte de Bragança visita este sábado o Festival das Camélias de Monchique

D. Duarte de Bragança e o ministro da Cultura João Soares visitam este sábado à tarde o Festival das Camélias de Monchique.

camélia

SAR, D. Duarte, ele próprio um entusiasta desta flor, vai estar presente, às 16h00, na entrega dos prémios do concurso “Camélias em Flor – encanto e beleza natural”.
Esta manhã (sexta-feira 19 de Fevereiro), na abertura do 2º Festival das Camélias, a Câmara Municipal de Monchique, em parceria com as Escolas EB 1 de Monchique (S.Roque e S.Pedro) e a Academia Sénior de Monchique, plantaram cem camélias, de variedades diversas, em espaços públicos e escolas da vila.
O objectivo da plantação das cameleiras é «sensibilizar a comunidade escolar e população em geral para a importância desta flor no área do concelho, uma vez que no Sul de Portugal, apenas em Monchique esta planta encontra as melhores condições para se desenvolver, contribuindo e muito para a beleza do Jardim do Algarve».

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

SOBRE OS POLÍTICOS...


‘FALAM TODOS DEMAIS E PARECEM QUE ESTÃO DOIDOS!’
- D. Afonso Henriques de Bragança, 3.º Duque do Porto e 6.º Príncipe Real de Portugal

GRANDES PORTUGUESES - AFONSO DE ALBUQUERQUE

Afonso de Albuquerque

O herói que morreu magoado com os homens
mas conciliado com Deus (1453-1515)

José Maria dos Santos

A epopeia portuguesa no Oriente nunca foi igualada. Com muito menos gente, os lusos venceram e conquistaram poderosos reinos como os de Ormuz, Goa e Malaca. Nessa epopeia, um homem ocupa a primazia como verdadeiro gigante: Afonso de Albuquerque, um dos maiores génios militares e administrativos, cujas façanhas se tornaram lendárias em todo o mundo de então.

Conta São Leonardo do Porto-Mauricio, no seu livro "As excelências da Santa Missa", este belo facto sucedido com Afonso de Albuquerque: "Achando-se com a sua frota em perigo de naufragar numa horrível tempestade, teve uma inspiração: tomou aos braços uma criança que viajava na sua nau e, elevando-a ao céu, exclamou: `Se todos somos pecadores, esta criaturinha é certamente sem mácula. Ah! Senhor, por amor deste inocente, compadecei-vos dos culpados! A vista dessa criança inocente agradou tanto a Deus, que Ele acalmou o mar e devolveu a alegria àqueles infelizes, gelados pelo terror da morte certa" (1).

Bondoso, esmoler, espírito justiceiro

Afonso de Albuquerque, visto pelos seus contemporâneos, era um "homem de estatura média, rosto comprido e corado, nariz um pouco grande"(2), "muito airoso e bem apessoado, expressão sentenciosa" (3). "Trazia sempre a barba mui comprida, [...] e como era alva, dava-lhe grande veneração" (4). Dotado de "um inquebrantável espírito de justiça" (5), era ainda, sempre segundo os seus contemporâneos, bondoso, muito esmoler, piedoso para com os pobres e muito paciente para suportar os sofrimentos que constantemente o assaltavam devido à inveja e incompreensão dos homens. Sofreu especialmente da parte de D. Manuel, rei de Portugal, que não se mostrou à altura do homem superior que governava.

"Inteiramente honesto, dedicado ao Rei e ao seu país, Albuquerque andou na Índia dedicado aos planos grandiosos que levara, sem jamais transigir um instante com a vida doce que todos apeteciam. Dele se pode dizer que foi, no seu tempo, o único capitão da Índia a quem os fumos da pimenta não toldaram o entendimento" (6).

"Nos seus seis anos de governo, sempre manietado pela falta de homens, de navios, de dinheiro, bem como pela estreiteza de vistas e pelas suspeitas do rei, Albuquerque fez sentir a sua influência desde a Arábia ate à China. Apossou-se das chaves do Oceano Índico. A Pérsia, o Sião e a Abissínia solicitavam a sua amizade, ao mesmo tempo em que uma dúzia de Reis indianos, inquietos, se informavam dos seus desejos, por meio de embaixadas respeitosas" (7).

Ao lado de D. João II

Afonso de Albuquerque foi o terceiro filho de Gonçalo de Albuquerque, conselheiro do rei D. Afonso V e de D. Leonor de Meneses, filha do primeiro Conde de Atouguia. Nasceu no termo de Alhandra em 1453. Nada se sabe da sua infância, mas, pela cultura que depois demonstrou, sobretudo nas suas famosas cartas e ordenações, vê-se que aprendeu o latim e estudou os clássicos.

Albuquerque aparece pela primeira vez ao lado de D. João II, em 1476, na batalha de Toro, contra os castelhanos; depois, em Arzila, no Norte de África. Em 1480, D. Afonso V enviou-o em socorro do Rei de Nápoles contra os turcos, e no ano seguinte vemo-lo na guarda pessoal de D. João II. E, finalmente, na de D. Manuel.

