terça-feira, 9 de agosto de 2011

MESTRE PHILIPPE DU PLESSIS


PHILIPPE DU PLESSIS (1201 − 1209)

Philippe du Plessis nasceu por volta de 1165 no castelo de Plessis-Macé perto da localidade de Angers.

Rondando os 24 anos, embarcou na aventura de participar na Terceira Cruzada com os Reis Ricardo e Filipe, como um dos muitos cavaleiro seculares.

Impressionado com a disciplina bem como os actos de bravura que a Ordem Templária revelava, decidiu envergar o manto branco; corria o ano de 1189.

Após a morte de Gilbert Herail, poucos meses tardaram para que Philippe ascendesse ao cargo mais elevado da Ordem; aconteceu nos inícios da Primavera de 1201.

No início do seu mandato, um surto epidémico assolou o Egipto estendendo-se à Síria, afectando mais de um milhão de pessoas. No ano seguinte um intenso sismo abalou a Terra Santa, devastando as cidades que a peste poupara; na vila de Naplouse somente uma rua ficara em pé.

Em 1202, Philippe du Plessis vê-se obrigado a desfraldar o Beaucéant (declaração de guerra), para convencer o príncipe Boemundo IV cognominado o Zarolho, a restituir-lhe a fortaleza de Gastein situada na Antioquia, que no ano anterior fora arrebatada à Ordem. Mas as partes envolvidas no processo tiveram que fazer tréguas, face aos acontecimentos provocados pela praga como pelo terramoto. Havia que auxiliar aos famintos, socorrer os feridos e enterrar os mortos. Enquanto isto, o príncipe oportunamente aproveitou a ocasião para expulsar todos os Templários de Antioquia, e expropria-los dos seus bens. Este caso só seria resolvido através da intervenção papal, que enviou uma legação para investigar sobre o assunto, acabando por terminar em beneficio da Ordem em meados de 1211.

Innocentius Tertius
O Papa Inocêncio III valida a bula promulgada pelos seus antecessores, em 1 de Fevereiro de 1205 mas, dá-se um caso rocambolesco que levou Inocêncio III a intervir, cuja autoridade inquestionável e de integridade reconhecida, fez chegar às mãos do  Mestre do Templo uma carta cujo teor rondava nestes termos:
− “Fala sobre a desobediência para com os bispos e com os seus legados.
As grandes riquezas que a Ordem possuía provocavam um espírito de indocilidade. O número de cavaleiros aumentara substancialmente, bem como as muitas doações de terras fruto das dádivas dos cavaleiros ingressados no Templo e, pelas inúmeras terras e castelos recebidas na “Reconquista” dos Reinos da Europa.
A recomendação dada pelo Sumo Pontífice era a de contenção aos seus cavaleiros, que persistentemente teimam ultrapassar os bispos, o que é lamentável.
Prosseguindo: − os irmãos da Ordem celebram o ofício fazendo soar os sinos chamando os fiéis aos lugares interditos (só poderiam celebrar uma missa anual para o público), mas também sepultam dentro dos seus cemitérios, por uma módica quantia, gentes excomungadas. As queixas continuas apresentadas contra o Templo provoca a sua repreensão, exortando-o a reprimir o abuso que ameaça punir com severidade (apostasia)”. A carta era datada de 1208.


Malik-al-Adel

Nesse mesmo ano, Philippe du Plessis propôs um tratado de paz envolvendo as Ordens dos Hospilalários e os Teutónicos com o sultão muçulmano Malik-al-Adel, que mereceu a oposição dos prelados da Terra Santa.
          
A Quarta Cruzada terminara em 1204 sem consequências para o Templo, assim como o cerco de Constantinopla. Respirava-se um ambiente de paz com os muçulmanos e por vontade de Philippe de Plessis manter-se-ia assim.

 
A QUARTA CRUZADA (1202 − 1204)

Pregada pelo Papa Inocêncio III a partir de 1198, foi também designada por Cruzada Comercial.

Enrico Dandolo
A terceira cruzada não tinha atingido o objectivo para o qual fora programada − a conquista de Jerusalém − A seguinte cruzada começou a ser organizada no ano 1200, e foi empreendida por Balduíno IX, conde de Flandres, pelo Bonifácio II, marquês de Montferrant, tendo ainda a participação do doge (duque) Enrico Dandolo de Veneza.

O doge de Veneza convenceu os cruzados a desviarem-se da sua rota, para ajudá-lo na recuperação da cidade de Zara (hoje Zadar, sita na Croácia) que lhe fora subtraída pelo rei cristão da Hungria. A cidade foi recuperada nesse mesmo ano, mas o Papa excomunga os chefes venezianos.

O Sumo Pontífice recebera notícias de que o imperador Isaac II Ângelo de Constantinopla fora deposto pelo seu irmão Aleixo III e que também o cegara.
Aleixo IV, filho de Isaac, foge e apela o auxílio dos cruzados, com promessas de donativos monetários e outros meios que o império dispusesse para conquistar Jerusalém. Em troca destes auxílios, deveriam ajuda-lo na recuperação do trono. Prometia também o fim do Grande Cisma do Oriente, cuja dissidência começara em 1054, entre as Igrejas Ortodoxa e a Católica.

