sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Aquele sangue manchou-nos até hoje

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No próximo dia 1 de Fevereiro passa mais um ano sobre o regicídio de 1908. A melhor definição dada a essa trágica jornada de 1 de Fevereiro de 1908 recebeu a assinatura de Ramalho Ortigão e encontra-se nas chamadas Farpas Anti-Republicanas.

Para Ramalho, o regicídio - ou antes, magnicídio, pois pretendia matar por atacado uma família, mais o primeiro-ministro - tratou-se da associação de um punhado de homens (mandantes, pagantes e executantes) que se reuniram com o declarado propósito de matar um rapaz. 

O regicídio, talvez o mais importante acontecimento da história portuguesa contemporânea pelos efeitos imediatos que produziu e pelas ondas de choque que ainda hoje se repercutem, deve ser lembrado. O crime de 1908 anunciou o assalto ao poder por uma minoria que jamais se submeteu ao veredicto dos portugueses, a confiscação do Estado por organizações secretas e grupos armados, o fim do Estado de Direito, anos de balbúrdia seguidos de ditadura e de ditadura seguida por balbúrdia. Sem o regicídio não teria havido intervenção na Grande Guerra, nem deriva radical jacobina, nem reacção católica autoritária, nem revolução marxista, nem descolonização de pé descalço, nem genocídio de Timor, nem entrada aos empurrões e sem condições para a CEE. Estaríamos, certamente, bem mais ambientados às práticas, ritmo e crenças da tolerância, da vivência da Liberdade e do patriotismo; em suma, estaríamos bem mais civilizados.

MCB

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