Assombrosa carreira

Albuquerque entrou verdadeiramente para a História já bem maduro, em 1506, no comando de uma frota incorporada à do seu primo Tristão da Cunha. Já estivera na Índia com outro primo, Francisco de Albuquerque, na armada de 1503, mas nada de mais notável dele então chegou ao nosso conhecimento. Agora, a sua missão era a de vigiar a boca do Mar Vermelho, para impedir que dali saísse algum inimigo que molestasse as conquistas portuguesas na Índia.

Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição de Ormuz

Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição de Ormuz

Ainda hoje destacada pela sua importância estratégica, a cidade de Ormuz não passou despercebida aos grandes planos de Albuquerque. Consquistada pela primeira vez em 1507, perdida em 1508 e depois retomada em 1515, acabou por ficar sob o domínio português durante mais de um século. A imponente fortaleza, iniciada em 1507 e erguida em condições excepcionalmente adversas, subsiste até hoje como testemunho da vontade de ferro, da coragem e da pertinácia de um dos mais geniais chefes militares portugueses.



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Mapa de Goa

Ao separar-se de Tristão da Cunha, depois de dominarem Socotorá e outras cidades menores, começou a estupenda carreira de Afonso de Albuquerque, que contava nessa época com apenas seis barcos e 460 homens, dos quais uma parte enferma, e escassos mantimentos para 15 dias. Com ousadia e determinação, infundindo a sua têmpera nos subordinados, conquistou em acções fulminantes várias cidades das costas da África e da Ásia, inclusive a opulenta Ormuz, na entrada do Golfo Pérsico. Não foi desprezível tal conquista, pois Ormuz estava guarnecida com mais de 30 mil homens de combate, dos quais 4 mil eram arqueiros persas, com fama em todo o Oriente. Na baía havia mais de 400 barcos, dos quais 60 eram poderosas naus bem apetrechadas, e havia espalhadas ao longo do porto mais 80 peças de artilharia para a defesa da terra firme. Como um ciclone, Albuquerque e o seu pequeno número de portugueses desbaratou os navios e apossou-se da ilha, começando a edificar uma fortaleza. Mas a deserção de três dos seus capitães com as suas naus fez com que ele tivesse que adiar a consolidação daquela conquista para outra ocasião. O que de facto se realizou anos depois.

Goa e Malaca, fortemente guarnecidas, sujeitas aos lusos

Mais espectacular ainda foi a conquista do que se tornaria o mais sólido bastião de Portugal no Oriente, Goa, a Dourada. No início de 1510, saíra Albuquerque de Cochim para dirigir-se ao Mar Vermelho, quando foi informado por um pirata indiano, Timoja, das condições excelentes para se apoderar de Goa, rico entreposto comercial, cuja população hindu sofria com a opressão de governantes mouros.

Depois de tomar sem grande esforço a fortaleza de Pangim, Albuquerque entrou na cidade praticamente sem dar um tiro. Às suas portas, pôs-se de "joelhos, e, chorando muitas lágrimas, deu graças a Nosso Senhor por aquela mercê que lhe fizera, em lhe dar uma cidade tamanha, e tão poderosa, sem trabalho nem morte de ninguém" (8).

Mas mantê-la não seria assim tão simples. Dois meses depois teve de abandoná-la, após uma heróica luta contra os exércitos de Hidalcão, soberano destronado, que voltou para resgatar a sua cidade com 60 mil turcos, mouros e indianos, 5 mil a cavalo. Mas Albuquerque reapareceu no mês de Novembro seguinte com 20 velas, no dia 25, festa de Santa Catarina, a quem atribuiu depois a vitória. Entrou novamente na cidade, apesar de fortemente defendida, e após renhida luta esta voltou ao domínio dos portugueses, tornando-se, durante cinco séculos, uma das maiores glórias lusas no Ultramar.

Em Malaca, o mais rico centro comercial do Oriente, o génio de Albuquerque e o heroísmo dos seus comandados não foi menor. Cidade imensa, defendida por 30 mil homens, muita artilharia e elefantes amestrados para a guerra, foi atacada por apenas mil e quatrocentos portugueses. A luta durou 15 dias, até que finalmente esse punhado de heróis conquistou a localidade.

Administrador e homem de grande visão

Tanto em Goa quanto em Malaca, empreendeu uma obra administrativa admirável, sábia e eficiente, tornando-se um verdadeiro pai para a populado nativa, a quem defendia com a mais estrita justiça. Quis que cada grupo étnico fosse governado por um dos seus e que se observassem os seus costumes, desde que não fossem imorais. Reduziu os exorbitantes impostos instituídos pelos mouros e cunhou moeda para facilitar o comércio.

Em Goa, foi mais longe. Sabendo que deveria ser a capital de todas as possessões portuguesas no Oriente, estimulou os seus comandados que tinham algum ofício a estabelecer-se na terra, casando-se com mulheres brâmanes e mouras brancas cativas. Dava um dote ao casal, terreno, gado e toda a facilidade para começarem um novo lar. Obteve assim que 450 portugueses se fixassem em Goa, iniciando essa politica inter-racial que foi sempre muito benéfica para Portugal. Havia ainda a vantagem de que, por meio desses casamentos, ia-se propagando a fé de Cristo, pois implicava a conversão das noivas à religião católica.

