segunda-feira, 31 de julho de 2017

ENTREVISTA A DOM DUARTE DE BRAGANÇA pelo Blogue de EMRC do Colégio de Lamas


O Blogue de EMRC do Colégio de Lamas teve a honra de entrevistar S.A.R, 
Dom Duarte de Bragança. Dom Duarte Pio nasceu em Berna, na Suíça, 
e é o filho primogénito de Dom Duarte Nuno e Dona Maria Francisca 
de Orléans e Bragança. Com o falecimento de seu pai em 1976, passou a ser 
o Chefe da Casa Real Portuguesa. Nessa qualidade, tem procurado 
corresponder às numerosas iniciativas para que é solicitado, quer de 
representação dos Reis de Portugal, quer para fazer viver o rico património 
cultural que eles incarnavam, quer de ajuda e promoção da ajuda 
aos mais desfavorecidos, quer em diligências junto de entidades 
estrangeiras, nomeadamente nos países da CPLP.

Em 2006, um parecer do Departamento de Assuntos Jurídicos do 
Ministério dos Negócios Estrangeiros reconheceu Duarte Pio de Bragança 
como o único e legitimo herdeiro do trono de Portugal. Esse parecer foi 
fundamentado pelo ‘reconhecimento histórico e da tradição do Povo 
Português’, pelas ‘regras consuetudinárias da sucessão dinástica’, 
e pelo ‘reconhecimento tácito das restantes casas reais da Europa e do 
Mundo com as quais a legítima Casa de Bragança partilha laços de 
consanguinidade’. Recordou, ainda, ter sido conferido pela República 
Portuguesa a D. Duarte Pio a representatividade política, histórica e 
diplomática, e foi lembrado que os pretendentes ao título de duque de
Bragança ‘são várias vezes enviados a representar o Povo Português em 
eventos de natureza cultural, humanitária ou religiosa no estrangeiro, altura 
em que lhes é conferido o passaporte diplomático’. Agradecemos a 
disponibilidade de Dom Duarte de Bragança e desejamos-lhe as maiores 
felicidades.

1. O que significa para si ser o herdeiro da Coroa portuguesa?
R: É ter a responsabilidade de manter viva a memória de uma família que 
presidiu aos destinos do País desde D. Afonso Henriques e dar a 
oportunidade aos Portugueses de estudarem as diferenças entre a 
Chefia de Estado republicana e a Chefia de Estado Real.

2. Faz sentido hoje desejar o regresso da Monarquia em Portugal? Portugal 
seria melhor com um Rei?
R: Se compararmos o que foi Portugal durante as três Repúblicas, que se 
sucederam desde 1910, com a situação dos Países Europeus que preservaram 
as suas monarquias, fará certamente muito sentido. Aliás, pode-se perguntar 
se faz sentido manter um regime republicano que só conseguiu evitar a falência 
do País no período não democrático da Segunda República. Certamente que 
Portugal seria melhor com um rei. Basta comparar as actuais Monarquias e 
Repúblicas Europeias.

3. Para si, o que é que distingue essencialmente uma República e uma Monarquia?
R: O facto do Chefe de Estado ser verdadeiramente independente dos 
interesses económicos e políticos e de ser capaz de representar toda a nação 
e não só as forças políticas do momento.



domingo, 30 de julho de 2017

O show incendiário

Governantes, por favor desapareçam! Porta-vozes do governo, das autarquias, da protecção civil e das forças de segurança: por favor calem-se! Respeitem, por uma vez, as vítimas que não souberam salvar


