quarta-feira, 18 de maio de 2011

NOS PRIMÓRDIOS DA ORDEM DO TEMPLO...ROBERT DE CRAON



MESTRE ROBERT DE CRAON (1136 − 1147)


Originário do Maine da região de Vitré, era filho do senhor de Craon e menor de três irmãos; foi eleito Mestre do Templo em Junho de 1136 e faleceu a 13 de Janeiro de 1147.

Instalou-se na Aquitania onde foi prometido em casamento à filha do senhor de Confolens e de Chabanes pelo conde Angouléme.
Ao tomar conhecimento da presença de Hugues de Payns em França, Robert retira a sua promessa de casamento, parte para a Terra Santa e ingressa na cavalaria da Ordem do Templo.
As provas de coragem e bravura dadas nas batalhas em que participou valeram-lhe a nomeação de Mestre da Ordem do Templo, após o falecimento de Hugues.

Como convinha a um cavalheiro de sua estirpe, era gentil, bondoso e possuidor de uma inteligência que deixou marca como legista ao consolidar a organização da Ordem; também redactou os estatutos de todas as comendas, das províncias e do Capítulo Geral. A ele se deve a tradução da Regra Latina para a língua francesa; criou uma rede de comunicações com os chefes islamitas e dotou a Ordem de secretários árabes.

Em 29 Março de 1139, o Papa Inocêncio II promulga a bula Omne Datum Optimun, onde concede extraordinários privilégios aos Templários.
Foi nesta bula, o Papa libertou a Ordem do Templo da tutela eclesiástica, permitindo-lhe construir capelas, oratórios, cemitérios e autoriza formação dos seus próprios capelães que passam a ministrar os sacramentos; desvincula-os da autoridade do Patriarca de Jerusalém; também lhes concede o direito ao usufruto de todos bens conquistados pela Ordem aos muçulmanos sem a reivindicação de terceiros.

D. Alfonso I, o Batalhador, rei de Aragão fez doação do seu reino após a sua morte;
Sem descendência, (foi casado com D. Urraca até que este a repudiou em 1114) deixou em testamento às Ordens que servem a Deus no Sepulcro do Senhor:

“…Para después de mi muerte, dejo como heredero y sucesor mío al Sepulcro de Señor que está en Jerusalén y a los que lo custodian y sirven allí a Dios; y al Hospital de los pobres de Jerusalén; y al Templo de Salomón con los caballeros que vigilan allí para defender la cristiandad. A estos tres les concedo mi reino. También el señorío que tengo en toda la tierra de mi reino y el pricipado y jurisdicción que tengo sobre todos los hombres de mi tierra, tanto clérigos como lacaios, obispos, abades, canónigos, monjes, nobles, caballeros, burgueses, rústicos, mercaderes, hombres, mujeres, pequeños y grandes, ricos y pobres, judíos y sarracenos, con las mismas leyes y usos que mi padre, mi Hermano y yo mismo tuvimos y debemos tener.” (Fragmento do testamento de D. Alfonso I confirmado em 4 de Setembro de 1134, três dias antes da sua morte).

As Ordens recusaram-se a receber semelhante doação!...
  
Na sequência das guerras efectuadas durante a Primeira Cruzada, os cristãos criaram estados nas regiões antes dominadas pelos turcos seljúcidas e danismenditas (inimigos dos seljúcidas), egípcios do sultanato fatímida do Cairo e em várias cidades muçulmanas.

O primeiro combate de que há memória entre os Templários e os infiéis na Terra Santa ocorreu em 1138 na batalha de Tekoa, nas montanhas perto de Judá.
As forças turcas que haviam recentemente conquistado a aldeia de Tekoa puseram-se em fuga. Ao darem-se conta de que os cavaleiros cristãos não os perseguiam, reagruparam-se e contra-atacaram. O resultado foi desastroso! Com o exército franco em debandada, os Templários para os proteger sacrificaram mais de metade dos seus guerreiros.

Krak dos Cavaleiros
O rei de Jerusalém Foulques I falecera em Novembro de 1143, deixando um herdeiro de menor idade. A regência ficou assegurada pela mãe Melisende de Bolonha, até que este atingisse a idade de poder governar.
Tirando proveito de tal situação, o governador de Mossul de Alepo, Zengi, ao serviço dos seljúcidas, conquista aos cristãos o Condado de Edessa em 24 de Dezembro de 1144 e ameaça Constantinopla.

O reino cruzado do Oriente pressente o perigo e apela ao Papa Eugénio III o envio de reforços.
Em 1145, o Sumo Pontífice convoca por bula especial a viria a ser Segunda Cruzada.
Para exortar os cristãos a pegarem em armas e rumarem à Terra Santa, o Papa antigo monge cistercense, solicitou a presença do místico São Bernardo de Claraval.

Notável orador, São Bernardo atrai à expedição senhores poderosos como Frederico da Suábia (futuro imperador da Germânia), os reis da Polónia e da Arménia, Luís VII de França, Conrado III do Sacro Império Romano-Germânico, e muitos experimentados homens de armas, entre os quais se encontravam ingleses e flamengos que haviam ajudado D. Afonso Henriques na conquista de Lisboa.
Escudo de armas: − Esquartelado; I e IV Cruz do Templo sobre campo de prata; II e III losangos em ouro em campo de goles.

                            


CRONOLOGIA DOS ACONTECIMENTOS

1138, Trava-se a batalha de Tekoa.
1139, 29/Março – Bula Omne Datum Optimun emitida por Inocêncio II.
1142, O Krak dos Cavaleiros é cedido aos Hospitalários de São João.
1144, 25/Dezembro – Zengi, atabaque de Alepo e de Mossul, conquista Edessa.
1145, 14/Dezembro – O Papa Eugénio III proclama a Segunda Cruzada.
1146, 31/Março – Sermão de São Bernardo de Claraval na basílica de Vézelay, a
          pregar a cruzada.                                                             
1146, 14/Setembro – O atabaque de Alepo, Zengi é assassinado pelos seus pajens; o
           reino de Edessa é partilhado pelos seus dois filhos, Ghazi e Nur ed-Din.
1146, 27/Outubro a 03/Novembro – Jocelino II reocupa Edessa para voltar a perde-la.
1146, 25 a 27/Dezembro – São Bernardo de Claraval ordena a Conrado III, imperador
          alemão, que dirija a cruzada.



Autor: ++ Fr. João Duarte. Comendador da Comendadoria de Santa Maria do Castelo de Castelo Branco.

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