O plano de Albuquerque, que coincidia com o do rei, era atacar o Egipto pelo Mediterrâneo e pelo Suez. Depois, ir por terra libertar a Palestina. Mas a falta de apoio dos monarcas cristãos fez gorar o plano. No entanto, Afonso de Albuquerque chegou a penetrar no Mar Vermelho e a planear a tomada de Meca com "todos os tesouros que havia nela, que eram muitos, e o corpo do seu mau profeta, para com ele se resgatar a Casa Santa de Jerusalém" (9).

A morte impediu-o de executar esse ousado plano.

Herói vitorioso mas incompreendido

Havia, na administração da Índia, funcionários que estavam directamente ligados ao rei, e que por isso não tinham que prestar contas ao governador. Estes tinham constantes rixas com Albuquerque, que desejava que as coisas fossem rectamente ordenadas. Em vista de tais rixas, os seus desafectos enviavam constantemente cartas ao rei, criticando o grande general. Infelizmente, o monarca acabou por dar ouvidos a esses descontentes. Enviou então um substituto para Albuquerque, que era o seu pior inimigo. E com ele vieram dois capitães que Albuquerque havia remetido ao reino, presos por insubordinação.

Esse facto ocorreu já no fim de 1515, quando Albuquerque se encontrava muito doente. Tal golpe tirou-lhe toda a vontade de viver. Pediu que o levassem para a barra de Goa, para ver mais uma vez a cidade amada, e exclamou:

-- "Mal com os homens por amor de El-Rei, e mal com El-Rei por amor aos homens! Bom é acabar! Acolhamo-nos à Igreja" (10).

Abraçado ao Crucifixo e rezando o salmo Miserere mei, esse gigante entregou a sua alma a Deus na madrugada do domingo, 16 de Dezembro de 1515.

Quando o seu cadáver desembarcou em Goa, sob o pranto geral da população, os gentios exclamavam "que não podia estar morto, senão porque Deus tinha necessidade dele para alguma guerra, que o mandava ir" (11).

Notas:

1. As Excelências da Santa Missa, Editora Vozes, Petrópolis, 1952, p. 26.
2. Gaspar de Albuquerque, Comentários do Grande Afonso de Albuquerque, Coimbra, 1923, Parte I, p. 7, in Costa Brochado, Afonso de Albuquerque, Portugália Editora, Lisboa, 1943, p. 263.
3. Castanheda, História do Descobrimento e Conquista da Índia, Livro 3º, cap. 55, in Costa Brochado, op. cit., p. 263.
4. João de Barros, Décadas da Ásia, Lisboa, 1628, Década II, folha 238, in Costa Brochado, op. cit., p. 263.
5. Costa Brochado, op. cit., p. 265.
6. Id., p. 266.
7. Elaine Sanceau, O Sonho da Índia — Afonso de Albuquerque, Livraria Civilização, Porto, Introdução.
8. Brás de Albuquerque, Comentários Parte II, cap. 20, in Costa Brochado, op. cit., p. 325.
9. Idem, II, parte IV, cap. 7, in Brochado, op. cit., p. 447.
10. Gaspar Correia, Lendas da Índia, vol. 11, parte I, cap. 53, in Brochado, p. 470.
11. Brás de Albuquerque, Comentários, II, parte IV, cap. 46. in Brochado, op. cit., p. 475.

Fonte: "Tesouros da Fé" - Publicação da Associação Acção Família, Nº11, Out./Nov. 2014, Ano I.


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Arautos d'El Rei

SÃO TEOTÓNIO, BISPO E PRIMEIRO PRIOR DE SANTA CRUZ DE COIMBRA

  
 S. Teotónio, religioso, +1162


S. Teotónio, bispo

Segundo a tradição, S. Teotónio nasceu em Ganfei, concelho de Valença, no Minho, em 1082. Foi confiado aos cuidados de seu tio, Crescêncio, bispo de Coimbra. Em Viseu, foi ordenado presbítero onde foi prior da Sé. Neste cargo, usou de grande influência a favor do infante Afonso Henriques na luta pela independência contra sua mãe D. Teresa. Duas vezes foi a Jerusalém e aí aprendeu o desapego pelas coisas do mundo. Quiseram que ele fosse superior da comunidade dos cónegos regrantes de Santo Agostinho em Jerusalém mas ele recusou, regressando a Portugal

Foi convidado pelo arcebispo de Coimbra a fundar naquela cidade uma nova congregação de frades agostinhos, aquilo que se veio a tornar o mosteiro de Santa Cruz, do qual Teotónio foi eleito primeiro prior. Exerceu as suas funções, dando exemplo grandioso de virtudes, entre as quais sobressaía o sua humildade, austeridade e caridade para com os pobres. Por sua intercessão, o Senhor operava um grande número de prodígios. A sua proximidade com D. Afonso Henriques tornou-o conselheiro espiritual do rei e da rainha, exortando-os à prática da caridade para com os vencidos nas batalhas e nos ataques aos castelos. Entre os seus amigos pessoais contava-se S. Bernardo de Claraval.

