sexta-feira, 1 de novembro de 2019

A NUN'ALVARES

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A NUN'ALVARES

Grande Condestabre,
alma pura e bela,
vós, que nos salvastes
do Leão de Castela,
recebei as graças
e mais as mercês
de quem ama a Pátria
e é português!

Em Aljubarrota,
num dia de glória
salvais nossa Pátria,
ganhando a vitória.
Belo cavaleiro,
alma pura e bela,
assim nos livrastes
do Leão de Castela.

Fostes bom e forte,
e em vossa alma havia
heroica bondade,
clara simpatia.
Vossas arcas tinham
o pão para dar
a quem o não tinha
para seu manjar.

Depois do velhinho,
os vossos amigos
eram só os pobres
e mai-los mendigos:
a sopa lhes dáveis,
fazendo-lhes bem,
e eles cantavam
como nós também.

Grande Condestabre,
alma pura e bela,
vós, que nos salvastes
do Leão de Castela,
recebei as graças
e mais as mercês
de quem ama a Pátria
e é português!

Afonso Lopes Vieira | Poeta Monárquico


Dom Nuno (de Santa Maria) Álvares Pereira nasceu no Crato, Flor de Rosa, Bonjardim, em 24 de Junho de 1360 e faleceu em Lisboa, Convento do Carmo, em 01 de Novembro de 1431. D. Nuno Álvares Pereira, também conhecido como o Santo Condestável, São Nuno de Santa Maria, ou simplesmente Nun'Álvares desempenhou um papel fundamental na Crise de 1383-85. D. Nuno Álvares Pereira logo foi fazer penhor da sua lealdade e apoio ao Mestre de Avis, aclamado d’El-Rei D. João I nas Cortes de Coimbra.


D. Nuno Álvares Pereira realizou a sua famosa expedição pelo Alentejo acompanhado de 40 dos melhores escudeiros da altura, e foi engrossando as fileiras com a boa gente dessa região, até que chegou a Atoleiros, a meia légua da fronteira com Castela, que se preparava para acometer. Aí D. Nuno começou por inovar, pois foi nos Atoleiros que pela primeira vez se combateu a pé em Portugal, e, D. Nuno utilizou a famosa técnica da formação do exército em quadrado: distribuiu os seus homens armados e os besteiros pelas alas e o povo no meio. Também por isso, D. Nuno empunhava a famosa Arma de liderança da Infantaria, o célebre e temido Martelo Bico de Corvo, tipo de arma de haste do final da Idade Média, que consistia em uma haste com um martelo e uma ponta afiada. Enquanto a ponta conseguia perfurar armaduras, o martelo passava a força do golpe através da armadura mesmo não o quebrando. De volta à batalha, os castelhanos ao verem os portugueses apeados, e para mais em minoria, acharam que ia ser fácil vencê-los pelo que se lançaram a cavalo sobre o exército lusitano aos gritos de “Castyla! Sant’iago!” ao que os portugueses responderam berrando “Portugal! São Jorge!” e D. Nuno ordenou aos seus soldados que como ele fizessem uma genuflexão com o joelho direito no chão e a outra perna a fazer finca-pé e depois levantar as lanças num ângulo agudo, apoia-las no chão e os cavalos castelhanos se foram espetar nelas. Os Castelhanos feridos e no chão eram então bombardeados por dardos e virotões, e cercados por todos os lados pelos portugueses o que impedia que os primeiros escapassem. Assim os portugueses saíram vitoriosos sobre os castelhanos, na Batalha dos Atoleiros, em 1384. D. Nuno Álvares Pereira foi então nomeado o 2.º Condestável de Portugal - título criado após o fim do Império Romano com a grafia latina de Comitis stabilis que substituiu o imperium proconsulare maius e o ulterior Dux -, honra com que foi agraciado por D. João I, de Avis, e ainda recompensado com o título de 3.º Conde de Ourém.

A consolidação da Independência ocorreu na batalha de Aljubarrota, na qual se deve a maior quota-parte da vitória sobre o Leão de Castela às tácticas de D. Nuno Álvares Pereira.

Do seu casamento com D. Leonor de Alvim (1360), o Condestável teve três filhos, mas apenas uma filha teve descendência, D. Beatriz Pereira de Alvim que contraiu matrimónio com o 1.º Duque de Bragança, D. Afonso (I) – filho natural que D. João, Mestre de Avis, ainda solteiro e antes de ser Rei tivera com uma rapariga solteira de nome Inês Pires -, dando origem à Casa de Bragança que viria a reinar em Portugal três séculos mais tarde, solidificando toda a aura que já o seguia.

Consolidada a paz com Castela, D. Nuno Álvares Pereira, que entrementes fora agraciado com sucessivas doações de terras e bens, dedicou-se a obras de caridade. Em 1393 distribui muitas das suas terras pelos companheiros de armas. Estando ele viúvo desde 1388, em 1414 morre a sua única filha, D. Beatriz. Opta, então, por novo rumo de vida, dedicando-se mais aos trabalhos agrícolas nos seus domínios de Vila Viçosa. Entretanto, ainda participou, em 1415, na conquista de Ceuta. Mas em 1422 reparte pelos netos os seus títulos e bens e em 1423 professa no Convento do Carmo, que ajudara a construir, tomando o nome de Nuno de Santa Maria, onde passa os últimos anos da sua vida, entregue à penitência e servindo os pobres. Veio a falecer em 1431. Já em vida era conhecido como o Santo Condestável, e foi beatificado pela Igreja em 23 de Janeiro de 1918, sendo venerado a 6 de Novembro.

Miguel Villas-Boas


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