PALÁCIO DA AJUDA
Tal como S.A.R. o Duque de Bragança avisou, aconteceu. Parece incrível. Andaimes postos e facilitando a entrada de bandidos. Segurança? Aparentemente escassíssima, para não dizermos nula.
Estando ao quase abandono há gerações, o Palácio Real da Ajuda é uma das muitas vítimas do desleixo do Estado, embora governos e presidentes dele se sirvam para umas tantas cerimónias. Sem qualquer vergonha, apresentam aos visitantes estrangeiros um edifício semi-arruinado, de fachadas escalavradas pela incúria, quando não completamente destruídas. É este um caso emblemático do Estado que temos, chegando-se ao ponto de no ediifício instalar-se o departamento de Cultura do governo português.
Sabe-se o que por lá se passa. Colecções empacotadas e sem a menor possibilidade de exibição pública, as Jóias da Coroa - já desfalcadas por um ainda recente e absurdo roubo holandês de contornos misteriosos, aventando claras cumplicidades sem castigo -, peças que pertenceram ao recheio do Palácio e que se encontram a uso de funcionários, salas deterioradas pelo passar dos anos, enfim, um aberrante contraste com aquilo que vemos noutras capitais europeias.
"Diz-se" que aquando da visita do casal presidencial a Portugal, a Senhora Reagan entusiasmou-se com a colecção que o Palácio alberga e concedeu uma avultada verba destinada ao início das obras na fachada poente, já naquela época no estado que ainda hoje se vê. Não tendo a ridícula república portuguesa qualquer tipo de limites à falta de vergonha e indecência, essas verbas não foram aplicadas segundo os desejos da Sra. Reagan. A ser verdade esta estória, onde foi parar o dinheiro?
O Palácio da Ajuda foi assaltado. Qual a segurança prevista durante a duração das obras num edifício que além de ser um Museu, é uma das sedes da representação do Estado? Como é possível a entrada nas salas, sem que de imediato soem alarmes? Estão as janelas totalmente desprotegidas, de portadas escancaradas? Quantos efectivos policiais foram colocados no local durante a execução das obras? Quem garante o fecho de todos os acessos após as horas de expediente?
Tal como aconteceu no caso das Jóias da Coroa, bem depressa será este assunto esquecido, varrido dos noticiários.
Tudo isto é típico, lamentável. Casa roubada, trancas à porta. Ou já nem sequer chegaremos a isso?
publicado por Nuno Castelo-Branco em Estado Sentido
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