quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Glórias E Dores De Maria, Mãe Da Igreja E Dos Templários

Cadernos Templários                                                                         Maio 2007


GLÓRIAS E DORES DE MARIA, MÃE DA IGREJA E DOS TEMPLÁRIOS


A Santíssima Trindade e Maria, advogada e auxiliadora dos cristãos - Jean Fouquet


1. A Virgem Maria no mistério de Cristo


Maria, advogada e auxiliadora dos cristãos, tem o primeiro lugar no mistério de Cristo, pois foi criada por Deus, toda Bela, Imaculada e Cheia de Graça. Sabemos como o anjo Gabriel lhe revelou o nascimento de Jesus, Filho de Deus, e como a Senhora aceitou totalmente os planos divinos. S. Paulo, na epístola aos Efésios, (3,2-3ª) diz que também conheceu o mistério de Cristo por meio de uma revelação.

As principais Festas Marianas são: A Imaculada Conceição (8 Dezembro); Anunciação (25 Março); Visitação (2 Julho); Senhora do Carmo (16 Julho); Senhora das Neves (5 Agosto); Senhora da Assunção (15 Agosto); Natividade de Maria (8 Setembro); Santo nome de Maria (12 Setembro); Sete Dores de Maria (15 Setembro); Virgem do Rosário (7 Outubro); Maternidade Divina (11 Outubro); Imaculado Coração de Maria (a seguir à festa do Sagrado Coração de Jesus, na oitava do Corpo de Deus).

A Maternidade Divina é a maior glória de Maria, com título da Mãe de Deus reconhecido no concílio de Éfeso, ano    no tempo do papa S. Celestino I (422-432), pois a Virgem Santíssima fora concebida Imaculada, conforme beato Pio IX (1846-1878) declarou como dogma em 8-12-1854. Já o profeta Elias no Monte Carmelo, Haifa, Israel, mandou levantar um altar em honra da Mãe do Prometido das Nações (o Senhor Jesus). O papa S. Libério (352-366) mandou erguer um templo em Roma em honra de Santa Maria Maior, que foi reconstruído e ampliado por Sixto III (432-440), sendo consagrada esta basílica no ano de 533. O papa S. Pio V (1566-1572) mandou celebrar a festa da Virgem do Rosário em 7 de Outubro,  pela grande protecção da Senhora na vitória de Lepanto, nas águas gregas, contra os turcos, no ano de 1571. Maria Santíssima é pois Mãe da Igreja, Rainha dos Céus e nossa Mãe, a velar por nós diariamente.

… Mãe verdadeira sou dum Deus, que é Filho,
                                  E filha dele sou, sendo sua Mãe.
                                  Nasceu na eternidade e é meu Filho,
                                  Eu no tempo nasci e sou sua Mãe.


                                   Ele é meu Criador e é meu Filho,
                                   Eu sou criatura e sua Mãe.
                                   É prodígio divino o seu meu Filho
                                   Um Deus eterno, que me tem por Mãe (…)

(A. Pimenta, 1882-1950)       


As Glórias de Maria estão sintetizadas nas cinquenta invocações da ladainha de Nossa Senhora (V.G.).

       Santa Mãe de Deus           ________________          Santa Virgem das Virgens
       Mãe de Cristo                   ________________          Mãe da Igreja
       Mãe Imaculada                 ________________          Mãe amável
       Mãe do bom conselho       ________________          Mãe do Criador
       Trono de sabedoria           ________________          Causa da nossa alegria
       Casa de Ouro                   ________________          Porta do Céu
       Saúde dos enfermos          ________________          Auxílio dos cristãos

Rainha dos Anjos, dos Patriarcas, dos Profetas, dos Apóstolos; Rainha dos Mártires, dos Confessores, das Virgens e de todos os Santos; Rainha elevada ao Céu em corpo e alma, Rainha da Família e Rainha da Paz!


(Virgem Santíssima, Mãe de Deus)






(Assunção de Maria Santíssima ao Céu)

2. A maior discípula de Cristo


S. Agostinho (354-430), doutor da Igreja, como bispo de Hipona na actual Argélia, ensinava que Maria foi a mais fiel discípula de Cristo, porque cumpriu tudo o que Jesus ensinou. “Vale mais para Maria ter sido discípula do que mãe de Cristo”, enaltecendo suas glórias e grandezas.