Eu sou mais uma vítima dos incêndios! Só não sei se sou 
das que o governo ocultou, ou das que estão em segredo 
de justiça. Inclino-me mais para esta segunda hipótese 
pois, que eu saiba, ainda não apareceu o meu nome em 
nenhum jornal espanhol, nem em nenhuma lista oficial, 
nem sequer me foi proporcionado qualquer apoio psicológico, 
mesmo estando eu disposto a pagar a respectiva taxa moderadora.
Pois é. A verdade é que não ardeu nenhuma propriedade 
minha – que as não tenho – nem a minha casa foi pasto das 
chamas, nem eu próprio sofri qualquer queimadura, graças 
a Deus. Mas estou a arder de indignação pelo que, infelizmente, 
mais não é do que um triste espectáculo, um drama convertido 
numa tragicomédia. Pior ainda, uma falta de respeito pelas 
verdadeiras vítimas destas catástrofes, uma clamorosa falta de 
sentido de Estado das nossas mais altas individualidades, uma demonstração da notória incompetência dos nossos técnicos, 
que são peritos em enjeitar responsabilidades – como se sabe, 
a culpa é, oficialmente, dos raios e dos eucaliptos! – e em não 
saber pôr termo a uma tragédia que, todos os anos, se repete com dramática pontualidade. É de mais!
É de mais e … é gente a mais. E competência a menos. Não há 
sujeito, por insignificante que seja a sua função, que não apareça, 
que não intervenha, que não opine, que não chore ante as 
câmaras de televisão, que não bote faladura à frente dos 
microfones, que não se deixe fotografar junto das vítimas 
carbonizadas. Confesso que, nesses momentos, me apetece 
dizer a esses políticos, que procuram notoriedade à custa 
das desgraças alheias, o que uma vez Mário Soares disse aos 
agentes da autoridade: Desapareçam!
Não é menos triste, nem menos ridícula, a passagem de 
modelos dos nossos políticos na passerelle dos telejornais, 
exibindo o último modelo dos coletes reflectores. Porque 
fingem que são operacionais de sabe-se-lá-o-quê quando, 
pela certa, são apenas mirones que se passeiam pelo que 
tanto gostam de chamar ‘o teatro das operações’?! Sim, 
para eles, travestidos com esse disfarce carnavalesco, que 
finge uma competência que manifestamente não têm, tudo 
não passa de uma encenação, em que não faltam as lágrimas, 
as pungentes confissões de um sofrimento que, obviamente, 
não sentem. Porque a dor verdadeira vive-se, pelo contrário, 
no luto, no recato, no silêncio e, para os crentes, na oração. 
Ninguém pode ser culpado por não sentir como própria a 
dor alheia mas, pelo menos, respeitem quem está a sofrer e 
poupem-nos à triste figura de maus figurantes de uma 
péssima peça.
Outro excesso recorrente neste drama: para cada bombeiro 
em acção há, pelo menos, cinco porta-vozes. Se a percentagem 
fosse a inversa, um informador para cada cinco bombeiros, 
provavelmente não havia tantos incêndios, nem seria preciso 
tanto tempo para os apagar. Mas não, todos têm que aparecer, 
todos têm que dar o seu parecer, todos têm que falar: fala o 
governo, pela voz do primeiro-ministro ou da ministra da 
administração interna; falam as autarquias, pelas pessoas 
dos seus presidentes, seguramente em campanha eleitoral; fala a protecção civil; falam os bombeiros; fala a Guarda Nacional 
Republicana! Não só falam todos, em simultâneo, sobre o 
mesmo, como ainda se divertem a contradizer-se: o autarca 
diz que o incêndio está extinto, mas os bombeiros dizem que só parcialmente está em fase de rescaldo, enquanto a protecção 
civil garante o contrário. Para uns, o fogo é num município, 
mas para outros é no seguinte, onde já lavram as chamas. Às 
onze da manhã noticia-se que caiu um avião, mas ao meio-dia 
afirma-se que, afinal, não se despenhou nenhuma aeronave. 
Um incêndio extinto para uma entidade, está apenas em vias 
de resolução para outra, porque não há uniformidade na 
informação e todos querem ter voto na matéria. Todos falam 
e ninguém tem razão, porque falta autoridade e coordenação.
Em todo este drama, a Igreja católica deu, mais uma vez, 
uma nota de grande dignidade e de enorme discrição. Não 
apareceram bispos diante das câmaras da televisão ou à 
boca dos microfones, a querer ganhar protagonismo à 
custa dos incêndios. Não houve declarações incendiárias. 
Os párocos das freguesias afectadas tiveram a decência de 
não aparecer em público, de não chorarem na abertura dos 
telejornais, de não fazerem publicidade da sua dor, verdadeiramente sentida, porque muitas das vítimas eram ovelhas queridas dos seus rebanhos. No silêncio da sua dor e do seu silencioso serviço 
e efectivo apoio aos mais necessitados, crentes ou não-crentes, 
não exigiram taxas moderadoras mas ensinaram, mais com 
actos do que com palavras, que a verdadeira caridade cristã 
não consente qualquer exibicionismo: “não saiba a tua mão 
esquerda o que faz a tua direita …” (Mt 6, 3).
Senhores governantes: por favor, desapareçam! Senhores 
porta-vozes do governo, das autarquias, da protecção civil e 
das forças de segurança: por favor, calem-se! Respeitem, por 
uma vez, as vítimas que não souberam salvar, o luto dos que 
choram os seus mortos, o pesar dos que tudo perderam. 
Por favor, respeitem essa dor que, mesmo não sendo vossa, 
é muito nossa também.
Fonte: Observador

sexta-feira, 28 de julho de 2017

quinta-feira, 27 de julho de 2017

PARTILHE ESTE APELO - Vamos ajudar Mação

Foto de Tomar TV.