Em 1152 renunciou ao priorado de Santa Cruz e, em 1153, ao bispado de Coimbra, para que tinha sido convidado pelo Papa. Morreu em 1162 e a sua partida para a casa do Pai foi acompanhada, segundo a tradição, de sinais no céu e de prodigiosos milagres. Foi canonizado um ano após a sua morte.
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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Os Reis Cuidavam do Seu Povo

Reis Cuidam Povo


Um País para se projectar na senda do crescimento tem que consolidar três pilares fundamentais: saúde, educação e justiça. Os nossos Reis sempre o souberam!

Para além de ter sido o Rei Fundador e deixar como legado a Fundação da nacionalidade Portuguesa, de pacificar o Reino, promovendo o municipalismo e concedendo forais, findas as contendas militares, o reinado de Dom Afonso Henriques distinguiu-se, também, pela tolerância para com os judeus – coisa pouco comum à época noutros reinos. Estes estavam organizados num sistema próprio, representados politicamente pelo grão-rabino nomeado pelo Rei de Portugal. Yahia Ben Yahia, grão-rabino à época, foi mesmo escolhido para ministro das Finanças de Afonso Henriques e encarregue da colecta de impostos no reino.

Já D. Sancho I incentivou a classe média de comerciantes e mercadores, reconhecendo o papel fundamental desta classe para um País.

O primeiro conjunto de leis portuguesas é da autoria de D. Afonso II e visavam sobretudo temas como a propriedade privada – cuja salvaguarda é tão importante -, direito civil (regulando as relações sociais que disso careciam) e cunhagem de moeda.

El-Rei Dom Afonso III, pai do “Estado Português”, dedicou especial cuidado à classe média de mercadores e pequenos proprietários, auscultando os seus queixumes. Também, distribuiu alcaides pelos castelos e juízes pelas diferentes vilas e terras do reino com o propósito de estabelecer um poder legal com o qual todos os habitantes do Reino português mantivessem uma relação de igualdade. O Rei Dom Afonso III foi muito querido pelos portugueses por essas decisões e outras como a da abolição da anúduva – imposto do trabalho braçal gratuito, que obrigava as gentes a trabalhar na construção e reparação de castelos e palácios, muros, fossos e outras obras militares -, ou, ainda, por nas Cortes de Leiria, em 1254, na primeira destas assembleias-gerais do Reino, ter assentado representantes de todos os espectros da sociedade, para preparar legislação que restringia a possibilidade das classes altas cometerem abusos sobre a população menos favorecida.

Chega-se ao Reinado de Dom Dinis, que transforma Portugal num dos mais famosos focos da poesia europeia da Idade Média, e que ficou conhecido como o Período Trovadoresco ou Galego-Português. Neste período eram sobretudo o “Amor” e a “Amizade” os temas sobre o que os poetas escreviam e que os trovadores cantavam, mas não exclusivamente, debruçando-se ainda em temas políticos sobretudo feitos guerreiros e até mesmo assuntos satíricos.

Mas dominam sobretudo dois estilos de lirismo: as Cantigas d’ Amor – de influência Provençal – e as Cantigas d’ Amigo, completamente nativo português. As primeiras, recatada e requintadamente platónicas, focam-se no enaltecimento das qualidades da mulher amada ou na expressão da saudade do ente amado.

Nesta sublimação da figura feminina participou el-Rei Dom Dinis com a sua mestria e indiscutível talento poéticos. A mais célebre Cantiga d’ Amigo D’el-Rei Dom Dinis – escrito sobre a perspectiva de uma personagem feminina – como era comum há mestria da época – foi certamente o célebre:  ‘Ai flores, ai flores do verde pino’.

Mas além da Poesia trovadoresca outro elemento contribuía para a aculturação em Portugal, as escolas que se multiplicavam por todo o Reino – embora as primeiras escolas (monásticas) tenham surgido na governação do próprio Conde D. Henrique, assim como o primeiro grande trovador português, D. Gil Sanches (filho de Dom Sancho I e de D. Maria Paes Ribeira).

De resto, desde El-Rei Dom Sancho I, que os Reis portugueses, quais Mecenas, concediam bolsas de estudos para portugueses irem estudar em Bolonha, Salamanca, etc. Mas a partir de 1290, e para o engrandecimento de Portugal, dá-se a abertura do Estudo Geral – primeiro em Coimbra, depois em Lisboa.

Quem herda o talento de seu real pai (Dom Dinis), é Dom Pedro Afonso, Conde de Barcelos, senhor de uma enorme obra literária – proporcional à sua envergadura física. Duma notabilíssima e profícua produção literária resultam obras como o “Livro das Linhagens” e a “Crónica Geral de Espanha”.

Já a Augusta mulher de Dom Dinis, a Rainha Santa Isabel foi uma Rainha muito piedosa dedicando grande parte do seu tempo à caridade e à oração, pelo que, ainda em vida, começou a possuir grande estima e reputação de santa, tendo esta reputação amplificado após a sua morte. A história mais popular da Rainha Santa Isabel é sem dúvida a do ‘Milagre das Rosas’, e cujo primeiro registo escrito, encontra-se na Crónica dos Frades Menores. De acordo com a lenda, a Rainha saiu do Castelo do Sabugal numa manhã de Inverno para distribuir o pão aos mais pobres. Surpreendida por Dom Dinis, que lhe inquiriu onde ia e o que levava no regaço, a Rainha terá exclamado: São rosas, Senhor!. Desconfiado, D. Dinis inquirido: Rosas, no Inverno?. D. Isabel expôs então o conteúdo do regaço do seu vestido e nele havia rosas, ao invés dos pães que encapotara.