No seguimento de S. Bernardo (1090-1153), autor da primeira regra dos Templários, Jesus e Maria são mel para os nossos lábios, música para os nossos ouvidos e alegria para nossos corações. “Felizes aqueles cuja vida se passa à sombra da protecção duma Mãe como Maria”, dizia o advogado, bispo, e santo doutor da Igreja, S. Afonso Maria de Ligório (1696-1787). Nossa Mãe espiritual vela continuamente por nós, pecadores, e muitas vezes, nem damos conta da Sua poderosa e eficaz protecção, tão dedicada e carinhosa Ela é. Ó Maria, pedia S. Bernardo, guardai-me e defendei-me sempre, como coisa e propriedade Vossa. Sendo Maria linha recta para chegar até ao Senhor Jesus, muitos se fazem servos, escravos e filhos de Maria.

S. Geraldo Majela (1726-1755), nascido perto de Nápoles, considerava-se pertença de Maria, “pertenço à Senhora”, dizia ele. Com sete anos recebera a Comunhão do Corpo de Cristo, através do arcanjo S. Miguel, pois era muito pequeno e só lhe deram o Pão Eucarístico pelos dez anos. Este grande amigo de Jesus, como redentorista, passava grande parte da noite a adorar o Senhor no Santíssimo Sacramento do Seu amor.

Nos Templários, além da cavalaria de defesa dos cristãos, existia a cavalaria espiritual, com espiritualidade mais intensa (Cf. G. Ziegler, Les Templiers et la Chevalerie Spirituelle, Paris, 1973).


3. Dores de Maria, nossa Mãe

        Sete espadas de dor:


1ª. – Na fuga para o Egipto com o Menino Jesus e S. José.
2ª. – Na profecia de Simeão no templo.
3ª. – Na perda de Jesus com doze anos no templo.
4ª. – Encontro com Jesus no caminho do Calvário.
5ª. – Na crucifixão do Senhor.
6ª. – Com Jesus morto nos seus braços.
7ª. – Nas horas de dor, antes da Ressurreição.
(Poderíamos indicar uma 8ª. Dor e muitos sofrimentos, nas maternais dores pelos filhos actuais.)

Frei Tomé de Jesus (1529-1582), religioso agostiniano que ficou aprisionado como escravo em Alcácer-Quibir, no seu livro Trabalhos de Jesus, deixou escrito – “Maria, desde que foi Mãe do Senhor, viveu sempre sua batalha de amor com perpétuo sofrimento”.

Frei Luís de Sousa (1555-1632), dominicano, no seu livro Considerações sobre as lágrimas da Virgem…  … escreveu: “A Paixão de Jesus fez cair a Santa Mãe num abismo de dores e num mar de lágrimas… Viram vossos olhos aquele Rosto, que alegra os anjos do céu, pisado de bofetadas e banhado de sangue”…

Frei Tomé de Jesus deixou escrito:
- “A Senhora ao pé da Cruz, fazia o ofício de remediadora dos pecadores, oferecendo ao Eterno Pai aquele Filho (…) E como S. João perto da Cruz representava a figura dos amados pecadores, quis o Senhor que a todos ficasse obrigação de servir esta Senhora Mãe, e enxugar-lhe suas lágrimas. (Cf. Meus livro, Dores e lágrimas de Maria Santíssima, Mãe de Jesus, 2001.)

S. João Crisóstomo (354-407), doutor da Igreja, dizia que no Calvário Cristo sacrificava a carne e a Virgem Mãe a alma.


            Nossa Senhora das Dores
            Tem sete espadas no peito,
            Que eu bem procuro arrancar
            Com carinho e muito jeito. (MSD)




(Calvário, Grão-Vasco – Viseu)

(Lamentações sobre a morte de Cristo,
Garcia Fernandes, 1537)


4. Maria, Mãe da Igreja

Maria, mãe e rainha dos humanos, ampara, cuida e sofre pelos filhos transviados; percorre caminhos do Reino de Jesus, aparecendo em muitos lugares para ajudar, como fez nas bodas de Caná.

Segundo a tradição, terá aparecido a S. Tiago para lhe levantar um santuário, em Saragoça, onde hoje está a basílica de Nossa Senhora do Pilar.