Óleo de Eugène Delacroix - Louvre
Convencidos, os cruzados alteraram a rota, e dirigem-se para Constantinopla, cercam a cidade e, proclamam em Junho  de 1203, frente às muralhas, Aleixo IV imperador, ao mesmo tempo que incitam a população a derrubar Aleixo III que em vão tenta subornar os cruzados comandados pelo Doge Enrico Dandolo. No dia 18 de Julho o exército tomou de assalto a cidade e põem Aleixo III em fuga levando consigo o tesouro da cidade.

No decorrer destes acontecimentos, o povo liberta o cativo Isaac que apesar de cego, é recolocado no trono. Contudo, os cruzados invocaram a sua incapacidade invisual, e obrigam-no a partilhar o trono com o filho.

Para Aleixo IV chegara o momento de pagar as promessas que fizera aos cruzados. Com o tesouro depauperado, recorre ao aumento dos impostos, expropria bens à Igreja e confisca propriedades aos seus opositores, invade e saqueia cidades da Trácia (controlada pelo tio, Aleixo III), conseguindo desta forma entregar parte do valor prometido.

Com estes sucessos, a revolta popular contra os cruzados exteriorizou-se em Dezembro de 1203, com cenas de extremada violência envolvendo multidões encolerizadas, que linchavam qualquer estrangeiro que encontrassem. Por fim, tudo terminou com o assassinato de Aleixo IV.
A pilhagem de Constantinopla

Em Abril de 1204, os cruzados assaltam Constantinopla, pilham a cidade, massacram os habitantes, incendeiam e destroem o que não podem levar. (Com esta acção, destruíram valores que representavam um milénio da civilização bizantina).

Sendo o principal objectivo desta cruzada a libertação de Jerusalém, em poder dos turcos otomanos, as dificuldades financeiras conjugadas com os interesses comerciais do duque de Veneza, interpunham-se no caminho dos cruzados, que não tinham permissão de sair de Constantinopla.

As Ordens Militares do Ultramar não se envolveram nesta cruzada, que uma vez mais, resultou num tremendo fracasso. O conselho de Philippe du Plessis validava o tratado de paz assinado com Ricardo Coração de Leão e Saladino, permitindo o livre-trânsito dos peregrinos a Jerusalém.

Philippe du Plessis faleceu em 12 de Novembro de 1209.

Escudo de armas: − Esquartelado; I e IV Cruz do Templo sobre campo de prata; II e III seis coticas entrelaçadas postas em banda e contrabanda em campo de goles.


           
Miguel Cerulário
O GRANDE CISMA DO ORIENTE
As divergências iniciaram-se durante o séc. IV,
Quando Miguel Cerulário, ou Michael Keroulários, se tornou Patriarca de Constantinopla no ano 1043, iniciou-se a uma campanha contra as Igrejas Latinas daquela cidade, envolvendo-se numa discussão teológica da natureza do Espírito Santo, questão essa que viria a assumir grande relevo nos séculos vindouros.
Roma providenciou uma embaixada a Constantinopla em 1054, chefiada pelo Cardeal Humberto, na tentativa de solucionar o Cisma que separava as duas Igrejas.




CRONOLOGIA DOS ACONTECIMENTOS

1201, O Templo perde a fortaleza de Gastein da Antioquia.
1201, Inicio das negociações entre os cruzados e Veneza, para transporte de 33.500
          combatentes até à Palestina. O preço rondava os 85.000 marcos de prata.
1201, 24/Maio − Thibaut III de Champagne morre no seu palácio. A quarta cruzada
          perde um dos principais dirigentes.
1201, Agosto − Bonifácio, marquês de Montferrat, é escolhido para comandante da
          expedição.
1202, O Mestre Philippe du Plessis é obrigado a desfraldar o Beaucéant numa atitude
          de guerra contra o príncipe Boemundo IV.
1202, Verão − Os cruzados chegam a Veneza. O doge Enrico propõe-lhes conquistar
          a cidade de Zara.
1202, Novembro − Conquista e pilhagem de Zara.
1203, Janeiro − Os cruzados recebem uma embaixada de Aleixo, filho do imperador
          Isaac II.
1203, 17/Julho − A conquista de Constantinopla.
1203, 1/Agosto − Aleixo é proclamado imperador, e solicita a permanência dos cruza-
          dos por mais um ano para consolidar a sua posição.
1203, Inverno − Deterioram-se as relações entre cruzados e o imperador Aleixo, por
          falta de incumprimento das promessas ao exército franco.
1204, 8/Fevereiro − Aleixo IV é assassinado e o pai é deposto. Aleixo Doukas é procla-
          mado imperador, mas também não cumpre as promessas feitas aos cruzados.
1204, 12/Abril − Os cruzados tomam de assalto Constantinopla.
1204, 9/Maio − Balduíno IX de Flandres é eleito imperador do Oriente, dando origem 
          ao Império Latino do Oriente.
1205, 1/Fevereiro − O Papa Inocêncio III promulga a bula aprovada pelos seus antaces-
          sores.
1205, Abril − Morte de Amaury II rei de Jerusalém. Sucede-lhe Maria, filha de Isabel e
          de Conrado de Montferrat. Mas devido à sua menoridade, a regência é confiada
          seu tio João de Ibelin, Senhor de Beirute.
1208, O Papa envia uma carta de teor acusatório ao Mestre do Templo.
1209, 12/Novembro − Morre Philippe du Plessis.


*++Fr. João Duarte - Grande Oficial/Comendador Delegado da Comendadoria Sta. Maria do Castelo de C. Branco.

Sem comentários:

Enviar um comentário