Avançando, socorramo-nos das palavras de Fernão Lopes, in Crónicas, descrevendo a sua actividade de Juiz Supremo d’ El-Rei Dom Pedro I: “Trabalhava-se quando podia de as gentes não serem gastadas, por azo de demandas, e prolongados preitos”. Ou seja nas suas Ordenações, o Rei cuidava para que as pessoas não andassem demasiado tempo em conflito judicial, nem tão pouco gastassem muito dinheiro com o pleito. Dom Pedro I ordenava que fosse logo despachado o que estava nessas condições para que as partes in casu concreto não andassem em “demanda prolongada nem façam despesas grandes”, ou seja, El-Rei exigia uma justiça célere e que não fosse dispendiosa quer para as partes quer para o Estado.

Em Portugal, foi durante os reinados da Dinastia de Avis que se verificou a maior aculturação dos Príncipes e reflexamente a do País. O gosto pelos autores clássicos, pelas letras, resultado da esmerada educação dos Príncipes da Dinastia de Avis, propiciou a difusão dos textos clássicos. Era a introdução da mentalidade Humanista do Renascimento em Portugal.

É com o início da Dinastia de Avis que, de facto, a sociedade portuguesa sofre a sua maior metamorfose. Para começar a língua portuguesa toma a sua característica e inconfundível fisionomia que é enriquecida com os neologismos que advém do contacto com as obras clássicas. Com o Renascimento vem a ideia de tomar a Antiguidade Clássica como modelo.

A educação que Dom João I recebeu como Grão-mestre da Ordem de Aviz transformou-o num Rei invulgarmente culto para a época e o seu gosto pelo saber passou-o para a sua Ínclita Geração. O Infante Dom Pedro de Portugal, Duque de Coimbra, quarto filho d’el-Rei Dom João I e da Rainha Dona Filipa de Lencastre, traduz o “De Officiis” de Cícero, e redige ele próprio a maior parte do “Tratado da Virtuosa Benfeitoria”, obra inspirada e assente em Séneca e Cícero. Além, dessa valia pessoal como autor e tradutor não foi menos importante o seu papel como mecenas das Artes, sobretudo das Letras, tendo inclusive sido traduzido por encomenda sua o “De Senectute” por Vasco Fernandes de Lucena, e o “De Amicitia” pelo Prior São Jorge. Os Príncipes de Avis, quase sem excepção, como nenhuma outra Dinastia, inclusive na Europa, desde a primeira geração até Dom António, Prior do Crato, brilham nas mais variadas áreas das Artes. Nem vamos abordar o papel guerreiro que o Infante D. Henrique teve nos descobrimentos portugueses – pois não é o tema em análise -, mas sim o seu papel como patrocinador da criação de uma cadeira de Astronomia na Universidade de Coimbra, ou o seu empenho no desenvolvimento da Caravela, de portulanos, de roteiros e de instrumentos náuticos que facilitassem essas mesmas descobertas por parte dos navegadores. “O Navegador” investiu toda a sua fortuna em investigação relacionada com navegação, náutica e cartografia, dando início à epopeia dos Descobrimentos. Esta descoberta geográfica do Mundo empreendida pelos portugueses é reflexo do paradigma do Renascimento na medida que o humanismo não se trata apenas de um ideal de cultura, mas um ideal de pensamento de confiança no Homem. Com os Descobrimentos, Portugal participa na primeira linha da construção de um admirável Mundo Novo.

Embora, a História existisse já desde os primórdios da Monarquia Portuguesa, é com Fernão Lopes que esta se autonomiza e se converte em género próprio. É com as suas “Crónicas” que se inicia um novo e inédito género na literatura portuguesa, a prosa literária, «em que a arte alcança o grau supremo da naturalidade», vincou António José Saraiva in “História da Literatura Portuguesa”. Nesta sublime obra da prosa histórica portuguesa, o historiador oficial da Corte de Avis reúne uma exposição sequente da história dos sucessivos reinados, sem esquecer o exercício narrativo da época, embora o faça de uma maneira independente compilando factos seleccionados nas mais diversas fontes e narrando-os de uma forma muito particular, o que permite dizer que criou um estilo literário próprio. «A História há-de ser luz da verdade e testemunha dos antigos tempos», escreveu.

Continuando na Dinastia de Avis, Dom Duarte I que sempre acompanhou o seu pai nos assuntos do reino, sendo portanto um herdeiro preparado para reinar, foi cognominado o Eloquente ou o Rei-Filósofo pelo seu interesse pela cultura e pelas obras que escreveu como o “Leal Conselheiro” um ensaio sobre variados temas onde a moral e religião têm especial enfoque e o “Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela”, manual para Cavaleiros.