A Santa Casa da Misericórdia de Mação solicita a oferta de alimentos nomeadamente batatas, massas, carne, águas, arroz, ovos, atum bem 
como de talheres de plástico, caixas descartáveis de refeições, 
guardanapos, pacotes pequenos de sumos para as refeições dos 
bombeiros.

São também necessários voluntários para ajudar a cozinhar as refeições.


Fotografia Orlando Oliveira/Tomar TV

AMANHÃ: AUTARCAS MONÁRQUICOS CELEBRAM TERCEIRO ANIVERSÁRIO COM JANTAR

Foto de Associação dos Autarcas Monárquicos.

Caros amigos,

Um país não vive do seu passado mas tem que manter viva a sua memória.

A APAM - Associação Portuguesa dos Autarcas Monárquicos, associação aberta a autarcas de todos os partidos e independentes que comunguem dos valores da monarquia, irá celebrar o seu terceiro aniversário, no dia 28 de Julho, sexta-feira, data da sua constituição.

PROGRAMA:

19h30: Encontro com a imprensa

20h00: Jantar no Restaurante "Centro", em Braga - Cabreiros
Coordenadas GPS: 41°32'21.3"N 8°29'20.7"W

21h00 Debate subordinado ao tema: “MONÁRQUICOS E AS ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS 2017”

Para mais informações e inscrições contactar:
autarcasmonarquicos@gmail.com | +351 969 685 260

Eduardo Teixeira, Dr. (Presidente da Assembleia Geral) | Manuel Beninger, Eng.º (Presidente da Direcção)

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Portugal contra o Califado: 300 anos da Batalha de Matapão


Foto de Nova Portugalidade.

Exausta, esgotada em recursos e vontade combativa após a Guerra da Sucessão Espanhola, a Europa foi surpreendida em 1714 com nova investida turca. O Sultão sentira a debilidade, o cansaço, a animosidade entre os grandes poderes católicos do Ocidente, e dispôs-se a atacá-los justamente quando estes pareciam mais débeis. Marchou sobre a Moreia, na Grécia, à data província da Sereníssima República de Veneza; o Doge reagiu implorando a intervenção da Santa Sé e, através dela, a ajuda das monarquias europeias. Mas estas mostraram-se, em geral, desinteressadas da luta. Espanha, mal refeita das lutas da década anterior, mais não enviou para o Mediterrâneo que fraca armada; a Áustria possuía forte exército, mas nenhum poder marítimo com que confrontar o de Istambul; a França, que até 1715 travara com Viena duríssima guerra pelo controlo do trono espanhol, não quis combater ao lado dos austríacos.
Perante a indiferença geral, acudiu às súplicas de Veneza - e aos sustentados, mas até então ineficazes, pedidos do Papa - o rei de Portugal. Lisboa vivia então, com Dom João V, um período de renovada grandeza. Devolvido à sua condição natural de forte potência naval, Portugal fazia-se ouvir pela Europa; a sua marinha, acarinhada pelo Infante Dom Francisco, conhecia então vigor que não mais recuperaria, e que a colocava entre as primeiras do continente. O Rei Magnânimo compreendeu que a luta pelo Mediterrâneo Oriental, onde os turcos se recompunham da derrota sofrida trinta e quatro anos antes em Viena, era de importância essencial para Portugal, a Europa e a Cristandade. Percebeu, ainda, que ali se apresentava oportunidade preciosa para que Portugal recuperasse o prestígio de outrora pagando-o a pólvora, aço e sangue.
Pólvora, aço e sangue foi, pois, o que Dom João tratou de oferecer ao Turco. O Infante Dom Francisco - príncipe apaixonado, como é comum entre os Braganças, pelos assuntos do mar - armou a frota. Eram onze impecáveis naves, sete de combate e quatro de apoio, tripuladas por 3840 homens adestradíssimos, apetrechadíssimos, preparadíssimos na arte da luta no mar. Carregavam quinhentas e vinte e seis peças de forte aço português; eram duas vezes e meia as usadas por Napoleão em Waterloo. A comandar a frota, na nau Nossa Senhora da Conceição, ia Dom Lopo Furtado de Mendonça, Conde do Rio Grande. Acompanhavam-no à cabeça da hierarquia da expedição as naus Nossa Senhora do Pilar, de oitenta e quatro peças, em que seguia o Conde de São Vicente como vice-almirante, e a Nossa Senhora da Assunção, capitaneada por Pedro de Castelo Branco e munida de sessenta e seis peças.
A dois de Julho, as armadas da coligação cristã juntavam-se a sul da Messénia, no Peloponeso. Eram, coligadas, fortes de trinta e cinco navios, dos quais os portugueses contavam entre os maiores e mais modernos. A batalha deu-se a 19 de Julho frente ao cabo Matapão. Os turcos tinham ao seu dispor força maior, de cinquenta e cinco navios; os cristãos, apenas trinta e cinco. Possuíam, também, o que seria então um dos maiores vasos militares do mundo: o Kebir Üç Ambarlı, de cento e catorze peças, em que navegava o almirante turco Kapudan Paxá. Ao se encontrarem as duas armadas, e por motivo que nunca pôde ser adequadamente esclarecido, a frota veneziana afastou-se da área de combate; frente à força turca, pois, ficou apenas a de Portugal. Desenrolou-se depois feroz duelo de artilharia entre as naus cristãs, quase limitadas à armada portuguesa e a duas embarcações da Ordem de Malta, e o conjunto otomano. Um grande navio turco foi atingido e posto em chamas; os restantes, vendo a desgraça de uma das principais naves da sua frota, deixadas sem pólvora e temendo a artilharia portuguesa, abandonaram o local e rumaram, desordenadas e batidas, a porto amigo. Travara-se grande recontro, e Portugal levara a Europa cristã à vitória sobre o Califa do Islão.
Depois da batalha, toda a armada cristã regressou à Itália. Os portugueses, vitoriosos, foram cumulados de honrarias por uma Europa agradecida. Em Messina, onde os navios de Portugal foram aportar, fizeram-se festas e fogos de artifício em celebração do Rei Magnânimo e sua armada; ao Conde de Rio Grande, Dom Lopo Furtado de Mendonça, chegou uma carta do Papa Clemente XI dando-lhe conta da gratidão papal; em Lisboa apareceria, pouco depois, grande embaixada veneziana de tributo e agradecimento. Maior honra se fez à Igreja portuguesa, passando a capital portuguesa a sede de um dos quatro patriarcados do Ocidente latino, juntamente com Roma, Veneza e as Índias Ocidentais. Fora uma das mais arriscadas empresas algumas vez tentadas pela marinha portuguesa, e resultara em triunfo absoluto.
A Europa actual, tantas vezes mesquinha com Portugal, nada perderia recordando este dia em que foi por ele resgatada da mão do Califa de Istambul.