Em 1531, no México, apareceu a S. João Diogo a pedir-lhe um templo em Sua honra, pois era a Senhora, que esmagava a serpente do mal. A cidade do México tem um dos maiores santuários do mundo e um dos mais visitados, como Nossa Senhora Aparecida no Brasil em 1717, em terras de S. Paulo.





(Nossa Sr.ª de Fátima e João Paulo II)

Apareceu em Lurdes (1858) e em Fátima (1917) com mensagens de amor maternal, sendo estes santuários marianos muito visitados, como muitos outros existentes pelo mundo fora.

Santuários marianos importantes

 - N. Sr.ª das Neves, St. Maria Maior, Roma – 5 Agosto
 - Nossa Senhora de Nazaré, Israel – 25 Março
 - N. Sr.ª do Carmo, Monte Carmelo, Israel – 16 Julho
 - Nossa Senhora de Lurdes, França – 11 Fevereiro
 - Nossa Senhora de Fátima, Portugal – 13 Maio
 - Nossa Senhora das Graças, Medalha Milagrosa, Paris – 27 Novembro
 - Nossa Sr.ª de Guadalupe, México – 12 Dezembro
 - Nossa Senhora Aparecida, Brasil – 12 Outubro
 - Nossa Sr.ª do Pilar, Saragoça, Espanha – 15 Setembro
 - Nossa Senhora da Piedade (Miguel Ângelo), Basílica de S. Pedro, Vaticano – Sexta
   Feira Santa
 - Nossa Senhora de Czestochova, Polónia – 15 Agosto
 - (…) e tantas outras por todo o mundo cristão.

Santuários marianos na diocese de Coimbra:

 - Nossa Senhora do Monte Alto – Arganil
 - Nossa Senhora das Preces – Aldeia das Dez, Oliveira do Hospital
 - Nossa Senhora da Piedade – Lousã
 - Nossa Senhora da Tocha – Cantanhede

 - Nossa Senhora do Cardal – Pombal
Este santuário foi precedido por uma igreja templária dedicada a Nossa Senhora do Templo de Jerusalém do tempo de D. Frei Gualdim Pais, que deu forais a Pombal em 1171 e 1176. Esta igreja ficava no largo do cardal e depois de reconstruída ficou a chamar-se de Nossa Senhora do Cardal desde o século XVII.

 - Nossa Senhora do Pranto ou das Dores – Dornes, Ferreira do Zêzere. A imagem foi escondida dos moiros no séc. VIII e achada no tempo da Rainha Santa Isabel, que mandou construir este santuário junto a uma torre templária.

Existem muitas outras igrejas paroquiais e capelas dedicadas à Virgem Santíssima, Mãe de Deus. Suas imagens, veneradas pelos cristãos, estão em todos os lugares de culto.

Os cristãos invocam-nA como filhos, aflitos, angustiados, arrependidos, cativos, cegos, desamparados, desavindos, desenganados, deserdados, desesperados, doentes, devotos, navegantes, orantes, tristes, pobres ou pecadores, pois a Senhora é Mãe amada e venerada em tantas terras e lugares (Cf. meu livro, Vida de Nossa Senhora, Mês de Maria, págs. 145-149).

No livro Santuários Marianos, Nossa Senhora de Portugal, de Júlio Gil e Nuno Calvet, de 2003, estão cerca de 270 Santuários com belas fotografias. Cerca de três dezenas estão ligados a Nossa Senhora da Piedade, Nossa Senhora das Dores, da Paixão, do Pranto, de Ao pé da Cruz. A maioria dos santuários estão ligados às Glórias de Maria: Mãe de Jesus, Mãe de Deus; Sua Imaculada Conceição; Nossa Senhora da Anunciação, das Graças, da Assunção, do Rosário, da Visitação; Nossa Senhora das Necessidades, dos Remédios, da Saúde; Nossa Senhora do Ó, do Livramento, do Caminho, do Castelo ou da Esperança; Nossa Senhora do Socorro, da Boa Morte, dos Milagres, e sempre, sempre como Mãe Admirável, advogada e auxiliadora dos Cristãos.

     
          À Virgem Santíssima

          Num sonho todo feito de incerteza,
          De nocturna e indizível ansiedade,
          É que eu vi teu olhar de piedade
          E (mais que piedade) de tristeza…

          Não era o vulgar brilho da beleza,
          Nem o ardor banal da mocidade…
          Era outra luz, era outra suavidade,
          Que até nem sei se as há na natureza…

           Um místico sofrer … uma ventura
           Feita só do perdão, só da ternura
           E da paz da nossa hora derradeira…

           Ó visão, visão triste e piedosa!
           Fita-me assim calada, assim chorosa.
           E deixa-me sonhar a vida inteira!