Falecido Dom Duarte I, e na menoridade de D. Afonso V, primeiro sua mãe e depois o tio D. Pedro, Duque de Coimbra assumem a regência. Por sua ordem, cerca de 1448, foram revistas e concluídas as chamadas Ordenações Afonsinas, a primeira compilação oficial de leis do século XV, resultado de um pedido das Cortes a D. João I para a organização de uma colectânea em que se coordenasse e actualizasse o direito vigente, para a boa litigância e fácil administração na justiça.

No século XV, já no reinado de Dom Afonso V a pintura portuguesa atinge o seu auge. É de Nuno Gonçalves a autoria do esplendoroso tríptico “Painéis de S. Vicente”. Também, realizado sob encomenda de D. Afonso V em 1457 e concluído a 24 de Abril 1459, temos o “mapa-múndi de Fra Mauro”, que reúne o conhecimento geográfico da época.

O Afortunado D. Manuel I, em 1521, promoveu uma revisão da legislação com as Ordenações Manuelinas que divulgou com ajuda da recente descoberta da Imprensa. Com a prosperidade resultante do comércio, em particular do das especiarias ordenou a reforma dos Estudos Gerais, criando novos planos educativos e bolsas de estudo.

Na sua Corte surge Gil Vicente e o geógrafo Duarte Pacheco Pereira, célebre autor do “Esmeraldo de Situ Orbis”. É, também, do seu reinado o “Livro Três Místicos”, que encanta com a riqueza das suas iluminuras. Quanto a Bernardim Ribeiro cabe-lhe o papel de introduzir, com as suas Éclogas, o Bucolismo em Portugal. Também, o seu estilo acompanha a evolução da moral e as suas exigências e introduz a novela cavaleiresca sentimental integrada num ambiente feminino em que a donzela passa a dominar como figura moral e principal, mas em que a acção se exprime na tragédia amorosa, como em “Menina e Moça”.

Frequentador dos Serões do Paço, Sá de Miranda começou por colaborar no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, mas o seu génio aparece um pouco mais tarde, depois de uma estadia em Itália patrocinada em parte pela Coroa. Após o seu regresso a Portugal publica, em 1527, os “Estrangeiros”, uma comédia que o distingue como inovador na literatura da época: é a primeira comédia em prosa. Sendo-lhe concedida uma comenda perto de Ponte de Lima, aí torna-se à maneira do grande Horácio, mentor de um grupo intelectual composto por Francisco de Sá Menezes, D. Manuel Portugal, entre outros, que se apelidam de “Italianizantes” e cujo anelo supremo é a produção de um poema que eternizasse o glorioso Portugal quinhentista. Esse desiderato de imortalizar o heróico Portugal viria a ser cumprido mais tarde, mas por outro poeta, o maior da Língua portuguesa, Luís Vaz de Camões in “Os Lusíadas”. Mas antes disso, de facto, Sá de Miranda provocou uma profunda renovação estética sintetizando a totalidade dos perfis da vida lusitana ao paradigma do rigor clássicos.

E eis que surge o primeiro génio da literatura portuguesa a escrever só na língua mãe: António Ferreira. Principal teórico do Clássico Português, Ferreira teve uma importância notória na afirmação da língua nacional, uma vez que antes dele o Latim era a língua usada pelos eruditos e o castelhano a língua falada na Corte, pelo que o podemos elogiar e classificar como sendo um “grande patriota”. Toda a sua obra reflecte esse desígnio de estabelecer a língua portuguesa como instrumento de arte, embora não se dedique ao poema épico, mas à temática amorosa. De facto a elevação da sua arte ostenta-a na “Castro”, que dentro dos cânones da tragédia clássica é adaptada a um tema bem português: a “Tragédia de Inês de Castro” – como de resto primeiramente se chamou. Destilando todas as influências do teatro greco-romano dá à obra uma densidade poética e uma qualidade dramática próprias e nacionais. É desta época, também, o começo da literatura de viagens, sendo que o maior exemplo deste género é a prosa aventureira da “Peregrinação” de Fernão Mendes Pinto, que relata as suas aventuras pelo Extremo Oriente.

No Reinado de D. Sebastião, outra realização cultural importante foi o estabelecimento de uma nova Universidade em Évora, pelo Cardeal-Infante D. Henrique, seu tio, que a entregou aos Jesuítas. O Cardeal-Rei D. Henrique, que aquando arcebispo de Évora fundou a primeira Universidade de Évora, transformou a cidade alentejana num importantíssimo pólo cultural, acolhendo alguns vultos da cultura da altura, como Pedro Nunes, André de Resende, Nicolau Clenardo, entre outros.

Quanto a Dom João IV, o Restaurador, «de seu aio D. Diogo de Melo recebeu aprimorada educação e o gosto pela montaria; e do doutor Jerónimo Soares uma boa preparação nas letras clássicas e em teologia. Também se deu a estudos de música, ouvindo as lições do inglês Robert Tornar, que o duque D. Teodósio contratara para mestre da capela de Vila Viçosa.», In «História de Portugal», volume V, Joaquim Veríssimo Serrão. Que continuou adiante: «E, para além do monarca e do restaurador, impõe-se considerar nele o artista e o letrado, o amador de música que, no seu tempo, esteve à altura dos maiores de Portugal.» De facto, deve-se a El-Rei Dom João IV, a autoria do Hino Natalício, “Adeste Fidelis”.

