Curioso como o tema das eleições presidenciais domina a Silly season. Acontece que é da sua natureza: já com dezassete virtuosas candidaturas “de esquerda”, junta-se agora o ego de Maria de Belém cujo nome é um manancial de trocadilhos para alimentar manchetes nos jornais. A dança dos "presidenciáveis" é na essência a política na sua vertente mais Silly, e portanto adequada à indústria de entretenimento que hoje se confunde com jornalismo, é a política no seu mais básico apelo, da pura alcoviteirice partidária, qual desavergonhada guerrilha de egos insuflados - vende jornais. Quase se resume a isto por estes dias o jornalismo político: dos Passos Perdidos no parlamento aos corredores das sedes partidárias, alimenta-se uma tropa de repórteres enredados em cochichos e ninharias artificiais que são o guião de uma telenovela medíocre. Sem mundividência nem contacto com a realidade, este é o círculo vicioso que sustém o acomodado jornalismo doméstico. Desviar o enfoque para "fora da caixa", discutir projectos, desmontar os vícios do sistema e contemplar outros modelos e protagonistas requer coragem, trabalho e algum risco: jornalismo exigente, mais culto e independente, fundado mais na análise duma realidade rica e complexa e menos no microcosmos do mexerico partidário, que para mal dos nossos pecados é donde irá emergir o nosso presidente da república ao colo dos seus sequazes e clientelas.
O que fazer para se devolver dignidade ao cargo do Chefe de Estado, representante e defensor de todos os portugueses?
Sem comentários:
Enviar um comentário