                      Cheia de graça. Mãe de Misericórdia.
                      (Antero de Quental)



(Tomé e Jesus ressuscitado - V.Camuccini - Vaticano)




(Castelo templário Almourol - Tejo)


* +Fr. Mário Simões Dias - Comendador/Comendadoria de Coimbra Rainha Santa Isabel





quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

SORTELHA

Cadernos Templários                                                          Outubro/Novembro 2009


A TRAÇOS LARGOS – SORTELHA


Praça da vila
Erguida sobre picos graníticos e em posição dominante sobre o vale de Riba-Côa, deparamo-nos com uma das aldeias históricas melhor conservadas da Beira Alta – SORTELHA.

Num enquadramento perfeito com a velha fortaleza, erguem-se casas em pedra, cuja construção se perde na memória dos tempos, com ruas calcetadas pelos romanos.

Cobiçada pela sua posição geográfica e pelos terrenos ricos em minérios, esta região foi sucessivamente ocupada por romanos, visigodos e muçulmanos, até ser definitivamente reconquistada pelos cristãos.

Repovoada por D. Sancho I em 1187, Sortelha viu ser-lhe concedido foral por D. Sancho II em 1228 que dela fez doação à Ordem do Templo, juntamente com os municípios de Castelo Mendo e Salvaterra do Extremo.

O castelo, praticamente inexpugnável, dos confrontos a que foi sujeito nunca conheceu derrota. A sua construção apresenta um estilo românico e gótico bem como alguns traços manuelinos, em sinal de adaptação às novas tecnologias militares.

As suas muralhas irregulares serpenteiam ao longo dos penedos em que assentam, e são percorridas no topo por adarve (caminho atrás do parapeito) com acabamento biselado e seteiras cruciformes.

Matacães
A porta principal da fortaleza, a nordeste, em arco pleno, com as ombreiras a nascerem da rocha, é rematada por um balcão misulado com matacães (aberturas quadradas ou circulares por onde se arremessavam projécteis ou líquidos a ferver), designado por varanda de Pilatos, ao lado do qual se encontra o escudo de armas de D. Manuel I. A sul, pode ver-se a porta falsa com lintel recto e umbrais oblíquos.

Caminho de ronda
Vista panorâmica
Ao adentrarmo-nos na praça de armas encontramos a cisterna; mais acima e ao centro a quadrangular torre de menagem de um piso, e com seteiras. A sua porta é encimada por merlões rectangulares com coroamento piramidal.

A vila é cercada por uma muralha desprovida de merlões e possui quatro portas, duas das quais designadas de portas falsas.
Perto de uma das portas falas do perímetro defensivo urbano, encontra-se a Torre do Facho, de onde se avista Castelo Branco, de planta quadrada com envasamento escalonado e desprovido de vãos.
Junto à porta da vila, eleva-se sobre o adarve, um torreão ou vigia, de planta circular e coroamento cónico.


Vale a pena visitar esta singular vila, que nos transporta a um passado glorioso da nossa história, e que deverá perdurar nas nossas memórias e, perpetuar-se pelas gerações vindouras, porque isto, meus irmãos, é PORTUGAL!


*++Fr. João Duarte – Grande Oficial/Comendador Delegado da Comendadoria Sta. Maria do Castelo de C. Branco

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Marvão

Cadernos Templários                                                                                Julho/Setembro 2008




ENCONTRO TEMPLÁRIO EM MARVÃO






No passado dia 15 de Março, com a colaboração da Câmara Municipal de Marvão e a convite do seu Presidente Exmo. Senhor Engº. Vítor Manuel Martins Frutuoso, celebrou-se um encontro templário organizado pela Comendadoria de Santa Maria do Castelo de Castelo Branco, sob a presidência de S.A.E. Dom Fernando Pinto de Sousa Fontes, Grão Mestre Universal da Ordem do Templo, tendo contado com a presença de cerca de três dezenas de membros representantes de várias comendadorias portuguesas e Espanha (Olivença), com destaque para a presença de altos dignitários da Ordem em Portugal.
 
