segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

AS IDANHAS

Cadernos Templários                                                                             Janeiro 2008

A TRAÇOS LARGOS – AS IDANHAS * /**


Esta antiga e próspera aldeia, outrora famosa cidade romana com milhares de habitantes, documentada desde o ano XVI a.C., ainda não nos revelou todo o seu passado histórico.

Considerada uma das mais antigas povoações de Portugal, as suas terras férteis e de localização privilegiada, desde cedo contribuíram para a cobiça de outros povos, cuja presença deixou marcas que perduraram até aos nossos dias.

Nas escavações arqueológicas efectuadas, encontram-se vestígios que remontam a períodos tais como:
Pré-História, Celtas, Classicismo Romano, Suevo, Visigótico, Árabe e da Idade Média Portuguesa ao período Manuelino.

Os romanos chamaram-lhe EGITÂNIA.

Desconhecendo-se a idade das suas muralhas, apenas se pode presumir terem sido erguidas nos finais do séc. III, princípios do séc. IV, ou no tempo de Diocleciano mas de reconstrução medieval, apresentando assim algumas características árabes do período califal, séc. X, quando era usada a técnica da “Soga e Tison”, embora o perímetro seja de origem romana.
A torre é quadrangular e assenta sobre o pódio de um templo romano dedicado a Vénus, ostentando uma janela de origem românica encimada por um tímpano onde se pode ler a seguinte inscrição:

“Era: MCC:III: REX:S:II: MAGISTER:TEMPLI: M:MARTINI:
PERGALCAVIT: VI:LA:EGITANIE: R:PETRI COMO”.

“Na era de César de 1283 (1245 da era de Cristo), no reinado de D. Sancho II, o Mestre do Templo, Martim Martins entrou em posse da Egitânia, sendo Comendador R. Pedro”.

Nas proximidades da torre encontra-se o templo conhecido como catedral,
possivelmente de origem visigótica, e junto a este, um baptistério para adultos, também da mesma origem, com quatro lugares em cruz; um para o candidato ao baptismo, outro para o sacerdote e os restantes para os padrinhos.

Foi este magnífico património que no ano de 1165 Sua Majestade El-Rei D. Afonso Henriques doou ao Mestre D. Frei Gualdim Pais, território de “Ydania e Monte Santo” (Monsanto), delimitados a este pelo rio Erges, o Tejo a sul, o Zêzere a Oeste e a serra da Estrela a norte.

Cinco anos após a sua doação, a velha Egitânia encontrava-se fortificada e muito povoada, motivos que não impediram a sua destruição pelos sarracenos em 1197. No mesmo ano, D. Sancho I faz novamente doação de Idanha-a-Velha, assim como de todo o território da Açafa, a D. Frei Lopo Fernandes sucessor de D. Gualdim.

Em 1224 o Rei D. Afonso II faz doação a D. Frei Pedro Alvites e à Ordem do Templo das duas Idanhas, Velha e Nova, confirmada por bula do Papa Inocêncio III em 1215 e confirmada pelo mesmo Papa a 28 de Maio de 1216 pela bula “omni jurisditione decerninus omnimo liberas exemptas”, com sujeição à Santa Sé.

Recebe foral de D. Sancho II em 1229, que a doou ao Mestre Vicente, seu chanceler e futuro bispo da Guarda. Em 16 de Dezembro de 1244 é doada novamente à Ordem do Templo através de escritura feita em Coimbra que, segundo Fr. Bernardo da Costa, reza assim: “Eu, D. Sancho II, por Graça de Deus, Rei de Portugal, dou todos os direitos que tenho em Idanha-a-Velha e Salvaterra (do Extremo) à Ordem do Templo. E faço isto por remédio e bem da minha alma e por amor que tenho a D. Martim Martins, meu colaço (irmão de leite), Mestre da Ordem do Templo nos três reinos de Hespanha”.


IDANHA-A-NOVA


O castelo da vila de Idanha-a-Nova foi construído no ano de 1187 a mando de D. Frei Gualdim Pais e a planta revela ter sido uma fortaleza de pequenas dimensões, constituída basicamente pelo palácio dos alcaides, servida por um pequeno pátio com entrada do lado oposto independente à porta principal e uma alterosa torre de menagem com três vãos.

Povoada desde a fundação do seu castelo, a vila possuía uma cerca de muralha, com várias torres e portas, que envolvia a povoação.

Esta fortaleza, agora em ruínas, pensa-se ter sido construída para, conjuntamente com o castelo de Monsanto, contribuir para a protecção de Idanha-a-Velha pela vulnerabilidade que apresentava devido à sua localização.

Nove anos antes de El-Rei D. Dinis ordenar a entrega das duas Idanhas à recém criada Ordem de Cristo, o monarca doa os rendimentos de Idanha-a-Nova, então considerada o celeiro da Beira Baixa, à Ordem do Templo, como, segunda certas fontes dizem, forma de pagamento de dívidas contraídas com os monges guerreiros.


Envolto em paisagens de uma beleza natural, este magnifico património histórico e cultural, tão próximo de Castelo Branco, encontra-se somente a 12Km. da tão famosa aldeia de Monsanto.

As gentes, simples, simpáticas e hospitaleiras destas terras, mantêm vivas as lendas religiosas e pagãs que tanto nos encanta ouvir, e é com orgulho que referem a sua ligação à Ordem do Templo.

Recomenda-se um passeio por estas paragens com a garantia de que quando partirem não esquecerão o que viram e ficará a vontade de um dia regressarem.



*Consultas: “Portugal Templário de José Manuel Capelo”.
                    “Castelos Templários da Beira Baixa de António Lopes Pires Nunes”.

**++Fr. João Duarte/Comendador Delegado da Comendadoria de Santa Maria do Castelo de C. Branco

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