terça-feira, 17 de julho de 2018

II Seminário Internacional de História Indo-portuguesa

Foto de Nova Portugalidade.

Hoje desejo partilhar convosco o II Seminário Internacional de História Indo-portuguesa, Lisboa, do Instituto de Investigação Científica Tropical, ano de 1985. Não foi nada fácil de adquirir esta obra, onde se encontra uma comunicação do senhor Goertz, respectivamente dedicada a uma detalhada descrição dos métodos de ataque e defesa dos Portugueses num dos cercos aquando a guerra contra a Liga Islâmica. Não é todos os dias que se enfrenta 150.000 Muçulmanos zangados, apoiados por 360 elefantes, 20.000 cavalos e inúmeras peças da mais grossa artilharia do Mundo, dispondo de apenas 1.200 soldados portugueses.

Goertz faz referência ao corpo português como uma unidade profissional acostumada à guerra, possessa por uma inabalável Fé, disciplina de ferro, auto-controle e espectacular organização, chegando mesmo a dizer que a forma como os lusos se bateram desafia a compreensão de qualquer homem.

Apesar da superioridade muçulmana na artilharia, as armas portuguesas de infantaria tiveram um factor decisivo para a vitória, possuindo mosquetes/espingardas de melhor calibre e alcance, assim como armas brancas (espadas e armaduras) de maior qualidade.

No entanto, a componente que se mostrou de maior importância para assegurar a nossa sobrevivência foi a “trinchea entulhada”, um tipo de trincheira inventada pelo português Agostinho Nunez, dedicada a um melhor e mais facilitado uso das armas de fogo sobre o adversário, oferecendo também uma significativa protecção contra artilharia mais pesada.

Grandes elogios são feitos ao capitão-mor Dom Francisco de Mascarenhas pela sua liderança. Segundo Goertz, foi demonstrada pelo capitão; experiência, engenho, enorme espírito de liderança, uma frieza incrível face ao perigo e uma determinação que inspirou confiança e afecto nos soldados, com quem partilhou todas as dificuldades.

Este cerco, um dos mais espectaculares da história militar mundial durou sete meses, acabando os Muçulmanos, segundo as crónicas de António Castilho, com doze mil mortos, enquanto que os Portugueses sofreram quatrocentas perdas humanas.

Poucas são as batalhas que atingiram o mesmo nível de fúria e violência e, mais importante ainda, poucos foram os soldados que, com tão diminuta guarda, venceram um exército tão superior em números quando uma simples rendição lhes teria poupado tanto sofrimento.

Miguel Ângelo pintou na Capela Sixtina um português a salvar um africano e um muçulmano do Inferno, como vemos na imagem. Segundo o professor Manuel Gandra foi o próprio pintor, Miguel Ângelo, quem identificou o português no Juízo Final da Sixtina numa carta que remeteu a um embaixador português.

Ricardo da Silva



Sem comentários:

Enviar um comentário