RPB

Nova Portugalidade

Badass Portuguese Weaponry from the Age of Exploration

domingo, 23 de julho de 2017

Fado da Despedida - Frei Hermano da Camara

O Espírito de Deus repousa sobre mim - Frei Hermano da Câmara








Vasco Vilar Cabral da Câmara, de nome artístico Frei Hermano da Câmara (Lisboa, 12 de Julho de 1934) é um cantor e monge beneditino português, nascido numa família aristocrática ligada ao fado. Defende o apostolado através da música para edificar a civilização do amor e promover a cultura da paz. Em 1987, saído do Mosteiro de Singeverga, criou a Comunidade dos Apóstolos de Santa Maria, cujo apostolado é a difusão dos seus ideais cristãos pela música, em conformidade com o Vaticano II.

sexta-feira, 21 de julho de 2017

TOURADA REAL À ANTIGA PORTUGUESA EM SALVATERRA DE MAGOS

Foto de José Carlos Ramalho.
VENHA VIVER UMA TRADIÇÃO PORTUGUESA.

Caros Amigos, Simpatizantes e Associados.

A corrida de toiros é uma tradição longa com história em Portugal e do gosto actual de milhares de portugueses, que todos os anos vão às Praças e a largadas nas suas terras, Gente de trabalho! 
Acreditamos que este evento de iniciativa da Real Associação do Ribatejo, levará para a população, imagens de símbolos monárquicos, que infelizmente através da comunicação social não chegam da população. Move-nos valores como a verdadeira Liberdade, no respeito pelo direito à diferença.
O carro móvel sonoro tem sido o arauto da XV TOURADA REAL, começou em Évora passando por várias Cidades e Vilas até Tomar, anunciando um Cartel fabuloso, para lidar um Curro de Raça Brava.

Para quem gostar da Festa, seja monárquico ou não, sugerimos que venha e traga a Família para assistir com S.A.R. Senhor Dom Duarte de Bragança a um espectáculo de GALA À ANTIGA PORTUGUESA, a XV TOURADA REAL.

