quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Afonso de Albuquerque

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Fala-se muito das matanças de Albuquerque. Há pouco, num desses textos de jornalismo piegas com pós de ciência - o homem até citava Gaspar Correia - noto o tom iracundo e acusatório a respeito da "matança de Calecute", a "matança de Goa" e a "matança de Malaca". Ora, para quem conheça minimamente os modos de Quinhentos e de Seiscentos, sabe que Albuquerque foi um simples amador na arte de infundir pavor entre os inimigos que se lhe opunham. O saque de Roma pelas tropas de Carlos V (1527) ceifou não menos de 40.000 vítimas mortais, os Otomanos mataram 50.000 após a tomada de Chipre (1570), o Massacre da noite de São Bartolomeu (1572) terá cobrado em toda a França cerca de 30.000 vidas, Akbar, o Grande, degolou 30.000 em Chittorgarh (1568) e a tomada de Magdeburg pelos exércitos católicos (1631) arrebatou 20.000 homens, mulheres e crianças. Ao pé destes rios de sangue, Albuquerque, sempre muito selectivo, foi um monumento à auto-contenção.

MCB

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