Dona Catarina de Bragança, Ilustríssima Infanta de Portugal, filha de D. João IV, e Rainha Grã-Bretanha, França e Irlanda, pelo casamento com Carlos II, entre muitos hábitos e práticas que levou para a Corte anglo-saxónica, ficará, para sempre, como a responsável pela introdução do hábito de beber chá, a geleia de laranja, além do uso dos talheres e do tabaco.

Do ponto de vista cultural o reinado de Dom João V é profícuo. No campo filosófico surge Luís António Verney com o Verdadeiro Método de Estudar e, no campo literário António José da Silva. Foi fundada a Real Academia Portuguesa de História e introduzida a Ópera italiana.

O barroco manifesta-se na arquitectura, mobiliário, talha, azulejo e ourivesaria, com grande riqueza. Dom João V foi responsável por mandar construir o Real Convento de Mafra que se tornou no mais importante monumento do barroco português, e cujo os projectos e direcção da obra couberam ao ourives alemão, com formação de arquitectura em Itália, João Frederico Ludovice, e cujas obras se iniciaram em 1717 e terminariam em 22 de Outubro de 1730. Foi ainda no seu reinado que começou a construção do aqueduto das Águas Livres, que trazia a água de Belas para o regular abastecimento de água de Lisboa.

Todo o reinado é caracterizado pela criação de instituições, especialmente no campo económico e educativo, no sentido de adaptar o País às grandes transformações que se tinham operado. Surge a Real Mesa Censória, o Erário Régio e a Real Junta do Comércio. Foi no seu reinado que se produziu a primeira, se não única reforma profunda da Universidade, e que surgiu o ensino primário, assim como o ensino secundário com a fundação do Colégio dos Nobres e a Aula do Comércio.

Sucede ao Magnânimo, seu filho Dom José I, cognominado O Reformador devido às reformas que empreendeu durante o seu reinado. O reinado de Dom José I ficará marcado pelas políticas do seu primeiro-ministro, Sebastião José de Carvalho e Mello, Conde Oeiras e ulteriormente Marquês de Pombal, que reorganizou as leis, a economia e a sociedade portuguesas, transformando Portugal num país moderno. Na Reforma Pombalina e na ilustração Portuguesa desta época, destaca-se uma figura: D. Frei Manuel do Cenáculo Villas-Boas (1724-1814). Foi durante a sua viagem a Roma que contactou com as melhores bibliotecas da Europa, primeiro em Espanha, depois em França e finalmente já em Itália. Privou então com os sábios das Luzes, participou em colóquios e reuniões literárias, cultivando-se e percepcionando o progresso científico e literário. O seu papel cultural na Corte e no Reino é, então, incontornável, pois no princípio dos anos 70 do século XVIII acumulou algumas das principais funções: foi nada mais que o Preceptor e confessor do Príncipe da Beira, Dom José – futuro Dom José I de Portugal -, o protagonista das reformas de estudos da sua Ordem, enquanto Provincial, e, presidiu, paralelamente, à Real Mesa Censória e à Junta do Subsídio Literário. É desta altura a época a compra volumosa que faz de livros, mantendo-se permanente a sua atenção ao circuito editorial europeu; mantém-se igualmente em contacto com os principais eruditos europeus da época. Torna-se ele próprio Mecenas e com o enorme stock literário que possui institui diversas bibliotecas que torna públicas em Lisboa, no Convento de Jesus, na Real Mesa Censória e em Beja onde havia sido Bispo. Em sinal de reconhecimento, muitos, designam-no como o “Construtor de Bibliotecas”. Frei Manuel do Cenáculo presidiu, ainda, à condução das reformas educativas do reino. Deve-se a ele a “refundação” da Universidade em 1772, através do Plano de Estudos que elaborou em 1769, por desígnio régio. É ainda a principal figura da Junta de Providência Literária, que emana o Compêndio Histórico. Foi-lhe atribuída pela Coroa a missão de instituir uma Biblioteca Pública, e no âmbito da Mesa Censória, propõe a criação do “subsídio literário”, um imposto que incidiria sobre as bebidas alcoólicas e que serviria para financiar a aquisição de livros, assim como arranjar fundos para pagar os professores dos estudos menores. Já como Arcebispo de Évora, empreende a sua derradeira missão: a instituição da Biblioteca Pública de Évora que apesar das pilhagens durante as Invasões francesas conseguiu resistir até aos dias de hoje.

A Rainha Dona Maria I, a Piedosa, era defensora da paz e dedicada a obras sociais. Concedeu asilo a numerosos aristocratas franceses fugidos ao Terror Branco de Robespierre e da Revolução Francesa. No seu reinado desenvolveu a cultura e as ciências, com o envio de missões científicas ao Brasil, Angola, Moçambique e Cabo Verde, e a fundação de várias instituições, entre elas a academia Real da Marinha, Academia Real das Ciências de Lisboa e a Real Biblioteca Pública da Corte, e no âmbito da assistência, fundou a Casa Pia de Lisboa.