_21,30 h Desfile até à Praça de Toiros_Salvaterra de Magos
_22,00 h Inicio da Tourada

Reservámos para si até próximo dia 21 (sexta feira) a possibilidade de adquirir lugar numa zona de lugares por debaixo do Camarote Real.

Contacte:
BRUNO CASTRO
Adquira o seu Bilhete

Se optar por adquirir o seu ingresso directamente na Bilheteira da Praça, 
informe que deseja lugar na zona reservada à Causa Real/Reais Associações
Mário Figueiredo 918915926



Com nossos cordiais cumprimentos

REAL ASSOCIAÇÃO DO RIBATEJO

José Carlos Ramalho
Presidente da Direcção

Telemóvel 915 331 574  

NPIC 501941908  
NIB: 0045.5441.4006.6946.3483.1
Site área geográfica: http://realribatejo.jimdo.com/

quinta-feira, 20 de julho de 2017

segunda-feira, 17 de julho de 2017

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Monarquia, caução das democracias

Congresso da Causa Real_Aveiro.jpg

Vivemos tempos difíceis de transição para um mundo muito diverso daquele que conhecemos. Nesta preia-mar dos chamados “populismos” - fenómeno complexo que remete directamente para a grave crise de representação e legitimidade de que padecem regimes de partidos há muito instalados na esfera do poder, mas também de reacção à globalização que ameaça a identidade cultural dos povos – a reflexão sobre as vantagens da monarquia ganha consistência. A democracia, tal como a entendíamos, conhece dias difíceis, pelo que as críticas que lhe dirigem devem ser escutadas e os seus erros corrigidos.

A análise das últimas décadas reforça a nossa convicção de que a democracia deve ser limitada, vigiada e fiscalizada, dado transportar não apenas a pulsão totalitária a que Jacob Talmon se referia no seu clássico Origins of Totalitarian Democracy (1952), assim como padecendo de doenças degenerativas há muito apontadas pela escola italiana de Sociologia Política. Tanto aquela democracia messiânica, fundada na crença e comportando-se como uma tirania [benigna], tanto a deriva oligárquica podem ser corrigidas. Ora, pelo conselho da história, verifica-se que a única forma bem-sucedida de limitação dos abusos e excessos da democracia radica na aceitação do convívio da democracia com um poder não democrático - isto é, não eleito - que lhe lembre aquilo que não é passível de revisão.

A salvação da ideia, do método e da cultura democrática exige, pois, a intervenção de um poder que, não sendo democrático, é caução correctiva que impede a democracia de se matar. As monarquias sempre foram abertas à participação, à representação, à oposição de ideias e de interesses, pelo não houve monarquia pré-moderna que não se submetesse ao voto, à fiscalização e às sanções legais. Hoje, as monarquias ditas constitucionais (constitucionais sempre o foram na forma das constituições históricas que lembravam os limites e as obrigações do Rei) lembram ao transitório aquilo que é permanente. A democracia representa o homem; a monarquia representa a história e a memória que determina e alimenta a vontade dos homens em viverem juntos em sociedade. A democracia exprime a volubilidade das paixões humanas, o passageiro, o contingente; ou seja, é absolutamente humana e alimenta-se do sonho peregrino da justiça e igualdade para todos. A democracia é um admirável exercício de determinação, pelo que só há cidadãos onde estes podem, em concorrência, falar, escrever, opinar, criticar, eleger e legislar. Porém, a democracia é ruptura permanente e deve ser, sempre, disjuntiva, como as políticas o devem ser para que a governação não se afunde no ritualismo. Para atenuar o carácter turbulento inerente à democracia – ou a tendência para se transformar em oligarquia – é requerida a existência de um poder moderador. Esse poder moderador é-nos oferecido pela monarquia. A monarquia, entendida como contrato longo de estabilidade, anteparo da Política e inculcador de comportamentos conjuntivos pode, afinal, salvar a democracia, pelo que há que contestar quantos continuam a perseverar no erro trágico de a considerar inimiga da soberania popular.

Miguel Castelo Branco

quarta-feira, 12 de julho de 2017

REAL DE LISBOA LANÇARÁ BREVEMENTE A ANTOLOGIA: "PORQUE SOU MONÁRQUICO"

Foto de Real Associação de Lisboa.

"Se o povo português não quer vir a ser «absorvido» pelo vizinho ou pelo capitalismo europeu, em termos culturais, sociais e económicos, e não quer ver diminuir o seu prestígio no mundo, passando apenas a ser considerado como um espaço amorfo da Península Ibérica ou um simples território de parcos recursos físicos, terá de apelar para a sua História, para os seus valores culturais e sociais e para as raízes democráticas das suas instituições.
A Monarquia é, portanto, mais que uma necessidade, um dever patriótico desta geração. (...)"

