Há 168 anos, em 16 de Outubro de 1847, nascia, em Turim, Dona Maria Pia de Sabóia, Princesa da Sardenha e do Piemonte, depois Princesa de Itália – era filha do Rei Vittorio Emmanuel II da Sardenha e do Piemonte, que viria a ser o Primeiro Rei da Itália unificada – e depois pelo casamento com Dom Luís I, Rainha consorte de Portugal.
Nascia numa Europa que senhoreava o Mundo, mas aos 15 anos, contra as expectativas, mas talvez por aconselhamento do Marquês de Sá da Bandeira, Presidente do Conselho de Ministros que considerou importante uma aliança com Itália, o Rei Dom Luís I de Portugal casou então primeiro por procuração e depois ratificado, já presencialmente, em Lisboa, a 6 de Outubro de 1862, com a Princesa D. Maria Pia, segunda filha do recente Rei de Itália, e a jovem Rainha toma conhecimento com a realidade do Portugal agitado pelas convenções próprias de um País saído da guerra civil e depois de umas Invasões francesas que o delapidaram efecharam o tecido produtivo nacional, e depois de uma luta fratricida que desembocou numa guerra civil.
Ao lado d’El-Rei Dom Luís I, que realçou a realeza da Sua estirpe com os preclaros dotes de uma inteligência cultíssima, a Rainha Senhora Dona Maria participou como figura de frente, com um papel preponderante na sociedade, na reconstrução de um Reino de Portugal que emergiu da anarquia que o desmantelava desde 1820. Junto ao Rei de Portugal, Sua Majestade a Rainha Dona Maria Pia asseguraria a unidade no seio de um país demasiado dividido por querelas políticas, por questiúnculas sociais, pelo individualismo dos políticos eleitos, depois do abandono das utopias doutrinárias, contribuindo de forma indelével para Portugal completar o seu divórcio com o passado recente, deixar as ideologias vãs, e desembocar, energicamente, na senda do utilitarismo, do fomento e do desenvolvimento material e ganhar a estabilidade necessária para o progresso material e permitir um período tão interessante da nossa história: ele foi a estrada de macadame, o serviço postal, o caminho-de-ferro e o fontanário, numa expressão: política prática.
Do matrimónio com o Rei Dom Luís I teve a Rainha Dona Maria Pia dois filhos: Dom Carlos – Príncipe Real, Duque de Bragança e futuro Rei – e o Infante Dom Afonso – Duque do Porto e último Condestável do Reino.
Dona Maria Pia gastava avultadas somas de dinheiro na ajuda dos mais carenciados, quantias que injustamente eram atribuídas para próprio fausto.
O Anjo da Caridade e A Mãe dos Pobres foram alguns dos cognomes com que a Rainha Dona Maria Pia foi agraciada pelo seu Povo Português, consequência da compaixão da pelos mais necessitados e pela sua entrega às mais diversas causas sociais.
Em jeito de homenagem e reconhecimento à Rainha Senhora Dona Maria, pelo Seu trabalho para com os mais carentes da sociedade, a Cidade do Porto, em 1881, ao Palácio dos Serviços do Hospital Para Crianças da Cidade Invicta, dá o nome de Hospital Dona Maria Pia.
Foi mãe extremosa dos seus filhos Manteve-se alheia aos assuntos políticos, excepto aquando da Saldanhada, em 1870, no qual o Marechal Saldanha sitiou o Palácio da Ajuda, residência da Família Real, e obrigou o rei a nomeá-lo presidente do Conselho de Ministros. Lenda ou não ficou na estória uma frase que D. Maria Pia teria vociferado ao Marechal-Duque: ‘Se eu fosse o Rei, mandava-o fuzilar!’
Com a morte de Dom Luís e após a ascensão ao trono português de seu filho, o Rei D. Carlos I, já Rainha-mãe, D. Maria Pia adjudica o papel de protagonista à sua nora, a Rainha Senhora Dona Amélia, e passou a viver num chalé sito no Estoril. Na menoridade do neto Dom Luís Filipe, serviu diversas vezes como Regente do Reino durante as visitas oficiais do seu filho e da nora ao estrangeiro. Após o trágico Regicídio, derrubada pelo desgosto, retira-se do serviço público e começa a dar indícios de esclerose. Em 5 de Outubro parte para o exílio com a restante família real, mas destino diferente: a Família Real Italiana transborda-a do Yacht Real Amélia e leva-a Sua Majestade de volta ao Piemonte que a viu nascer.
Quase um ano depois do golpe revolucionário que implantou a república em Portugal, morria no exílio a 5 de Julho de 1911, no seu Piemonte natal, a penúltima Rainha de Portugal: Sua Majestade a Rainha Dona Maria Pia. No leito, instantes antes do suspiro final, pediu que a voltassem na direcção de Portugal, País onde foi Rainha durante quarenta e oito anos, primeiro como consorte do Rei Dom Luís I, depois como Rainha-mãe do grande Rei Dom Carlos I.
Miguel Villas-Boas – Plataforma de Cidadania Monárquica
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