A discussão da chefia de Estado não deveria radicar tanto no perfil do fulano, mas antes no cargo e no seu enquadramento no sistema político: a eficácia depende desse desenho e do prestígio duma instituição que potencie as qualidades da pessoa que o corporiza.
Pretender-se que depois de eleito presidente um líder da facção esquerda ou direita, uma amnésia se apodere das pessoas, de modo que nele vejam um homem isento que abarque os ensejos da Nação é no mínimo uma rotunda fraude de que há muito somos reféns.
Confiar no julgamento desse homem só, por exemplo, o ónus de implodir um organismo colegial eleito como o parlamento é quase idolatria. A república semipresidencialista está construída para a conflitualidade institucional - temos aquilo que merecemos. Como poderá Portugal voltar a emparceirar com a elite das nações europeias e evitar o decadente espectáculo de uns quantos galarotes e seus prosélitos acotovelando-se ávidos para a cadeira de Belém?
A exemplo do que acontece nos países mais desenvolvidos da Europa, só a instituição real pode ambicionar representar a nossa identidade e unidade transgeracional como Nação de 900 anos de história, sem clientelas, independente dos calendários eleitorais.
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