Arqº Gonçalo Ribeiro Telles in "Porque Sou Monárquico", antologia a lançar em breve pela Real Associação de Lisboa. 


segunda-feira, 10 de julho de 2017

A TROPA APAGOU-SE E O EXTERTOR DA TERCEIRA REPÚBLICA



“Considerando …
Considerando …
Considerando …
Manifesto a minha concordância para a autorização do lançamento da empreitada de obras públicas com a designação PM001/VNBarquinha – Polígono de Tancos – “ Reconstrução da Vedação Periférica Exterior no Perímetro Norte, Sul e Este dos Paióis Nacionais de Tancos”, com o preço base de (euro) 316.000, ao qual acresce o IVA à taxa legal em vigor”.
Despacho 5717/2017 de 05 de Junho, do MDN (DR nº 125/2017, série II de 30/6/2017


                Apetece dizer, tarde piaste!...
              E também apetece perguntar como é que, anúncios destes sobre matérias sensíveis que deviam ser classificadas, são públicas…
                O alarido que para aí vai sobre o assalto aos paióis do Exército em Tancos, Deus meu!
                Tanta virgem ofendida!
                Tanta admiração, tanta indignação, tanto espavento!
                Será que acordaram agora ou têm vivido noutro planeta?
                Então há cerca de 35 anos (trinta e cinco) que os sucessivos governos, parlamentos e presidentes andam a destruir paulatina e sistematicamente a multisecular Instituição Militar e agora querem que as coisas funcionem?
                Trinta e cinco anos não são 35 semanas ou meses (o que já seria grave)! Tudo isto com a ajuda pressurosa da comunicação social e de uma chusma imensa de intelectuais, políticos de partidos, comentadores, baladeiros e filhos d’ algo avulsos e, de repente, incomodam-se por a coisa dar para o torto?
                Sabemos há muito que a generalidade da população está ignorante de tudo e mal preparada para a vida em todos os campos, pois a Escola deixou de ser séria para se transformar num recreio permanente onde se despejam alegremente biliões de euros; meio imbecilizada que está, pela acção deletéria dos jornaleiros (que não jornalistas) de serviço e confundidos e descrentes pela infrene demagogia (a doença infantil da Democracia) vertida pela actuação dos agentes políticos - que já não há saco que aguente - e só acorde quando há uma bronca qualquer.
                O que de resto também não os preocupa muito desde que no dia seguinte possam ir até à praia, passear no centro comercial ou mandar uns “shots para a blusa”!
                Para além do mais é uma questão de horas até acontecer uma outra barbaridade qualquer, passado o que, já ninguém se lembra da do dia anterior.
                O que se passou em Tancos – porque será que só agora há este alarido, quando já assaltaram o paiol dos Comandos, na Carregueira; dos Fuzileiros, em Vale do Zebro; da PSP, e outros roubos menores que não chegaram a vir a público? – não deve ser objecto de qualquer admiração.
                O que nos deve admirar – e essa é a pergunta que se impõe – é isto: depois das sucessivas barbaridades cometidas contra as Forças Armadas (que temos denunciado activamente nos últimos 40 anos), como é que ainda há alguma coisa que funciona?
                De facto a Instituição Militar tem uma “endurance” absolutamente notável!
                Nos últimos 35 anos – note-se que são problemas acrescidos e continuados – tem-se subvertido todos os fundamentos em que assenta a Condição Militar; houve erosão contínua do estatuto remuneratório e benefícios (que eram poucos) associados; acabou-se com a Justiça Militar; deram-se facadas violentas na Disciplina; invadiu-se o ensino militar através de exigências originadas no mundo universitário (e político) civil, no mais das vezes desajustadas da realidade e necessidades militares (mesmo assim este âmbito ainda é o que vai funcionando menos mal); esvaziou-se a hierarquia militar de competências, a ponto de hoje um general não ter autoridade para promover um soldado e ser difícil a um comandante comprar um parafuso.
 Acabou-se com o Serviço Militar Obrigatório; torpedeou-se completamente o sistema de promoções; reduziu-se e cativou-se despudoradamente os orçamentos, sem qualquer paralelo noutras áreas da vida nacional; reduziram-se os efectivos, o sistema de armas e o dispositivo a números ridículos e abaixo de qualquer funcionalidade – está tudo preso por fios: não se cumprem as Leis de Programação Militar; não existem reservas de guerra, nem sistema de mobilização; a sustentação logística é medíocre; não existe representatividade política da IM e ninguém a defende institucionalmente - a não ser por palavras de circunstância.