Já Sua Majestade El-Rei Dom Miguel I mandou construir a ‘Casa dos Naufragados’ na Foz do Douro, no Porto, e, para além de todos os utensílios normais, dotou-a de aparelhos eléctricos destinados a reanimar pelos choques os corpos em paragem cardio-respiratória, um sistema que, até em Inglaterra, era uma novidade.

O Muito Amado Senhor D. Pedro V de Portugal teve uma educação, que incluiu trabalho junto das comunidades e, talvez por isso, foi um monarca com valores sociais bem presentes. Aclamado Rei, assim que completou 18 anos, presidindo em seguida à inauguração do primeiro telégrafo eléctrico no país e, a 28 de Outubro do ano seguinte, à inauguração o caminho-de-ferro entre Lisboa e Carregado. Pouco depois estreiam as primeiras viagens regulares, entre a Metrópole e Angola, por mar. A expensas próprias, S.M. o Rei Dom Pedro V, em 1859, criou o Curso Superior de Letras. Com Portugal acossado das epidemias de cólera e febre-amarela, o bem-amado Monarca, em vez de se manter afastado, percorreu os hospitais e, sem medos, ficava mesmo à cabeceira dos doentes. Sendo a saúde pública um dos seus mais importantes projectos de reinado, juntamente com a sua mulher, a Rainha Dona Estefânia fundou hospitais públicos e instituições de caridade. De resto, satisfazendo os anseios manifestados pela Rainha que falecera pouco depois de casarem, o monarca, fundou o Hospital de Dona Estefânia, na Capital do Reino.

Dos vinte e oito anos de reinado do vigésimo oitavo Rei de Portugal, o Senhor D. Luís I, no foro legal e dos direitos humanos, importantes progressos se verificaram, de que merecem especial destaque: Portugal foi o primeiro País do Mundo a abolir da pena de morte para os crimes civis, em Julho de 1867. “Felicito a vossa nação. Portugal dá o exemplo à Europa. Desfrutai de antemão essa imensa glória. A Europa imitará Portugal. Morte à morte! Guerra à guerra! Viva a vida! Ódio ao ódio!”, enalteceu Victor Hugo; aconteceu, também, a abolição da escravatura, em todo o Império Português, a 25 de Fevereiro de 1869. Foi publicado o primeiro Código Civil, e, não havia censura à imprensa.

No domínio dos melhoramentos públicos deu-se o início das obras dos portos de Lisboa e Leixões. Em 1871, foi nomeada uma Comissão incumbida de apresentar o plano geral das obras de melhoramento da Capital, obras de defesa do porto de Lisboa e as baterias do Bom Sucesso, do Forte de São Julião da Barra e dos redutos de Sacavém e Alto do Duque. Foi ainda no reinado do popular Monarca português que se deu o alargamento da rede de estradas e a construção do Palácio de Cristal para a ‘Exposição Internacional do Porto’, em 1865. Luís abraçou a passada de Sua Augusta Mãe e ordenou a construção e fundação de associações de índole cultural como a ‘Sociedade de Geografia’ em 1875, mas também de carácter social como a criação de albergues nocturnos para os indigentes, em Lisboa e no Porto. Quanto à Sua Rainha Consorte, Dona Maria Pia ficou conhecida como O Anjo da Caridade e A Mãe dos Pobres por sua compaixão e causas sociais.

Sua Majestade a Rainha Dona Amélia, Rainha consorte de Portugal pelo seu matrimónio com o Rei Dom Carlos I, interessada pela erradicação dos males da época, como a pobreza e a tuberculose, fundou em 11 de Junho de 1899 o Instituto Nacional de Assistência aos Tuberculosos, assim como dispensários, sanatórios como o Sanatório para a assistência nacional aos Tuberculosos, em 18 de Maio de 1907; além de lactários populares, cozinhas económicas e muitas creches. Fundou o Instituto Pasteur em Portugal e o Instituto dos Socorros a Náufragos, em 1892.

Não obstante a crise política, Dona Amélia via reconhecido o seu trabalho com os necessitados, especialmente com as crianças pobres e os órfãos, por isso nesse mesmo ano de 1892, a 4 de Julho, Dia de Pentecostes, recebe do Papa Leão XIII, pelas mãos do Núncio Apostólico, a Rosa de Ouro, em sinal do reconhecimento do seu mérito. Criou, ainda, a Assistência Nacional aos Tuberculosos.

Dom Manuel II, apesar do curto reinado, não se inibia de fazer várias visitas aos hospitais, como da Estrela e privar com os doentes.

Vae Victis, a História foi sempre escrita pelos vencedores que a um dado momento, não necessariamente por serem mais, mas se terem apropriado dos meios de poder e coacção, se acharam na posição de a reescrever. Assim deve-se encarar o que é contado pela baba dos subjugadores como torpes calúnias que procuram atirar os vencidos para um gueto cultural e político. Mas nada anima mais um homem do que se saber do lado da Verdade e, longe do sectarismo das opiniões, da visão denegrida republicana, é nosso intento, mesmo que por precipícios temerosos, mostrar a visão da justeza monárquica a todos os níveis.

Miguel Villas-Boas – Plataforma de Cidadania Monárquica