O evento teve início às 10H30 com um pequeno-almoço no Convento de Nossa Senhora da Estrela, gentil oferta da Câmara Municipal, seguido da celebração da Santa Missa na capela do Convento, cedida excepcionalmente para esta ocasião, presidida pelo reverendo Pároco Padre Luís e coadjuvado pelo reverendo Padre Dr. Manuel Botelho.
A entrada na igreja fez-se ao som do impressionante e antigo hino templário “Non Nobis, Domini! Non Nobis, Sed Nomini Tuo da Gloriam” e a celebração foi acompanhada pelo admirável grupo coral de Portalegre.


Após o lauto almoço, servido nos claustros do antigo convento, procedeu-se a uma visita guiada à linda vila e ao seu magnífico castelo.
Pelas 16H00 os confrades foram recebidos no Salão Nobre dos Paços do Concelho, onde após os discursos de circunstância e a oferta de lembranças que marcaram o evento, decorreu uma esplêndida palestra proferida pelo Professor Dr. Jorge de Oliveira subordinada ao tema “Memórias de Marvão”.

A quem não teve ainda o privilégio de conhecer esta sedutora terra, aconselha-se a fazê-lo, em qualquer altura do ano, pelas suas paisagens, ar puro e a serenidade que nos envolve actuando como autentico bálsamo para o citadino cansado.

Sua Alteza recebe uma salva com as armas da Comendadoria de Castelo Branco



O Presidente da Câmara de Marvão recebe uma salva com as armas da
Comendadoria de Castelo Branco




*++ Fr. João Duarte - Grande Oficial/Comendador Delegado da Comendadoria Santa Maria do Castelo de Castelo Branco

    

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

MONSANTO



Cadernos Templários                                                                                     Julho/Setembro 2008






A Traços Largos – MONSANTO * / **



Monsanto

Monsanto, outrora designada por Monte Santo, é uma aldeia de beleza singular e de contrastes entre o presente e o passado.
Com os seus dezoito hectares, encontra-se instalada na encosta de uma elevação escarpada do monte que impetuosamente irrompe da extensa planície tornando-se no perfeito exemplo da proporcionada junção da obra humana com a natureza.
Sendo um local muito antigo, com vestígios de presença humana desde o Paleolítico, é naturalmente recheado de muitas lendas que ainda perduram na memória dos populares.
Na falda do monte, podemos encontrar vestígios arqueológicos de um castro Lusitano e de villae e termas romanas no campo de S. Lourenço.



Capela de S. Pedro de Vir-a-Corça
Antes da povoação, encontra-se a Capela de S. Pedro de Vir-a-Corça ou de S. Pedro de Vila Corça, de construção granítica (séc. XII), e que ostenta uma cruz rosácea.
Já na aldeia, perto da Igreja da Misericórdia (séc. XVI), podemos apreciar a Torre de Lucano (séc. XIV), que ostenta orgulhosamente uma réplica do galo de prata com que foi galardoada em 1939, ao ter conquistado o título da aldeia mais portuguesa de Portugal.


Um pouco mais à frente deparamos com a casa onde viveu o escritor Fernando Namora, enquanto por ali exerceu medicina. Prosseguindo caminho, passamos por lojas de artesanato onde não faltam as célebres marafonas e um pouco mais adiante, sentimo-nos transportados no tempo ao depararmos com casas de granito que parecem ter nascido das rochas e, recordamos as palavras de Cardoso Mata:
Nunca se sabe em Monsanto/Que as águias roçam com a asa/Se a casa nasce da rocha/Se a rocha nasce da casa.
 
Continuando, enveredamos por um caminho tosco e íngreme, onde o silêncio só é quebrado pelo ruído dos nossos passos, o chilreio de um pássaro ou o barulho das giestas fustigadas por um lagarto alarmado com a nossa presença.
Após mais algum esforço, apresenta-se subitamente ante o nosso olhar atónito uma mole de muralhas assentes num maciço rochoso, conferindo-lhe uma forma irregular. Por fim o castelo, que mais parece ser obra de titãs do que executada por mãos humanas, tal é a altura e espessura das paredes!
 
Erguido cinquenta anos antes que a fortaleza de Castelo Branco, o castelo de Monsanto, de seu nome Gualdim Paes, seu restaurador, fazia parte da estratégia de conquista do vale do Tejo aos mouros, pertencendo à primeira ocupação templária, enquanto Castelo Branco pertenceu à segunda e definitiva progressão.