Ora tudo isto – que está longe de esgotar a lista de erros, barbaridades e malvadezas – tinha de afectar gravemente o Moral da tropa. E afectou!
E o Moral é a mola real que mantém um Exército de pé.
As coisas, aliás, estão de tal modo graves que agora até afectou a Moral dos militares, vide as recentes prisões de militares da Força Aérea!
Há muito que os três Ramos sobrevivem apenas para manter no estrangeiro umas pequenas unidades ou grupos de instrutores, que o poder político entende ter interesse enviar para o exterior, onde por norma se têm portado muito bem (enfim, também houve alguns fiascos individuais aqui e ali), mas até isto pode ter os dias contados!
O resto passou ao campo da quase ficção. Destruir um Exército faz-se num instante (veja-se o que aconteceu nos meses a seguir ao 25 de Abril); pô-lo de pé novamente leva anos ou até décadas. É como a floresta que arde…
A grande responsabilidade, pois, de tudo o que se tem passado recai no Poder Político, devido à sua reiterada ignorância, má-fé, irresponsabilidade e, até, revanchismo.
No meio disto tudo, as Forças Armadas estão isentas de responsabilidades? Infelizmente não estão.
As Forças Armadas sendo a instituição nacional mais antiga e hierarquizada da Nação, juntamente com a Igreja (por isso têm sido as mais atacadas), estão muito dependentes dos comandantes que têm e cuja hierarquia culmina nos respectivos Chefes de Estado-Maior. Embora nem tudo se possa ou deva empurrar para cima…
O que é um facto é que, sobretudo depois das chefias militares terem passado a ser essencialmente escolhidas através de critérios políticos, desde o primeiro mandato do Professor Cavaco Silva, como PM, as coisas pioraram significativamente.
Percebe -se que estejam à partida condicionados, mas não se pode aceitar tal estado de coisas.
Ora o que se tem verificado é que a hierarquia militar deixou de existir em termos práticos: ninguém os vê - a não ser com ar de perú em vésperas de Natal, a espreitarem atrás do senhor Ministro – e é raro conhecer-lhes uma ideia, um pensamento, uma doutrina.
Não se sabe o que fazem e ninguém lhes liga nenhuma.
Não se conseguem, por norma, entender sobre coisa alguma, e têm dificuldade em fazer frente seja ao que for. E quando o fazem não se sabe nada. Resultado, continuam a não lhes ligar peva.
Afirmam sempre comedidamente que têm de trabalhar com o dinheiro que o governo da Nação (como se esse termo pesasse alguma coisa no conceito dos actuais políticos) atribui aos Ramos, mas não se manifestam quanto à impossibilidade de continuarem a cumprir qualquer missão atribuída, seguindo a velha máxima que não há dinheiro a menos mas sim missão a mais...
Às vezes (poucas) chega-lhes a mostarda ao nariz e demitem-se, nem sempre pelos melhores motivos. Uma atitude que após dois minutos de “glória”, se torna inconsequente, não só porque não tem repercussão nas fileiras e vem logo outro, prestes, ocupar o lugar (ficando ainda mais na mão do ministro que o indigita), e porque depois de se “libertar” do fardo, nunca explicam minimamente as razões que os levam a abandonar a função.
Por isso tem faltado aqui muita coragem, o que desde tempos imemoriais é considerada uma virtude e um atributo dos militares…
E já nem falo daqueles que se deslumbram pela fofice das alcatifas…
Tudo, porém, muito bem explicado e camuflado através de termos como “sentido de Estado”; “prudência”; “não prejudicar o Ramo”; Ética, etc., e, por vezes, um mais pueril “não estou para me chatear”.
Acho que serve para aliviar a consciência.
O ridículo é tanto que quando foi do ataque às torres gémeas, em Nova Iorque, em 2001, colocou-se o País no estado de ameaça “Alfa”; até hoje “esqueceram-se” de o modificar…
                                                           *****
                                                           “R.I.9
                                                           As sentinelas dos terrenos do paiol farão fogo
                                                           sobre quem tente escalar os muros.
                                                           1948”.
                                                               Dizeres escritos numa placa de rocha
                                                               Existente nos terrenos do mesmo. [1]
Finalmente sobre a gravidade do roubo dos paióis, ainda parece que querem agravar tudo.
Não há soldados para fazer nada; não há cabos quarteleiros para pernoitarem e, ou, cuidarem dos paióis; não há sequer por vezes, já, oficial de dia, mas sim um graduado de serviço – que por norma não tem pessoal para fazer o serviço…
Não há dinheiro nem pessoal para manter ou substituir vedações; os espaços entre os paióis não estão minados pois isso é contra os “direitos do homem”; não há electrificação das redes pois não há dinheiro para tal tecnologia “de ponta” que ainda se arrisca a matar uma ovelha que se encoste; o sistema de vídeo vigilância estava avariado, etc.
O pessoal da ronda passava de quando - em - vez, e ainda bem que desta vez não passou, pois se tivesse confrontado os assaltantes, ou não faziam nada e davam meia volta ou arriscavam-se a ser abatidos.
Porquê, perguntarão: por duas gravíssimas razões: primeiro porque o poder político não quer que os militares possam defender violentamente as instalações e material à sua guarda não lhes outorgando autoridade para tal.
Deste modo qualquer sentinela que pregue um tiro em alguém está tramado para o resto da vida e, pelos vistos, não pode esperar que alguém assuma a responsabilidade do acto. Mas também porque, desde o tempo do General Firmino Miguel, como CEME, o pessoal de serviço ou não tem munições reais ou estas existem em carregadores específicos que estão por regra, lacrados e, ou, têm duas a três munições de salva, por cima da primeira munição real. [2]
              Todos os responsáveis sabem que isto é verdade.
Por tudo isto, há muito que as Forças Armadas Portuguesas se podem considerar decalcadas da célebre charla da guerra do Solnado![3]
Acresce que há enormes suspeitas de que pode haver conivências do interior, o que não espantará vivalma, dado que, desde 1974, que não temos serviços de informações (e há muito que estão entregues a pessoal aparentemente membro das Maçonarias…); os registos criminais deixam muito a desejar e o crivo não é grande coisa. Parece que também é contra os direitos do homem, agora também dos animais.
Ora o General - Chefe de Estado-Maior do Exército, aqueles que o antecederam, bem como os dos outros Ramos, estão carecas de saber tudo isto que acabei de dizer.
E não podem alegar que não sabem, pois isso significaria que seriam ignorantes, incompetentes ou estiveram a dormir na forma.
E por isso se estranha também, porque é que segundo notícias vindas a público, o CEME terá exonerado (temporariamente) quatro Coronéis e um Tenente-coronel sitos nas unidades militares da área de Tancos. E tenha acrescentado que seria para não “interferirem” nas investigações (será que os segundos comandantes já não interferem?).
Se isto é verdade, é muito grave: primeiro essa da exoneração temporária, não existe nem faz qualquer sentido (o PR já enviou até um remoque acerca disto!) – tão pouco foi aplicada no recente processo ocorrido nos “Comandos”; e dar como racional, a hipotética interferência dos seus comandantes (como?) no processo, é de uma inconveniência e gravidade extremas. E que irá ter consequências.
Aparenta, até, ser uma manobra dilatória, de mãos dadas com o senhor MDN a fim de salvaguardarem os seus imaculados traseiros.
A situação é de tal modo grave (algum dia tinha que rebentar) que o Conselho de Chefes Militares, não se deve alhear, como costume, do que se passa. Isto toca a todos e deixou apenas de ser uma derrocada institucional e nacional (há muito anunciada), para passar a ser uma vergonha internacional inominável.
Só falta assistirmos a um General CEMGFA vir frente às camaras dizer que está tranquilo…
E sobre os assaltantes que, pelos vistos entraram calmamente pela porta do paiol, ninguém sabe nada.
Podem, senhores governantes limpar as mãos à parede e agora já nem conseguem responsabilizar o “cabo quarteleiro”, pelas simples razão de que é uma figura do passado.
O País e as Forças Armadas só não bateram no fundo por isto: deixou de haver fundo.
Não foi nestas Forças Armadas em que assentei praça.
E sinto-me envergonhado.


                                                        João José Brandão Ferreira
                                                            Oficial Piloto Aviador





[1] R.I.9 – Regimento de Infantaria 9, na altura sito em Lamego.
[2] Para além disso, há muito que o comum dos militares só pode dar 10 tiros reais, para não defraudar o real tesouro e por isso se tornar um risco dar poderes a um sentinela sobre coisas que ele não domina…
[3] Alerto há anos para a forte possibilidade de um dia haver um atentado em Pedrouços, onde estão reunidos, cursando, centenas de oficiais. Pois bem, há muito que não há sentinelas e à Porta de Armas está um elemento de uma empresa de segurança civil…