Conquistada no decurso do ano de 1165, a fortaleza após reconstruída e repovoada, foi doada por D. Afonso Henriques ao seu protegido e mítico Procurador da Casa do Templo em Portugal, Dom Frei Gualdim Paes, vindo a receber do mesmo rei o primeiro foral em 1174, posteriormente confirmado por D. Sancho I em 1190 e mais tarde por D. Afonso II. Em 1510 D. Manuel outorga-lhe novo foral e eleva Monsanto à categoria de vila.
Embora a Ordem do Templo tivesse mandado reedificar a fortaleza e as muralhas em 1293, dos sete torreões que intercalavam a sua cerca, pouco resta.

Ao entrarmos neste impressionante castelo, sentimos um silêncio quase religioso que nos impele ao sentimento de um profundo respeito por todos aqueles que construíram um território a que podemos chamar Pátria.
 

Ruínas da Capela de São Miguel

O acesso ao castelo, com três recintos, portas a escadarias, faz-se pela casa do Guarda.
Num dos recintos encontra-se a torre de menagem (onde existiu a Capela de Santa Maria do Castelo), a cisterna, a Capela de Santiago e a porta da traição (assim designada para em caso de cerco, os sitiados pudessem desferir ataques por surpresa ao inimigo).
Ao lado do castelo, mas intramuros, podemos apreciar as ruínas da Capela de São Miguel, um templo românico de pedra de granito, que ainda conserva a porta axial de arco de volta perfeita com quatro arquivoltas e com motivos decorativos nos capitéis. Ao seu redor, encontram-se várias sepulturas escavadas na rocha.
A alguma distância e sobre uma rocha, eleva-se uma torre sineira com dois arcos geminados de volta perfeita.
 Fora de portas, descobrimos a torre de vigia (Atalaia) de planta quadrangular (séc. XVI), a que deram o nome de Torre do Pião.

Submetido a um programa de intervenção, muito deste castelo se poderia recuperar.
Ferido por uma explosão de pólvora e desgastado pela acção do tempo, este colosso continua firme no cumprimento do seu desígnio; lá do alto, mantém o seu olhar protector sobre a velha Egitânia que placidamente dorme a seus pés.

“Ama os Castelos. São monumentos de Religião, de História, de Arte e de Lenda, legado dos teus maiores. Representam a Pátria”.
J.R. de Legisima (Espanha)


*Consulta: “Castelos Templários da Beira Baixa de António Lopes Pires Nunes”.

**++Fr. João Duarte – Grande Oficial/Comendador Delegado da Comendadoria Sta. Maria do Castelo de C. Branco    

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Editorial

A ORDEM DO TEMPLO

     Para o templário é inquestionável que a Ordem do Templo não morreu, está viva, que houve um fio condutor que percorreu os séculos, que sobreviveu às vicissitudes, à clandestinidade, ao silêncio aparente... A história dos templários continua para muitos envolvida em mistério, extinta na poeira do tempo. Eles não sabem toda a verdade. Por isso vem a propósito a transcrição das palavras do Prior Magistral do México no artigo "Uma questão de atitude":

""(...) Rios de tinta correm procurando justificar tanto de uma maneira jurídica como histórica o porquê da não existência da Ordem Templária, mediante artimanhas e interesses pessoais com a ideia de desmotivar todo aquele que queira e sinta o desejo de viver nestes tempos a espiritualidade da Ordem do Templo, sempre com o argumento que foi suspensa e que não existem herdeiros, pois os que o dizem ser, são falsos, mentirosos, hipócritas ou não possuem linhagem... A Ordem segue tão viva como nos séculos passados - sob outras formas, talvez mais contemporâneas e menos ortodoxas mas que não conduzem a nenhuma discussão."(...)

    Em sintonia com as suas palavras reforçamos a importância da atitude, aquela que leva o templário a prosseguir este caminho longo e difícil mas que a "espiritualidade da Ordem do Templo" ajuda a prosseguir.

NON NOBIS DOMINE NON NOBIS SED NOMINI TUO DA GLORIAM


*++Fr. Claudino Marques - Grande Oficial/Comendador Delegado da Comendadoria de Coimbra Rainha Santa Isabel/Bailio das Beiras